A Barganha da Discórdia entre Escolas Municipais e Estaduais

 

Nosso principal escopo traz à tona reflexões sobre a estranha relação entre inúmeras escolas do Município e de Estado. Qual o problema? Transferência de alunos. Quem ganha com isso? Existe uma regra ao que sucede?

É comum com o aumento de verbas voltadas para os Municípios no que se refere à Educação, a população lucrar com um ensino que demonstre mais excelência.

Tal acréscimo (financeiro) tem incitado suposta competição não sadia entre Município e Estado. O que é inviável coletivamente. A ‘concorrência’ não deixa de ser caricata! Afinal, a Educação de base está precária não apenas no Estado, mas em todos os âmbitos. As regras são as mesmas, (ver texto publicado pelo autor, Jornal A Gazeta da Tarde: “A não Filosofia da Educação e a Inquisição Escolar”. Em 08-08-2009, p.14 vol. 3839). E no mais, os professores de Estado são também do Município e, mormente das escolas Particulares. A organização de uma Escola, não necessariamente está sujeita a literalidade do financeiro e do glamour, mas da criatividade particular dos docentes e da competência coletiva do material humano presente no labor.

Um dos principais problemas entre ambas vem acarretar no que tange as permutas de alunos. Desde o início do processo de municipalização virou prática corriqueira das escolas municipais transferirem para o Estado, alunos ditos como inadaptados ao sistema implantado.

Ora, esses ‘alunos inadaptados’, na verdade são discentes que a escola não conseguiu adaptá-los. Eles não conseguiram seguir as regras comumente nas escolas tornando-se assim alunos inadimplentes e, portanto, devem ser excluídos do processo Educacional de ‘alto nível da conjectura das escolas dos Municípios’. O que é incorreto.

Qual o problema? Quando as Municipais não conseguem sanar as dificuldades em todos os domínios pedagógicos joga-se para o Estado tal responsabilidade. Portanto, muitos diretores, professores etc., dizem ter virado práxis às ‘transferências problemáticas’. Dando margem para a população pensar que escola do Estado é um ‘lixão das escolas Municipais’. Atualmente é o que tem ocorrido na ‘burrocracia’ com alunos de 5ª a 8ª séries. Ou seja, ao invés das escolas se unirem para o bem do Ensino, elas se ‘digladiam!’ A falta de Ética persiste nessas ‘transações’. ‘Dou-lhes o que de pior tenho por aqui!’ Este é o caminho da Educação municipalizada? Nem Estatal. Cavalo de tróia? Se a proposta da municipalização escolar é elevar o Ensino, tem que garantir meios para dar conta não apenas dos bons alunos, mas também dos que não sabem ler, escrever, dialogar, se disciplinar. Esse é e, sempre foi o Dever do Estado. Só não é dever deste, se transformar em depósito de erros dos Municípios. O caminho é árduo! Quem não sabe?

Essas indisposições causadas pela barganha autoritária chegam ao povo de forma extremamente falaciosa criando-se clima hostil: ‘nas escolas do Estado seus filhos não são reprovados. A escola é ruim, os professores também, as escolas estatais dos bairros não proporcionam boa estrutura etc.’ Como se os Municípios já estivessem prontos para resolver os problemas de base da Educação brasiliana, (termo mais correto a ser utilizado. Embora o mais usado seja brasileiro). O que não é verdade.

Todos àqueles argumentos preconceituosos, geralmente são estimulados pelo núcleo interno das escolas e colocados de forma errônea aos pais. Estes, no ápice da ignorância, não percebem que estão participando de mais uma exclusão social. Assumem o ridículo papel de quererem seus filhos aprovados a todo custo, mesmo sem saber ler e escrever. Quem perde com isso? Toda a população.

Qual é a regra da barganha? É simples, ou seja, o Município fica com os alunos bons e disciplinados. Já o Estado, fica com os ‘ruins’ e indisciplinados. Seja o que Deus quiser! Que regulamento é esse? Justo? Quem falou que há justiça no sistema Educacional? Por que isso acontece? ‘E Paulo Freire revira-se na catacumba!’

Ao que parece, a ideia que fica nas relações entre as escolas e, é indiferente se são Municipais ou não, é a de que nem toda escola é Escola. A maioria são apenas degraus para outras. Digo-lhes, isto não é Educação. Alguém faltou à aula! O que procuramos enfatizar pede pela união Ética (não financeira. Esta já era...), entre ambas. Se não há regras para a aproximação, devem ser criadas. Em si, a Barganha da Discórdia sintetiza-se em varredura por debaixo do tapete. Não o levante! Ou verás mais um capítulo rasteiro do ensino público. Que o diga o Saresp.