Palavras-chave: ensino, aprendizagem, avaliação escolar.

1.0- Introdução

Um dos maiores desafios que está contido no mundo da educação é avaliar um aluno e a sua aquisição de conhecimento. É sem dúvida, uma das tarefas e desafios de maior significado que um professor pode encontrar, independente do nível de ensino que lecione.

Philippe Perrenoud aborda o oficio do professor de modo concreto, propondo um inventário das competências que contribuem para delinear a atividade docente. Medir, comparar, conferir e atribuir um conceito (nota) para este processo, é uma exigência que há séculos vem sendo praticada e através deste breve artigo algumas reflexões sobre o tema serão apresentadas e algumas propostas sugeridas.

Com as primeiras escolas, de organização jesuítica, implantadas no início do Brasil Colônia, Portugal "terceirizava? a questão educacional para a Companhia de Jesus concentrando-se na extração de pau-brasil ,e posteriormente na formação do processo colonizador.As escolas ficaram nas mãos de religiosos que realizavam uma bem organizada estrutura de ensino, funcionando conforme o contexto da época e as imensas dificuldades vivenciadas.

Desde então , reformas ocorreram com maior ou menor intensidade, mas as provas sempre estavam presentes para os alunos. O professor determinava o que seria exigido na avaliação e os alunos estudavam com antecedência, no dia marcado, redigiam respostas conforme perguntas preparadas pelo mestre e, conforme seus acertos e erros eram promovidos ou retidos. É assim há séculos e não parece que vai mudar. Será que um dia isso vai ser diferente? Segundo Cipriano Luckesi o nosso exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame do que por uma pedagogia do ensino aprendizagem.

Novas demandas estão surgindo e conseqüentemente novas formas de estudar também, sendo assim, as avaliações evoluirão ainda mais, e se tornaram mais objetivas e realmente úteis. Provas tradicionais provocaram medo e insegurança em muitos alunos, e talvez ainda provoquem, alguns chegam a ter "branco" na memória, esquecendo o pouco ou o muito que leram.

Muitos professores lecionam a matéria mas muitas vezes não explicam para os alunos como estudar e não explicam como pode ser realizado o processo de aquisição de conhecimento. Assim os alunos se sentem isolados na tarefa de saber e transmitir o que foi visto em sala de aula.

Devido as suas deficiências de aprendizado, os alunos podem se sentir inseguros e despreparados quando as datas das avaliações se aproximam, e sendo assim, tentem de toda forma conseguir notas mínimas para a aprovação, e assim, desenvolvem os mais mirabolantes planos e recursos para fazerem à chamada "cola". Aquele que conhece a si mesmo tem noção das suas virtudes, não tem necessidade de ser falso, nem de trapacear, nem de iludir ou enganar. Os alunos deveriam ter os instrumentos para conhecerem as suas aptidões e habilidades, através de testes psicológicos e o devido acompanhamento de seu desempenho dentro da unidade escolar. Seria então necessário contratar mais profissionais na área de Psicologia, e de outras profissões, necessitando um significativo aumento no investimento por aluno.
Alias ,quanto o Estado de São Paulo investe por aluno matriculado?

2.0 - Desenvolvimento

O que é avaliar? Uma das respostas é dar a oportunidade para que as habilidades naturais de cada um possam ser exteriorizadas. Fazer com que as competências encontrem uma via de saída natural, em um ir e vir harmonioso de atitudes. É uma via de mão dupla, entre aprendizado e expressão dos saberes e conhecimentos. Uma ponte que conduz a teoria a pratica. Podemos defini-la como sendo uma maneira de medir, de comparar, de conferir o que cada aluno (a) pode apresentar não só para o professor, mas para a comunidade.

Os alunos podem fazer suas avaliações com base no que prestaram de serviços para a comunidade? Sim,eles podem apresentar e realizar projetos, tais como aulas de informática para idosos, e coleta de recicláveis, e outros, e a escola poderia viabilizar a sua execução, sendo evidente que tudo deveria ser muito bem estruturado, pois não será fácil como preparar uma prova com dez testes objetivos, montar gabarito, aplicar e corrigir logo após, dando uma nota correspondente ao numero de questões corretas.

Segundo Mônica Abranches, a descentralização consiste em uma efetiva partilha de poder entre o Estado e as coletividades locais. Inovações podem produzir reclamações e desconforto para aqueles que estão acostumados a realizarem o mesmo sempre, acomodados em suas práticas e atitudes.

Avaliar é proporcionar ao aluno que ele tenha confiança e motivação para abrir sua caixa de ferramentas e usá-las com segurança, sabendo que as suas individualidades e características são respeitadas e continuarão a ser. Evidente que, na teoria, é muito fácil e simples idealizar, escrever, sugerir e propor, mas, se não tivermos coragem e decisão suficiente para mudarmos certas atitudes, viveremos na mesma época durante séculos.

A História da educação está repleta com exemplos de educadores que foram inovadores, como Paulo Freire e outros, que acreditaram em uma teoria, em uma idéia, em uma maneira de ver o mundo que muitas vezes teve inicio com apenas uma frase ou um parágrafo e ao longo dos anos foram se tornando livros de sucesso e propostas realmente significativas e úteis para todos. Ousar e superar a si mesmo é objetivo dos fortes e suplício para os fracos.

Como, no mercado de trabalho, os profissionais são avaliados? A vida não é dividida em semestres, e não há duas férias por depois que as pessoas são admitidas. Elas são avaliadas e cobradas com veemência, com intensidade, resultados, capacidade d e organização, lucros e vendas realizadas, caso contrário, são dispensadas sem muitas explicações. Conforme Terezinha Rios, competências são capacidades que se apóiam em conhecimentos.

O foco é a produtividade aliada à qualidade, a satisfação do cliente e o aumento das vendas, a liderança do mercado, pois no capitalismo globalizado não há espaço para indecisos e perdedores, e é exatamente isso que os alunos devem estar cientes. Aprender a fazer bem feito da primeira vez.

Talvez não haja segunda oportunidade, e nem todos os alunos e alunas entende isso, custam a aprender o básico e a participação dos pais e mestres neste processo é de extrema importância, sendo fundamental que pais e professores estejam com as mãos dadas nesta jornada, os pais cometem grave erro quando faltam em uma reunião convocada pela escola.

Sendo assim, surgem grandes questões, como por exemplo, que tipo de avaliação poderíamos apresentar para nossos alunos para que eles possam desenvolver seus potenciais e apresentar soluções para os problemas e necessidades da comunidade?

Muitas propostas existem, mas seria importante que cada professor discutisse as questões mais importantes de suas salas e apresentassem um projeto de trabalho realmente de acordo com as necessidades. Pode ser que ocorra que muitos alunos de uma sala não consigam argumentar, explicar com detalhes, redigir de acordo com as regras gramaticais, fazer desenhos, analisar um texto, figura ou gráfico.

Como um aluno iria explicar as questões de uma avaliação sem saber das regras gramaticais? Como analisara um gráfico de uma prova do ENEM se não sabe interpreta-lo, se nunca treinou isso antes? O ponto crucial desta questão é que os professores deveriam se unir, em um esforço conjunto e bem coordenado, para identificar as reais necessidades dos alunos em sala. Aplicar remédios corretos, tratamentos específicos, que vão direto ao ponto em que são realmente necessários.


3.0 - Conclusão

A partir do momento que as necessidades começarem a serem supridas realmente, as soluções com certeza vão se aproximando do dia a dia e o trabalho ficará mais fácil. Identificar necessidade é um caminho árduo e difícil, exige investimentos, treinamento de professores, os resultados ocorrem a longo prazo.

Todo o esforço deve ser metódico, muito bem planejado e discutido antes, consumindo horas de reuniões e diálogos que não parecem ter fim e discussões que sempre recomeçam, pois as pessoas mudam de idéia, aperfeiçoam seus pontos de vista, se contradizem, fazem novos planos, escolhem outros caminhos e muitas vezes, abandonam tudo e mudam de escola ou de profissão.

Saber onde está à dificuldade do aluno, dar a devida atenção para sanar o problema e observar o desempenho ao longo do tempo, junto com os pais e idéias dos alunos, é uma via de acesso à integração e a melhoria do processo de qualidade de nossas escolas. Por mais longa que seja uma caminhada, ela começa com o primeiro passo.




4.0- Bibliografia

Philip Perrenoud. Dez novas competências para ensinar. Editora Artmed. Porto alegre 2000

Cipriano Carlos Luckesi. Avaliação da aprendizagem escolar. Editora Cortez. São Paulo. 1997.

Mônica Abranches. Colegiado escolar: espaço de participação da comunidade. Editora Cortez. São Paulo 2003.

Terezinha Azeredo Rios. Compreender e ensinar: por uma docência de melhor qualidade. Editora Cortez. São Paulo. 2001.