Sabemos todos que a idéia de República brasileira surgiu a partir do impulso revolucionário advindos da Europa, mas especificamente, França. Porém, foi em meio a um turbilhão de fatos que esta mesma República consolidou-se.

            De um lado classe dominante adere de súbito à causa; do outro lado, os militares, empreendedores dessa Proclamação; e em meio a tudo isso o povo, excluído do processo social e político.

            Do “nada” viu-se nascer uma república frente aos olhares bestificados – por que não petrificados – da população brasileira que assistiu a tudo atônita.

            O período delicado de transição, o qual era para ser de estabilização, ocorreu uma desestabilização frente ao poder que fora instituído aos militares republicanos em uma parada militar liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca.

            Ainda no período monárquico os republicanos procuravam ganhar a confiança dos então negros escravizados e ex-escravos. Com a monarquia perto do fim, muitos passam para o lado republicano, o que demonstra sem dúvida alguma o descumprimento com uma ideologia única e com o próprio regime. Contudo, as divergências ideológicas, filosóficas e políticas de ambos os grupos (militares e civis), nos primeiros anos de República, fez com que os projetos não se desenvolvessem de forma uniforme.

            Houve um desenvolvimento entre as camadas que idealizaram a república, isso sem falar na guerra civil que ocorrera no governo florianista.

            Para um regime que nascera de movimentos sociais, o que ficou institucionalizado como República brasileira não passara de uma banalização do poder dominante. O modo como as camadas menos favorecidas absorveram a idéia de republica foi totalmente diferente à forma assimilada pelas camadas estilizadas, que tinham seus interesses voltados para a rixa política.

            Percebe-se que no período que antecede e o que precede o advento da Republica, as ideologias, conceitos e que tais, entram em conflito. São tantas  as idéias que acabam por se confundir, cada qual defendendo aquela republica perfeita, correta, que não foi surpresa alguma os mesmos terem que assistir a deterioração, não só do governo, mas também do próprio projeto  regimentar.

            Porém, a República sob Floriano e os florianistas teve um papel decisivo na legitimidade do regime. A socialização das forças sociais e políticas diversificadas, as quais estavam ao redor de Floriano Peixoto, criaram elos possibilitando a afirmação do regime republicano no Brasil junto ao instrumento da ordem.

Para maior aprofundamento, ler:

PENNA, Lincoln de Abreu. O Progresso da Ordem: o florianismo e a construção da Republica. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1997.

PENNA, Lincoln de Abreu. República Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.