A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA


FONTES, Neuza SorayaI



RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de discutir a importância da atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de mama. Para tanto, fez uma breve relato sobre o câncer de mama, contemplando ainda desde os sintomas até a atuação do profissional enfermeiro em sua prevenção e detecção precoce. Constata-se, que é imprescindível a participação do profissional de saúde,especialmente o enfermeiro para orientar o auto- exame,assim como outros métodos de prevenção e explicitação da doença e tratamento. Acredita-se, então, que a educação em saúde através da atenção primária ainda seja um meio eficaz de prevenção e detecção precoce na saúde da mulher.


Palavras Chave: Enfermeiro, Prevenção, Câncer.


1 INTRODUCÃO

As estratégias de prevenção primária, secundária e terciária têm sido empregadas com o objetivo de prevenir enfermidades, diagnosticá-las e tratá-las precocemente e tornar mínimo seus efeitos na população, assegurando, a cada indivíduo, uma qualidade de vida adequada à manutenção da sua saúde.

Com isso, estes conceitos clássicos da Saúde Pública levam em consideração a história pregressa das doenças, ao avaliar que, após a exposição aos fatores de risco, inicia-se o processo patológico, surgem sinais e sintomas e assim, progressão para cura, incapacidade ou morte.

Quanto à identificação dos fatores de risco, apesar de não haver igualdade na sua definição e método de mensuração e apesar das contradições observadas entre os diferentes estudos, o sexo, a idade, a história familiar e a história pregressa de câncer de mama, a história reprodutiva e a herança genética têm sido marcadas como associados a um risco aumentado de desenvolver câncer de mama.

O câncer de mama (CM) é possivelmente o tipo de câncer mais temido pelas mulheres, por causa de sua alta incidência e, ainda, pelas suas implicações psicológicas, que afetam a percepção de sexualidade e a auto-imagem particular.

Segundo o Inca (2010) esse tipo é raro até os 35 anos de idade, porém apartir dessa faixa etária sua incidência cresce de forma rápida e progressivamente. Atualmente, o câncer de mama é considerado uma enfermidade complicada em grau genético e o hereditário surge mais precocemente que nos casos esporádicos e, freqüentemente, é multifocal e bilateral

Como supracitado é o segundo tipo mais freqüente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

As estatísticas mostram o aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. (INCA,2010)

Este trabalho pretende, então, conhece esse tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo e ainda discutir a importância da atuação do profissional de enfermagem na sua prevenção.

2. CÂNCER DE MAMA.

2.1 Prevenção

Pode-se prevenir esse tipo de câncer, evitando a obesidade, por meio de dieta equilibrada e prática diária de atividades físicas, é uma recomendação básica para prevenir o câncer de mama, já que o exagero de peso aumenta o risco de desenvolver a doença. O consumo de álcool é contra-indicado, pois é fator de risco para esse tipo de tumor, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade abaixo aos 35 anos.

Não há nada confirmado da associação do uso de contraceptivos orais com o acréscimo do risco para o câncer de mama. Podem estar mais predispostas a ter a doença mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio durante longo período e as que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gestação.

Quanto à prevenção primária dessa neoplasia apesar de não ser inteiramente possível, devido à variação dos fatores de risco e as peculiaridades genéticas que envolvem sua etiologia.

2.2 Sintomas e Diagnósticos

Quanto aos sintomas, podem aparecer alterações no tecido que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações, inclusive no mamilo, ou aparência parecida a uma casca de laranja. Secreção no mamilo também é um sinal de alerta. O sintoma do câncer palpável é o nódulo (caroço) no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila ou próximo dela.
Para D´ávila (2000) é uma patologia com localizações e aspectos clínico-patológicos múltiplos e não possui sintomas ou sinais patognomônicos, podendo ser detectado em vários estágios de evolução histopatológica e clínica. Daí resulta, em grande maioria, na dificuldade do seu diagnóstico e a afirmativa de que a suspeita de câncer pode surgir diante dos sintomas os mais variantes possíveis.
O médico atingiu a uma hipótese diagnóstica através de várias fases, durante as quais deve decorrer de um exame cuidadoso, com base principalmente em seu conhecimento do caso e da patologia, verificando sempre o paciente de forma holística, não se abreviando ao sistema-alvo da sua especialidade.
Neste processo, várias decisões devem ser tomadas, pois um acerto ou erro refleti sobre a sobrevida do paciente e/ou sua qualidade de vida. A adaptação do comportamento diagnóstico e terapêutico, e a rapidez no encaminhamento do caso constituem a essência do exercício efetivo dessa responsabilidade.
2.3 Detecção precoce
Apesar da genética seja culpado por apenas 10% do total de casos, mulheres com história familiar de câncer de mama, especialmente se uma ou mais familiares de primeiro grau foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de ampliar a doença.

Esse grupo deve ser acompanhado por médico a partir dos 35 anos. É o profissional de saúde quem vai decidir quais exames a paciente deverá fazer. Primeira menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos e não ter tido filhos também constituem fatores de risco para o câncer de mama.

As mulheres que se incluem nesse perfil também devem procurar orientação por profissionais da saúde. Os tipos mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico e a mamografia.

De acordo com D Ávila (2000) o exame clínico das mamas (ECM),quando realizado por um médico ou enfermeira treinado, pode detectar tumor de até 1 (um) centímetro, se este for à superfície da pele. Deve ser feito uma vez por ano pelas mulheres entre 40 e 49 anos e o auto ? exame deve ser realizado sempre após a menstruação.


2.3.1 Auto- exame das mamas

De acordo com o INCA o autoexame das mamas não deve ser utilizado com como método único para detecção precoce do câncer de mama. A indicação é que o exame das mamas realizado pela própria mulher seja um item das ações de educação a saúde que considerem o conhecimento do próprio corpo e organismo.

Segundo o Inca (2010) algumas evidências da ciência recomendam que o autoexame das mamas não seja suficiente para a detecção precoce e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Porém, traz conseqüências ruins como aumento do número de biópsias de lesões benignas, insegurança nos exames falsamente negativos e choque psicológico negativo nos exames falsamente positivos.
Deste modo, o exame das mamas feito pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado para essa atividade.

2.3.2 Mamografia

Este exame que constitui uma radiografia da mama permite a detecção precoce do câncer, ao apontar lesões em fase inicial, muito pequenas (medindo milímetros). Deve ser realizados todos os anos por mulheres entre 40 e 49 anos, ou segundo recomendação médica.

No procedimento, é utilizado um aparelho de raios-X apropriado, chamado mamógrafo. Assim, a mama é comprimida de forma a fornecer imagens nítidas, e, portanto, uma melhor capacidade de detectar alguma lesão, dando um diagnóstico. O desconforto incitado é bem tolerável, diante da importância do exame.

2.2 Tratamento

Após a detecção de tumor maligno, são utilizados vários tipos de tratamento, que depende do nível, local e tamanho da lesão. Podemos citar alguns desse métodos utilizados:

- Mastectomia Radical Modificada, que é uma técnica que preserva o músculo peitoral maior. Toda a mama é removida juntamente com os músculos peitorais subjacentes, contudo, a remoção da pele e a dissecção de linfonodos axilares não são muito vastos, e não precisa de enxerto cutâneo. Este é o tipo de procedimento mais utilizado.

-Radioterapia Adjuvante, esse tipo de tratamento é adjuvante e melhora o controle local, mas não as taxas de sobrevida.

- Terapia Adjuvante Sistêmica, esse tratamento tem por objetivo eliminar metástases no início do período pós-operatório.

- Quimioterapia,a terapia combinada mais utilizada é a CMF: ciclofosfamida, metotrexate e 5-fluorouracil (5- FU). Pesquisas mais recente confirmam um efeito benéfico da terapia adjuvante em mulheres pós- menopáusicas e pré-menopáusicas.


3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO

Na mulher, o câncer de mama afeta intensamente os aspectos biopsicossociais, levando em consideração em ser uma doença que, há algum tempo irá resultar em mutilação da(s) mama, podendo levar esta até a morte e, em conseqüência, resulta em uma imensidão de sentimentos negativos, tais como, ansiedade, choque, desespero, depressão e medo.

Para Davim (2003) a necessidade de programas de prevenção e detecção precoce do câncer de mama tem, como maior justificativa, proporcionar maiores chances de cura e ou sobrevida mais longa à mulher. Temos conhecimento que a rede básica de saúde o atendimento ainda falta muito para atender aos princípios do SUS

Entretanto, nos últimos anos, tem-se debatido muito sobre a indigência de se ensinar a mulher a realizar o auto-exame de mama, visto ser uma das técnicas importantes na detecção precoce do câncer de mama, na qual possibilita durante o exame, conhecer as alterações mamárias e detectar precocemente o nódulo mamário. (DARVIM, 2003)

Ainda de acordo com o autor supracitado, este exame quando realizado de forma sistemática, o auto-exame de mama reveste-se de grande importância, não somente pela finalidade a que se propõe, mas também por se mostrar como o menos custoso e o mais prático de todos os exames.

Como muitas mulheres ainda apresentam obstinação e dificuldade na realização desse exame, é preciso que essa prática seja instigada constantemente e norteado por profissionais da área da saúde, inclusive pelo profissional enfermeiro, fazendo com que conheça mais o seu corpo e crie o costume de se auto-examinar, visto que apesar de não diagnosticar sozinha a doença é um método essencial de detecção precoce.

Diante dessas exposições, torna-se evidente a conscientização das pessoas em relação ao problema do câncer de mama. Então, Davim (2003) afirma que:

Deve haver a participação efetiva dos profissionais da área, assim como dos usuários dos serviços de saúde e de lideranças comunitárias, visando ao ensino teórico-prático do auto-exame de mama e outros assuntos de interesse geral da mulher. Sabemos que, por meio de um sistema de saúde organizado e hierarquizado em níveis de complexidade no seu atendimento, torna-se um grande fator para o bom desenvolvimento de qualquer ação de saúde.

Com isso, é cabível refletir em táticas que possam intervir no desenvolvimento que afetam individualmente a saúde da mulher trabalhadora, com seus riscos invisíveis. Para que isso se consolide, é relevante a educação em saúde, através de campanhas educativas que envolvam o auto-exame de mama, assim como,a necessidade de prevenção ginecológica anual, a mamografia e o processo de ações educativas que envolvem a saúde da mulher.

Para Monteiro (2003) considera-se essa doença e assim a saúde da mulher como um problema de saúde pública, que temos observados ao longo do tempo, que as dificuldades por elas vivenciadas quase sempre são indicativas de fatores de ordem social, econômica e cultural. Dentre esses fatores, destaca-se a falta de conhecimento e a intimidade com o próprio corpo, associados ao medo de tocá-lo e senti-lo sem culpa, assim como o medo de procurar o profissional de saúde e detectar qualquer mudança em seu organismo, medo de barreiras ao acesso nos serviços.
Reafirmando o que foi dito anteriormente, o autor supracitado ainda afirma que:
Por ser o serviço de saúde e os meios de comunicação em massa os maiores disseminadores do conhecimento e ensino da prática do auto-exame das mamas. A orientação pela imprensa atingiu grande número de mulheres, porém, a informação fornecida não se mostrou eficiente por não ensinar a prática correta do exame, visto que grande parte delas realizavam o exame com freqüência incorreta, o que diminui sua acurácia, ou não o realizavam.
Com isso, as campanhas que abrangem grande parte da população não norteiam a prática de forma correta, além de não haver programas competentes de educação do auto- exame das mamas em serviços de atendimento à mulher.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O câncer de mama é o tipo de neoplasia maligna mais comum nas mulheres. Tendo muito impacto dessa enfermidade sobre a sociedade, mas grandes diligências vêm sendo realizadas com a finalidade de elucidar as estruturas moleculares envolvidas na gênese desse processo neoplásico, assim como na procura de novas alternativas terapêuticas.

Na área da genética do câncer está evoluindo positivamente, e a técnica clínica está se ampliando para acompanhar o desafio dessa área em constante mudança na tentativa de diminuir a mortalidade através de métodos terapêuticos eficientes a todos os níveis que se encontram a lesão.
Portanto, conclui-se que é relevante que a detecção precoce do câncer de mama por mediação do ensino do auto-exame seja de encargo de todos os que assistem pacientes do sexo feminino, e não apenas daqueles que atuam em programas específicos para esse fim. (THULER,2003)
























REFERÊNCIAS

D?ÁVILA, et al. Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Departamento de Genética e Evolução. CÂNCER DE MAMA. Porto Alegre, 2000.

Disponível em: http://www.inca.gov.br.Acesso em: 10 de novembro de 2010.


THULER, Luiz Claudio. Considerações sobre a prevenção do câncer de mama feminino.2003.Disponível em: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v04/pdf/REVISAO1.pdf

MONTEIRO, Ana Paula de Sousa et al. Auto-exame das mamas: freqüência do conhecimento, prática e fatores associados. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2003, vol.25, n.3, pp. 201-205.

DAVIM, Rejane Marie Barbosa et al. Auto-exame de mama: conhecimento de usuárias atendidas no ambulatório de uma maternidade escola. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2003, vol.11, n.1, pp. 21-27.