1. INTRODUÇÃO

Tendo como referência a leitura de livros, este artigo propõe-se a relatar sobre a importância da família na aprendizagem escolar, uma vez que a parceria família–escola é e sempre será fundamental para o sucesso da educação e para a aprendizagem do individuo, discorrendo durante o mesmo sobre diferentes conceitos de família e sobre o papel da família e da escola em situações de aprendizagem.

Até pouco tempo, casar e ter filhos eram um projeto de vida. No entanto com o passar dos anos esse projeto foi perdendo o sentido. A família patriarcal, com a figura paterna sendo a cabeça da casa, já não é uma realidade em muitas famílias, tendo visto que em muitas delas as mulheres assumem essa função. Sendo assim conciliar a responsabilidade de manter a casa, e a educação dos filhos torna-se praticamente impossível para muitas dessas mulheres. Desta maneira, muitas famílias acabam transferindo para a escola a responsabilidade de educar seus filhos.

Conceito de família

           Mas afinal, o que é Família? Quais são as suas competências diante dos filhos? Qual é o papel da escola na educação das crianças? Para encontrarmos estas respostas é preciso começar pelo conceito, mesmo que breve, de família.

De acordo com Kaloustian (1988, p. 22) a família:

[...] é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.

Para Minuchin (1990, p. 25) a família é:

uma unidade social que tem como função atuar em uma série de tarefas de desenvolvimento. Assim sendo, cada cultura tem suas variáveis, mas a família em si tem raízes universais. A estrutura familiar pode ser considerada como um conjunto invisível de exigências funcionais que determinam a maneira na qual seus membros vão pensar e agir.

Diante de tantos conceitos de família, proponho como ponto de partida a Constituição Federal Brasileira que diz: “A família é a base da sociedade e goza de proteção especial do Estado, e para efeito dessa proteção, reconhece a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar”.

            Era justamente isso que acontecia nas famílias em tempos antigos. Seus membros eram compostos por pai, mãe e filhos. Divorcio quase não se comentava. As crianças eram educadas por seus pais biológicos. O que facilitava a comunicação e a responsabilidade que até o momento era das mães em educar seus filhos.

O pai era o chefe de sua casa, responsável pelo sustento da família, e como tal ele saia para trabalhar e as mães ficavam responsáveis pela educação dos filhos e dos cuidados domésticos. Elas costuravam suas próprias roupas, as dos filhos, e pregava botões nas roupas dos maridos, tricotavam sapatinhos para o bebê, blusas, gorros. Tudo isso lhes proporcionava prazer em estar dentro de casa, cuidando de seus filhos, educando-os a amar e a respeitar as pessoas.

Enquanto o marido pegava no batente para trazer o sustento para o lar, fazendo de tudo para que seus filhos pudessem estudar a fim de ser alguém na vida, e tivessem alguns brinquedos para entretenimento nos períodos de folga. Os homens sentiam-se valorizados por conseguir manter a casa, e ainda poder agradar a esposa e filhos.

Tudo era tão simples; as crianças cresciam em um ambiente saudável, com regras, e limites. Diferente dos dias atuais, onde em muitos casos as crianças ditam as regras que melhor lhe são úteis.

“A partir da aprovação da lei do divorcio, novos conceitos de família surgiram, e que, a família que antes era considerada nuclear, ganhou novas configurações”. (MACEDO, 1994, p.62-68).

A exemplo disso temos a chamada família mosaico:

Composta pelo “marido da mamãe”, a “mulher do papai”, os “filhos do marido da mamãe”, os “filhos da mulher do papai”, o “irmão por parte de mãe” e por aí vai. A nova família agora lembra uma concha de retalhos – um patchwork. Esta rede de parentes e meio parentes vem sendo denominada por estudiosos e especialistas como “família mosaico”. É natural que seja assim. Natural, mas não necessariamente tranquilo; por conta disso, os entraves acabam batendo às portas do Judiciário. (Revista Visão Jurídica – ed. 47).

Nos dias atuais, a mulher vive a euforia da auto-realização profissional, se afastando do seu papel de esposa, amiga, e mãe, quase não tem tempo para seus filhos, pois precisa trabalhar fora. A correria da atualidade mal lhe permite desfrutar da descontração em família. Em muitas das vezes, podem até estarem juntos, mas cada qual no seu canto. Diferente de antigamente hoje não há mais proximidade em ter os familiares e aconchego nos lares. E por mais que os pais se esforcem não lhes resta brecha para tais feitos. Todo dinheiro empregado, se torna insuficiente. Trabalham como loucos, dormindo mal, comendo as presas, vivendo ansiosos, com medo do futuro, e da morte. É como se estivessem exigindo cada vez mais dele; de um lado a esposa insatisfeita, do outro os filhos sendo arrebatados pela mídia consumista, e o ardente patrão por lucro.  As famílias não sabem onde buscar refúgio nos momentos de desespero e solidão.

As mulheres estão trabalhando fora, vivendo estressadas, afirmando não terem tempo nem para si mesmas. E com isso os filhos, que passam o dia inteiro longe de seus pais, quando chegam exigem atenção contínua de ambos. A casa acaba ficando em pé de guerra. Todos querem atenção ao mesmo instante.

Quanta diferença de antigamente, quando havia mais tempo para tudo!
As coisas podiam não ser fáceis, mas sem dúvida sempre encaixavam de forma mais afetuosa e equilibrada.

A autora deste artigo observa que, hoje muitos jovens casais estão construindo casas, mas não estão empenhados na edificação de seus lares, para ser porto seguro na criação dos filhos e convívio em família. São lamentáveis os desencontros que poderiam ser evitados se a nossa visão não estivesse obstruída pelo hedonismo atual, onde cada qual busca somente o seu próprio interesse, prazer, fama e nada mais.  Tenho saudades dos tempos que eu e meus dois irmãos nos reuníamos em volta da minha mãe para ouvir ela nos contar histórias. Das tardes que mesmo cansado meu pai sentava e nos tomava o ABC, a tabuada. Os passeios no final de semana em família era o máximo, nos sentíamos satisfeito. Tenho saudades de antigamente!

 

O papel da família na aprendizagem

          

Bem, chegamos aqui ao ponto central de nosso artigo, como fica a criança e a sua aprendizagem ao chegar ao ambiente escolar? Qual é de fato o papel da família na aprendizagem?

            Piletti (1984, p.87) considera que as primeiras experiências educacionais da criança, geralmente são proporcionadas pela família. A família tem papel fundamental no desenvolvimento da criança. É na família que ocorre simultaneamente às primeiras trocas de emoções, linguagem e aprendizagem. Por ser o primeiro grupo que a criança vai ter convivência, a educação dada pela família é muito importante no seu desenvolvimento. Pois a educação que ela receber dentro de casa será de grande valor para sua vida social. Influenciado-a até a sua vida adulta, e convivência com outros grupos sociais.

Gokhale (1980, p. 33) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.

Se a família não proporcionar à criança situações em que ela possa vivenciar e explorar o mundo a sua volta, pode ocorrer que a criança tenha um desenvolvimento superficial da aprendizagem, levando-a enfrentar dificuldades de aprendizagem escolar.

É necessário que a família saiba lidar com cada etapa do desenvolvimento que a criança enfrentará até formar seus primeiros traços na personalidade, mas isso não impede que seja colocado limites, desde que possam agregar valores que contribuem para seu envolvimento futuro.   

O objetivo da família e da escola é o mesmo; colaborar com a criança em seu desenvolvimento. Quando a escola anda lado a lado com a família as melhorias são visíveis no rendimento escolar. Onde ela aprenderá não só conteúdos escolares.

Mas por múltiplos problemas e funções, a família não vem conseguindo desempenhar seu papel, daí a escola passa a partilhar dessa obrigação de educar o indivíduo, mas não a assumi totalmente o dever delegado à família.

O papel da escola na aprendizagem

E como fica a escola diante deste quadro? Afinal qual é o papel da escola na aprendizagem das crianças?

Por muito tempo a escola tem sido caracterizada como um ambiente de vivencia educativa, mantedora do saber. Mas nos dias que se seguem ela precisa ser o espaço formador e preparatório das novas gerações. Reforçando valores e desenvolvendo nelas autonomia para tomar decisões frente às questões que o envolva.

Os professores passam conteúdos, e exigem deles uma postura diante dos diversos valores que possa transmiti-los, no entanto a escola nunca chegara a substituir o papel da família na educação e socialização do individuo.                                                                                               

Ainda assim muitas famílias esperam que os professores eduquem seus filhos, acreditam que esse seja de fato o papel da escola. Justificando o trabalho como a falta de tempo para tal. Sabendo que a família está diretamente ligada ao processo de aprendizagem do aluno, o ambiente escolar deve buscar aproximar-se da realidade dos educando, para assim melhor desenvolver seu trabalho.

“Uma condição importante nas relações entre família e escola, é a criação de um clima de respeito mútuo (...) tendo claramente delimitado os âmbitos de atuação de cada um” (SZYMANSKI, 2001, p.75)

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           É preciso urgentemente, que escola e família passem a ter claro qual é a função de cada uma para um bem comum, o da criança que na família é o filho (a) e na escola também é aluno (a).

É fundamental que os pais mantenham-se envolvidos com os estudos do seu filho, se a família tiver essa atitude não demorará muito tempo para que a criança veja que seus pais estão interessados em sua formação, percebendo que o ato de estudar é muito importante. Sendo assim, as crianças e jovens procurarão sempre ter um bom desenvolvimento e participação ativa nas aulas, porque sabem que serão cobrados se não tomarem essa atitude.

            A participação efetiva da família na educação dos filhos esta relacionada ao bom desenvolvimento família/escola, pois a responsabilidade de educar deve ter a participação efetiva de ambos os lados no dia-a-dia.

  “A mim dá pena e preocupação quando convivo com a família que                                                                      experimentam a “tirania da liberdade” em que as podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade “( Freire, 2000, p. 29 ).

Hoje em dia os pais estão dando tal liberdade a seus filhos, deixando que eles façam o que bem querem, suas vontades estão fora do controle. E tudo isso ocorre pelo fato dos pais não saberem dizer não na hora certa.

Nunca como hoje foram tão discutidos os assuntos tais como: falta de limites, desrespeito na sala de aula, desmotivação escolar. Tanto que podemos observar um número crescente de professores cansados, estressados e muitas vezes, doentes físico e mentalmente. Nunca os sentimentos de impotência e frustração estiveram tão presentes na vida escolar.

A família deve ser esforçar mais para estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos, ficando atentas as dificuldades não só cognitivas, mas comportamentais, mesmo que isso signifique dizer “nãos” ás suas exigências.

É importante, compreender que o objetivo não é o de condenar ou julgar, e sim mostrar que os pais têm transferido para a escola a tarefa de formar e educar. Entretanto essa situação não mais se sustenta. É preciso trazer, o mais rápido possível, a família para dentro da escola. Fazendo com que ela passe a colaborar de forma mais efetiva no processo de educar, compartilhando as responsabilidades e não transferi-las.