A AUTO-EFICÁCIA E O USO DA TECNOLOGIA 

Elisa Pinto de Moraes Melito

Pedagoga formada pela UNESP

Psicopedagoga Institucional formada pelo IASP

Conselheira Familiar e educacional formada pelo UNASP- Campus Engenheiro Coelho

Coordenadora Pedagógica da Escola Adventista na cidade de Rio Claro.

 

 

Resumo: O presente texto trata de analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia descrita por  Bandura (2008)  na Teoria Social Cognitiva. Pretende compreender se o uso da tecnologia no espaço escolar resulta numa motivação para uma aprendizagem satisfatória dos alunos.

 

Palavras-chaves: auto-eficacia, escola, motivação, tecnologia.

 

Introdução

.           O sujeito desde que nasce e começa a interagir com o meio em que vive,

sente o desejo de investigar, explorar  e decodificar o mundo que o rodeia. Isto lhe causa sentimentos ambíguos: prazer e desconforto, satisfação e frustração, medo e certezas. Estes sentimentos o impulsiona ou reprime seu aprendizado.

         Quando chega o momento da aprendizagem formal, a escola torna-se um ambiente obrigatório e o desejo de aprender acompanha este sujeito, pois é inerente ao próprio ato desta ação. 

         Quando aluno sente prazer em aprender e suas descobertas são satisfatória tanto do seu ponto de vista como do professor,  sente-se motivado para produzir cada vez mais . Esse processo é chamado por Bandura (2008) de auto eficácia, o autor a descreve como uma apreciação sobre a própria competência de conseguir um determinado desempenho ou resultado, uma impressão de adaptação e eficiência ao tratar das dificuldades diárias. Para o autor (2008, p.78):

As crenças de eficácia são à base da agência humana. A menos que as pessoas acreditem que podem produzir os resultados que desejam e prevenir os resultados prejudiciais por meio de seus atos, elas terão pouco incentivo para agir ou perseverar frente a dificuldades. Independentemente de outros fatores que possam operar como guias e motivadores, elas se baseiam na crença básica de que é preciso ter poder para produzir efeitos por meio das próprias ações.

As pessoas que promovem uma crença de auto- eficácia positiva, acreditam na superação dos obstáculos quando se confrontam com os desafios imposto pelas circunstância da existência mantendo uma certeza em sua capacidade de êxito. Porém, o contrário, ou seja, uma baixa auto-eficácia contribui para a desistência da solução de conflitos logo nas primeiras tentativas, causando fracasso e deprimindo o sujeito até o ponto de desmotivá-lo.

A família é uma auxiliadora para a construção de uma boa imagem do sujeito sobre si mesmo, e a escola, como segundo lócus de aprendizagem, deve legitimar a ação da família como facilitadora na construção de uma auto-eficácia positiva.

Bandura (2008, p.82) relata que a Teoria Social Cognitiva diferencia três modos diferentes de agência humana: pessoal, delegada e coletiva.

A convivência social impõe sobre o sujeito situações que muitas vezes impedem ao próprio encontrar soluções satisfatórias, seja por falta de influência, conhecimento, recursos e oportunidades, levando-o a delegar a outros a função de fazê-lo. Bandura (2208, p.82) cita alguns exemplos: as crianças que necessitam de seus pais, os parceiros, de seus cônjuges, e os cidadãos, de seus representantes legislativos para agir por eles. A agência delegada baseia-se amplamente na percepção de eficácia social para recrutar a intersecção de outras pessoas.

Existe a crença na coletividade, o sujeito compreende que a união de interesses pode produzir um efeito satisfatório. Segundo Bandura (1997, p.83):

 

São pessoas, agindo em conjunto segundo uma crença comum, e não uma mente de grupo desincorporada, que percebem, aspiram, motivam e regulam. As crenças de eficácia coletiva têm funções semelhantes às funções das crenças de eficácia pessoal e atuam por processos semelhantes.

 

Na Teoria da autodeterminação, segundo Guimarães (2004, p.40) as pessoas são movidas por algumas necessidades psicológicas básicas que são definidas como os nutrientes para um relacionamento efetivo e saudável do ser humano com seu ambiente. Uma vez satisfeita, a necessidade psicológica promove sensação de bem estar e um efetivo funcionamento do organismo. A autora, baseada nos estudos de Deci e Ryan apud Guimarães (2004, p.40) aponta três necessidades psicológicas inatas como determinantes da motivação intrínseca: a) necessidade de competência (auto-eficácia), b) necessidade de autonomia ou autodeterminação e a c)necessidade de pertencer ao grupo.

            A autodeterminação segundo Deci e Ryan apud Guimarães (2004, p.40) é a capacidade do sujeito compreender que realiza atividades por desejarem assim fazê-lo. Atua de forma intencional modificando ou mantendo ação, sendo que os hábitos e conhecimentos interiorizados servem para complementar a ação. Quando o sujeito compreende que usou suas capacidades para agir e o resultado foi satisfatório, atribui a si o sucesso, apresentando um comportamento intrinsecamente motivado.

            Porém, no decorrer da ação, o sujeito pode sentir-se pressionado pelo ambiente em que atua. Segundo Guimarães (2004, p.41) sentir como uma “marionete”, não atribuirá o sucesso obtido aos seus próprios esforços causando sentimentos de incompetência,  comprometendo a motivação intrínseca. Vale ressaltar que os sujeitos podem apresentar de forma alternada os dois sentimentos, mesmo porque a situação nem sempre está sob controle.

             A terceira necessidade psicológica se refere ao sentimento de pertencer, a afetividade é inerente ao ser humano, para atuar, transformar e construir qualquer que seja ação, o sujeito precisa sentir-se adaptado e aceito no meio que convive. Segundo Guimarães (2004, p.42), os alunos seguros em relação a seus pais e professores aceitam de forma mais positiva os fracassos acadêmicos, são mais autônomos, mais envolvidos com a aprendizagem e sentem-se melhor a respeito de si mesmos.

            A Teoria da avaliação cognitiva traz sua contribuição pelos autores Ryan, Connell e Deci apud Guimarães (2004, p.43) sobre a natureza do contexto interpessoal e intrapessoal que abrangem:

- Os eventos informativos, que consiste na devolutiva da ação do sujeito para sua apreciação;

- Eventos controladores, onde o sujeito realiza a ação por ser pressionado a agir de acordo com as propostas já estabelecidas, e o ambiente escolar é um bom exemplo onde o conhecimento já está elaborado e didaticamente já estar estabelecido com metas e objetivos e os alunos tornam-se meros expectadores sem direito a modificar conteúdo de acordo com seus interesses de conhecimento;

- Eventos amotivadores, onde o sujeito é isento de informações sobre seu desempenho, impedindo uma auto-avaliação.

            Continuando com as pesquisa realizadas por Ryan, Connell e Deci apud Guimarães (2004) os autores propõe que para uma melhor compreensão dos níveis de regulação da motivação extrínseca, sendo que a motivação intrínseca é mais estudada, um continuum.

            O objetivo deste continuum, segundo Guimarães (2004, p.47) é ressaltar a tendência humana de interagir e internalizar aqueles comportamentos extrinsecamente motivados. Em seguida nos apresenta os níveis que seriam: regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada e regulação integrada. Para facilitar nossa compreensão propõe um exercício de imaginação com um estudante e as razões apresentadas para estudar e explanada a seguir:

- Regulação integrada- a autonomia e a autodeterminação estão presentes na ação do aprender, os indícios externos servem apenas para orientar e avaliar a ação de aprender.

- Regulação identificada, o desejo e o compromisso esta presente no aprender. Envolvo-me porque acho importante fazê-lo.

- Regulação introjetada- o aluno não precisa da ação repressora presente, mas seu desejo não esta presente no aprender. O aluno justifica: Vou-me sentir culpado se não o fizer.

- Regulação externa- as razões para o estudo esta baseada em pressões, incentivos ou recompensa que justificam seu interessa. O aluno justifica: Posso ter problemas se não o fizer.

 

         Tendo em vista as constatações realizadas pelos teóricos que apostam na motivação como mola propulsora para que o sujeito tenha uma interação equilibrada com o meio e a partir dele construa uma aprendizagem satisfatória, o interesse que os alunos têm pelas aulas de informática    onde os conteúdos escolares são abordados utilizando ferramentas tecnológicas, pretendemos com este estudo:

a) Analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia e o uso da tecnologia.

b) Refletir sobre o uso da tecnologia como motivador de aprendizagens. 

  1. JUSTIFICATIVA

            O processo de globalização permitiu que a comunicação, a informação ficasse mais acessível e rápida. Esse fenômeno atingiu o sistema de ensino, que em sua maioria, faz uso da tecnologia como apoio didático.

O educador têm que lidar diariamente com as ferramentas tecnológicas, seja realizando a chamada, registrando conteúdos e faltas no diário eletrônico,como também, uma alternativa didática para desenvolver aprendizagens significativas.

Entendemos que, a tecnologia é um apoio à educação, mas nos preocupa como os educadores estão sendo capacitados para usar diversas ferramentas tecnológicas e formados para lidar com uma grande quantidade de informações de forma qualitativa. Porque, se o professor precisa utilizar semanalmente, uma sala de recursos tecnológicos e não sabe como utiliza-la, não saberá como selecionar atividades que contemplem os conteúdos escolares que resultem numa motivação para uma aprendizagem satisfatória dos alunos.

Portanto, essa pesquisa pretende compreender se as aulas de informática dos alunos 5º ano- fundmental I de uma escola particular na cidade de Rio Claro, motivam os alunos a uma aprendizagem mais eficaz.

                                                                                                                                                                                                                                                         

  1. PROBLEMÁTICA

A pergunta que guiará esse trabalho é: O uso da sala de informática motiva os alunos do 5º ano do Ensino fundamental I aprenderem com mais eficácia os conteúdos escolares? E, o uso dessa tecnologia cria condições favoráveis para alcançar essa aprendizagem significativa?

  1. OBJETIVOS

Os objetivos a que se destina o presente trabalho é:

a)    Analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia.

b)    Refletir sobre o papel do professor na promoção da motivação intrínseca  utilizando a tecnologia.

  1. MÉTODO

Será feito uma pesquisa de campo para realizar levantamento de dados. A coleta de dados será realizada a partir de um questionário semi-estruturado que serão respondidos pelos 19 alunos do 5º ano do ensino fundamental I da rede particular da cidade de Rio Claro após uma aula de informática. Após a coleta de dados, as respostas dadas pelos alunos serão analisadas e organizadas em categorias de acordo com a abordagem metodológica de Bardin (1997) onde busca-se a organização e compreensão das categorias para análise dos dados.

Segundo a autora (1977, p. 117):

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registros, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos.

            Segundo a autora o sentido da comunicação é o objeto da análise de conteúdo das mensagens explícitas ou subjacentes ao texto.

Este trabalho terá como referencial teórico as abordagens cognitivas da motivação do autor Albert Bandura, psicologo cognitivo da Universidade de Stanford.

Esta pesquisa será básica, porque pretendemos compreender como occore a aprendizagem dos alunos nas aulas de informática.

Os critérios para selecionar as crenças analisadas nesta pesquisa foram embasados na análise de conteúdo descrito por Bardin (1997), em conformidade com as premissas defendidas pela Teoria Social Cognitiva sobre a motivação para a aprendizagem.

Para o tratamento e interpretação dos dados, buscou-se na análise de conteúdo compreender as categorias temáticas, a saber:

CATEGORIA DE ANÁLISE

CRITÉRIOS

Gosta das aulas de informática

Regulação integrada

Utiliza as aprendizagens em novos desafios

Auto-eficácia

Entende o conteudo com mais facilidade

Regulação identificada

Análise dos dados

              Para os alunos, 100%, elegem as aulas na sala de informática como motivadoras de aprendizagens. Citando em suas falas que nas aulas de informática podem utilizar jogos para aprender frações, agilizar o pensamento porque se não perdem pontos se ultrapasar o tempo permetido dos jogos, encontram sites diferentes e anotam o endereço eletrônico para acessar em casa e continuar jogando, as aulas ficam mais interessantes e fácil compreensão porque estão interagindo com o conteúdo e no livro didático apenas executam os enunciados.

           Segundo Guimarães (2004) a regulação integrada favorece a autonomia e a autodeterminação que estão presentes na ação do aprender, os indícios externos servem apenas para orientar e avaliar a ação de aprender. Neste caso, o simples fato dos alunos poderem acesssar o computador estimula a aprendizagem.

Para 98% dos alunos,  relataram que utilizam os conhecimentos adquiridos nas aulas de informática em outras situações de desafio. Quando foi feito a pesquisa, elas haviam aprendido os nomes ds capitais do Brasil em jogo de computador que mostrava um quebra cabeça com o mapa do Brasil e eles tinham  que montar o mapa em cinco minutos, se errassem começariam tudo de novo. Citaram que conseguiram visualizar o mapa e decorar o nome dos estados do Brasil, esse conteúdo foi utilizado no trabalho que precisam realizar e na avaliação de geografia.

Segundo Bandura(1997), aluno quando têm prazer em aprender e suas descobertas são satisfatórias tanto do seu ponto de vista como do professor, sente-se motivado para produzir cada vez mais, estamos diante de uma motivação intrínseca. Mas, quando o aluno aprende apenas por intermédio de obrigações imposta pelos pais, em busca de recompensas e reconhecimentos, estamos diante da motivação extrínseca.

            A escola é o local onde os conteúdos são considerados o mediador entre o conhecimento e o saber fazer, portanto 95% dos alunos citaram que entendem com mais facilidade quando o conteúdo é revisado  na sala de informática  por intermedio de jogos, pesquisa ou outras mídias interativas.

Considerações finais

            Foi possível observar, tanto pelo referencial da Teoria Social Cognitiva e na coleta de dados que a motivação é essencial para que os sujeitos se apropriem do conhecimento e a partir dele construa sua realidade de mundo e uma relação saudável entre os pares que circulam no meio social.

            No caso, desta escola particular de Rio Claro, os alunos têm acesso semanalmente aos computadores e a professora prepara suas aulas com recursos das mídias e jogos interativos e, quando encontra alguma dificuldade de acesso pode contar com a ajuda de um tecnico de informatica. Portanto, observamos que as aulas na sala de informatica têm contribuído significativamente no aprendizado dos conteúdos escolares.

Nesta instuição escolar a tecnologia é utilizada a favor de uma aprendizagem sgnificativa, os professoores recebem orientações quanto ao uso da informática educativa durante as capacitações que ocorrem duas vezes ao ano.

            Portanto, a atuação e interação afetiva do professor nesse processo são fundamentais, porque ele será o mediador entre os conteúdos e atividades de aprendizagem e deve ser claro aos alunos o porquê e para quê aprendem, dessa forma os alunos podem ter afinidade e sentir-se motivados para as atividades escolares.

             

Referência bibliográfica

BANDURA, A; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. Teoria Social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008, 176 p.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.

BORUCHOVICT, E; BUZUNECK, J. A.(orgs) A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação. São Paulo: EPU, 1986.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativaem saúde. São Paulo: Hucitec, 1994.

ROCHA, SSD. O uso do computador na Educação: a informática educativa. Revista Espaço Acadêmico. n.85 ano VIII. junho de 2008. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br/085/85rocha.htm&gt; Acesso em 18/11/2013.

A AUTO-EFICÁCIA E O USO DA TECNOLOGIA

 

 

Elisa Pinto de Moraes Melito

Pedagoga formada pela UNESP

Psicopedagoga Institucional formada pelo IASP

Conselheira Familiar e educacional formada pelo UNASP- Campus Engenheiro Coelho

Coordenadora Pedagógica da Escola Adventista na cidade de Rio Claro.

 

 

Resumo: O presente texto trata de analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia descrita por  Bandura (2008)  na Teoria Social Cognitiva. Pretende compreender se o uso da tecnologia no espaço escolar resulta numa motivação para uma aprendizagem satisfatória dos alunos.

 

Palavras-chaves: auto-eficacia, escola, motivação, tecnologia.

 

Introdução

.           O sujeito desde que nasce e começa a interagir com o meio em que vive,

sente o desejo de investigar, explorar  e decodificar o mundo que o rodeia. Isto lhe causa sentimentos ambíguos: prazer e desconforto, satisfação e frustração, medo e certezas. Estes sentimentos o impulsiona ou reprime seu aprendizado.

         Quando chega o momento da aprendizagem formal, a escola torna-se um ambiente obrigatório e o desejo de aprender acompanha este sujeito, pois é inerente ao próprio ato desta ação. 

         Quando aluno sente prazer em aprender e suas descobertas são satisfatória tanto do seu ponto de vista como do professor,  sente-se motivado para produzir cada vez mais . Esse processo é chamado por Bandura (2008) de auto eficácia, o autor a descreve como uma apreciação sobre a própria competência de conseguir um determinado desempenho ou resultado, uma impressão de adaptação e eficiência ao tratar das dificuldades diárias. Para o autor (2008, p.78):

As crenças de eficácia são à base da agência humana. A menos que as pessoas acreditem que podem produzir os resultados que desejam e prevenir os resultados prejudiciais por meio de seus atos, elas terão pouco incentivo para agir ou perseverar frente a dificuldades. Independentemente de outros fatores que possam operar como guias e motivadores, elas se baseiam na crença básica de que é preciso ter poder para produzir efeitos por meio das próprias ações.

As pessoas que promovem uma crença de auto- eficácia positiva, acreditam na superação dos obstáculos quando se confrontam com os desafios imposto pelas circunstância da existência mantendo uma certeza em sua capacidade de êxito. Porém, o contrário, ou seja, uma baixa auto-eficácia contribui para a desistência da solução de conflitos logo nas primeiras tentativas, causando fracasso e deprimindo o sujeito até o ponto de desmotivá-lo.

A família é uma auxiliadora para a construção de uma boa imagem do sujeito sobre si mesmo, e a escola, como segundo lócus de aprendizagem, deve legitimar a ação da família como facilitadora na construção de uma auto-eficácia positiva.

Bandura (2008, p.82) relata que a Teoria Social Cognitiva diferencia três modos diferentes de agência humana: pessoal, delegada e coletiva.

A convivência social impõe sobre o sujeito situações que muitas vezes impedem ao próprio encontrar soluções satisfatórias, seja por falta de influência, conhecimento, recursos e oportunidades, levando-o a delegar a outros a função de fazê-lo. Bandura (2208, p.82) cita alguns exemplos: as crianças que necessitam de seus pais, os parceiros, de seus cônjuges, e os cidadãos, de seus representantes legislativos para agir por eles. A agência delegada baseia-se amplamente na percepção de eficácia social para recrutar a intersecção de outras pessoas.

Existe a crença na coletividade, o sujeito compreende que a união de interesses pode produzir um efeito satisfatório. Segundo Bandura (1997, p.83):

 

São pessoas, agindo em conjunto segundo uma crença comum, e não uma mente de grupo desincorporada, que percebem, aspiram, motivam e regulam. As crenças de eficácia coletiva têm funções semelhantes às funções das crenças de eficácia pessoal e atuam por processos semelhantes.

 

Na Teoria da autodeterminação, segundo Guimarães (2004, p.40) as pessoas são movidas por algumas necessidades psicológicas básicas que são definidas como os nutrientes para um relacionamento efetivo e saudável do ser humano com seu ambiente. Uma vez satisfeita, a necessidade psicológica promove sensação de bem estar e um efetivo funcionamento do organismo. A autora, baseada nos estudos de Deci e Ryan apud Guimarães (2004, p.40) aponta três necessidades psicológicas inatas como determinantes da motivação intrínseca: a) necessidade de competência (auto-eficácia), b) necessidade de autonomia ou autodeterminação e a c)necessidade de pertencer ao grupo.

            A autodeterminação segundo Deci e Ryan apud Guimarães (2004, p.40) é a capacidade do sujeito compreender que realiza atividades por desejarem assim fazê-lo. Atua de forma intencional modificando ou mantendo ação, sendo que os hábitos e conhecimentos interiorizados servem para complementar a ação. Quando o sujeito compreende que usou suas capacidades para agir e o resultado foi satisfatório, atribui a si o sucesso, apresentando um comportamento intrinsecamente motivado.

            Porém, no decorrer da ação, o sujeito pode sentir-se pressionado pelo ambiente em que atua. Segundo Guimarães (2004, p.41) sentir como uma “marionete”, não atribuirá o sucesso obtido aos seus próprios esforços causando sentimentos de incompetência,  comprometendo a motivação intrínseca. Vale ressaltar que os sujeitos podem apresentar de forma alternada os dois sentimentos, mesmo porque a situação nem sempre está sob controle.

             A terceira necessidade psicológica se refere ao sentimento de pertencer, a afetividade é inerente ao ser humano, para atuar, transformar e construir qualquer que seja ação, o sujeito precisa sentir-se adaptado e aceito no meio que convive. Segundo Guimarães (2004, p.42), os alunos seguros em relação a seus pais e professores aceitam de forma mais positiva os fracassos acadêmicos, são mais autônomos, mais envolvidos com a aprendizagem e sentem-se melhor a respeito de si mesmos.

            A Teoria da avaliação cognitiva traz sua contribuição pelos autores Ryan, Connell e Deci apud Guimarães (2004, p.43) sobre a natureza do contexto interpessoal e intrapessoal que abrangem:

- Os eventos informativos, que consiste na devolutiva da ação do sujeito para sua apreciação;

- Eventos controladores, onde o sujeito realiza a ação por ser pressionado a agir de acordo com as propostas já estabelecidas, e o ambiente escolar é um bom exemplo onde o conhecimento já está elaborado e didaticamente já estar estabelecido com metas e objetivos e os alunos tornam-se meros expectadores sem direito a modificar conteúdo de acordo com seus interesses de conhecimento;

- Eventos amotivadores, onde o sujeito é isento de informações sobre seu desempenho, impedindo uma auto-avaliação.

            Continuando com as pesquisa realizadas por Ryan, Connell e Deci apud Guimarães (2004) os autores propõe que para uma melhor compreensão dos níveis de regulação da motivação extrínseca, sendo que a motivação intrínseca é mais estudada, um continuum.

            O objetivo deste continuum, segundo Guimarães (2004, p.47) é ressaltar a tendência humana de interagir e internalizar aqueles comportamentos extrinsecamente motivados. Em seguida nos apresenta os níveis que seriam: regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada e regulação integrada. Para facilitar nossa compreensão propõe um exercício de imaginação com um estudante e as razões apresentadas para estudar e explanada a seguir:

- Regulação integrada- a autonomia e a autodeterminação estão presentes na ação do aprender, os indícios externos servem apenas para orientar e avaliar a ação de aprender.

- Regulação identificada, o desejo e o compromisso esta presente no aprender. Envolvo-me porque acho importante fazê-lo.

- Regulação introjetada- o aluno não precisa da ação repressora presente, mas seu desejo não esta presente no aprender. O aluno justifica: Vou-me sentir culpado se não o fizer.

- Regulação externa- as razões para o estudo esta baseada em pressões, incentivos ou recompensa que justificam seu interessa. O aluno justifica: Posso ter problemas se não o fizer.

 

         Tendo em vista as constatações realizadas pelos teóricos que apostam na motivação como mola propulsora para que o sujeito tenha uma interação equilibrada com o meio e a partir dele construa uma aprendizagem satisfatória, o interesse que os alunos têm pelas aulas de informática    onde os conteúdos escolares são abordados utilizando ferramentas tecnológicas, pretendemos com este estudo:

a) Analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia e o uso da tecnologia.

b) Refletir sobre o uso da tecnologia como motivador de aprendizagens. 

  1. JUSTIFICATIVA

            O processo de globalização permitiu que a comunicação, a informação ficasse mais acessível e rápida. Esse fenômeno atingiu o sistema de ensino, que em sua maioria, faz uso da tecnologia como apoio didático.

O educador têm que lidar diariamente com as ferramentas tecnológicas, seja realizando a chamada, registrando conteúdos e faltas no diário eletrônico,como também, uma alternativa didática para desenvolver aprendizagens significativas.

Entendemos que, a tecnologia é um apoio à educação, mas nos preocupa como os educadores estão sendo capacitados para usar diversas ferramentas tecnológicas e formados para lidar com uma grande quantidade de informações de forma qualitativa. Porque, se o professor precisa utilizar semanalmente, uma sala de recursos tecnológicos e não sabe como utiliza-la, não saberá como selecionar atividades que contemplem os conteúdos escolares que resultem numa motivação para uma aprendizagem satisfatória dos alunos.

Portanto, essa pesquisa pretende compreender se as aulas de informática dos alunos 5º ano- fundmental I de uma escola particular na cidade de Rio Claro, motivam os alunos a uma aprendizagem mais eficaz.

                                                                                                                                                                                                                                                         

  1. PROBLEMÁTICA

A pergunta que guiará esse trabalho é: O uso da sala de informática motiva os alunos do 5º ano do Ensino fundamental I aprenderem com mais eficácia os conteúdos escolares? E, o uso dessa tecnologia cria condições favoráveis para alcançar essa aprendizagem significativa?

  1. OBJETIVOS

Os objetivos a que se destina o presente trabalho é:

a)    Analisar os conceitos determinantes relacionados à auto-eficácia.

b)    Refletir sobre o papel do professor na promoção da motivação intrínseca  utilizando a tecnologia.

  1. MÉTODO

Será feito uma pesquisa de campo para realizar levantamento de dados. A coleta de dados será realizada a partir de um questionário semi-estruturado que serão respondidos pelos 19 alunos do 5º ano do ensino fundamental I da rede particular da cidade de Rio Claro após uma aula de informática. Após a coleta de dados, as respostas dadas pelos alunos serão analisadas e organizadas em categorias de acordo com a abordagem metodológica de Bardin (1997) onde busca-se a organização e compreensão das categorias para análise dos dados.

Segundo a autora (1977, p. 117):

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registros, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos.

            Segundo a autora o sentido da comunicação é o objeto da análise de conteúdo das mensagens explícitas ou subjacentes ao texto.

Este trabalho terá como referencial teórico as abordagens cognitivas da motivação do autor Albert Bandura, psicologo cognitivo da Universidade de Stanford.

Esta pesquisa será básica, porque pretendemos compreender como occore a aprendizagem dos alunos nas aulas de informática.

Os critérios para selecionar as crenças analisadas nesta pesquisa foram embasados na análise de conteúdo descrito por Bardin (1997), em conformidade com as premissas defendidas pela Teoria Social Cognitiva sobre a motivação para a aprendizagem.

Para o tratamento e interpretação dos dados, buscou-se na análise de conteúdo compreender as categorias temáticas, a saber:

CATEGORIA DE ANÁLISE

CRITÉRIOS

Gosta das aulas de informática

Regulação integrada

Utiliza as aprendizagens em novos desafios

Auto-eficácia

Entende o conteudo com mais facilidade

Regulação identificada

Análise dos dados

              Para os alunos, 100%, elegem as aulas na sala de informática como motivadoras de aprendizagens. Citando em suas falas que nas aulas de informática podem utilizar jogos para aprender frações, agilizar o pensamento porque se não perdem pontos se ultrapasar o tempo permetido dos jogos, encontram sites diferentes e anotam o endereço eletrônico para acessar em casa e continuar jogando, as aulas ficam mais interessantes e fácil compreensão porque estão interagindo com o conteúdo e no livro didático apenas executam os enunciados.

           Segundo Guimarães (2004) a regulação integrada favorece a autonomia e a autodeterminação que estão presentes na ação do aprender, os indícios externos servem apenas para orientar e avaliar a ação de aprender. Neste caso, o simples fato dos alunos poderem acesssar o computador estimula a aprendizagem.

Para 98% dos alunos,  relataram que utilizam os conhecimentos adquiridos nas aulas de informática em outras situações de desafio. Quando foi feito a pesquisa, elas haviam aprendido os nomes ds capitais do Brasil em jogo de computador que mostrava um quebra cabeça com o mapa do Brasil e eles tinham  que montar o mapa em cinco minutos, se errassem começariam tudo de novo. Citaram que conseguiram visualizar o mapa e decorar o nome dos estados do Brasil, esse conteúdo foi utilizado no trabalho que precisam realizar e na avaliação de geografia.

Segundo Bandura(1997), aluno quando têm prazer em aprender e suas descobertas são satisfatórias tanto do seu ponto de vista como do professor, sente-se motivado para produzir cada vez mais, estamos diante de uma motivação intrínseca. Mas, quando o aluno aprende apenas por intermédio de obrigações imposta pelos pais, em busca de recompensas e reconhecimentos, estamos diante da motivação extrínseca.

            A escola é o local onde os conteúdos são considerados o mediador entre o conhecimento e o saber fazer, portanto 95% dos alunos citaram que entendem com mais facilidade quando o conteúdo é revisado  na sala de informática  por intermedio de jogos, pesquisa ou outras mídias interativas.

Considerações finais

            Foi possível observar, tanto pelo referencial da Teoria Social Cognitiva e na coleta de dados que a motivação é essencial para que os sujeitos se apropriem do conhecimento e a partir dele construa sua realidade de mundo e uma relação saudável entre os pares que circulam no meio social.

            No caso, desta escola particular de Rio Claro, os alunos têm acesso semanalmente aos computadores e a professora prepara suas aulas com recursos das mídias e jogos interativos e, quando encontra alguma dificuldade de acesso pode contar com a ajuda de um tecnico de informatica. Portanto, observamos que as aulas na sala de informatica têm contribuído significativamente no aprendizado dos conteúdos escolares.

Nesta instuição escolar a tecnologia é utilizada a favor de uma aprendizagem sgnificativa, os professoores recebem orientações quanto ao uso da informática educativa durante as capacitações que ocorrem duas vezes ao ano.

            Portanto, a atuação e interação afetiva do professor nesse processo são fundamentais, porque ele será o mediador entre os conteúdos e atividades de aprendizagem e deve ser claro aos alunos o porquê e para quê aprendem, dessa forma os alunos podem ter afinidade e sentir-se motivados para as atividades escolares.

             

Referência bibliográfica

BANDURA, A; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. Teoria Social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008, 176 p.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.

BORUCHOVICT, E; BUZUNECK, J. A.(orgs) A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação. São Paulo: EPU, 1986.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativaem saúde. São Paulo: Hucitec, 1994.

ROCHA, SSD. O uso do computador na Educação: a informática educativa. Revista Espaço Acadêmico. n.85 ano VIII. junho de 2008. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br/085/85rocha.htm&gt; Acesso em 18/11/2013.