A caixa que se mexia...

                 Nos anos 70, uma ocorência marcou a pacata  cidade de Xapuri, no interior do Estado do Acre, distante da capital cerca de 140 quilômetros. Historicamente conhecida como a Princesinha do Acre, berço de Chico Mendes, Xapuri também serviu de berço e de abrigo à outro brasileiro ilustre, Clóvis Barros França, Mestre de Obras dos bons, construiu muitos prédios na cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre. Muitos dos blocos hoje existentes no Campus-sede da Universidade Federal do Acre também tem neles cravada a marca de qualidade CLÓVIS BARROS FRANÇA. Inclusive um deles leva o seu nome. Família tradicional da histórica cidade de Chico Mendes e de Armando Nogueira, Adib Jatene, Glória Peres, Dalva Maria Barbosa da Silva, Rubens Santana, Carlos Estevão, Simone Daniel, José Porfiro e de outro Porfiro tão famoso quanto, o espetacular cronista Cláudio Porfiro, todos homens ilustres e intelectuais da melhor qualidade, os FRANÇAS viveram um drama inusitado: O Waldemir Alves Barros, mais conhecido como Maruzinho, um dos filhos do mestre Clóvis, com 6 aninhos, desapareceu misteriosamente. Procura daqui, procura dali, e nada! Nenhuma informaçãozinha sequer sobre o paradeiro do Maruzinho. Os pais e os irmãos entraram em desespero. Não mais que de repente todos os moradores da pacata cidade estavam mobilizados para vasculhar toda a Xapuri em busca do Maruzinho. Passavam-se as horas e o desespero de todos cada vez mais aumentava. Mais ou menos oito horas depois de ter se iniciado as buscas, o descontrole e o pranto tomou conta de todos: uma camisa idenficada pela família como sendo do Maruzinho foi encontrada na beira do Rio Acre por um dos moradores. Ah, meu Deus, morreu afogado, exclamou em pânico uma das parentas. Rapidamente alguns moradores se organizaram em duplas e sairam em canoas e remos vasculhando as margens do rio em busca do corpo do Maruzinho. Já quase de tardezinha, o Mestre Clóvis praticamente jogou a toalha... Havia perdido o seu Maruzinho, pensou enquanto chorava devagarzinho. Decidiu ir em casa. Quando passava cabisbaixo pelo corredor viu, pela porta entreaberta do quarto do Maruzinho, uma caixa de papelão se mexendo. Movido por súbita esperança, o Mestre Clóvis correu e abriu a caixa! Vermelho como um pimentão maduro e suando as bicas lá estava o Maruzinho, emburrado por ter levado um carão do pai. Mesmo com uma ferrenha vontade de espocar o Maruzinho no tapa, o velho Mestre não se conteve e abraçou o Maruzinho, enquanto gritava para todos que o seu Maruzinho estava vivo!