Introdução 

Na sociedade atual vemos que os espaços de brincar estão cada vez mais limitados a ambientes específicos, haja vista, que estão sendo direcionados a ambientes fechados, tais como em condomínios, escolas e parques de diversões.

Assim, antes de espaços de lazer e entretenimento costumam ter uma função social, principalmente entre crianças, juvenil e adolescente. Sendo ambientes de socialização promovem a afetividade e também a cognição, por essa perspectiva temos como um recurso de intervenção Psicopedagógica. Sabemos que os valores que envolvem a sociedade estão margeados nas relações humanas, nestas estão às influências culturais dos grupos existentes e suas contribuições ao comportamento humano.

 Não descartando que os valores éticos e morais são reafirmados no convívio em grupo. A proposta da Brinquedoteca como recurso terapêutico se baseia observando a grande contribuição dos brinquedos e brincadeira nas aprendizagens infantis surgiu o interesse em pesquisar de forma profunda essa realidade, tendo como ajuda a fundamentação teórica de alguns autores, como Brougére (1998), Kishimoto (1999) entre outros que afirmam que brincando as crianças mudam seu comportamento, mostrando o papel importante que desempenham na realidade e as grandes qualidades das quais possuem. A brincadeira é a atividade mais típica da vida humana, por proporcionar alegria, liberdade e contentamento.

Quando a criança brinca, está em constante processo de construção de significados, buscando compreender o mundo a partir de suas representações. Portanto, é necessário tornar a brincadeira na brinquedoteca como uma prática intencional, pois ela leva o aluno a construir a suas referências cognitivas, enriquece sua personalidade e é um instrumento Psicopedagógico que leva o terapeuta a condição de mediador, estimulador e avaliador do processo de aprendizagem.

Quando falamos em espaços de aprendizagem temos por base os pressupostos que propiciam a aprendizagem, assim antes de um ambiente favorável à cognição um ambiente facilitador para a afetividade, neste sentindo temos a intervenção do psicopedagogo como instrumento de vinculação entre paciente e terapeuta. Assim se transforma um processo de confiança, no qual são dispostos valores e anseios que só são possíveis de reconhecê-los em uma ambiente acolhedor, acreditamos que a brinquedoteca seja esse facilitador, na medida em que promove e estimula ao lúdico de modo que a sensação prazerosa da terapia contribua a um diagnóstico e uma possível cura. Depois, também por oferecer novas maneiras e estratégias que contribuirão para o avanço do trabalho educativo e Psicopedagógico. Assim, essa pesquisa aborda assuntos que podem contribuir como uma nova abordagem ao psicopedadogogo tanto de forma institucional como em suas intervenções clinicas, sempre visando a sanar as expectativas de nossos pacientes e melhorando a qualidade no processo de Ensino ministrado em nossa sociedade contemporânea.

 

Uma Intervenção direcionada

 

O processo de aprendizagem está especialmente ligado aos primeiros anos de vida e se estende até a adolescência, neste sentido, a maturação cognitiva chega ao seu ápice. E é deste modo, o indivíduo constrói seu conhecimento se perdurará durante a fase adulta, assim sendo, é importante perceber quais relações ele atribui a aprendizagem e como isso afeta diretamente sua vida. O processo de aprendizagem vai muito mais que mero acúmulo de informações, mas recursos que direcionam o modo de agir e de viver de seus protagonistas, a abordagem Psicopedagógica tem como objetivo descobrir meios para se diagnosticar e direcionar uma aprendizagem eficaz infância e na adolescência. Winnicott (1975, p.76), terapeuta especializado no trabalho com crianças pequenas, também nos fala da importância do brincar para o desenvolvimento da criança e de sua ponte com a realidade:

 

A criança traz para dentro dessa área da brincadeira objetos ou fenômenos oriundos da realidade externa, usando-os a serviço de alguma amostra derivada da realidade interna ou pessoal. Sem alucinar, a criança põe para fora uma amostra do potencial onírico e vive com essa amostra num ambiente escolhido de fragmentos oriundos da realidade externa (...). No brincar, a criança manipula fenômenos externos escolhidos com significados e sentimentos oníricos.

 

Mesmo sendo o brincar uma atividade também para a vida adulta, é na infância que ele se inaugura, e é na infância que ele promove a realização dos fenômenos mais significativos para o indivíduo na busca do seu eu. A prática de brincadeiras proporciona à criança um confronto e um diálogo do mundo externo com o mundo interno, criando uma área própria para o brincar, a qual leva a pessoa ao encontro do seu eu e consequentemente à construção da sua  subjetividade. Winnicott (1975, p.76), nos mostra que esta área própria do brincar “não é a realidade psíquica interna. Está fora do indivíduo, mas não é o mundo externo”.

O brinquedo é a forma de comunicação da criança com a realidade desde a mais tenra idade, e principalmente nela, pois o brincar ajuda a criança a superar suas necessidades mais primitivas e imediatas. O brinquedo funciona também como um atendimento às necessidades não realizáveis imediatamente para a criança, pois ao brincar ela se envolve num mundo imaginário onde satisfaz seus desejos. O bebê não suporta não ser atendido prontamente, ele precisa de uma ação que o satisfaça naquele momento determinado, e esta satisfação vem no ato de brincar. De acordo com Vygotsky (1994, p.122), “Para resolver esta tensão, a criança (...) envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, esse mundo é o que chamamos de brinquedo.” Portanto, o papel do brincar no desenvolvimento da criança é fundamental, pois é através dele que a criança elabora o seu estar no mundo, dialogando à sua maneira com a realidade concreta e com o outro.