Quando paramos para refletir nossas vidas ficamos perplexos com a complexidade de nossas emoções. Existem tempos em que as flores da primavera embelezam nossas vidas, no entanto, o tempo passa e nos encolhemos no gélido ar do inverno de nossas almas. Na rota de nossas vidas comtemplamos paisagens, bem como, áridos desertos; visualizamos a beleza do verão, como também, a fúria das tempestades. Diante dessa rota turva crescemos continuamente através das intempéries e amadurecemos nos desertos de nossas emoções.

Ao olharmos a vida do Mestre dos mestres nos deparamos com situações (momentos) surpreendentes. Vemos a riqueza descomunal de sua vida. Visualizamos a maneira incomensurável que lidava com suas emoções e a resposta que dava às circunstâncias da vida. Que Homem é esse que estremece os corações? O mais humano de todos os humanos, como também, o Deus Todo Poderoso! Esse é um paradoxo da cristologia, todavia, o intuito dessa reflexão não se refere à divindade de Cristo, mas, à sua humanidade.

Certa vez, poucas horas antes de ser preso, Jesus vivenciou uma das mais profundas angústias em sua alma. Algo tão complexo que seu suor se misturou com as gotas de sangue ocasionado pelo rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas. Na verdade, um fenômeno raríssimo da medicina em que o suor anexa-se com sangue devido a um grau elevadíssimo de angustia, estresse e medo. Cristo estava tão angustiado que vivenciou o fenômeno denominado Hematidrose.
Observe suas palavras aos discípulos: "A minha alma está profundamente triste até à morte" (Mc 14.34). Veja as palavras de S. Marcos sobre o momento: E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia (Mc 14.33). O que isso significa para você? Para C. E. Graham Swift expressa o auge de pavor e sofrimento inenarráveis; profundeza imensurável da Sua dor humana quando Ele declara: A minha alma está profundamente triste até a morte. Curiosamente, somente Lucas, o amado médico, narra sobre o evento singular de Cristo em suar sangue (v. Lc 22.44).

Cá estava o mais humano de todos os humanos! Experimentou as mais profundas dores da humanidade e, como ser humano, sofreu resolutamente as piores dores em sua emoção. (Esse artigo não é teológico, embora contenha teologia).

Sua dor era tamanha que por horas clamou ao Pai pedindo que o livrasse de tomar o terrível cálice. Nessa hora, caro leitor, seus pensamentos deveriam estar profundamente agitados e suas emoções sacudidas como um veemente vulcão em erupção. Ao lermos esse fato nas Escrituras, muitas vezes, não analisamos os detalhes de Seu sofrimento. Todavia, sua dor era horripilante; era uma dor em Sua alma!

Posteriormente seu físico foi surrado com açoites de azorragues e dilacerado com a fúria dos soldados presentes naquela situação. (Sabemos claramente que foi moído pelos nossos pecados para justificar-nos diante de Deus). Mas, será que vemos n?Ele o Homem que navegou no mais agitado mar das emoções? Lembre-se, estamos falando do Cristo Homem, d?Aquele que se curvou diante do Pai na hora mais negra de Sua vida, o Getsêmani e, posteriormente, Sua crucificação!

Seu clamor, no monte das Oliveiras, como tanto outros no decorrer de Sua vida, evidencia Sua real humanidade. Sua agonia e o brado incisivo na cruz ? Pai, porque me abandonaste (Mt 27.46) ? sacode nossos pensamentos e, humildemente, nos faz prostrar diante da Majestade Incomensurável do Deus Homem! Portanto, diante disso, compreendemos que Ele sabe o que é sofrer em suas emoções; sabe o que é se irar; Compreende o que é decepção; entende a dor da perda de um amigo querido. Tudo o que passamos no dia a dia Ele, de alguma forma, já vivenciou. Logo, Ele compreende o sofrimento humano!

Portanto, meu caro leitor, diante dos cenários de sua vida, sejam eles floridos ou desérticos, Cristo já saboreou o cálice da dor humana e como Mestre dos mestres soube, de forma magistral, lidar com suas emoções e vencer o caos emocional do Getsêmani com as enfáticas declarações: "Seja feita Tua vontade (Lc 22.42)". Em outras palavras Ele diz: "Pai, mesmo com meus pensamentos gritantes dentro de mim, minhas emoções cálidas em meu interior e meu corpo resoluto em não beber esse cálice, luto contra todos esses estímulos e, na contra mão de minhas emoções, decido tomar o cálice e enfrentar a cruz por amor dos nossos pequeninos". O mais humano de todos os humanos tomou o cálice e venceu para todo o sempre!

Isso, de forma alguma, descentraliza nossa responsabilidade de fazer algo nos momentos negros de nossa jornada. Como Cristo, temos o dever de liderar o palco de nossas emoções e não permitir que os sentimentos fatídicos governem a rota de nossa caminhada. Podemos, portanto, vencer e estar acima de tais emoções liderando nosso mundo interior!

Um grande abraço,

Adriano Neto