A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS PACIENTES DO CAPSi (CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTIL) DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL – PR.

RESUMO

 Este artigo tem como objetivo conhecer o trabalho/intervenção do profissional de Serviço Social no CAPSi do Município de Cascavel-PR, com a perspectiva de identificar seu cotidiano profissional, bem como o perfil dos usuários deste serviço. Visando a garantia de seus direitos, com ênfase na Política da Saúde de forma integral, pois sabemos que muitas vezes esses direitos estão em lei, constitucionalizados, porem não são colocados em prática como deveriam ser, fazendo com que muitas vezes sejam negados. Com isso podemos perceber esse fator como mais uma expressão da questão social[1] que cresce a cada dia, sendo, portanto, um desafio para os profissionais de Serviço Social em conjunto com a equipe multiprofissional, resgatar e garantir os direitos destes cidadãos.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como principal objetivo conhecer o trabalho do Assistente Social locado no CAPSi, sendo um convite a todos os acadêmicos, professores, e a sociedade em geral para que possam compreender um pouco mais sobre essa temática tão instigante. Além de um breve histórico dos CAPS, o artigo procura identificar a demanda e o perfil dos usuários deste serviço.

 Sabemos que as expressões da questão social crescem dia após dia, sendo um grande desafio tanto para o profissional de Serviço Social, como para a família que por vezes sofre junto com seus entes que apresentam algum transtorno mental.

Vivemos em uma sociedade regada de desigualdades sociais e injustiças, as quais estigmatizaram muitas pessoas por seus, hábitos, costumes, crenças, religião, e até mesmo pelo seu aspecto físico ou mental.

Para que possamos entender a atuação do Assistente Social no CAPSi, bem como sua realidade na contemporaneidade, antes de tudo precisamos entender o contexto histórico desse campo de atuação. Quando? Como? Porque surgiu? Entre outras indagações, que para respondê-las utilizou-se de pesquisas bibliográficas de caráter exploratório, bem como entrevista com o profissional Assistente Social da respectiva área, de acordo e com aprovação do profissional através do termo de consentimento livre e esclarecido.

  1. CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA DO CAPSi E O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL.

Em meados dos anos 80, mais precisamente em Março de 1986 na cidade de São Paulo/SP é inaugurado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, também conhecido como CAPS da Rua Itapeva. Época em que existia um cenário da Reforma Psiquiátrica[2] como um dispositivo estratégico para atenção do indivíduo que está sofrendo psiquicamente, pautada nos princípios do SUS e com o objetivo de inclusão social. (BARBOSA & NETO ET. AL, 2009).

Os trabalhadores de saúde mental unidos em um intenso movimento social lutavam para melhores condições de assistência, e devido à situação precária dos hospitais psiquiátricos, os quais atendiam pessoas com transtornos mentais.

Anteriormente chamados de NAPS - (Núcleos de Atenção Psicossocial) criados a partir da Portaria GM 224/92, o qual definia NAPS/CAPS como:

Unidades de saúde locais/regionalizadas que contam com uma população adstrita definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional. (BRASIL, 1992, sp). 

Atualmente os CAPS e outros serviços que atendem essa demanda são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e integra a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico[3], como exemplo quando existia o Hospital Psiquiatra São Marcos, o qual foi substituído pelos CAPS que possuem como missão atender pessoas que sofrem de transtornos mentais severos e persistentes, de forma que ofereça reabilitação psicossocial, buscando não a internação de seus pacientes com transtornos mentais como antes, mas sim a inclusão e socialização de seus pacientes na sociedade, inclusive em seu seio familiar.

No município de Cascavel mesmo existindo o Plano Municipal de Saúde Mental desde o ano de 2001, se efetivou apenas entre 2003 após o fechamento do Hospital Psiquiátrico que existia em Cascavel vinculado ao SUS, com seu fechamento precisou-se focar na implantação de serviços ligados a saúde, mas com ênfase na saúde mental, a qual a UBS passa a ser a porta de entrada para esse tipo de serviço. Em Cascavel no ano de 2002 foi substituído o NAPS pelo CAPSi Lázara de Araújo Tomé, em parceria com o Ministério da Saúde, seguindo a portaria nº 336. (ARAUJO, 2009).

Sabemos que dentro da política de Saúde Mental, a Secretaria de Saúde (SESAU) de Cascavel oferece os serviços do CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial Infantil). Os serviços são gratuitos e seguem os princípios e as diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde), atende crianças e adolescentes de 0até 21 anos incompletos com diagnóstico de transtorno mental e de conduta. O centro desenvolve atividades terapêuticas e preventivas, promove tratamento e habilitação, visando à recuperação e reinserção da pessoa junto à família e à comunidade.

Quanto aos modelos de CAPS pode-se dizer que eles são semelhantes por atender pacientes com transtornos mentais, porem cada CAPS possui sua área específica em atendimento sendo eles: 

Os diferentes tipos de CAPS são: • CAPS I e CAPS II: são CAPS para atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes. • CAPS III: são CAPS para atendimento diário e noturno de adultos, durante sete dias da semana, atendendo à população de referência com transtornos mentais severos e persistentes. • CAPSi: CAPS para infância e adolescência, para atendimento diário a crianças e adolescentes com transtornos mentais. • CAPSad: CAPS para usuários de álcool e drogas, para atendimento diário à população com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas. Esse tipo de CAPS possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento de desintoxicação. (BRASIL. 2004). 

Com ênfase no CAPSi dentre as principais ações estão:

Ações Metodológicas: Acolher crianças e adolescentes que necessitem de desintoxicação e/ou repouso; Realizar atendimento à família e assegurar o acompanhamento através de visitas domiciliares; Promover ações que estimulem os pacientes a participarem de atividades produtivas, dentro e fora do centro, buscando reinserção profissional, através das oficinas de reabilitação; Realizar atendimento individual – biopsicossocial, possibilitando o tratamento terapêutico; Promover atendimento em grupo, grupo operativo, psicoterapia, oficina terapêutica, atividades socio-terápicas; Viabilizar o atendimento hospitalar, quando houver necessidade, no serviço de referencia do CAPS; Promover eventos culturais e/ou recreativos, produzindo espaço de reflexão e lazer, para  usuários e familiares; Manter convênio com estabelecimento de ensino (Universidades, cursos técnicos) para oferecer campos de estágio, de forma a favorecer a assistência, o ensino e a pesquisa; Promover cursos em serviço (CAPS) para equipes do programa Saúde da Família, para buscar ações qualificadas e integração dos serviços; Manter atualizado um banco de dados que possibilite conhecer o perfil epidemiológico desta população; Promoção de ações que privilegie a saúde, com enfoque nas potencialidades e possibilidades das crianças e adolescentes; Democratizar as relações de poder entre técnicos, usuários e familiares, com vista a um processo decisório coletivo, com base no diálogo; Respeitar e estimular a autonomia dos usuários, considerando suas decisões, interesses e necessidades. (BRASIL, 2004, apud Portal do Município de Cascavel/PR). 

Sendo um Centro especializado em tratamentos de crianças e adolescentes o CAPSi é um serviço de atenção diária atendendo portadores de autismo, psicoses, neuroses graves e todos aqueles que, por sua condição psíquica, estão impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais.

Sendo de grande importância a família estar presente no desenvolvimento desses pacientes até mesmo por conta do fortalecimento de vínculos familiares, entende-se que seja melhor o resultado por completo, porem se o paciente tiver uma parcela de desenvolvimento percebe-se grande satisfação para os profissionais que trabalham com o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes bem como significa uma melhora muito importante nas condições de vida para os pacientes e suas famílias. De forma ampla o CAPSi tende a trabalhar a saúde integral de seus pacientes atingindo todas as ações intersetoriais.

Para identificar e conhecer melhor a atuação do Assistente Social nessa área foi realizada entrevista com a profissional que atua nessa instituição. Em relação a formação profissional específica na área de saúde mental esta declarou que não possui especialização, porém possui vários cursos na área de saúde mental.

Em entrevista relatou alguns fatos relacionados a seu cotidiano profissional bem como em relação à instituição a qual esta locada, os quais passamos a relatar e analisar a seguir.

Desta forma, ao questionar o porquê optou por atuar na área de saúde mental, a mesma relatou que:

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