LARISSA ALMEIDA DA COSTA E SILVA

RAVENA ROCHA SOUZA

 

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES NO ALEITAMENTO MATERNO

 

Feira de Santana-BA

2012

 

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES NO ALEITAMENTO MATERNO

 

Larissa Almeida da Costa e Silva1

Ravena Rocha Souza2

 

 

RESUMO: O presente trabalho aborda sobre a atuação do enfermeiro na prevenção e tratamento de complicações no aleitamento materno. O problema investigado foi: Como se desenvolve a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações com as mamas durante o aleitamento materno? Tem como objetivo geral avaliar a importância da atuação do enfermeiro no processo de amamentação. Partindo do pressuposto que, o enfermeiro, como profissional de saúde, deve conscientizar a gestante sobre a prevenção de complicações que possam surgir durante a amamentação, é que surgiu o interesse pelo tema, o qual justifica-se pela repercussão vivida na academia em relação a atuação da equipe de enfermagem no processo de amamentação. A metodologia utilizada é a descritiva exploratória, pois procura abordar as características de um fenômeno, e o pesquisador procura descobrir o que é através de análises feitas nos artigos. Quanto ao meio de investigação é bibliográfica, pois se utilizou de material publicado para a realização de leituras sobre a importância da atuação do enfermeiro na prevenção e tratamento de complicações no aleitamento materno. Nesse sentido, inicialmente o trabalho esclarece sobre a importância do aleitamento materno, abordando informações imprescindíveis sobre a anatomia mamária, diversos tipos de mamilos, tipos de leite e a importância de cada um deles, enfatizando sobre diversos tipos de complicações mamárias, as quais dificultam a amamentação, como mamilos doloridos, trauma mamilar, mastite, abscesso mamário, ingurgitamento mamário. Em seguida é dado um enfoque na atuação do enfermeiro nas complicações mais freqüentes, na contribuição ao aleitamento materno, onde o profissional de saúde deve conscientizar a nutriz, orientando sobre os cuidados necessários com a mama, apontando a utilização de técnicas corretas para amamentar, buscando a prevenção precoce das complicações que possam vir a surgir. Nos resultados pode-se verificar que a prevenção das intercorrências mamárias, é imprescindível a preparação das mamas desde o período gestacional, para que a mãe venha a amamentar de maneira correta. O objetivo maior desta assistência é o de evitar o desmame precoce e consequentemente a utilização de aleitamento artificial, tornando-se válida a proposta do incentivo a orientação e ao preparo para o aleitamento materno. Por fim, constam a intervenção da equipe de enfermagem no aconselhamento para a amamentação segura, ajuda a mãe a tomar decisões, a nutriz começa a ouvir e a despertar o interesse pela amamentação preventiva, aumentando também sua auto-estima.

Palavras-chave: Enfermagem. Complicações. Aleitamento Materno.

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1 Graduada em enfermagem pela FAT – Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana-Ba. E-mail:

2 Graduada em enfermagem pela FAT – Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana-Ba. E-mail:

ABSTRACT: This paper discusses about the role of nurses in the prevention and treatment of complications in breastfeeding. The problem was investigated: How does one develop the role of the nurse in the prevention of complications with breasts during breastfeeding? It aims at evaluating the importance of the role of a nurse in the nursing process. Assuming that the nurse as a health professional, you should educate pregnant women about the prevention of complications that may arise during breastfeeding, it appeared that interest in the topic, which is justified by the impact experienced in academia over performance of nursing staff in the process of breastfeeding. The methodology used is descriptive and exploratory, it seeks to address the characteristics of a phenomenon, and the researcher seeks to discover what it is through analyzes made in the articles. As for the means of investigation is literature, because it was used for published material to conduct lectures on the importance of the role of nurses in the prevention and treatment of complications in breastfeeding. Accordingly, initially the work sheds light on the importance of breastfeeding, addressing vital information on breast anatomy, various types of nipples, types of milk and the importance of each, emphasizing on various types of breast complications, which hinder breastfeeding such as sore nipples, nipple trauma, mastitis, breast abscess, breast engorgement. Then is given a focus on nursing work in postoperative complications, the contribution of breastfeeding, where the health professional should educate the nurturer, guiding the care needed with the breast, pointing to the use of correct techniques for breastfeeding, seeking early prevention of the complications that may arise. The results can be seen that the prevention of mammary, it is essential to prepare the breasts during the gestational period, so that the mother will breastfeed correctly. The main objective of this assistance is to avoid early weaning and consequently the use of artificial feeding, becoming valid proposal encouraging guidance and preparation for breastfeeding. Finally, the intervention included nursing staff in counseling for breastfeeding safe, help the mother to make decisions, the nurse begins to hear and generate interest in breastfeeding preventive, also increasing their self-esteem.

Key-words: Nursing. Complications. Breastfeeding.

1 INTRODUÇÃO

                                                       

O estudo em questão tem como tema a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações no aleitamento materno. Inicialmente identificou-se como problema: Como se desenvolve a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações com as mamas durante o aleitamento materno?

            O interesse pelo tema surgiu durante a vivência acadêmica, onde se repercutiu sobre a importância da atuação do profissional de enfermagem no processo da amamentação e após leituras sistematizadas de artigos voltados para a área de Enfermagem Obstétrica, ressaltando a importância do enfermeiro no preparo das mamas durante o pré-natal, além da grande afinidade com as disciplinas afins.

            Dada consciência sobre a importância e dos benefícios da amamentação para a mãe, filho e toda a sociedade, é responsabilidade de todos os promotores de saúde e, também do enfermeiro, ter um contato mais prolongado com as gestantes, estimulando e orientando as grávidas quanto à prática da amamentação desde o período pré-natal, reduzindo assim os índices de desmame precoce e aleitamento artificial.

            Diante desse contexto, tiveram-se como hipóteses do estudo os seguintes pontos: a enfermagem tem papel essencial na prevenção e tratamento de complicações que são muito comuns e que geram o desmame precoce; avaliação da futura mãe, com o objetivo de diagnosticar o tipo de mamilo, problemas anatômicos e outros aspectos que corrigidos ou estimulados, podem torná-la apta para amamentação; a enfermagem contribui no aleitamento materno, ensinando cuidados e exercícios para os mamilos, evitando complicações mamárias e demonstrando os devidos posicionamentos do bebê no momento da amamentação.

            Dessa forma, o artigo teve como objetivo geral: verificar a eficácia da antecipação de resultado da atuação do enfermeiro na prevenção das complicações durante a amamentação. Já especificamente: identificar os tipos de complicações que ocorrem com maior frequência durante o processo de amamentação; descrever as vantagens do leite materno, servindo de orientação às mães para os devidos cuidados com os mamilos e realizar a conscientização de técnicas corretas de pegadas e posicionamentos no momento da mamada e intervir para promoção a redução ou resolução das complicações durante amamentação.

            É imprescindível considerar que a gestação é um período em que o corpo da mulher passa por uma série de mudanças e alterações fisiológicas. E além destas alterações existem algumas complicações que podem surgir durante a gestação ou no puerpério. Essas complicações são mais comuns em mulheres que não tiveram um acompanhamento adequado durante o período gestacional, entre estas destacam-se: fissura mamilar, ingurgitamento mamário, mastite, abscesso mamário, ductos bloqueados, pega e postura inadequadas do bebê e dificuldade na ordenha.   

            Neste sentido, o enfermeiro, como profissional de saúde, deve intervir para promover a redução ou resolução de tais complicações. Cada complicação tem um quadro clínico com sinais e sintomas diferentes, que devem ser avaliados minuciosamente por este profissional, que tem conhecimento e recurso para tratá-las.

           

2  AMAMENTAÇÃO

A mulher passa por diversas fases em sua vida que são consideradas momentos marcantes, o período gestacional destaca-se pelas alterações fisiológicas que acarretam uma série de modificações no organismo materno, com a finalidade de garantir o sucesso do desenvolvimento fetal.

O momento gestacional é um período em que o corpo da mulher passa por uma série de alterações fisiológicas, que acometem vários órgãos e sistemas, tais como: sistema renal, sistema reprodutor, sistema endócrino, sistema cardiovascular, sistema circulatório, mamas, pele, entre outros. Estas alterações são previsíveis e alguns locais do corpo da mulher sofrem estas mudanças precocemente, sendo a mama um desses locais. As alterações da mama são quase sempre um dos sinais mais precoces da gravidez (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004).

Mesmo levando em consideração as alterações fisiológicas do período gestacional, não se pode esquecer que a amamentação é uma prática biologicamente determinada, mas que sofre grande influência cultural. Por isso, vários fatores interferem no sucesso da amamentação.

Contudo, é preciso estar consciente que o leite materno é a melhor fonte de nutrientes para o recém-nascido. Ele contém a quantidade necessária de lipídeos, proteínas e carboidratos que propiciam ao lactente um crescimento adequado (SCHANLER, 2000).

2.1 ANATOMIA DAS MAMAS

As mamas (conhecidas popularmente como seios) são estruturas anexas à pele, existentes em ambos os sexos, apresentando-se de forma rudimentar nos homens, que nas mulheres é responsável pela produção de leite para os bebês em seus primeiros meses de vida (SCHANLER, 2000).

As mamas estão posicionadas anteriormente aos músculos da região peitoral, entre as camadas superficial e profunda da tela subcutânea, ocupando a extensão da segunda à sexta costela (Figura 1).

Figura 1: Anatomia da Mama.

Fonte: ANATOMIA natural do seio, p. 12. Disponível em:http://static.hsw.com.br/gif/breast-implant-natural.gif. Acesso em: 15 Mar. 2012.

As mamas são constituídas por três tipos de tecido: o tecido adiposo, tecidos fibrosos e glândulas mamárias, as quais produzem o leite que é conduzido através de ductos aos mamilos.  A forma e o tamanho da mama estão relacionados com a quantidade de tecido adiposo no estroma. Podem se apresentar de variadas formas, hemisféricas, piriformes, cônicas, cilíndricas ou discóides, as quais variam devido a vários fatores: quantidade de cada um dos diferentes tipos de tecido; herança genética; idade; elasticidade da pele; número de gestações (SCHANLER, 2000).

2.1.1 Mamilos

De acordo com Vinha (1999), a papila mamária, mais conhecida como mamilo, é a parte da mama que envolve a extremidade por onde sai o leite. É constituída por fibras musculares lisas, geralmente circulares e de15 a20 ductos lactíferos que desembocam em sua extremidade. Sua base é envolvida pela aréola que contém glândulas mamárias modificadas, com características próprias. Essas glândulas fabricam a secreção oleosa que fornecem a proteção lubrificante para a aréola e o mamilo durante a sucção.

A parte interna da mama é dividida em lobos por septos fibrosos que se apresentam desde a fáscia profunda à pele. Essa divisão favorece contra infecções por bactérias patogênicas, que eventualmente podem atingir o tecido mamário através da abertura proveniente da lactação. “O tecido fibroso conecta15 a20 lobos, formados por lóbulos ou alvéolos unidos por tecido areolar, vasos sangüíneos e ductos lactíferos que drenam em seio lactíferos” (STEPHENSON, 2004, p. 36).

Segundo Reis et al (2002), as mamas são constituída por um agrupamento de15 a 20 glândulas exócrinas túbulos-alveolares compostas. Cada uma dessas glândulas é formada por duas partes: uma parte secretora, que é constituída por túbulos, dos quais se originam um grande número de alvéolos e pelos próprios alvéolos que são formados por células secretoras cilíndricas simples. As glândulas são separadas por septos colágenos, formando unidades glandulares conhecidos como lobos da mama.

A configuração do mamilo apresenta-se como um problema muito comum, que com frequência atrapalha o processo da amamentação, pois existem os mamilos invertidos ou plano, que podem dificultar a criança alcançar os seios lactíferos e o mamilo muito comprido não conseguindo realizar a pega (BRANCO, 2000).

Apesar do formato do mamilo ser um dos motivos para o abandono ao aleitamento materno, este não seria o único, pois a produção láctea também, é outro problema para a amamentação, onde devido ao estresse da mãe, medo, ansiedade, variações de estado emocional, repercuti de algum modo na produção do leite, atingindo assim oscilações do estado clínico do bebê (BRANCO, 2000).

            Existem os mais diversos tipos de mamilos (Figura 2), onde destaca-se o mamilo hipertrófico sendo ele o mais comprido, podendo dificultar a sucção do bebê, que ao invés de pressionar com a língua os seios lactíferos contra o palanato, estimulando os reflexos de ocitocina e prolactina, vai estar apenas abocanhando o mamilo, não conseguindo leite suficiente (VINHA, 1999).

 

Figura 2: Mamilo hipertrófico, protruso, semi-protruso, pseudo-invertido e invertido. (Da esquerda para direita)

Fonte: VINHA, V.H.P. O livro da amamentação. 1 ed. São Paulo: CLR Balieiro, 1999, p. 37 e 38.

O mamilo protruso é o mais comum, onde cerca de 92% das mulheres o possuem, estes são bem salientes, bem delimitados quando estimulados, possuindo melhores condições para não ser traumatizado durante a amamentação. O mamilo semi-protruso corresponde apenas 7% das mulheres, não é delimitado quando estimulado, é pouco saliente, apresentando como se estivesse incorporado à região aureolar. O mamilo pseudo-invertido corresponde a 0,5% das mulheres, apresenta-se em sentido oposto ao mamilo protruso ou normal, gera grande dificuldade na amamentação, pois a criança geralmente não consegue abocanhá-los, sendo suscetível a traumas. E por último, o mamilo invertido, corresponde também 0,5% das mulheres, onde com a sucção insistente do bebê, pode aplanar-se, nivelando-se coma auréola, mas volta em seguida ao seu estado anterior (VINHA, 1999).

2.2 ALEITAMENTO MATERNO

O leite materno garante diversos benefícios para a saúde da criança, por ser um alimento completo, rico em ferro e zinco, nutrientes considerados importantes para o desenvolvimento humano. Fornecem ainda, nutrientes para hidratação, e proteção como anticorpos, leucócitos entre outros, auxiliando a proteção do organismo contra infecções.

De acordo com Picciano (2001, p. 85):

O leite materno também tem papel preponderante na prevenção de doenças infecciosas, principalmente a diarréia aguda e as doenças respiratórias, causas que respondem em grande parte pela mortalidade infantil. Observa-se que o aumento na prevalência do aleitamento é acompanhada de redução nos índices de mortalidade no primeiro ano de vida. As propriedades imunológicas do leite humano podem ser resumidas na frase: “cada mamada é uma vacina”, pois contém anticorpos (IgA, IgM, IgG), enzimas de ação bactericida (lactoferrina e lisozima), fatores do sistema complemento e células de defesa (macrófagos, neutrófilos e linfócitos). Por este conjunto, é considerado um verdadeiro tecido vivo.

Sabe-se que o sistema digestivo de um recém-nascido não está preparado para digerir alimentos que não sejam o leite. É por conta disso que durante os primeiros meses de vida, os bebês devem se alimentar de leite, dando preferência ao leite materno. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a amamentação deva perdurar até os seis meses de vida da criança, pois é importante que o lactente preencha suas necessidades em quantidade e qualidade, correspondente ao seu crescimento e desenvolvimento (OMS, 2000).

A complementação do leite materno com água ou chás, até pouco tempo indicado por pediatras, é desnecessária. Recém-nascidos, em condições normais, nascem suficientemente hidratados para não necessitar de suplementação de líquidos, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três primeiros dias de vida. O leite humano, em virtude das suas propriedades, diminui o número de ocorrências de diarréia, encurta o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação.

A estimulação das abundantes terminações nervosas do mamilo, durante a sucção pelo infante, produz impulsos sensitivos somáticos que são conduzidos até o hipotálamo. O hipotálamo, além de estimular a produção de prolactina pela adeno-hipófise, estimula a liberação de outro hormônio pela neuro-hipófise, a ocitocina (CARVALHO, 2002, p. 12).

As mudanças na gravidez são induzidas pela liberação dos hormônios, suas ações e interações. A progesterona, a prolactina e o estrógeno são os principais hormônios responsáveis pelas alterações nas mamas. “Na gravidez, as mamas sofrem alterações, graças à ação de hormônios que são liberados no organismo feminino, provocando o crescimento e desenvolvimento das mesmas e preparando-as para produzir e armazenar leite”. (REIS et. al, 2002, p. 16). A ocitocina é o hormônio responsável pela produção da contração das células mioepiteliais dos alvéolos mamários, resultando assim, na ejeção do leite materno para os ductos e seu fluxo pelos mamilos.

O primeiro passo para uma amamentação eficiente é como o bebê segura a mama. Deve-se obter uma abertura razoável da boca da criança. Logo após, a criança deve abocanhar a aréola e o bico é distendido para o interior da boca, de tal forma, que todo palato duro entre em contato com ele (REIS et. al, 2002).

Depois de o mamilo ser abocanhado pela criança, a língua começa a se posicionar entre o rodete inferior e a base do mamilo, liberando assim por completo a orofaringe, que fica desobstruída para que possa passar ar.

2.2.1 Diferentes tipos de Leite

O leite materno é uma fonte de defesa, fornecendo ao recém nascido um grande número de anticorpos. Em particular, as imunoglobulinas (IgA), que protegem o aparelho intestinal e respiratório, os órgãos mais vulneráveis nesta fase do desenvolvimento. É favorável ao processo dentário e sistema de fonação, evita alergias como a asma, eczema e aumenta o fator imunológico do bebê, pode proteger contra a maioria das doenças, além de ser um instrumento de carinho da mãe para o bebê (REIS et. al, 2002).

A qualidade do leite pode interferir no crescimento da criança, pois a deficiência de energia, proteína e micronutrientes são fatores principais para o desenvolvimento, em especial nos primeiros anos de vida.

O leite materno protege a criança de diversas doenças, tais como a diarréia, infecção respiratória, pois possui anticorpos específicos, produzidos a partir da presença de patógenos que ameaçam as mucosas digestivas e respiratórias maternas (AKRÉ, 1999).

O leite materno possui todos os nutrientes para o bebê até os seis meses de vida:

a) proteína e gordura na medida certa;

b) mais lactose (açúcar do leite) que os outros leites;

c) vitaminas e ferro

d) água.

e) sais, cálcio e fosfatos;

f) presença de lípase, enzima que digere gorduras.

Apesar do leite de vaca possuir um teor elevado de cálcio e fósforo, este possui também quantidade ineficiente de vitaminas C, D, E e Zinco, possui um baixo valor calórico, onde o seu consumo por crianças com pouca idade pode acentuar a deficiência do ferro e ocasionar hemorragias gastrintestinais (SOUZA; SZARFARC & SOUZA, 1997).

O ato de consumo de outros tipos de leite que não seja o materno contribui para a suscetibilidade da criança em contrair doenças associadas a morbi-mortalidade na infância, onde é aconselhável a ingestão de outros alimentos apenas após os seis de vida.

A conscientização da sociedade quanto à importância do aleitamento materno é muito relevante, cabendo aos profissionais de saúde já no pré-natal a reverência a este fator: o amamentar; um ato de carinho de mãe para filho, que contribui para a prevenção de complicações durante o desenvolvimento físico e mental da criança.

O leite materno é classificado de acordo com suas fases de composição em: colostro, leite de transição e o leite maduro.

2.2.2 Leite Colostro

 

O leite produzido nos primeiros dias após o parto é denominado colostro. Possui uma cor amarelada, é produzido pelo organismo até o terceiro dia após o parto e contém a IgA e é secretado em pequenas quantidades. “O volume, no início, varia de 2 – 20 ml em cada mamada” (BRASIL, 2003, p. 138).

Certas substâncias apresentam-se em concentrações muito maiores no colostro do que nos outros leites e são elas: proteínas, sais minerais, anticorpos, vitaminas e glóbulos brancos.

É um leite rico também em fatores de crescimento que ajudam o intestino imaturo do recém-nascido a se desenvolver, preparando o intestino para digerir e absorver o leite maduro e impedindo a absorção de proteínas não digeridas. Possui uma ação preventiva da icterícia, e laxativa ajudando a eliminação do mecônio.

 

2.2.3 Leite Transição

 

O leite de transição é identificado de três a cinco dias após o parto, ou seja, passa de colostro para leite de transição.

Além da mudança de volume, o leite de transição, muda também a sua composição e dura até duas semanas após o parto. No período de duas semanas ele se transforma em um leite com conteúdo mais alto de gordura e lactose, aumentando assim o seu valor calórico total (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004).

2.2.4 Leite Maduro

 

É o leite produzido a partir do décimo quinto dia pós-parto e vem como continuação ao leite de transição. É um líquido branco, opaco, com pouco odor, sabor ligeiramente adocicado e possui ainda mais gordura e carboidrato (BRASIL, 2003). Este leite possui todos os nutrientes dos quais a criança precisa para se desenvolver, não sendo necessário até o sexto mês de vida o oferecimento de água, suco, e principalmente o leite de vaca, pois não possuem valor calórico adequado às necessidades do desenvolvimento da criança.

 

 

2.3 DESMAME PRECOCE

Atualmente, os profissionais de saúde têm trabalhado de forma persistente a importância da mãe amamentar seu filho no mínimo até os seis meses de vida. Porém, apesar do conhecimento incontestável do valor do leite humano e dos benefícios do aleitamento para a mulher que amamenta, o desmame precoce ainda é bastante comum, mesmo para aquelas com acesso a informação (CARVALHO, 2002). Portanto, é preciso considerar que o aleitamento materno é uma habilidade que deve ser resgatada e trabalhada, além de ser uma prática que precisa ser apoiada.

Apesar do leite materno possuir os nutrientes necessários para o crescimento do bebê, e por garantir alguns benefícios, tanto para o bebê quanto para a mãe, ainda assim a aderência à amamentação é pequena, onde a falta de informação, baixa escolaridade da mãe, idade da mãe, trabalho materno, falta de incentivo do cônjuge e de parentes, problemas com a auto-imagem, falta de condições ambientais para a ordenha do leite, lesões mamária são considerados impecílios a prática do aleitamento. “Muitas mães, embora desejosas de proporcionar o melhor a seus filhos e sabedoras de todas as vantagens oferecidas pela lactação natural, desistem de praticá-las por falta de orientação adequada” (SOUZA; BARBOSA, 2002, p. 241).

Não possuindo condições adequadas para amamentar, a nutriz opta pelo desmame, e com ele diversas complicações que podem surgir para a criança, como a desnutrição, o desarranjo intestinal, problemas com o aparelho digestivo da criança, o qual não está adaptado para receber outros tipos de alimentos, pelo menos até os 6 meses de idade.

A duração do aleitamento materno está sendo cada vez mais curta, exclusivamente pela falta de conhecimento das mães que não possuem informações de como resolver problemas relacionados à amamentação, sendo de suma importância a realização de um trabalho preventivo dos médicos pré-natalistas, apontando os cuidados necessários para evitar e matar precocemente possíveis complicações (BICALHO, 2001).

As mães primigestas são as principais vítimas do desmame precoce, onde as rachaduras, fissuras, mamilos dolorosos, medo de ficar com as mamas caídas, vergonha de amamentar em público, se tornam fatores impeditivos para a amamentação.

Segundo Faleiros, Trezza e Carandina (2006), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde acerca do aleitamento Materno, este deve acontecer até o sexto mês de vida e ser complementado até os dois anos de idade. Onde mesmo existindo vários programas de incentivo realizados, ainda assim, as mães têm dificuldades referentes ao manejo da lactação, ocorrendo o desmame.

Muitas mães suspendem o aleitamento precocemente por não serem orientadas a prevenir ou tratar os problemas que surgem nos primeiros dias pós-parto ou pela pressão negativa da sociedade contra o aleitamento materno exclusivo, especificamente familiares ou vizinhos (BRASIL, 2006, p. 9).

Um dos fatores que favorecem a gênese do desmame precoce é o fato dos médicos pré-natalistas não darem ênfase necessária a mama no período gestacional, nem demonstrarem as gestantes o necessário cuidado com estes órgãos, bem como deixando de esclarecer a respeito do preparo da paciente para a amamentação (VIEIRA, 2002).

Nesse sentido, as principais causas do desmame precoce são os mamilos dolorosos, rachaduras/fissuras mamilares, ingurgitamento mamário, mastite puerperal, hipogalactia, mamilos invertidos e problemas emocionais (MARINHO, 2004).

Diante do exposto é importante destacar o trabalho preventivo dos profissionais de saúde com a disponibilização de informações às mães e a familiares sobre as vantagens do aleitamento materno, para que seja visto como um ato de prazer e satisfação (LEME, 2005).

O Ministério da Saúde incluiu, em 1993, o incentivo ao aleitamento materno como uma das ações básicas de saúde, dentro do Programa de Atenção à Saúde Materno-Infantil, entretanto em estudo populacional realizado em 1995, no município de Botucatu - SP, encontrou-se um padrão insatisfatório de aleitamento materno, onde, aos trinta dias, somente 29% das crianças eram, exclusivamente, amamentadas, e aos quatro meses, apenas 4,6% (CARVALHAES; CORRÊA, 2003).

A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, realizada no ano de 1996, mostrou que o aleitamento materno no Brasil estava aquém das recomendações da OMS, com uma amamentação mediana de apenas um mês, duração total de amamentação de sete meses, e o aleitamento continuado por um ano em 41,0% das crianças (VIEIRA; SILVA & BARROS FILHO, 2003).

A amamentação significa para a mulher uma alteração do seu complexo biológico, de forma única para cada filho, envolvendo assim uma opção pessoal. Nesse sentido, a mulher deve buscar junto aos profissionais de saúde orientações, ao mesmo tempo em que toma suas decisões.

Deve-se levar em consideração também, a ansiedade das mães diante de uma situação nova a qual elas não têm o domínio, o medo de ficar com as mamas caídas, a vergonha de amamentar em público, e os sentimentos ambivalentes em relação a dupla função exercida pela mama também podem ser considerados fatores de intervenção no desmame precoce (ARANTES, 2000).

Vale ressaltar que neste trabalho deve ser abordado a prevenção das rachaduras e fissuras, o ingurgitamento mamário e a mastite. Nesse sentido, todos os profissionais da área de saúde que tenham contato com as gestantes podem orientá-las quanto ao preparo das mamas.

 

2.4 ALIMENTAÇÃO DA MÃE

 

Alguns alimentos são considerados como proibidos ou não recomendados durante o processo de amamentação são eles: café, álcool, leite de vaca (substituir por leite de soja), feijão, repolho, enlatados, condimentos, couve flor, chocolate e pimenta. Esses alimentos podem produzir cólicas e gases no bebê (CARVALHO, 2002).

Muitas substâncias presentes em alguns alimentos podem alterar a produção ou a composição do leite materno. O fumo deve ser evitado, pois reduz a produção do leite, doses excessivas de cafeína, podem deixar a criança sem sono e com irritabilidade, o álcool, age destruindo as células nervosas e deixando a criança sem fome.

 

As demais refeições não devem ser muito diferentes do final da gravidez, pois as necessidades nutricionais estão apenas ligeiramente aumentadas em relação àquele período. As recomendações nutricionais indicam a necessidade de mais energia, proteínas, algumas vitaminas e minerais. (CARVALHO, 2002, p. 64).

A mãe, enquanto estiver no período de amamentação, sentirá muita sede, por conta da perda hídrica que ocorre através da produção do leite, logo, deve ingerir durante a mamada um copo de água ou suco de frutas.

2.5 TIPOS DE COMPLICAÇÕES

Algumas intercorrências podem ocorrer durante o período de amamentação, principalmente nos primeiros dias. Esses problemas podem estar relacionados a fatores que envolvem o bebê, o ambiente e a mãe, onde se não forem tratadas adequadamente podem levar a um desmame precoce.

2.5.1 Mamilos Doloridos

 

É muito comum nas primeiras mamadas ocorrerem ferimentos e dor nos mamilos. De acordo com Varela (1994), isto acontece porque os condutos que passam pelos mamilos estão secos e, na primeira sugação, forma-se vácuo. Quando o transporte de leite torna-se mais intenso, ocorre a lubrificação dos condutos e são aliviados o desconforto e as dores ao amamentar. O desmame precoce é um dos fatores ocasionados pelos mamilos doloridos, sendo este o causador de extremo desconforto no processo da amamentação.

A dor interfere no reflexo de ejeção do leite, consequentemente, o lactente não recebe suficiente leite ao amamentar, isto gerando-lhe inquietude e choro. Essa atitude do lactente produz angústia da mãe, inibindo mais ainda a ejeção láctea e podendo conduzir ao fracasso da amamentação. (VALDÉS; SÁNCHEZ & LABBOK, 1999, p. 54).

Algumas precauções podem ser tomadas para prevenir o mamilo doloroso, as quais devem ser iniciadas a partir do pré-natal através de massagens e fricção do mamilo, com o intuito de torná-los menos sensíveis à sucção; execução de exercício de exteriorização dos mamilos “malformados” com a devida orientação profissional. O profissional da área deverá informar a futura mãe sobre a postura e pega adequada do bebê e a importância da ordenha antes da amamentação.

2.5.2 Trauma mamilar

 

 

Existem vários tipos de traumas mamilares que podem surgir no seio da nutriz durante o período da amamentação, portanto devem ser seguidos alguns cuidados para evitar diversos problemas: amamentar com técnica correta e em livre demanda, manter sempre secos os mamilos, antes ou depois da amamentação.

Segundo Thomson e Morais (2006), um dos traumas mais comuns exposto pela maioria das nutrizes é a fissura mamilar. As fissuras mamárias (Figura 3) são traumas registrados normalmente nos primeiros dias da amamentação. A maior causa deste problema está na incorreta posição da criança no ato de amamentar.

Figura 3: Fissura Mamilar

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardio das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento Materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap. 12, p. 213

           

Este tipo de trauma é ocasionado segundo Martin e Krebs (2001), principalmente pela pega incorreta da criança, onde ao invés de usar sua força de sucção na região da aréola, faz a pega indevida na região mamilar, ocasionando a fissura.

As fissuras podem ser observadas principalmente na primeira semana pós-parto, onde os maiores sintomas são dor intensa e desconforto ao amamentar, que segundo a estes fatores ocasionam por muitas vezes a diminuição das mamadas, podendo atingir diretamente no processo de desenvolvimento do bebê ou até levar ao desmame precoce, ao ingurgitamento mamário e uma mastite.

2.5.3 Mastite

A mastite é uma inflamação das glândulas da mama causada por diversos fatores tais como: acúmulo de leite que acontece com maior freqüência no pós-parto, condições de higiene inadequadas, fadiga, estresse de lactente, ingurgitamento mamário, falta de conscientização quanto ao número correto de mamadas, dificuldade da ordenha, pode ser causada também por Staphylococcus aureus em 50 a60% dos casos; Escherichia Coli e raramente, Streptococcus.

A mastite pode ocorrer em uma mama ou nas duas apresentando as seguintes características: mamas hiperêmicas, túrgidas, álgicas e hipertérmicas (Figura 4).

Figura 4: Mama acometida por mastite.

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardios das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap.12, p. 218.

A mastite pode ser de três tipos: lobar, quando há comprometimento de apenas uma região; ampolar, quando existe o processo inflamatório. E se no local infeccionado existir ponto de flutuação, é porque já evoluiu para um abscesso mamário (MATTAR; ABRÃO, 2005).

A infecção pode ser causada por alguns microorganismos diferentes. De acordo com Thomsom e Morais (2006), os causadores mais comuns das mastites são: Staphylococcus aureus em50 a60% dos casos; Escherichia Coli e raramente, Streptococcus.

No processo infeccioso da mastite os sintomas mais comuns são: maior sensibilidade mamária edema, hiperemia, muita dor durante a mamada, podendo haver excreção de pus pela papila mamária e dor ao movimentar o braço. Geralmente há intercorrências de febre, calafrios, mal-estar, astenia e fraqueza. A mastite também gera um aumento de sódio e cloreto no leite, ocasionando a diminuição de lactose, tornando o leite mais salgado, evidenciando assim a rejeição por parte da criança.

2.5.4 Abscesso mamário

 

O abscesso mamário é causado por uma mastite não tratada, ocasionando inflamações e deformidades da mama. Faz-se importante um tratamento precoce, entre 24 e 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, para que não haja agravamento do processo inflamatório.

Segundo Thomson e Morais (2006), pode ser facilmente identificado o abscesso mamário quando ao tocar o local infeccionado, este apresente uma sensação de flutuação. Existindo como sintoma dor intensa nos seios, mal-estar, febre e calafrios.

Muitas vezes o abscesso é tratado cirurgicamente, sendo realizada uma drenagem ou aspiração, portanto a ultra-sonografia torna-se importante para a confirmação do diagnóstico, servindo como um instrumento para determinar o local para a incisão cirúrgica (GIUGLIANE, 2004).

Apesar da realização incisão cirúrgica, a amamentação não deverá ser interrompida, utilizando-se da outra mama que não foi afetada, ou do mesmo lado da incisão se esta não incomodar. Não sendo possível a sucção na mama afetada, deve-se regularmente realizar o esvaziamento da mesma. É essencial que a intervenção seja rápida e precoce, podendo evitar diversas complicações que podem ocorrer, como por exemplo, uma drenagem espontânea (Figura 5).

 

Figura 5: Abscesso mamário com drenagem espontânea.

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardios das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap. 12, p. 220.

Todo esforço deve ser feito para que seja prevenido o quanto antes o abscesso mamário, pois esta condição poderá comprometer até futuras lactações em aproximadamente 10% dos casos. Se houver agravamento poderá a mama deformar-se e comprometer também o seu processo funcional. Portanto, torna-se importante a prevenção da mastite, evitando também com isto o abscesso mamário.

2.5.5 Ingurgitamento Mamário

De acordo com Souza e Barbosa (2002), o ingurgitamento mamário (Figura 6) compreende o aumento do volume de sangue e fluídos nos tecidos que suportam a mama e aumento da quantidade de leite que fica retido na glândula mamária. Por consequência, as mamas ficam inchadas, dolorosas e com aspecto avermelhados. A mulher pode apresentar febre e o leite pode parar de ser ejetado.

 

Figura 6: Ingurgitamento mamário.

Fonte: BASTOS, Kediman Célis Barros; PEIXOTO, Maria Marly Lopes Vieira; RODRIGUES, Rita de Cássia Barros. Banco de leite humano: manual de qualidade dos procedimentos em bancos de leite humano. Ceará, 2002. Disponível em: http://www.abpblh.org.br. Acesso em: 20 Mar. 2012.

 

Pode-se observar no quadro abaixo que existem características diferentes entre o ingurgitamento mamário e a mastite (Quadro 1).

Comparação entre as principais características das intercorrências mamárias

Características

Ingurgitamento mamário

Mastite

Início

Gradual / Pós-parto imediato

Súbito / Depois de 10 dias

Local

Bilateral

Unilateral

Calor / Edema

Generalizado

Localizado / Intenso / Edemaciado

Dor

Generalizada

Intensa / Localizada

Temperatura

< 38,4º

> 38,4º

Sintomas Gerais

Poucos

Semelhantes as gripe

 

 

                                        

Quadro 1: Comparação entre as principais características das intercorrências mamarias.

Fonte: CARVALHO, Marcus; TAMEZ, Raquel. Amamentação: bases científicas para a prática profissional. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, p. 127.

O Ingurgitamento mamário possui três tipos segundo a sua localização: lobular, quando a dor é referida em pontos esparsos da mama; lobar, quando há dor em uma ou mais regiões esparsas da mama, desde a região areolar, agregado à presença de edema, que geralmente ultrapassa a borda alveolar e glandular; e o ampolar, que suprime o mamilo e torna sua apreensão impossível. Nestes casos a sucção torna-se um processo muito doloroso, pois incide justamente numa área muito delicada da mama. A qual possui fibras muito sensíveis ao toque (SOUZA; BARBOSA, 2002).

Convém ressaltar que, todos os profissionais de saúde são capacitados para fornecer informações sobre a importância do aleitamento e cuidados com a mama. Mas cabe ao enfermeiro orientar as mães quanto ao estímulo de sucção, pega correta, postura do bebê na mama, postura da mãe ao amamentar, ordenha manual e as técnicas adequadas para se evitar complicações durante a amamentação.

Nesse sentido, se faz de suma importância realizar uma abordagem, no próximo capítulo, acerca da atuação da enfermagem na prevenção das complicações do aleitamento materno. Complicações estas que muitas vezes levam ao desmame precoce, por isso se faz necessário um trabalho de educação continuada com as gestantes no período pré-natal.

3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS COMPLICAÇÕES DO ALEITAMENTO

 

A enfermagem deve instruir quanto aos cuidados que se devem ter com as mamas, principalmente pelo fato da amamentação ser de grande importância para a saúde e desenvolvimento da criança.

O processo de preparação da amamentação começa no pré-natal, e o enfermeiro através de uma avaliação, examina os seios da gestante, orientando quanto aos cuidados necessários que devem ser seguidos durante este processo, enfatizando a importância do aleitamentoem um Cursode Orientação para gestante ou em orientações dadas no ambulatório (REIS et al, 2002)

O enfermeiro age na área de saúde como sujeito capaz de facilitar a amamentação através da prevenção e correção de complicações no aleitamento materno. Uma das funções deste profissional de saúde é desenvolver na gestante e no parceiro desta, uma oportunidade de saber escolher qual o melhor método a utilizar para o seguimento da alimentação do bebê (REIS et al, 2002).

3.1 TRATAMENTO DE MAMILOS DOLOROSOS

Na amamentação o incômodo nas mamas é normal, devido ao aumento do fluxo de leite, portanto faz-se importante a preparação dos mamilos logo no período gestacional, seguindo orientações que possam torná-los menos sensíveis a sucção.

Para cada mamada é importante a verificação da flexibilidade areolar, se esta não estiver maleável, é necessário fazer a ordenha por expressão manual para que o bebê consiga a pega adequada para uma sucção satisfatória e livre de dores ou ardor nos mamilos.

Em muitos casos, a dor mamilar desaparece imediatamente, após a correção da posição de sucção do bebê. A mãe se sente mais confortável e o bebê mais satisfeito a cada mamada (MARTIN; KREBS, 2001).

Os exercícios de Hoffmann (Figura 7) é uma técnica utilizada para exteriorizar o mamilo (plano, invertido e pseudo-invertido). Com os dedos indicadores ou polegares na aréola, a mãe deve tracionar e apertar para fora de forma vertical, horizontal e diagonal os mamilos. Devem ser realizados 10 movimentos para cada posição (BRAZ, 2005).


São muito utilizados os exercícios de Hoffmann, na tentativa de tornar os mamilos mais salientes, podendo servir como prevenção à intervenção cirúrgica. Os movimentos devem ser repetidos diversas vezes, tendo como objetivo estirar as aderências do mamilo com a pressão dos dedos (BRAZ, 2005).

Figura 7: Exercícios de Hoffmann.

Fonte: TIPOS de mamilos. Disponível em http://www.dirsa.aer.mil.br/DS/dicas_1_ arquivos/image018.jpg. Acesso em: 18 Fev. 2012.

Dentre os tratamentos eficazes para os traumatismos e dor na papila, está o bom posicionamento do lactente na mama. Se mãe e filho estiverem em sincronia perfeita com as orientações dos especialistas, as chances de intercorrências podem ser reduzidas, como rachaduras ou até mesmo infecções. Percebendo as rachaduras a mãe poderá utilizar o próprio leite para ajudar na cicatrização. Podendo também expor os seios ao sol com a utilização do próprio leite, por 10 minutos (BRAZ, 2005).

É importante que a nutriz procure auxílio profissional até mesmo neste caso, onde uma simples rachadura nos mamilos poderá ocasionar um grande trauma se não tratado devidamente.

3.2 TRATAMENTO DA FISSURA MAMILAR

 

O surgimento de possíveis fissuras não deve ser um fator determinante para a suspensão da amamentação. As fissuras causam dor, mas não impedem que a mãe continue a amamentar, devendo utilizar-se da mama não infectada ou menos afetada, podendo ordenhar um pouco de leite antes da mamada para desencadear o reflexo de ejeção, evitando com isso que a criança tenha que sugar muito forte no início da mamada. Em casos mais graves deve-se suspender a sucção por vinte quatro a quarenta e oito horas, podendo ser mantida a ordenha (GIUGLIANE, 2004).

As conchas de silicone são usadas sob o sutiã evitando o maior contato e a fricção da área traumatizada à vestimenta, permitindo uma maior ventilação para os mamilos, contribuindo para a cicatrização (Figura 8). Estas possuem uma câmara de ar que permite a coleta de leite caso haja vazamento, mantendo o sutiã sempre seco, evitando a umidade para o mamilo (BRAZ, 2005). Podendo servir também de protetores para os seios entre as mamadas, arranjos caseiros, como meia bola de isopor oca ou coadores de plástico pequeno (BICALHO, 2001).

 

Figura 8: Concha para fissuras.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas. Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

Para o tratamento das fissuras são necessárias algumas providências, citadas por Marinho (2004) como alguns cuidados para evitar a fissura:

a)    A mãe deve preparar a mama durante o pré-natal utilizando estratégias para o fortalecimento dos tecidos areolares e mamilares, tais como: banho de sol nos seios, fricção de toalha, utilização de sutiã de algodão com orifício na região mamilar, passar uma bucha (sem sabão) nos seios no momento do banho (Figura 9).

b)   A posição adequada da criança no momento da mamada é fundamental para o não aparecimento de fissuras.

 

                                  Figura 9: Fricção do mamilo com a toalha.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas. Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

A conscientização da mãe quanto a prevenção é importante, não devendo ser utilizados qualquer tipo de creme, pomada ou spray no seio, podendo com isso ocasionar maior sensibilidade no local. As nutrizes poderão lavar o complexo aréolo - mamilar, antes ou após cada mamada, sendo dispensado o uso do sabonete ou água (VINHA, 1999). Sendo permitido para a limpeza dos mamilos apenas o leite materno, deixando-o secar ao ar, facilitando assim, a cicatrização, a flexibilidade, e a pega (BICALHO, 2001).

Apesar de toda precaução e cuidados com a fissura é necessário que a nutriz seja acompanhada periodicamente por um profissional da área, até que o problema seja definitivamente resolvido, reduzindo assim a possibilidade de desmame precoce, ou até a geração de uma mastite.

3.3 TRATAMENTO DA MASTITE

Uma forma de evitar a inflamação mamária é não permitir o acúmulo de leite nos ductos, através da retirada do leite restante após cada mamada. Uma boa maneira de fazer isso é massageando os seios no chuveiro quente. Para tratar a mastite, Marinho (2004) aponta algumas medidas:

a)       Aplicação de compressas úmidas mornas sobre a área afetada por dez a quinze minutos, em seguida compressas geladas pelo mesmo tempo, depois massagear cada mama delicadamente, com movimentos circulares, e, logo após, tentar retirar o leite.

b)    Se necessário, o médico pode prescrever o uso de analgésico antes de proceder à auto-ordenha.

Para o tratamento da mastite é necessário também o repouso da genitora, a ingestão de bastante líquido, o uso de enfeixamento à noite e nos intervalos das mamadas, para que evite o aumento do fluxo de leite e o uso de um sutiã reforçado, mas que não aperte, com o intuito de diminuir a congestão da parte inflamada dos seios (GIUGLIANE, 2004).

Tomando-se todas as precauções necessárias ao tratamento da mastite, não havendo melhora durante quarenta e oito horas, faz-se necessário a procura médica especializada para que venha a investigar a presença de abscesso mamário.

De acordo com Vinha (1999, p.38) cabe ao tratamento da mastite:

a)    Continuar a amamentar usando várias posições para amamentar de forma a esvaziar os dois seios por completo ou pelo menos esvaziar um seio em cada mamada;

b)   Esvaziar completamente o seio afetado mesmo que por expressão manual;

c)    Utilizar compressas mornas ou banhos quentes;

d)  Aumentar a ingestão de líquidos;

e)   Repousar no leito;

f)   Usar medicação para a dor se necessário;

g)  Antibióticos se prescritos pelo médico.

Já Baracho (2007, p. 87) recomenda para o tratamento da mastite “um suporte mamário com compressa de calor úmido, drenagem mamária e analgésicos, além de manutenção da amamentação”.

É de suma importância que a mãe continue amamentando e associado a isso realize compressas mornas e banhos quentes. Vale salientar que o tratamento medicamentoso deve ser realizado somente sob prescrição médica (BARACHO, 2007).

3.4 TRATAMENTO DO INGURGITAMENTO MAMÁRIO

O ingurgitamento geralmente ocorre alguns dias após o nascimento ou em qualquer época durante a amamentação. Carvalho (2002) sugere algumas medidas que podem ser adotadas para evitar o ingurgitamento:

a)    As mães devem amamentar no sistema de livre demanda logo após o parto;

b)      Verificar se a criança mama em boa posição desde o primeiro dia.

Para que haja a prevenção do ingurgitamento faz-se necessário seguir algumas recomendações como amamentar com técnica correta, observando as posições do bebê que convenha a facilidade da sucção, amamentar em livre demanda, deixando o bebê à vontade e evitar o uso de suplementos. Devendo sempre observar que logo nas primeiras mamadas a quantidade de leite sempre é maior do que a capacidade que o bebê consegue sugar, para isso é necessária a ordenha após cada mamada, evitando com isso o acúmulo excessivo do leite (BICALHO, 2001).

Diversos procedimentos são encontrados na literatura, sendo adotados por diversos profissionais de saúde, como o uso de Ocitocina para estímulo sensorial dos proprioceptores do mamilo, não sendo necessária a utilização desta já que a liberação de ocitocina é liberada pelo organismo naturalmente com o estímulo da sucção (BARACHO, 2007).

É preciso estar atento quanto ao aumento da produção de leite causado pela utilização do calor, onde este deve estar equilibrado com a drenagem do leite, tendo o cuidado também com as possíveis queimaduras na pele sensível ocasionada pelo ingurgitamento. Sabe-se também do uso do frio tendo como finalidade a diminuição da produção do leite, através da diminuição do fluxo sanguíneo, devendo também ser cuidadosa, pois existe a constrição dos ductos lactíferos, a qual dificulta a drenagem láctea, agravando o quadro de ingurgitamento mamário, e seu uso prolongado causa o efeito rebote (CARVALHO, 2002).

Conforme Baracho (2007, p. 75), “para o tratamento do ingurgitamento mamário deve-se realizar a retirada do leite por sucção do recém nascido ou ordenha manual após 10 (dez) minutos de compressa de gelo, enfaixamento mamário e uso de analgésicos” (Figura 10).

 

                             Figura 10: Compressa Térmica.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas.

Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

A utilização do calor para alívio da dor, faz com que aconteça um aumento da circulação local, e uma vasodilatação (diminuição da viscosidade do sangue), propiciando aumento da velocidade do seu fluxo, dilatação dos ductos lactíferos, o que facilita a drenagem do leite.

 

3.5 ORDENHA

A melhor forma de retirada do leite do seio é usando as próprias mãos, sendo interessante o processo da ordenha, no qual a mãe estando ausente este poderá ser oferecida a criança, colaborando com o aumento da produção de leite e aliviando também a congestão mamária, devendo a ordenha ser um processo indolor. Antes de cada mamada, deve-se verificar se o mamilo e a aréola estão tensos, em seguida sugere-se massagear e retirar um pouco de leite para deixar mais maleável e exteriorar o mamilo (BICALHO, 2001).

Antes da ordenha deve-se realizar massagem circular (Figura 11) desde a base até a aréola na mama, usando uma mão de apoio em direção a oposta a que massageia, mediante técnica de palpação, procurando identificar anormalidades e pontos dolorosos que possam existir.

No processo da ordenha a nutriz deverá manter alguns cuidados, como a higiene, pois a ordenha deve ser iniciada apenas após as mãos lavadas, evitando com isto chances de contaminação do leite extraído; procurar lugar tranqüilo para ordenhar; e posicionar-se de maneira confortável (CARVALHO, 2002).

A ordenha é classificada em três tipos: ordenha por expressão manual, ordenha com uso de bomba manual e a ordenha com uso de bomba elétrica.

A ordenha por expressão manual é o método mais fácil da ordenha, no qual são utilizadas as mãos ao invés de instrumentos, podendo ser realizado em qualquer hora e em qualquer local, não existe uma manobra padrão a desenvolver, apenas pressionar e soltar os seios diversas vezes ritmicamente (CARVALHO, 2002).

Por ser um método de estímulo manual em seu início o leite pode ser ejetado de imediato, entretanto depois da pressão nos seios, pode este começar a pingar, podendo até jorrar. Os movimentos de pressão deverão ser realizados por toda região areolar, ajudando no esvaziamento de todos os seguimentos da mama. (SOUZA, 2002).

Para ordenha com uso de bomba manual é utilizado no estímulo uma bomba manual que constitui-se de um tubo de vidro especial, o qual abrange todo o mamilo, sendo acoplado a um bulbo de borracha.

Inicia-se a ordenha apertando o bulbo para que seja eliminado todo o ar do seu interior. Após esta eliminação do ar é encaixado o mamilo da nutriz na bomba manual, soltando o bulbo para que o mamilo e a aréola sejam “sugados” para dentro deste, assim este processo é repetido, até que o leite comece a descer e se deposite na parte lateral e dilatada do tubo (SOUZA, 2002).

A higienização da bomba é muito importante toda vez que esta for utilizada, para evitar contaminação. Se o leite retirado tende a ser oferecido ao bebê, este método é contra-indicado, pelo fato da bomba manual ser de difícil limpeza e esterilização, não garantindo a eficácia do processo da amamentação saudável (MODESTO, 2006).

A ordenha com as bombas elétricas são mais utilizadas em ambientes hospitalares, sendo usada simultaneamente por várias mulheres, por isso esta pode ser transmissora de infecções se não houver uma esterilização toda vez que for utilizada, visto que nem sempre isto ocorre.

Na utilização do equipamento, deve-se atentar quanto ao manual de instruções para que o processo ocorra com segurança. A ordenha com este equipamento pode predispor a diversas conseqüências como: maior desconforto e risco de danos a papila mamilar, reduzir efeito para situações de ingurgitamento, estase láctea e bloqueio de ductos lactíferos; necessidade de uma maior massagem prévia e da esterilização do equipamento toda vez que for utilizado (MATTAR; ABRÃO, 2005).

Dentre os diversos tipos de ordenha a mais segura é a manual, que além de se tratar de um processo menos doloroso a nutriz deve estar apenas com mãos limpas para realização deste processo, não possuindo instrumento algum a ser esterilizado, exterminando o risco de contaminação.

3.6 POSTURAS ADEQUADAS PARA AMAMENTAÇÃO

A mãe poderá com uma boa postura, proporcionar durante a amamentação um melhor conforto para o bebê, se esta for bem orientada sobre as consequências que uma posição incorreta poderá causar.

Ocorrem diversas complicações com o posicionamento inadequado tanto da mãe quanto do bebê, como ombros tensos e encolhidos; algias na coluna; certa distância do bebê em relação a mãe; cabeça e tronco do bebê não alinhados; queixo do bebê sem tocar no seio da mãe, dentre outras.

A mãe que possui a intenção de amamentar seu filho em tempo adequado deverá postar-se de maneira correta e confortável. “Vários estudos sugerem que uma boa técnica de amamentação nos primeiros dias após o parto está associada com a duração do aleitamento materno” (WEIGERT et al, 2005, p. 5).

Com certo tempo e com a ajuda de um profissional da área a mãe poderá se ajustar às posturas adequadas, facilitando o aleitamento materno. Os enfermeiros possuem embasamento ideal para um suporte assistencial à todas as questões que envolvem o tratamento das complicações no aleitamento materno, bem como a socialização da importância dos programas incentivadores e orientadores que circunde sobre a importância do leite natural, e do desenvolvimento da criança (REIS et al, 2002).

O processo da amamentação pode ser realizado em várias posturas diferentes, de acordo a vontade da mãe e da facilidade da variação conforme as orientações recebidas por um profissional de saúde. A realidade é que algumas mulheres ainda ficam um pouco inseguras em relação a que postura adotar.

De acordo Modesto (2006), as posições geralmente utilizadas pelas mães são aquelas que garantem o aconchego, a harmonia, acontecendo geralmente, sem a necessidade de orientações técnicas.

Na maioria das vezes a mãe e a criança encontram intuitivamente e sem artifícios na posição mais cômoda. A primeira mamada, no entanto, deve ser assistida por um membro da equipe e ajudada se for necessário e/ ou a mãe solicitar. A mamada deve ser observada de maneira inteira, isto é, até que o bebê termine a sucção e largue o peito (MODESTO, 2006, p. 146).

É necessário que a mãe verifique também o local onde se está tentando amamentar a criança, para que garanta a tranquilidade do ato de amamentar, devendo expor totalmente os seios, escolhendo assim qual a postura a adotar para a situação. Contudo, as posições mais utilizadas são a deitada em decúbito dorsal, na qual o bebê fica deitado no abdômen da mãe com a cabeça sobre a mama, tendo, no entanto, o cuidado com a respiração e a posição da cabeça do bebê (Figura 11).

Figura 11: Amamentação em decúbito dorsal.

Fonte: CORDEIRO, Miriam Torres. Postura, posição e pega adequadas: um bom início para a amamentação. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheu, 2006. Cap. 10, p.172.

Existe também a posição em decúbito lateral, com um apoio de um travesseiro ou almofada, o bebê deitado em decúbito lateral, apoiado no antebraço da mãe e com o abdômen em contato com o abdômen da mãe. (Figura 12).

Figura 12: Amamentação em decúbito lateral.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível em: www.iamagem.ufrj.br. Acesso em: 20 Fev. 2012.

As duas posições, decúbito dorsal e decúbito lateral, contribuem muito para um melhor descanso da mãe, principalmente se o parto foi uma cesariana.

Se a genitora optar por uma posição sentada poderá obter um apoio para os pés, para as costas e cotovelos, podendo ser utilizado também um travesseiro no colo, com a intenção de aproximar o bebê do peito, aconchegando-o ainda mais, adquirindo assim uma posição de tronco de quarenta e cinco graus no colo da mãe, facilitando a deglutição e prevenindo os refluxos gastroesofádicos, muito comuns nos recém-nascidos (SOUZA; BARBOSA, 2002).

Na posição sentada a cadeira escolhida deve permitir o apoio dos pés ao chão, apoio ideal para as costas e apoio também para aos cotovelos da nutriz, garantindo conforto e segurança ao ato da amamentação.

Figura 13: Amamentação com o bebê em posição de aconchego.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível em: http://www.iamagem.ufrj.br. Acesso em: 18 Mar. 2012.

Na posição invertida a mãe senta-se a cama ou a poltrona, podendo ser utilizada uma almofada ao seu lado como um apoio ou sustentar com o próprio braço o corpo do bebê. Utilizando de uma mão para segurar a cabeça do bebê e a outra introduzirá o mamilo na boca da criança.

 

Figura 14: Amamentação em posição invertida.

Fonte: CORDEIRO, Mirian Torres. Postura, posição e pega adequadas: um bom início para a amamentação. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, p. 170.

A posição invertida garante a drenagem do leite dos ductos da região axilar. Nos quatro a cinco primeiros dias da “apojadura” é indicado que a criança faça uma mamada clássica e outra invertida até o nivelamento das mamas, o qual irá ocorrer em torno do décimo dia (CORDEIRO, 2006). Esta posição é viável quando o recém-nascido é muito pequeno, quando as mamas são muito grandes ou estão doloridas, ou ainda quando a mamada é de gêmeos, situação na qual a mãe poderá amamentar os dois ao mesmo tempo com a ajuda de alguém.

Em casos de mamas muito grandes, fissuras mamilares, recém-nascidos pré-maturos, a posição “cavalinho” é indicada, ajudando na pega da criança, pois o mamilo entra mais na boca do bebê. Esta posição consiste em manter o lactente sentado sobre a coxa da mãe com seu corpo de frente a ela (Figura 15).

 

Figura 15: Amamentação em forma de cavalinho.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível: www.imagem.ufjr.br. Acesso em: 20 Fev.2012.

Dentre muitas posições é preciso salientar que a mãe fica livre para escolher o tipo de posição mais conveniente para o momento da amamentação, cabendo ao profissional de saúde, orientar sobre a posição mais adequada para todo tipo de situação, contribuindo para o não surgimento de complicações.

Os autores Brunner e Suddarth (1990), explicam algumas técnicas que são de fundamental importância para amamentação:

a)    Higiene: deve-se sempre limpar os mamilos com algodão e água;

b)   Horário: o RN deverá ser amamentado sempre que tiver fome, e durante o tempo que quiser, inclusive à noite;

c)    Posição adequada: a posição deve ser a mais confortável possível para ambos;

d)   Mamas: as mamas devem ser oferecidas sempre cheias e nunca esquecendo de introduzir todo o mamilo na boca do RN;

e)    Prevenção: não usar pomadas, anti-sépticos ou qualquer tipo de óleo na região dos mamilos.

f)    Vale ressaltar, que a amamentação estabelece uma relação afetiva entre mãe e filho e transmite anticorpos para o RN, sendo a sua composição ideal, de rápida ingestão e temperatura correta.

Ao escolher uma posição para dar de mamar, o mais importante é que a mãe esteja confortável e que o bebê alcance o seio com facilidade. Dessa forma, uma boa posição para amamentar é aquela que facilita a colocação do bebê junto ao peito e permite uma boa pega.

4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

 

 

4.1 TIPO DE ESTUDO

 

 

            No intuito de compreender a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações no aleitamento materno, optou-se por uma revisão da literatura através do estudo qualitativo, descritivo e exploratório.

De acordo com Minayo (1996, p. 37) a pesquisa científica é “um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos”.

Lakatos (2001, p. 62), ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de identificar uma pesquisa desse tipo, entre estes:

  1. O ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;
  2. O caráter descritivo;
  3. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador;
  4. Enfoque indutivo.

Nesse sentido, Marconi e Lakatos (2001, p. 86) relata que: “a pesquisa científica tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação”.

O desenvolvimento de um estudo de pesquisa científica determina por parte do pesquisador um fenômeno a fim de definir o campo e a dimensão em que o trabalho desenvolver-se-á, isto é, o território a ser mapeado. Desta forma, a presente monografia será fundamentada com base em livros, artigos científicos, revistas eletrônicas.

            A metodologia utilizada foi à descritiva-exploratória, a qual visa à descrição de várias abordagens acerca dos assuntos e análise dos conteúdos expostos. O meio de investigação foi a bibliográfica, pois buscou-se fontes teóricas para a construção da pesquisa.

            De acordo com Moreira e Caleffe (2006, p. 74):

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica não deve ser confundida com a revisão ou a resenha bibliográfica, pois a pesquisa bibliográfica é por si só um tipo de pesquisa, enquanto a revisão ou a resenha bibliográfica é um componente obrigatório de todo e qualquer tipo de pesquisa.

            Conforme Gil (1994) apud Moreira e Caleffe (2006, p. 74) os passos para elaboração de uma pesquisa bibliográfica são: determinar os objetivos; elaborar um plano de trabalho; identificar as fontes; localizar as fontes; ler o material; fazer os apontamentos; confeccionar as fichas e redigir o trabalho.

            Nesse sentido, o relatório final de uma pesquisa bibliográfica normalmente se compõe de introdução, desenvolvimento (contendo várias secções) e conclusão. Haja vista que, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituídos de livros, revistas, artigos, jornais, monografias, dissertações, teses, material cartográfico etc. 

            Segundo Gil (2000, p. 43), “as pesquisas exploratórias têm como principal objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias de formulação de problemas mais presos e hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

Caracteriza-se como descritiva exploratória, por realizar uma revisão bibliográfica em livros, revistas, artigos científicos e diversos textos capturados na Internet em sites voltados para o assunto contextualizado.

Por ora, no que se refere às tipologias empregadas nesta pesquisa, quanto aos objetivos à pesquisa foi à descritiva, que segundo Beuren (2003) preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los sem a interferência das pesquisadoras.

4.2 AMOSTRAGEM

Foi feita uma pesquisa bibliográfica, com busca livre por descritores nas seguintes bases de dados: Lilacs, Scielo, BDENF, Medline. Os critérios para seleção foram: publicações do período de 2002 a 2007, exceto as referências utilizadas para construir a trajetória metodológica e o marco teórico. Foram selecionados 10 bibliografias. Nessas bibliografias buscou-se os indicativos da fisiologia da lactação,  causas do desmame e técnica de amamentação.

4.3 ESTRATÉGIAS DE COLETA DE DADOS

 

Constata-se que a pesquisa bibliográfica consiste em uma sistematização de passos a serem seguidos. Desse modo, a estratégia de coleta de dados procurou abordar a investigação através de um percurso estabelecido para a conclusão da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada no período de 15 de Fevereiro de 2012 a 15 de Março de 2012. A leitura e análise dos textos foram realizadas no período de 16 de Março de 2012 a 05 de Abril de 2012. Os dados após leitura e releitura, foram analisados de acordo o tema da pesquisa.

Os dados foram apresentados sob a forma de texto descritivo, segundo os temas que emergiram da leitura.

5 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Sendo assim, após a coleta dos dados, foram feitas a análise e interpretação dos mesmos com a intenção de se obter respostas às investigações. As análises utilizadas no decorrer do trabalho constituem em pesquisa exploratória, pois se fez necessário à comparação e utilização de todo referencial teórico pesquisado sobre o assunto a fim de relacioná-lo com os dados coletados, e descritivos devido a sua rica descrição das características do assunto estudado.

            Analisando o levantamento bibliográfico, conclui-se que o enfermeiro pode atuar na prevenção de complicações no aleitamento materno, onde pode ser dividido em três categorias:

 

5.1 CATEGORIA 1: FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

 

            No início da gravidez, o tecido mamário desenvolve-se devido à ação de diferentes hormônios. O estrógeno é responsável pela ramificação dos ductos e o progestogénio, pela formação dos lóbulos. Lactogénio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica contribuem para a aceleração do crescimento mamário. A secreção de prolactina aumenta de 10 a 20 vezes na gravidez. No entanto a prolactina é inibida pelo lactogénio placentário, não permitindo que a mama segregue leite durante a gravidez. Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, a mama passa a produzir leite pela ação da prolactina (MELLO, 2007).

            A ocitocina age na contratação das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando a saída do leite. A prolactina e a ocitocina são reguladas por dois importantes reflexos maternos: o da produção do leite (prolactina) e o da ejeção do leite (ocitocina). Tais reflexos são ativados pela estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção. O reflexo de saída do leite também responde a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, tais como motivação, autoconfiança e tranquilidade que deve ser passado pelo enfermeiro. Por outro lado, a dor, o desconforto, estresse, a ansiedade, o medo e a falta de autoconfiança podem inibir o reflexo de saída do leite, prejudicando a lactação (JUNQUEIRA, 2004).

            O leite é produzido nos alvéolos, em células epiteliais diferenciadas. A maior parte do leite é produzida durante a mamada, sob estímulo da prolactina. A secreção de leite aumenta em media 50 ml no segundo dia pós-parto até 500ml no quarto dia. O volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a procura da criança. Em média é de 850 ml por dia de amamentação exclusiva (MELLO, 2007).

            As mamas são glândulas exócrinas túbulos-alveolares com 15 a 20 unidades lactíferas envoltas por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. O leite é produzido nas unidades lactíferas denominadas alvéolos. Estes alvéolos são formados por pequenas glândulas secretoras, que se comunicam com a superfície através de um sistema de drenagem formado pelos canalículos e canais denominados ductos lactíferos. Ao se aproximarem da superfície dos ductos se dilatam formando as ampolas ou seios lactíferos, onde o leite é armazenado, que por sua vez vão abrir-se no mamilo através de poros mamilares. Tanto o mamilo como aréola são profusamente inervados, fator importante no desencadeamento dos reflexos da descida do leite (BUENO, 2002).

            No processo hormonal da lactação durante a gravidez as glândulas mamarias se preparam para lactar, aumentando seu volume através da ação de hormônios, principalmente estrógeno e progesterona. Mas, só após o nascimento, com a expulsão da placenta, cessa o efeito inibitório desses hormônios sobre a prolactina que é o hormônio responsável pela produção do leite. Ao sugar a mama o recém-nascido estimula as terminações nervosas do mamilo, enviando um estímulo à hipófise, cujo lobo posterior libera ocitocina. Este hormônio atua sobre as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando o reflexo de ejeção ou “descida” do leite. A ocitocina também ‘e responsável pela contratação do útero, acelerando sua involução e, portanto, diminuindo o sangramento pós-parto. Devido a estas contratações algumas mães queixam-se de cólicas durante as mamadas nos primeiros dias de lactação (JUNQUEIRA, 2004).

            Os hormônios mais importantes são: a prolactina (produzida na glândula pituitária anterior) que estimula a secreção de leite nos alvéolos, em resposta à estimulação da aréola e do mamilo por parte do bebê. Quando o mamilo é estimulado a prolactina é libertada e inicia-se a produção de leite. Quanto mais o bebê estimula a mama, mais leite é produzido. Se existe restrição à amamentação, porque o bebê não vai à mama, ou porque é retirada antes de terminar uma mamada espontaneamente, a produção pode não ser estimulada adequadamente (JUNQUEIRA, 2004).

            Quando o bebê mama, ao tocar com a boca no mamilo e na aréola envia mensagens nervosas para a glândula pituitária que libera a ocitocina na corrente sanguínea. Isto provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a ejeção do leite, que vai provocar um aumento do diâmetro dos ductos lactóforos e o movimento do leite para o mamilo. Entre as ejeções de leite, o diâmetro dos ductos retorna ao seu valor pré ejeção, sugerindo que a acumulação de leite não se faz nos grandes ductos (canais), mas nos pequenos canalículos. Se a mãe se encontra deprimida, cansada ou com falta de confiança na amamentação o reflexo da ocitocina pode ser inibido, embora esta inibição temporária e parcial possa ser revertida (MELLO, 2007).

           

           

5.2 CATEGORIA 2: CAUSAS DO DESMAME 

 

 

            Apesar das abundantes evidencias científicas da superioridade do leite materno sobre outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam seus filhos de acordo as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, que estabelecem o aleitamento materno de forma exclusiva até os seis meses de vida e complementar até 24 meses de idade ou mais (VOLPINI, 2005).

            No Brasil a prevalência de amamentação aumentou na última década, passando de 49% aos seis meses de idade, na década de 80, para 60% na década de 90. Porém, o incremento nos índices de aleitamento materno não foi homogêneo em todo o país, sofrendo variações significativas de acordo com o local e as características socioeconômicas da população estudada. Por esse motivo, é imprescindível conhecer as características locais do padrão de aleitamento natural, a fim de avaliar os fatores de risco para o desmame precoce e contribuir para o planejamento em saúde na formulação de ações educativas e de suporte que favoreçam o aumento da prática da amamentação (VOLPINI, 2005).

            Escobar (2002) mostra que é importante definir os motivos que levam o desmame precoce, a fim de proporcionar o maior tempo possível de aleitamento às crianças. Dentre os principais fatores relacionados pode-se citar: nível socioeconômico, grau de escolaridade da mãe, idade da mãe, trabalho materno, urbanização, condições de parto, incentivo do conjugue e de parentes e intenção da mãe de amamentar. O profissional de saúde também é importante no incentivo ao aleitamento materno, apoiando e instruindo a nutriz, através do acompanhamento pré-natal cuidadoso, formação de grupos de gestante, alojamento conjunto, durante a puericultura e na promoção de campanhas de incentivo ao aleitamento. Afinal, na medida em que se conhecem os motivos que possam contribuir com o desmame precoce, pode-se atuar melhor no sentido de prevenção desses fatores de forma mais direcionada e, portanto, mais eficaz.

            Segundo Bueno (2002), os fatores determinantes da interrupção precoce da amamentação têm sido objeto de investigação; nível de escolaridade da mãe e sua inserção no mercado de trabalho, condições socioeconômicas, problemas de saúde da mãe ou da criança, uso de bicos artificiais ou chupetas e atuação dos serviços de saúde. A introdução de alimentos complementares diminui a duração do aleitamento materno, principalmente se esta introdução ocorrer precocemente. Quando um alimento sólido é introduzido, há necessidade de a criança se adaptar à nova textura e à sua administração, ao contrário do leite não materno, fluido ou em pó, que geralmente é oferecido em mamadeiras, facilitando o seu consumo, o que leva a uma redução mais rápida da amamentação, quando comparada com a introdução de sólidos.

            Sendo uma das causas que Bueno (2002), afirma que são responsáveis pelo declínio da amamentação, juntamente com a urbanização e a inserção da mulher no mercado de trabalho, e a entrada no país da indústria de leite em pó e a propaganda destes produtos por meio de estratégias de marketing que visavam atingir os profissionais de saúde, além do público em geral. A introdução de leite não materno talvez seja um dos principais iniciadores e aceleradores (fator de risco) do processo de desmame que leva o fim do aleitamento materno, independente de outros alimentos.

            Segundo Bueno (2002), as variáveis que afetam ou influenciam o desmame precoce ou a extensão da amamentação podem ser divididas em cinco categorias: variáveis demográficas, tipo de parto, idade materna, presença paterna na estrutura familiar, escolaridade materna e paterna, tipo de trabalho do chefe de família, variáveis associadas à assistência pré-natal (orientação sobre amamentação, desejo de amamentar), variáveis relacionadas à assistência pós-natal imediata (alojamento conjunto, auxílio de profissionais da saúde, dificuldades iniciais), variáveis relacionadas à assistência pós-natal tardia (após a alta hospitalar, estresse e ansiedade materna, uso de medicamentos pela mãe e pelo bebê, introdução precoce de alimentos).

            A enfermagem deve sugerir como orientação durante o período de pré-natal os seguintes aspectos: familiarização das gestantes quanto o papel do aleitamento materno para sua própria saúde e a do bebê, preparação da mama para o ato de amamentar, necessidade de permanência em alojamento conjunto após o parto, efeitos deletérios do uso da mamadeira, chupeta e outros hábitos orais. Todavia, é extremamente necessária a atuação de grupos de incentivo ao aleitamento materno a fim de reforçar o conteúdo explicitado durante o pré-natal, de disponibilizar apoio psicossocial às mães e de solucionar os inúmeros problemas que surgem durante os primeiros dias e meses após o parto. O incentivo realizado durante o pré-natal pela equipe multidisciplinar torna-se potencialmente mais útil quando seguido de um acompanhamento periódico e sistematizado após o nascimento do bebê (CARRASCOZA et al, 2005).

             

5.3 CATEGORIA 3: TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO 

           

            É relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/secção efetiva do bebê favoreçam a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resulta no que se denomina de má pega. Esta por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar os esvaziamentos da mama e levar à diminuição da produção de leite (WEIGERT et al, 2005).

            Como consequência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce. Um estudo mostrou que uma orientação sobre técnica adequada de amamentação na maternidade pode reduzir a incidência de mulheres que relatam baixa produção de leite. Além disso, a pega inadequada pode gerar lesões mamilares, causando dor e desconforto para a mãe, o que pode comprometer a continuidade do aleitamento, caso não seja devidamente corrigida (WEIGERT et al, 2005).

            Há varias posições para amamentar, o mais importante é que seja a mais confortável para a mãe e mantenha uma boa técnica. A mãe deve variar regularmente de posições para que o bebê comprima o queixo e a língua em distintos locais da aréola e mamilo. Na posição sentada, o bebê está de frente para a mãe, de tal maneira que seu abdome está colado ao da mãe (barriga com barriga), quanto mais colado estejam os corpos, mais fácil para o bebê mamar.

            A posição sentada inversa consegue-se colocando o corpo do bebê debaixo da axila materna com o ventre apoiado sobre as costelas da mãe (barriga-costela). O corpo do bebê está apoiado pelo braço materno e a cabeça suspensa pela mão. Nesta posição consegue-se que o bebê pegue uma boa porção da aréola com a boca.

            Na posição deitada, a mãe e o bebê estão frente à frente (barriga com barriga). A mãe oferece o peito do lado que está deitada. Esta posição e a sentada inversa são mais apropriadas quando a mãe for submetida a uma cesariana (FALEIROS, 2005).

            A posição tradicional é a sentada, onde o bebê fica de frente para mãe, barriga com barriga, e quanto mais colados estiverem, mais fácil é a amamentação. Na posição sentada inversa, colocando o corpinho debaixo de sua axila, com a barriga apoiada nas suas costelas. A mãe apóia o corpo do bebê com o braço a cabeça com a mão. Essa posição facilita o bebê a pegar uma boa parte da auréola. Algumas mães, especialmente as que submetem à cesariana, optam por amamentar os filhos deitados, onde o bebê fica de frente para a mãe, barriga com barriga, depois de achar melhor posição, o primeiro passo é colocar o sei na boca do bebê. Ao tocar o mamilo no lábio inferior do bebê ele abrirá a boca. Nessa hora a mãe deve colocar o máximo da auréola na sua boca, puxando firmemente sua cabeça (FALEIROS, 2005).

            Diante do exposto, é interessante que a equipe de enfermagem preste uma boa orientação para a puérpera no momento da posição adequada para amamentação

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Para compreender a amamentação é necessário o conhecimento da estrutura mamária e o seu funcionamento, adquirindo embasamento sobre a importância do aleitamento materno, vindo a conhecer também todo o processo da amamentação tais quais, os diversos tipos de leite, a constituição da importância e de suas vantagens exclusivamente para a criança que vai ser amamentada em seio materno e, principalmente da profilaxia e tratamento das complicações mamárias.

Partindo do pressuposto de que a amamentação, além de ser instintiva deve ser aprendida, a fim da prevenção das intercorrências mamárias, é imprescindível a preparação das mamas desde o período gestacional, para que a mãe venha a amamentar de maneira correta. O objetivo maior desta assistência é o de evitar o desmame precoce e consequentemente a utilização de aleitamento artificial, tornando-se válida a proposta do incentivo a orientação e ao preparo para o aleitamento materno.

Através da revisão literária, concluiu-se que a atuação dos profissionais de saúde, em especial do enfermeiro no puerpério é imensurável, pois vêm trazer o incentivo necessário às mães, enfatizando sobre a importância do aleitamento materno no tempo certo, orientando sobre técnicas adequadas, prevenindo e tratando as patologias mamárias.

O leite materno protege as crianças contra as infecções mais comuns, como diarréia e doenças respiratórias agudas, pneumonias, otite média, diversas infecções neonatais, dentre outras, além da mortalidade infantil em crianças desde os primeiros dias de vida.

O leite materno ainda propicia a criança uma nutrição de alta qualidade, garantindo um bom crescimento e desenvolvimento do bebê. A suplementação do leite materno por qualquer outro alimento, como água, chás não é recomendada nos primeiros seis meses de vida, pois há evidências de que o seu uso está associado ao desmame precoce, visto que o recém-nascido encontra no leite materno todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento.

A intervenção da equipe de enfermagem no aconselhamento para a amamentação segura, ajuda a mãe a tomar decisões, a nutriz começa a ouvir e a despertar o interesse pela amamentação preventiva, aumentando também sua auto-estima. Este aprendizado depende em grande parte destes profissionais de saúde, sendo de vital importância à orientação e à técnica de amamentação, vindo a promover a utilização da amamentação natural.

O incentivo ao aleitamento pode ser captado e transmitido também pelos diversos profissionais de saúde envolvidos no âmbito gravídico-puerperal o qual poderá priorizar a melhoria da saúde e da qualidade de vida de todos os envolvidos neste processo.

Pode-se observar que quando a mãe não está preparada para amamentar, provavelmente, passa a fornecer alimentação artificial ao seu bebê, e então, além do aspecto econômico e da adaptação ao leite, outros problemas podem vir a surgir, como os de sucção e da perda de oportunidade para um vínculo mãe-filho mais afetivo, dificuldade na digestão do RN, favorecimento ao aparecimento de hábitos orais inadequados, distúrbios relacionados à sucção e deglutição, tais como fala e linguagem.

Neste contexto, vale destacar que é de competência dos profissionais de saúde o aconselhamento, esclarecimento e orientações acerca da importância dos cuidados com a mama. É preciso lembrar que estas complicações influenciam de maneira significativa no dia a dia do bebê, bem como da puérpera e de sua família, por isso se faz necessário o trabalho de prevenção por parte destes profissionais.

Embora o valor do leite materno para a saúde da criança e o seu benefício econômico para os pais sejam inquestionáveis, o emprego da amamentação ainda não ocorre de forma adequada, contribuindo, assim para o desmame precoce. O qual, principalmente em populações de baixa condição econômica, expõe a criança a riscos de desnutrição, comprometendo seu crescimento e desenvolvimento. 

Apesar das campanhas, divulgação em mídia e informações dos profissionais de saúde em relação à importância da amamentação ainda considera-se alto o índice de desmame precoce no Brasil.

O enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar, deve fazer uma avaliação completa da gestante durante o período pré-natal, não esquecendo a inspeção das mamas. Uma orientação especial deve ser dada à amamentação, promovendo orientações a respeito da anatomia e fisiologia das mamas e da lactação. Dessa forma, a enfermagem pode atuar na preparação das mamas para a amamentação durante o período pré-natal através de técnicas adequadas, orientações e informações para a nutriz, sua família e outras pessoas que possam influenciar o processo de amamentação. 

As hipóteses propostas inicialmente foram atingidas com êxitos, na medida em que esse trabalho relatou as complicações mais comuns do aleitamento materno e a importância da atuação do enfermeiro na prevenção dessas complicações.

Conclui-se que atuação da enfermagem nas complicações no aleitamento materno, contribui no sentido de orientação à família e a sociedade, para evitar o desmame precoce. Novos estudos empíricos, entretanto, são necessários para continuar demonstrando a importância do profissional de enfermagem como membro de uma equipe multidisciplinar na prevenção e no tratamento dessas complicações, a fim de promover uma amamentação de sucesso.

 

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LARISSA ALMEIDA DA COSTA E SILVA

RAVENA ROCHA SOUZA

 

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES NO ALEITAMENTO MATERNO

 

Feira de Santana-BA

2012

 

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES NO ALEITAMENTO MATERNO

 

Larissa Almeida da Costa e Silva1

Ravena Rocha Souza2

 

 

RESUMO: O presente trabalho aborda sobre a atuação do enfermeiro na prevenção e tratamento de complicações no aleitamento materno. O problema investigado foi: Como se desenvolve a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações com as mamas durante o aleitamento materno? Tem como objetivo geral avaliar a importância da atuação do enfermeiro no processo de amamentação. Partindo do pressuposto que, o enfermeiro, como profissional de saúde, deve conscientizar a gestante sobre a prevenção de complicações que possam surgir durante a amamentação, é que surgiu o interesse pelo tema, o qual justifica-se pela repercussão vivida na academia em relação a atuação da equipe de enfermagem no processo de amamentação. A metodologia utilizada é a descritiva exploratória, pois procura abordar as características de um fenômeno, e o pesquisador procura descobrir o que é através de análises feitas nos artigos. Quanto ao meio de investigação é bibliográfica, pois se utilizou de material publicado para a realização de leituras sobre a importância da atuação do enfermeiro na prevenção e tratamento de complicações no aleitamento materno. Nesse sentido, inicialmente o trabalho esclarece sobre a importância do aleitamento materno, abordando informações imprescindíveis sobre a anatomia mamária, diversos tipos de mamilos, tipos de leite e a importância de cada um deles, enfatizando sobre diversos tipos de complicações mamárias, as quais dificultam a amamentação, como mamilos doloridos, trauma mamilar, mastite, abscesso mamário, ingurgitamento mamário. Em seguida é dado um enfoque na atuação do enfermeiro nas complicações mais freqüentes, na contribuição ao aleitamento materno, onde o profissional de saúde deve conscientizar a nutriz, orientando sobre os cuidados necessários com a mama, apontando a utilização de técnicas corretas para amamentar, buscando a prevenção precoce das complicações que possam vir a surgir. Nos resultados pode-se verificar que a prevenção das intercorrências mamárias, é imprescindível a preparação das mamas desde o período gestacional, para que a mãe venha a amamentar de maneira correta. O objetivo maior desta assistência é o de evitar o desmame precoce e consequentemente a utilização de aleitamento artificial, tornando-se válida a proposta do incentivo a orientação e ao preparo para o aleitamento materno. Por fim, constam a intervenção da equipe de enfermagem no aconselhamento para a amamentação segura, ajuda a mãe a tomar decisões, a nutriz começa a ouvir e a despertar o interesse pela amamentação preventiva, aumentando também sua auto-estima.

Palavras-chave: Enfermagem. Complicações. Aleitamento Materno.

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1 Graduada em enfermagem pela FAT – Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana-Ba. E-mail:

2 Graduada em enfermagem pela FAT – Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana-Ba. E-mail:

ABSTRACT: This paper discusses about the role of nurses in the prevention and treatment of complications in breastfeeding. The problem was investigated: How does one develop the role of the nurse in the prevention of complications with breasts during breastfeeding? It aims at evaluating the importance of the role of a nurse in the nursing process. Assuming that the nurse as a health professional, you should educate pregnant women about the prevention of complications that may arise during breastfeeding, it appeared that interest in the topic, which is justified by the impact experienced in academia over performance of nursing staff in the process of breastfeeding. The methodology used is descriptive and exploratory, it seeks to address the characteristics of a phenomenon, and the researcher seeks to discover what it is through analyzes made in the articles. As for the means of investigation is literature, because it was used for published material to conduct lectures on the importance of the role of nurses in the prevention and treatment of complications in breastfeeding. Accordingly, initially the work sheds light on the importance of breastfeeding, addressing vital information on breast anatomy, various types of nipples, types of milk and the importance of each, emphasizing on various types of breast complications, which hinder breastfeeding such as sore nipples, nipple trauma, mastitis, breast abscess, breast engorgement. Then is given a focus on nursing work in postoperative complications, the contribution of breastfeeding, where the health professional should educate the nurturer, guiding the care needed with the breast, pointing to the use of correct techniques for breastfeeding, seeking early prevention of the complications that may arise. The results can be seen that the prevention of mammary, it is essential to prepare the breasts during the gestational period, so that the mother will breastfeed correctly. The main objective of this assistance is to avoid early weaning and consequently the use of artificial feeding, becoming valid proposal encouraging guidance and preparation for breastfeeding. Finally, the intervention included nursing staff in counseling for breastfeeding safe, help the mother to make decisions, the nurse begins to hear and generate interest in breastfeeding preventive, also increasing their self-esteem.

Key-words: Nursing. Complications. Breastfeeding.

1 INTRODUÇÃO

                                                       

O estudo em questão tem como tema a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações no aleitamento materno. Inicialmente identificou-se como problema: Como se desenvolve a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações com as mamas durante o aleitamento materno?

            O interesse pelo tema surgiu durante a vivência acadêmica, onde se repercutiu sobre a importância da atuação do profissional de enfermagem no processo da amamentação e após leituras sistematizadas de artigos voltados para a área de Enfermagem Obstétrica, ressaltando a importância do enfermeiro no preparo das mamas durante o pré-natal, além da grande afinidade com as disciplinas afins.

            Dada consciência sobre a importância e dos benefícios da amamentação para a mãe, filho e toda a sociedade, é responsabilidade de todos os promotores de saúde e, também do enfermeiro, ter um contato mais prolongado com as gestantes, estimulando e orientando as grávidas quanto à prática da amamentação desde o período pré-natal, reduzindo assim os índices de desmame precoce e aleitamento artificial.

            Diante desse contexto, tiveram-se como hipóteses do estudo os seguintes pontos: a enfermagem tem papel essencial na prevenção e tratamento de complicações que são muito comuns e que geram o desmame precoce; avaliação da futura mãe, com o objetivo de diagnosticar o tipo de mamilo, problemas anatômicos e outros aspectos que corrigidos ou estimulados, podem torná-la apta para amamentação; a enfermagem contribui no aleitamento materno, ensinando cuidados e exercícios para os mamilos, evitando complicações mamárias e demonstrando os devidos posicionamentos do bebê no momento da amamentação.

            Dessa forma, o artigo teve como objetivo geral: verificar a eficácia da antecipação de resultado da atuação do enfermeiro na prevenção das complicações durante a amamentação. Já especificamente: identificar os tipos de complicações que ocorrem com maior frequência durante o processo de amamentação; descrever as vantagens do leite materno, servindo de orientação às mães para os devidos cuidados com os mamilos e realizar a conscientização de técnicas corretas de pegadas e posicionamentos no momento da mamada e intervir para promoção a redução ou resolução das complicações durante amamentação.

            É imprescindível considerar que a gestação é um período em que o corpo da mulher passa por uma série de mudanças e alterações fisiológicas. E além destas alterações existem algumas complicações que podem surgir durante a gestação ou no puerpério. Essas complicações são mais comuns em mulheres que não tiveram um acompanhamento adequado durante o período gestacional, entre estas destacam-se: fissura mamilar, ingurgitamento mamário, mastite, abscesso mamário, ductos bloqueados, pega e postura inadequadas do bebê e dificuldade na ordenha.   

            Neste sentido, o enfermeiro, como profissional de saúde, deve intervir para promover a redução ou resolução de tais complicações. Cada complicação tem um quadro clínico com sinais e sintomas diferentes, que devem ser avaliados minuciosamente por este profissional, que tem conhecimento e recurso para tratá-las.

           

2  AMAMENTAÇÃO

A mulher passa por diversas fases em sua vida que são consideradas momentos marcantes, o período gestacional destaca-se pelas alterações fisiológicas que acarretam uma série de modificações no organismo materno, com a finalidade de garantir o sucesso do desenvolvimento fetal.

O momento gestacional é um período em que o corpo da mulher passa por uma série de alterações fisiológicas, que acometem vários órgãos e sistemas, tais como: sistema renal, sistema reprodutor, sistema endócrino, sistema cardiovascular, sistema circulatório, mamas, pele, entre outros. Estas alterações são previsíveis e alguns locais do corpo da mulher sofrem estas mudanças precocemente, sendo a mama um desses locais. As alterações da mama são quase sempre um dos sinais mais precoces da gravidez (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004).

Mesmo levando em consideração as alterações fisiológicas do período gestacional, não se pode esquecer que a amamentação é uma prática biologicamente determinada, mas que sofre grande influência cultural. Por isso, vários fatores interferem no sucesso da amamentação.

Contudo, é preciso estar consciente que o leite materno é a melhor fonte de nutrientes para o recém-nascido. Ele contém a quantidade necessária de lipídeos, proteínas e carboidratos que propiciam ao lactente um crescimento adequado (SCHANLER, 2000).

2.1 ANATOMIA DAS MAMAS

As mamas (conhecidas popularmente como seios) são estruturas anexas à pele, existentes em ambos os sexos, apresentando-se de forma rudimentar nos homens, que nas mulheres é responsável pela produção de leite para os bebês em seus primeiros meses de vida (SCHANLER, 2000).

As mamas estão posicionadas anteriormente aos músculos da região peitoral, entre as camadas superficial e profunda da tela subcutânea, ocupando a extensão da segunda à sexta costela (Figura 1).

Figura 1: Anatomia da Mama.

Fonte: ANATOMIA natural do seio, p. 12. Disponível em:http://static.hsw.com.br/gif/breast-implant-natural.gif. Acesso em: 15 Mar. 2012.

As mamas são constituídas por três tipos de tecido: o tecido adiposo, tecidos fibrosos e glândulas mamárias, as quais produzem o leite que é conduzido através de ductos aos mamilos.  A forma e o tamanho da mama estão relacionados com a quantidade de tecido adiposo no estroma. Podem se apresentar de variadas formas, hemisféricas, piriformes, cônicas, cilíndricas ou discóides, as quais variam devido a vários fatores: quantidade de cada um dos diferentes tipos de tecido; herança genética; idade; elasticidade da pele; número de gestações (SCHANLER, 2000).

2.1.1 Mamilos

De acordo com Vinha (1999), a papila mamária, mais conhecida como mamilo, é a parte da mama que envolve a extremidade por onde sai o leite. É constituída por fibras musculares lisas, geralmente circulares e de15 a20 ductos lactíferos que desembocam em sua extremidade. Sua base é envolvida pela aréola que contém glândulas mamárias modificadas, com características próprias. Essas glândulas fabricam a secreção oleosa que fornecem a proteção lubrificante para a aréola e o mamilo durante a sucção.

A parte interna da mama é dividida em lobos por septos fibrosos que se apresentam desde a fáscia profunda à pele. Essa divisão favorece contra infecções por bactérias patogênicas, que eventualmente podem atingir o tecido mamário através da abertura proveniente da lactação. “O tecido fibroso conecta15 a20 lobos, formados por lóbulos ou alvéolos unidos por tecido areolar, vasos sangüíneos e ductos lactíferos que drenam em seio lactíferos” (STEPHENSON, 2004, p. 36).

Segundo Reis et al (2002), as mamas são constituída por um agrupamento de15 a 20 glândulas exócrinas túbulos-alveolares compostas. Cada uma dessas glândulas é formada por duas partes: uma parte secretora, que é constituída por túbulos, dos quais se originam um grande número de alvéolos e pelos próprios alvéolos que são formados por células secretoras cilíndricas simples. As glândulas são separadas por septos colágenos, formando unidades glandulares conhecidos como lobos da mama.

A configuração do mamilo apresenta-se como um problema muito comum, que com frequência atrapalha o processo da amamentação, pois existem os mamilos invertidos ou plano, que podem dificultar a criança alcançar os seios lactíferos e o mamilo muito comprido não conseguindo realizar a pega (BRANCO, 2000).

Apesar do formato do mamilo ser um dos motivos para o abandono ao aleitamento materno, este não seria o único, pois a produção láctea também, é outro problema para a amamentação, onde devido ao estresse da mãe, medo, ansiedade, variações de estado emocional, repercuti de algum modo na produção do leite, atingindo assim oscilações do estado clínico do bebê (BRANCO, 2000).

            Existem os mais diversos tipos de mamilos (Figura 2), onde destaca-se o mamilo hipertrófico sendo ele o mais comprido, podendo dificultar a sucção do bebê, que ao invés de pressionar com a língua os seios lactíferos contra o palanato, estimulando os reflexos de ocitocina e prolactina, vai estar apenas abocanhando o mamilo, não conseguindo leite suficiente (VINHA, 1999).

 

Figura 2: Mamilo hipertrófico, protruso, semi-protruso, pseudo-invertido e invertido. (Da esquerda para direita)

Fonte: VINHA, V.H.P. O livro da amamentação. 1 ed. São Paulo: CLR Balieiro, 1999, p. 37 e 38.

O mamilo protruso é o mais comum, onde cerca de 92% das mulheres o possuem, estes são bem salientes, bem delimitados quando estimulados, possuindo melhores condições para não ser traumatizado durante a amamentação. O mamilo semi-protruso corresponde apenas 7% das mulheres, não é delimitado quando estimulado, é pouco saliente, apresentando como se estivesse incorporado à região aureolar. O mamilo pseudo-invertido corresponde a 0,5% das mulheres, apresenta-se em sentido oposto ao mamilo protruso ou normal, gera grande dificuldade na amamentação, pois a criança geralmente não consegue abocanhá-los, sendo suscetível a traumas. E por último, o mamilo invertido, corresponde também 0,5% das mulheres, onde com a sucção insistente do bebê, pode aplanar-se, nivelando-se coma auréola, mas volta em seguida ao seu estado anterior (VINHA, 1999).

2.2 ALEITAMENTO MATERNO

O leite materno garante diversos benefícios para a saúde da criança, por ser um alimento completo, rico em ferro e zinco, nutrientes considerados importantes para o desenvolvimento humano. Fornecem ainda, nutrientes para hidratação, e proteção como anticorpos, leucócitos entre outros, auxiliando a proteção do organismo contra infecções.

De acordo com Picciano (2001, p. 85):

O leite materno também tem papel preponderante na prevenção de doenças infecciosas, principalmente a diarréia aguda e as doenças respiratórias, causas que respondem em grande parte pela mortalidade infantil. Observa-se que o aumento na prevalência do aleitamento é acompanhada de redução nos índices de mortalidade no primeiro ano de vida. As propriedades imunológicas do leite humano podem ser resumidas na frase: “cada mamada é uma vacina”, pois contém anticorpos (IgA, IgM, IgG), enzimas de ação bactericida (lactoferrina e lisozima), fatores do sistema complemento e células de defesa (macrófagos, neutrófilos e linfócitos). Por este conjunto, é considerado um verdadeiro tecido vivo.

Sabe-se que o sistema digestivo de um recém-nascido não está preparado para digerir alimentos que não sejam o leite. É por conta disso que durante os primeiros meses de vida, os bebês devem se alimentar de leite, dando preferência ao leite materno. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a amamentação deva perdurar até os seis meses de vida da criança, pois é importante que o lactente preencha suas necessidades em quantidade e qualidade, correspondente ao seu crescimento e desenvolvimento (OMS, 2000).

A complementação do leite materno com água ou chás, até pouco tempo indicado por pediatras, é desnecessária. Recém-nascidos, em condições normais, nascem suficientemente hidratados para não necessitar de suplementação de líquidos, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três primeiros dias de vida. O leite humano, em virtude das suas propriedades, diminui o número de ocorrências de diarréia, encurta o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação.

A estimulação das abundantes terminações nervosas do mamilo, durante a sucção pelo infante, produz impulsos sensitivos somáticos que são conduzidos até o hipotálamo. O hipotálamo, além de estimular a produção de prolactina pela adeno-hipófise, estimula a liberação de outro hormônio pela neuro-hipófise, a ocitocina (CARVALHO, 2002, p. 12).

As mudanças na gravidez são induzidas pela liberação dos hormônios, suas ações e interações. A progesterona, a prolactina e o estrógeno são os principais hormônios responsáveis pelas alterações nas mamas. “Na gravidez, as mamas sofrem alterações, graças à ação de hormônios que são liberados no organismo feminino, provocando o crescimento e desenvolvimento das mesmas e preparando-as para produzir e armazenar leite”. (REIS et. al, 2002, p. 16). A ocitocina é o hormônio responsável pela produção da contração das células mioepiteliais dos alvéolos mamários, resultando assim, na ejeção do leite materno para os ductos e seu fluxo pelos mamilos.

O primeiro passo para uma amamentação eficiente é como o bebê segura a mama. Deve-se obter uma abertura razoável da boca da criança. Logo após, a criança deve abocanhar a aréola e o bico é distendido para o interior da boca, de tal forma, que todo palato duro entre em contato com ele (REIS et. al, 2002).

Depois de o mamilo ser abocanhado pela criança, a língua começa a se posicionar entre o rodete inferior e a base do mamilo, liberando assim por completo a orofaringe, que fica desobstruída para que possa passar ar.

2.2.1 Diferentes tipos de Leite

O leite materno é uma fonte de defesa, fornecendo ao recém nascido um grande número de anticorpos. Em particular, as imunoglobulinas (IgA), que protegem o aparelho intestinal e respiratório, os órgãos mais vulneráveis nesta fase do desenvolvimento. É favorável ao processo dentário e sistema de fonação, evita alergias como a asma, eczema e aumenta o fator imunológico do bebê, pode proteger contra a maioria das doenças, além de ser um instrumento de carinho da mãe para o bebê (REIS et. al, 2002).

A qualidade do leite pode interferir no crescimento da criança, pois a deficiência de energia, proteína e micronutrientes são fatores principais para o desenvolvimento, em especial nos primeiros anos de vida.

O leite materno protege a criança de diversas doenças, tais como a diarréia, infecção respiratória, pois possui anticorpos específicos, produzidos a partir da presença de patógenos que ameaçam as mucosas digestivas e respiratórias maternas (AKRÉ, 1999).

O leite materno possui todos os nutrientes para o bebê até os seis meses de vida:

a) proteína e gordura na medida certa;

b) mais lactose (açúcar do leite) que os outros leites;

c) vitaminas e ferro

d) água.

e) sais, cálcio e fosfatos;

f) presença de lípase, enzima que digere gorduras.

Apesar do leite de vaca possuir um teor elevado de cálcio e fósforo, este possui também quantidade ineficiente de vitaminas C, D, E e Zinco, possui um baixo valor calórico, onde o seu consumo por crianças com pouca idade pode acentuar a deficiência do ferro e ocasionar hemorragias gastrintestinais (SOUZA; SZARFARC & SOUZA, 1997).

O ato de consumo de outros tipos de leite que não seja o materno contribui para a suscetibilidade da criança em contrair doenças associadas a morbi-mortalidade na infância, onde é aconselhável a ingestão de outros alimentos apenas após os seis de vida.

A conscientização da sociedade quanto à importância do aleitamento materno é muito relevante, cabendo aos profissionais de saúde já no pré-natal a reverência a este fator: o amamentar; um ato de carinho de mãe para filho, que contribui para a prevenção de complicações durante o desenvolvimento físico e mental da criança.

O leite materno é classificado de acordo com suas fases de composição em: colostro, leite de transição e o leite maduro.

2.2.2 Leite Colostro

 

O leite produzido nos primeiros dias após o parto é denominado colostro. Possui uma cor amarelada, é produzido pelo organismo até o terceiro dia após o parto e contém a IgA e é secretado em pequenas quantidades. “O volume, no início, varia de 2 – 20 ml em cada mamada” (BRASIL, 2003, p. 138).

Certas substâncias apresentam-se em concentrações muito maiores no colostro do que nos outros leites e são elas: proteínas, sais minerais, anticorpos, vitaminas e glóbulos brancos.

É um leite rico também em fatores de crescimento que ajudam o intestino imaturo do recém-nascido a se desenvolver, preparando o intestino para digerir e absorver o leite maduro e impedindo a absorção de proteínas não digeridas. Possui uma ação preventiva da icterícia, e laxativa ajudando a eliminação do mecônio.

 

2.2.3 Leite Transição

 

O leite de transição é identificado de três a cinco dias após o parto, ou seja, passa de colostro para leite de transição.

Além da mudança de volume, o leite de transição, muda também a sua composição e dura até duas semanas após o parto. No período de duas semanas ele se transforma em um leite com conteúdo mais alto de gordura e lactose, aumentando assim o seu valor calórico total (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004).

2.2.4 Leite Maduro

 

É o leite produzido a partir do décimo quinto dia pós-parto e vem como continuação ao leite de transição. É um líquido branco, opaco, com pouco odor, sabor ligeiramente adocicado e possui ainda mais gordura e carboidrato (BRASIL, 2003). Este leite possui todos os nutrientes dos quais a criança precisa para se desenvolver, não sendo necessário até o sexto mês de vida o oferecimento de água, suco, e principalmente o leite de vaca, pois não possuem valor calórico adequado às necessidades do desenvolvimento da criança.

 

 

2.3 DESMAME PRECOCE

Atualmente, os profissionais de saúde têm trabalhado de forma persistente a importância da mãe amamentar seu filho no mínimo até os seis meses de vida. Porém, apesar do conhecimento incontestável do valor do leite humano e dos benefícios do aleitamento para a mulher que amamenta, o desmame precoce ainda é bastante comum, mesmo para aquelas com acesso a informação (CARVALHO, 2002). Portanto, é preciso considerar que o aleitamento materno é uma habilidade que deve ser resgatada e trabalhada, além de ser uma prática que precisa ser apoiada.

Apesar do leite materno possuir os nutrientes necessários para o crescimento do bebê, e por garantir alguns benefícios, tanto para o bebê quanto para a mãe, ainda assim a aderência à amamentação é pequena, onde a falta de informação, baixa escolaridade da mãe, idade da mãe, trabalho materno, falta de incentivo do cônjuge e de parentes, problemas com a auto-imagem, falta de condições ambientais para a ordenha do leite, lesões mamária são considerados impecílios a prática do aleitamento. “Muitas mães, embora desejosas de proporcionar o melhor a seus filhos e sabedoras de todas as vantagens oferecidas pela lactação natural, desistem de praticá-las por falta de orientação adequada” (SOUZA; BARBOSA, 2002, p. 241).

Não possuindo condições adequadas para amamentar, a nutriz opta pelo desmame, e com ele diversas complicações que podem surgir para a criança, como a desnutrição, o desarranjo intestinal, problemas com o aparelho digestivo da criança, o qual não está adaptado para receber outros tipos de alimentos, pelo menos até os 6 meses de idade.

A duração do aleitamento materno está sendo cada vez mais curta, exclusivamente pela falta de conhecimento das mães que não possuem informações de como resolver problemas relacionados à amamentação, sendo de suma importância a realização de um trabalho preventivo dos médicos pré-natalistas, apontando os cuidados necessários para evitar e matar precocemente possíveis complicações (BICALHO, 2001).

As mães primigestas são as principais vítimas do desmame precoce, onde as rachaduras, fissuras, mamilos dolorosos, medo de ficar com as mamas caídas, vergonha de amamentar em público, se tornam fatores impeditivos para a amamentação.

Segundo Faleiros, Trezza e Carandina (2006), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde acerca do aleitamento Materno, este deve acontecer até o sexto mês de vida e ser complementado até os dois anos de idade. Onde mesmo existindo vários programas de incentivo realizados, ainda assim, as mães têm dificuldades referentes ao manejo da lactação, ocorrendo o desmame.

Muitas mães suspendem o aleitamento precocemente por não serem orientadas a prevenir ou tratar os problemas que surgem nos primeiros dias pós-parto ou pela pressão negativa da sociedade contra o aleitamento materno exclusivo, especificamente familiares ou vizinhos (BRASIL, 2006, p. 9).

Um dos fatores que favorecem a gênese do desmame precoce é o fato dos médicos pré-natalistas não darem ênfase necessária a mama no período gestacional, nem demonstrarem as gestantes o necessário cuidado com estes órgãos, bem como deixando de esclarecer a respeito do preparo da paciente para a amamentação (VIEIRA, 2002).

Nesse sentido, as principais causas do desmame precoce são os mamilos dolorosos, rachaduras/fissuras mamilares, ingurgitamento mamário, mastite puerperal, hipogalactia, mamilos invertidos e problemas emocionais (MARINHO, 2004).

Diante do exposto é importante destacar o trabalho preventivo dos profissionais de saúde com a disponibilização de informações às mães e a familiares sobre as vantagens do aleitamento materno, para que seja visto como um ato de prazer e satisfação (LEME, 2005).

O Ministério da Saúde incluiu, em 1993, o incentivo ao aleitamento materno como uma das ações básicas de saúde, dentro do Programa de Atenção à Saúde Materno-Infantil, entretanto em estudo populacional realizado em 1995, no município de Botucatu - SP, encontrou-se um padrão insatisfatório de aleitamento materno, onde, aos trinta dias, somente 29% das crianças eram, exclusivamente, amamentadas, e aos quatro meses, apenas 4,6% (CARVALHAES; CORRÊA, 2003).

A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, realizada no ano de 1996, mostrou que o aleitamento materno no Brasil estava aquém das recomendações da OMS, com uma amamentação mediana de apenas um mês, duração total de amamentação de sete meses, e o aleitamento continuado por um ano em 41,0% das crianças (VIEIRA; SILVA & BARROS FILHO, 2003).

A amamentação significa para a mulher uma alteração do seu complexo biológico, de forma única para cada filho, envolvendo assim uma opção pessoal. Nesse sentido, a mulher deve buscar junto aos profissionais de saúde orientações, ao mesmo tempo em que toma suas decisões.

Deve-se levar em consideração também, a ansiedade das mães diante de uma situação nova a qual elas não têm o domínio, o medo de ficar com as mamas caídas, a vergonha de amamentar em público, e os sentimentos ambivalentes em relação a dupla função exercida pela mama também podem ser considerados fatores de intervenção no desmame precoce (ARANTES, 2000).

Vale ressaltar que neste trabalho deve ser abordado a prevenção das rachaduras e fissuras, o ingurgitamento mamário e a mastite. Nesse sentido, todos os profissionais da área de saúde que tenham contato com as gestantes podem orientá-las quanto ao preparo das mamas.

 

2.4 ALIMENTAÇÃO DA MÃE

 

Alguns alimentos são considerados como proibidos ou não recomendados durante o processo de amamentação são eles: café, álcool, leite de vaca (substituir por leite de soja), feijão, repolho, enlatados, condimentos, couve flor, chocolate e pimenta. Esses alimentos podem produzir cólicas e gases no bebê (CARVALHO, 2002).

Muitas substâncias presentes em alguns alimentos podem alterar a produção ou a composição do leite materno. O fumo deve ser evitado, pois reduz a produção do leite, doses excessivas de cafeína, podem deixar a criança sem sono e com irritabilidade, o álcool, age destruindo as células nervosas e deixando a criança sem fome.

 

As demais refeições não devem ser muito diferentes do final da gravidez, pois as necessidades nutricionais estão apenas ligeiramente aumentadas em relação àquele período. As recomendações nutricionais indicam a necessidade de mais energia, proteínas, algumas vitaminas e minerais. (CARVALHO, 2002, p. 64).

A mãe, enquanto estiver no período de amamentação, sentirá muita sede, por conta da perda hídrica que ocorre através da produção do leite, logo, deve ingerir durante a mamada um copo de água ou suco de frutas.

2.5 TIPOS DE COMPLICAÇÕES

Algumas intercorrências podem ocorrer durante o período de amamentação, principalmente nos primeiros dias. Esses problemas podem estar relacionados a fatores que envolvem o bebê, o ambiente e a mãe, onde se não forem tratadas adequadamente podem levar a um desmame precoce.

2.5.1 Mamilos Doloridos

 

É muito comum nas primeiras mamadas ocorrerem ferimentos e dor nos mamilos. De acordo com Varela (1994), isto acontece porque os condutos que passam pelos mamilos estão secos e, na primeira sugação, forma-se vácuo. Quando o transporte de leite torna-se mais intenso, ocorre a lubrificação dos condutos e são aliviados o desconforto e as dores ao amamentar. O desmame precoce é um dos fatores ocasionados pelos mamilos doloridos, sendo este o causador de extremo desconforto no processo da amamentação.

A dor interfere no reflexo de ejeção do leite, consequentemente, o lactente não recebe suficiente leite ao amamentar, isto gerando-lhe inquietude e choro. Essa atitude do lactente produz angústia da mãe, inibindo mais ainda a ejeção láctea e podendo conduzir ao fracasso da amamentação. (VALDÉS; SÁNCHEZ & LABBOK, 1999, p. 54).

Algumas precauções podem ser tomadas para prevenir o mamilo doloroso, as quais devem ser iniciadas a partir do pré-natal através de massagens e fricção do mamilo, com o intuito de torná-los menos sensíveis à sucção; execução de exercício de exteriorização dos mamilos “malformados” com a devida orientação profissional. O profissional da área deverá informar a futura mãe sobre a postura e pega adequada do bebê e a importância da ordenha antes da amamentação.

2.5.2 Trauma mamilar

 

 

Existem vários tipos de traumas mamilares que podem surgir no seio da nutriz durante o período da amamentação, portanto devem ser seguidos alguns cuidados para evitar diversos problemas: amamentar com técnica correta e em livre demanda, manter sempre secos os mamilos, antes ou depois da amamentação.

Segundo Thomson e Morais (2006), um dos traumas mais comuns exposto pela maioria das nutrizes é a fissura mamilar. As fissuras mamárias (Figura 3) são traumas registrados normalmente nos primeiros dias da amamentação. A maior causa deste problema está na incorreta posição da criança no ato de amamentar.

Figura 3: Fissura Mamilar

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardio das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento Materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap. 12, p. 213

           

Este tipo de trauma é ocasionado segundo Martin e Krebs (2001), principalmente pela pega incorreta da criança, onde ao invés de usar sua força de sucção na região da aréola, faz a pega indevida na região mamilar, ocasionando a fissura.

As fissuras podem ser observadas principalmente na primeira semana pós-parto, onde os maiores sintomas são dor intensa e desconforto ao amamentar, que segundo a estes fatores ocasionam por muitas vezes a diminuição das mamadas, podendo atingir diretamente no processo de desenvolvimento do bebê ou até levar ao desmame precoce, ao ingurgitamento mamário e uma mastite.

2.5.3 Mastite

A mastite é uma inflamação das glândulas da mama causada por diversos fatores tais como: acúmulo de leite que acontece com maior freqüência no pós-parto, condições de higiene inadequadas, fadiga, estresse de lactente, ingurgitamento mamário, falta de conscientização quanto ao número correto de mamadas, dificuldade da ordenha, pode ser causada também por Staphylococcus aureus em 50 a60% dos casos; Escherichia Coli e raramente, Streptococcus.

A mastite pode ocorrer em uma mama ou nas duas apresentando as seguintes características: mamas hiperêmicas, túrgidas, álgicas e hipertérmicas (Figura 4).

Figura 4: Mama acometida por mastite.

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardios das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap.12, p. 218.

A mastite pode ser de três tipos: lobar, quando há comprometimento de apenas uma região; ampolar, quando existe o processo inflamatório. E se no local infeccionado existir ponto de flutuação, é porque já evoluiu para um abscesso mamário (MATTAR; ABRÃO, 2005).

A infecção pode ser causada por alguns microorganismos diferentes. De acordo com Thomsom e Morais (2006), os causadores mais comuns das mastites são: Staphylococcus aureus em50 a60% dos casos; Escherichia Coli e raramente, Streptococcus.

No processo infeccioso da mastite os sintomas mais comuns são: maior sensibilidade mamária edema, hiperemia, muita dor durante a mamada, podendo haver excreção de pus pela papila mamária e dor ao movimentar o braço. Geralmente há intercorrências de febre, calafrios, mal-estar, astenia e fraqueza. A mastite também gera um aumento de sódio e cloreto no leite, ocasionando a diminuição de lactose, tornando o leite mais salgado, evidenciando assim a rejeição por parte da criança.

2.5.4 Abscesso mamário

 

O abscesso mamário é causado por uma mastite não tratada, ocasionando inflamações e deformidades da mama. Faz-se importante um tratamento precoce, entre 24 e 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, para que não haja agravamento do processo inflamatório.

Segundo Thomson e Morais (2006), pode ser facilmente identificado o abscesso mamário quando ao tocar o local infeccionado, este apresente uma sensação de flutuação. Existindo como sintoma dor intensa nos seios, mal-estar, febre e calafrios.

Muitas vezes o abscesso é tratado cirurgicamente, sendo realizada uma drenagem ou aspiração, portanto a ultra-sonografia torna-se importante para a confirmação do diagnóstico, servindo como um instrumento para determinar o local para a incisão cirúrgica (GIUGLIANE, 2004).

Apesar da realização incisão cirúrgica, a amamentação não deverá ser interrompida, utilizando-se da outra mama que não foi afetada, ou do mesmo lado da incisão se esta não incomodar. Não sendo possível a sucção na mama afetada, deve-se regularmente realizar o esvaziamento da mesma. É essencial que a intervenção seja rápida e precoce, podendo evitar diversas complicações que podem ocorrer, como por exemplo, uma drenagem espontânea (Figura 5).

 

Figura 5: Abscesso mamário com drenagem espontânea.

Fonte: THOMSON, Zuleika; MORAIS, Adriana Estela Pinesso. Problemas precoces e tardios das mamas: prevenção, diagnóstico e tratamento. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, cap. 12, p. 220.

Todo esforço deve ser feito para que seja prevenido o quanto antes o abscesso mamário, pois esta condição poderá comprometer até futuras lactações em aproximadamente 10% dos casos. Se houver agravamento poderá a mama deformar-se e comprometer também o seu processo funcional. Portanto, torna-se importante a prevenção da mastite, evitando também com isto o abscesso mamário.

2.5.5 Ingurgitamento Mamário

De acordo com Souza e Barbosa (2002), o ingurgitamento mamário (Figura 6) compreende o aumento do volume de sangue e fluídos nos tecidos que suportam a mama e aumento da quantidade de leite que fica retido na glândula mamária. Por consequência, as mamas ficam inchadas, dolorosas e com aspecto avermelhados. A mulher pode apresentar febre e o leite pode parar de ser ejetado.

 

Figura 6: Ingurgitamento mamário.

Fonte: BASTOS, Kediman Célis Barros; PEIXOTO, Maria Marly Lopes Vieira; RODRIGUES, Rita de Cássia Barros. Banco de leite humano: manual de qualidade dos procedimentos em bancos de leite humano. Ceará, 2002. Disponível em: http://www.abpblh.org.br. Acesso em: 20 Mar. 2012.

 

Pode-se observar no quadro abaixo que existem características diferentes entre o ingurgitamento mamário e a mastite (Quadro 1).

Comparação entre as principais características das intercorrências mamárias

Características

Ingurgitamento mamário

Mastite

Início

Gradual / Pós-parto imediato

Súbito / Depois de 10 dias

Local

Bilateral

Unilateral

Calor / Edema

Generalizado

Localizado / Intenso / Edemaciado

Dor

Generalizada

Intensa / Localizada

Temperatura

< 38,4º

> 38,4º

Sintomas Gerais

Poucos

Semelhantes as gripe

 

 

                                        

Quadro 1: Comparação entre as principais características das intercorrências mamarias.

Fonte: CARVALHO, Marcus; TAMEZ, Raquel. Amamentação: bases científicas para a prática profissional. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, p. 127.

O Ingurgitamento mamário possui três tipos segundo a sua localização: lobular, quando a dor é referida em pontos esparsos da mama; lobar, quando há dor em uma ou mais regiões esparsas da mama, desde a região areolar, agregado à presença de edema, que geralmente ultrapassa a borda alveolar e glandular; e o ampolar, que suprime o mamilo e torna sua apreensão impossível. Nestes casos a sucção torna-se um processo muito doloroso, pois incide justamente numa área muito delicada da mama. A qual possui fibras muito sensíveis ao toque (SOUZA; BARBOSA, 2002).

Convém ressaltar que, todos os profissionais de saúde são capacitados para fornecer informações sobre a importância do aleitamento e cuidados com a mama. Mas cabe ao enfermeiro orientar as mães quanto ao estímulo de sucção, pega correta, postura do bebê na mama, postura da mãe ao amamentar, ordenha manual e as técnicas adequadas para se evitar complicações durante a amamentação.

Nesse sentido, se faz de suma importância realizar uma abordagem, no próximo capítulo, acerca da atuação da enfermagem na prevenção das complicações do aleitamento materno. Complicações estas que muitas vezes levam ao desmame precoce, por isso se faz necessário um trabalho de educação continuada com as gestantes no período pré-natal.

3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS COMPLICAÇÕES DO ALEITAMENTO

 

A enfermagem deve instruir quanto aos cuidados que se devem ter com as mamas, principalmente pelo fato da amamentação ser de grande importância para a saúde e desenvolvimento da criança.

O processo de preparação da amamentação começa no pré-natal, e o enfermeiro através de uma avaliação, examina os seios da gestante, orientando quanto aos cuidados necessários que devem ser seguidos durante este processo, enfatizando a importância do aleitamentoem um Cursode Orientação para gestante ou em orientações dadas no ambulatório (REIS et al, 2002)

O enfermeiro age na área de saúde como sujeito capaz de facilitar a amamentação através da prevenção e correção de complicações no aleitamento materno. Uma das funções deste profissional de saúde é desenvolver na gestante e no parceiro desta, uma oportunidade de saber escolher qual o melhor método a utilizar para o seguimento da alimentação do bebê (REIS et al, 2002).

3.1 TRATAMENTO DE MAMILOS DOLOROSOS

Na amamentação o incômodo nas mamas é normal, devido ao aumento do fluxo de leite, portanto faz-se importante a preparação dos mamilos logo no período gestacional, seguindo orientações que possam torná-los menos sensíveis a sucção.

Para cada mamada é importante a verificação da flexibilidade areolar, se esta não estiver maleável, é necessário fazer a ordenha por expressão manual para que o bebê consiga a pega adequada para uma sucção satisfatória e livre de dores ou ardor nos mamilos.

Em muitos casos, a dor mamilar desaparece imediatamente, após a correção da posição de sucção do bebê. A mãe se sente mais confortável e o bebê mais satisfeito a cada mamada (MARTIN; KREBS, 2001).

Os exercícios de Hoffmann (Figura 7) é uma técnica utilizada para exteriorizar o mamilo (plano, invertido e pseudo-invertido). Com os dedos indicadores ou polegares na aréola, a mãe deve tracionar e apertar para fora de forma vertical, horizontal e diagonal os mamilos. Devem ser realizados 10 movimentos para cada posição (BRAZ, 2005).


São muito utilizados os exercícios de Hoffmann, na tentativa de tornar os mamilos mais salientes, podendo servir como prevenção à intervenção cirúrgica. Os movimentos devem ser repetidos diversas vezes, tendo como objetivo estirar as aderências do mamilo com a pressão dos dedos (BRAZ, 2005).

Figura 7: Exercícios de Hoffmann.

Fonte: TIPOS de mamilos. Disponível em http://www.dirsa.aer.mil.br/DS/dicas_1_ arquivos/image018.jpg. Acesso em: 18 Fev. 2012.

Dentre os tratamentos eficazes para os traumatismos e dor na papila, está o bom posicionamento do lactente na mama. Se mãe e filho estiverem em sincronia perfeita com as orientações dos especialistas, as chances de intercorrências podem ser reduzidas, como rachaduras ou até mesmo infecções. Percebendo as rachaduras a mãe poderá utilizar o próprio leite para ajudar na cicatrização. Podendo também expor os seios ao sol com a utilização do próprio leite, por 10 minutos (BRAZ, 2005).

É importante que a nutriz procure auxílio profissional até mesmo neste caso, onde uma simples rachadura nos mamilos poderá ocasionar um grande trauma se não tratado devidamente.

3.2 TRATAMENTO DA FISSURA MAMILAR

 

O surgimento de possíveis fissuras não deve ser um fator determinante para a suspensão da amamentação. As fissuras causam dor, mas não impedem que a mãe continue a amamentar, devendo utilizar-se da mama não infectada ou menos afetada, podendo ordenhar um pouco de leite antes da mamada para desencadear o reflexo de ejeção, evitando com isso que a criança tenha que sugar muito forte no início da mamada. Em casos mais graves deve-se suspender a sucção por vinte quatro a quarenta e oito horas, podendo ser mantida a ordenha (GIUGLIANE, 2004).

As conchas de silicone são usadas sob o sutiã evitando o maior contato e a fricção da área traumatizada à vestimenta, permitindo uma maior ventilação para os mamilos, contribuindo para a cicatrização (Figura 8). Estas possuem uma câmara de ar que permite a coleta de leite caso haja vazamento, mantendo o sutiã sempre seco, evitando a umidade para o mamilo (BRAZ, 2005). Podendo servir também de protetores para os seios entre as mamadas, arranjos caseiros, como meia bola de isopor oca ou coadores de plástico pequeno (BICALHO, 2001).

 

Figura 8: Concha para fissuras.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas. Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

Para o tratamento das fissuras são necessárias algumas providências, citadas por Marinho (2004) como alguns cuidados para evitar a fissura:

a)    A mãe deve preparar a mama durante o pré-natal utilizando estratégias para o fortalecimento dos tecidos areolares e mamilares, tais como: banho de sol nos seios, fricção de toalha, utilização de sutiã de algodão com orifício na região mamilar, passar uma bucha (sem sabão) nos seios no momento do banho (Figura 9).

b)   A posição adequada da criança no momento da mamada é fundamental para o não aparecimento de fissuras.

 

                                  Figura 9: Fricção do mamilo com a toalha.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas. Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

A conscientização da mãe quanto a prevenção é importante, não devendo ser utilizados qualquer tipo de creme, pomada ou spray no seio, podendo com isso ocasionar maior sensibilidade no local. As nutrizes poderão lavar o complexo aréolo - mamilar, antes ou após cada mamada, sendo dispensado o uso do sabonete ou água (VINHA, 1999). Sendo permitido para a limpeza dos mamilos apenas o leite materno, deixando-o secar ao ar, facilitando assim, a cicatrização, a flexibilidade, e a pega (BICALHO, 2001).

Apesar de toda precaução e cuidados com a fissura é necessário que a nutriz seja acompanhada periodicamente por um profissional da área, até que o problema seja definitivamente resolvido, reduzindo assim a possibilidade de desmame precoce, ou até a geração de uma mastite.

3.3 TRATAMENTO DA MASTITE

Uma forma de evitar a inflamação mamária é não permitir o acúmulo de leite nos ductos, através da retirada do leite restante após cada mamada. Uma boa maneira de fazer isso é massageando os seios no chuveiro quente. Para tratar a mastite, Marinho (2004) aponta algumas medidas:

a)       Aplicação de compressas úmidas mornas sobre a área afetada por dez a quinze minutos, em seguida compressas geladas pelo mesmo tempo, depois massagear cada mama delicadamente, com movimentos circulares, e, logo após, tentar retirar o leite.

b)    Se necessário, o médico pode prescrever o uso de analgésico antes de proceder à auto-ordenha.

Para o tratamento da mastite é necessário também o repouso da genitora, a ingestão de bastante líquido, o uso de enfeixamento à noite e nos intervalos das mamadas, para que evite o aumento do fluxo de leite e o uso de um sutiã reforçado, mas que não aperte, com o intuito de diminuir a congestão da parte inflamada dos seios (GIUGLIANE, 2004).

Tomando-se todas as precauções necessárias ao tratamento da mastite, não havendo melhora durante quarenta e oito horas, faz-se necessário a procura médica especializada para que venha a investigar a presença de abscesso mamário.

De acordo com Vinha (1999, p.38) cabe ao tratamento da mastite:

a)    Continuar a amamentar usando várias posições para amamentar de forma a esvaziar os dois seios por completo ou pelo menos esvaziar um seio em cada mamada;

b)   Esvaziar completamente o seio afetado mesmo que por expressão manual;

c)    Utilizar compressas mornas ou banhos quentes;

d)  Aumentar a ingestão de líquidos;

e)   Repousar no leito;

f)   Usar medicação para a dor se necessário;

g)  Antibióticos se prescritos pelo médico.

Já Baracho (2007, p. 87) recomenda para o tratamento da mastite “um suporte mamário com compressa de calor úmido, drenagem mamária e analgésicos, além de manutenção da amamentação”.

É de suma importância que a mãe continue amamentando e associado a isso realize compressas mornas e banhos quentes. Vale salientar que o tratamento medicamentoso deve ser realizado somente sob prescrição médica (BARACHO, 2007).

3.4 TRATAMENTO DO INGURGITAMENTO MAMÁRIO

O ingurgitamento geralmente ocorre alguns dias após o nascimento ou em qualquer época durante a amamentação. Carvalho (2002) sugere algumas medidas que podem ser adotadas para evitar o ingurgitamento:

a)    As mães devem amamentar no sistema de livre demanda logo após o parto;

b)      Verificar se a criança mama em boa posição desde o primeiro dia.

Para que haja a prevenção do ingurgitamento faz-se necessário seguir algumas recomendações como amamentar com técnica correta, observando as posições do bebê que convenha a facilidade da sucção, amamentar em livre demanda, deixando o bebê à vontade e evitar o uso de suplementos. Devendo sempre observar que logo nas primeiras mamadas a quantidade de leite sempre é maior do que a capacidade que o bebê consegue sugar, para isso é necessária a ordenha após cada mamada, evitando com isso o acúmulo excessivo do leite (BICALHO, 2001).

Diversos procedimentos são encontrados na literatura, sendo adotados por diversos profissionais de saúde, como o uso de Ocitocina para estímulo sensorial dos proprioceptores do mamilo, não sendo necessária a utilização desta já que a liberação de ocitocina é liberada pelo organismo naturalmente com o estímulo da sucção (BARACHO, 2007).

É preciso estar atento quanto ao aumento da produção de leite causado pela utilização do calor, onde este deve estar equilibrado com a drenagem do leite, tendo o cuidado também com as possíveis queimaduras na pele sensível ocasionada pelo ingurgitamento. Sabe-se também do uso do frio tendo como finalidade a diminuição da produção do leite, através da diminuição do fluxo sanguíneo, devendo também ser cuidadosa, pois existe a constrição dos ductos lactíferos, a qual dificulta a drenagem láctea, agravando o quadro de ingurgitamento mamário, e seu uso prolongado causa o efeito rebote (CARVALHO, 2002).

Conforme Baracho (2007, p. 75), “para o tratamento do ingurgitamento mamário deve-se realizar a retirada do leite por sucção do recém nascido ou ordenha manual após 10 (dez) minutos de compressa de gelo, enfaixamento mamário e uso de analgésicos” (Figura 10).

 

                             Figura 10: Compressa Térmica.

Fonte: ALEITAMENTO Materno – Cuidado com as mamas.

Disponível em: http://www.cssj.com.br/site2/giamasp. Acesso em: 20 Fev. 2012.

A utilização do calor para alívio da dor, faz com que aconteça um aumento da circulação local, e uma vasodilatação (diminuição da viscosidade do sangue), propiciando aumento da velocidade do seu fluxo, dilatação dos ductos lactíferos, o que facilita a drenagem do leite.

 

3.5 ORDENHA

A melhor forma de retirada do leite do seio é usando as próprias mãos, sendo interessante o processo da ordenha, no qual a mãe estando ausente este poderá ser oferecida a criança, colaborando com o aumento da produção de leite e aliviando também a congestão mamária, devendo a ordenha ser um processo indolor. Antes de cada mamada, deve-se verificar se o mamilo e a aréola estão tensos, em seguida sugere-se massagear e retirar um pouco de leite para deixar mais maleável e exteriorar o mamilo (BICALHO, 2001).

Antes da ordenha deve-se realizar massagem circular (Figura 11) desde a base até a aréola na mama, usando uma mão de apoio em direção a oposta a que massageia, mediante técnica de palpação, procurando identificar anormalidades e pontos dolorosos que possam existir.

No processo da ordenha a nutriz deverá manter alguns cuidados, como a higiene, pois a ordenha deve ser iniciada apenas após as mãos lavadas, evitando com isto chances de contaminação do leite extraído; procurar lugar tranqüilo para ordenhar; e posicionar-se de maneira confortável (CARVALHO, 2002).

A ordenha é classificada em três tipos: ordenha por expressão manual, ordenha com uso de bomba manual e a ordenha com uso de bomba elétrica.

A ordenha por expressão manual é o método mais fácil da ordenha, no qual são utilizadas as mãos ao invés de instrumentos, podendo ser realizado em qualquer hora e em qualquer local, não existe uma manobra padrão a desenvolver, apenas pressionar e soltar os seios diversas vezes ritmicamente (CARVALHO, 2002).

Por ser um método de estímulo manual em seu início o leite pode ser ejetado de imediato, entretanto depois da pressão nos seios, pode este começar a pingar, podendo até jorrar. Os movimentos de pressão deverão ser realizados por toda região areolar, ajudando no esvaziamento de todos os seguimentos da mama. (SOUZA, 2002).

Para ordenha com uso de bomba manual é utilizado no estímulo uma bomba manual que constitui-se de um tubo de vidro especial, o qual abrange todo o mamilo, sendo acoplado a um bulbo de borracha.

Inicia-se a ordenha apertando o bulbo para que seja eliminado todo o ar do seu interior. Após esta eliminação do ar é encaixado o mamilo da nutriz na bomba manual, soltando o bulbo para que o mamilo e a aréola sejam “sugados” para dentro deste, assim este processo é repetido, até que o leite comece a descer e se deposite na parte lateral e dilatada do tubo (SOUZA, 2002).

A higienização da bomba é muito importante toda vez que esta for utilizada, para evitar contaminação. Se o leite retirado tende a ser oferecido ao bebê, este método é contra-indicado, pelo fato da bomba manual ser de difícil limpeza e esterilização, não garantindo a eficácia do processo da amamentação saudável (MODESTO, 2006).

A ordenha com as bombas elétricas são mais utilizadas em ambientes hospitalares, sendo usada simultaneamente por várias mulheres, por isso esta pode ser transmissora de infecções se não houver uma esterilização toda vez que for utilizada, visto que nem sempre isto ocorre.

Na utilização do equipamento, deve-se atentar quanto ao manual de instruções para que o processo ocorra com segurança. A ordenha com este equipamento pode predispor a diversas conseqüências como: maior desconforto e risco de danos a papila mamilar, reduzir efeito para situações de ingurgitamento, estase láctea e bloqueio de ductos lactíferos; necessidade de uma maior massagem prévia e da esterilização do equipamento toda vez que for utilizado (MATTAR; ABRÃO, 2005).

Dentre os diversos tipos de ordenha a mais segura é a manual, que além de se tratar de um processo menos doloroso a nutriz deve estar apenas com mãos limpas para realização deste processo, não possuindo instrumento algum a ser esterilizado, exterminando o risco de contaminação.

3.6 POSTURAS ADEQUADAS PARA AMAMENTAÇÃO

A mãe poderá com uma boa postura, proporcionar durante a amamentação um melhor conforto para o bebê, se esta for bem orientada sobre as consequências que uma posição incorreta poderá causar.

Ocorrem diversas complicações com o posicionamento inadequado tanto da mãe quanto do bebê, como ombros tensos e encolhidos; algias na coluna; certa distância do bebê em relação a mãe; cabeça e tronco do bebê não alinhados; queixo do bebê sem tocar no seio da mãe, dentre outras.

A mãe que possui a intenção de amamentar seu filho em tempo adequado deverá postar-se de maneira correta e confortável. “Vários estudos sugerem que uma boa técnica de amamentação nos primeiros dias após o parto está associada com a duração do aleitamento materno” (WEIGERT et al, 2005, p. 5).

Com certo tempo e com a ajuda de um profissional da área a mãe poderá se ajustar às posturas adequadas, facilitando o aleitamento materno. Os enfermeiros possuem embasamento ideal para um suporte assistencial à todas as questões que envolvem o tratamento das complicações no aleitamento materno, bem como a socialização da importância dos programas incentivadores e orientadores que circunde sobre a importância do leite natural, e do desenvolvimento da criança (REIS et al, 2002).

O processo da amamentação pode ser realizado em várias posturas diferentes, de acordo a vontade da mãe e da facilidade da variação conforme as orientações recebidas por um profissional de saúde. A realidade é que algumas mulheres ainda ficam um pouco inseguras em relação a que postura adotar.

De acordo Modesto (2006), as posições geralmente utilizadas pelas mães são aquelas que garantem o aconchego, a harmonia, acontecendo geralmente, sem a necessidade de orientações técnicas.

Na maioria das vezes a mãe e a criança encontram intuitivamente e sem artifícios na posição mais cômoda. A primeira mamada, no entanto, deve ser assistida por um membro da equipe e ajudada se for necessário e/ ou a mãe solicitar. A mamada deve ser observada de maneira inteira, isto é, até que o bebê termine a sucção e largue o peito (MODESTO, 2006, p. 146).

É necessário que a mãe verifique também o local onde se está tentando amamentar a criança, para que garanta a tranquilidade do ato de amamentar, devendo expor totalmente os seios, escolhendo assim qual a postura a adotar para a situação. Contudo, as posições mais utilizadas são a deitada em decúbito dorsal, na qual o bebê fica deitado no abdômen da mãe com a cabeça sobre a mama, tendo, no entanto, o cuidado com a respiração e a posição da cabeça do bebê (Figura 11).

Figura 11: Amamentação em decúbito dorsal.

Fonte: CORDEIRO, Miriam Torres. Postura, posição e pega adequadas: um bom início para a amamentação. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheu, 2006. Cap. 10, p.172.

Existe também a posição em decúbito lateral, com um apoio de um travesseiro ou almofada, o bebê deitado em decúbito lateral, apoiado no antebraço da mãe e com o abdômen em contato com o abdômen da mãe. (Figura 12).

Figura 12: Amamentação em decúbito lateral.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível em: www.iamagem.ufrj.br. Acesso em: 20 Fev. 2012.

As duas posições, decúbito dorsal e decúbito lateral, contribuem muito para um melhor descanso da mãe, principalmente se o parto foi uma cesariana.

Se a genitora optar por uma posição sentada poderá obter um apoio para os pés, para as costas e cotovelos, podendo ser utilizado também um travesseiro no colo, com a intenção de aproximar o bebê do peito, aconchegando-o ainda mais, adquirindo assim uma posição de tronco de quarenta e cinco graus no colo da mãe, facilitando a deglutição e prevenindo os refluxos gastroesofádicos, muito comuns nos recém-nascidos (SOUZA; BARBOSA, 2002).

Na posição sentada a cadeira escolhida deve permitir o apoio dos pés ao chão, apoio ideal para as costas e apoio também para aos cotovelos da nutriz, garantindo conforto e segurança ao ato da amamentação.

Figura 13: Amamentação com o bebê em posição de aconchego.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível em: http://www.iamagem.ufrj.br. Acesso em: 18 Mar. 2012.

Na posição invertida a mãe senta-se a cama ou a poltrona, podendo ser utilizada uma almofada ao seu lado como um apoio ou sustentar com o próprio braço o corpo do bebê. Utilizando de uma mão para segurar a cabeça do bebê e a outra introduzirá o mamilo na boca da criança.

 

Figura 14: Amamentação em posição invertida.

Fonte: CORDEIRO, Mirian Torres. Postura, posição e pega adequadas: um bom início para a amamentação. In: RÊGO, José Dias. Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2006, p. 170.

A posição invertida garante a drenagem do leite dos ductos da região axilar. Nos quatro a cinco primeiros dias da “apojadura” é indicado que a criança faça uma mamada clássica e outra invertida até o nivelamento das mamas, o qual irá ocorrer em torno do décimo dia (CORDEIRO, 2006). Esta posição é viável quando o recém-nascido é muito pequeno, quando as mamas são muito grandes ou estão doloridas, ou ainda quando a mamada é de gêmeos, situação na qual a mãe poderá amamentar os dois ao mesmo tempo com a ajuda de alguém.

Em casos de mamas muito grandes, fissuras mamilares, recém-nascidos pré-maturos, a posição “cavalinho” é indicada, ajudando na pega da criança, pois o mamilo entra mais na boca do bebê. Esta posição consiste em manter o lactente sentado sobre a coxa da mãe com seu corpo de frente a ela (Figura 15).

 

Figura 15: Amamentação em forma de cavalinho.

Fonte: ALEITAMENTO materno. Disponível: www.imagem.ufjr.br. Acesso em: 20 Fev.2012.

Dentre muitas posições é preciso salientar que a mãe fica livre para escolher o tipo de posição mais conveniente para o momento da amamentação, cabendo ao profissional de saúde, orientar sobre a posição mais adequada para todo tipo de situação, contribuindo para o não surgimento de complicações.

Os autores Brunner e Suddarth (1990), explicam algumas técnicas que são de fundamental importância para amamentação:

a)    Higiene: deve-se sempre limpar os mamilos com algodão e água;

b)   Horário: o RN deverá ser amamentado sempre que tiver fome, e durante o tempo que quiser, inclusive à noite;

c)    Posição adequada: a posição deve ser a mais confortável possível para ambos;

d)   Mamas: as mamas devem ser oferecidas sempre cheias e nunca esquecendo de introduzir todo o mamilo na boca do RN;

e)    Prevenção: não usar pomadas, anti-sépticos ou qualquer tipo de óleo na região dos mamilos.

f)    Vale ressaltar, que a amamentação estabelece uma relação afetiva entre mãe e filho e transmite anticorpos para o RN, sendo a sua composição ideal, de rápida ingestão e temperatura correta.

Ao escolher uma posição para dar de mamar, o mais importante é que a mãe esteja confortável e que o bebê alcance o seio com facilidade. Dessa forma, uma boa posição para amamentar é aquela que facilita a colocação do bebê junto ao peito e permite uma boa pega.

4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

 

 

4.1 TIPO DE ESTUDO

 

 

            No intuito de compreender a atuação do enfermeiro na prevenção de complicações no aleitamento materno, optou-se por uma revisão da literatura através do estudo qualitativo, descritivo e exploratório.

De acordo com Minayo (1996, p. 37) a pesquisa científica é “um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos”.

Lakatos (2001, p. 62), ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de identificar uma pesquisa desse tipo, entre estes:

  1. O ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;
  2. O caráter descritivo;
  3. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador;
  4. Enfoque indutivo.

Nesse sentido, Marconi e Lakatos (2001, p. 86) relata que: “a pesquisa científica tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação”.

O desenvolvimento de um estudo de pesquisa científica determina por parte do pesquisador um fenômeno a fim de definir o campo e a dimensão em que o trabalho desenvolver-se-á, isto é, o território a ser mapeado. Desta forma, a presente monografia será fundamentada com base em livros, artigos científicos, revistas eletrônicas.

            A metodologia utilizada foi à descritiva-exploratória, a qual visa à descrição de várias abordagens acerca dos assuntos e análise dos conteúdos expostos. O meio de investigação foi a bibliográfica, pois buscou-se fontes teóricas para a construção da pesquisa.

            De acordo com Moreira e Caleffe (2006, p. 74):

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica não deve ser confundida com a revisão ou a resenha bibliográfica, pois a pesquisa bibliográfica é por si só um tipo de pesquisa, enquanto a revisão ou a resenha bibliográfica é um componente obrigatório de todo e qualquer tipo de pesquisa.

            Conforme Gil (1994) apud Moreira e Caleffe (2006, p. 74) os passos para elaboração de uma pesquisa bibliográfica são: determinar os objetivos; elaborar um plano de trabalho; identificar as fontes; localizar as fontes; ler o material; fazer os apontamentos; confeccionar as fichas e redigir o trabalho.

            Nesse sentido, o relatório final de uma pesquisa bibliográfica normalmente se compõe de introdução, desenvolvimento (contendo várias secções) e conclusão. Haja vista que, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituídos de livros, revistas, artigos, jornais, monografias, dissertações, teses, material cartográfico etc. 

            Segundo Gil (2000, p. 43), “as pesquisas exploratórias têm como principal objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias de formulação de problemas mais presos e hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

Caracteriza-se como descritiva exploratória, por realizar uma revisão bibliográfica em livros, revistas, artigos científicos e diversos textos capturados na Internet em sites voltados para o assunto contextualizado.

Por ora, no que se refere às tipologias empregadas nesta pesquisa, quanto aos objetivos à pesquisa foi à descritiva, que segundo Beuren (2003) preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los sem a interferência das pesquisadoras.

4.2 AMOSTRAGEM

Foi feita uma pesquisa bibliográfica, com busca livre por descritores nas seguintes bases de dados: Lilacs, Scielo, BDENF, Medline. Os critérios para seleção foram: publicações do período de 2002 a 2007, exceto as referências utilizadas para construir a trajetória metodológica e o marco teórico. Foram selecionados 10 bibliografias. Nessas bibliografias buscou-se os indicativos da fisiologia da lactação,  causas do desmame e técnica de amamentação.

4.3 ESTRATÉGIAS DE COLETA DE DADOS

 

Constata-se que a pesquisa bibliográfica consiste em uma sistematização de passos a serem seguidos. Desse modo, a estratégia de coleta de dados procurou abordar a investigação através de um percurso estabelecido para a conclusão da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada no período de 15 de Fevereiro de 2012 a 15 de Março de 2012. A leitura e análise dos textos foram realizadas no período de 16 de Março de 2012 a 05 de Abril de 2012. Os dados após leitura e releitura, foram analisados de acordo o tema da pesquisa.

Os dados foram apresentados sob a forma de texto descritivo, segundo os temas que emergiram da leitura.

5 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Sendo assim, após a coleta dos dados, foram feitas a análise e interpretação dos mesmos com a intenção de se obter respostas às investigações. As análises utilizadas no decorrer do trabalho constituem em pesquisa exploratória, pois se fez necessário à comparação e utilização de todo referencial teórico pesquisado sobre o assunto a fim de relacioná-lo com os dados coletados, e descritivos devido a sua rica descrição das características do assunto estudado.

            Analisando o levantamento bibliográfico, conclui-se que o enfermeiro pode atuar na prevenção de complicações no aleitamento materno, onde pode ser dividido em três categorias:

 

5.1 CATEGORIA 1: FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

 

            No início da gravidez, o tecido mamário desenvolve-se devido à ação de diferentes hormônios. O estrógeno é responsável pela ramificação dos ductos e o progestogénio, pela formação dos lóbulos. Lactogénio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica contribuem para a aceleração do crescimento mamário. A secreção de prolactina aumenta de 10 a 20 vezes na gravidez. No entanto a prolactina é inibida pelo lactogénio placentário, não permitindo que a mama segregue leite durante a gravidez. Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, a mama passa a produzir leite pela ação da prolactina (MELLO, 2007).

            A ocitocina age na contratação das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando a saída do leite. A prolactina e a ocitocina são reguladas por dois importantes reflexos maternos: o da produção do leite (prolactina) e o da ejeção do leite (ocitocina). Tais reflexos são ativados pela estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção. O reflexo de saída do leite também responde a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, tais como motivação, autoconfiança e tranquilidade que deve ser passado pelo enfermeiro. Por outro lado, a dor, o desconforto, estresse, a ansiedade, o medo e a falta de autoconfiança podem inibir o reflexo de saída do leite, prejudicando a lactação (JUNQUEIRA, 2004).

            O leite é produzido nos alvéolos, em células epiteliais diferenciadas. A maior parte do leite é produzida durante a mamada, sob estímulo da prolactina. A secreção de leite aumenta em media 50 ml no segundo dia pós-parto até 500ml no quarto dia. O volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a procura da criança. Em média é de 850 ml por dia de amamentação exclusiva (MELLO, 2007).

            As mamas são glândulas exócrinas túbulos-alveolares com 15 a 20 unidades lactíferas envoltas por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. O leite é produzido nas unidades lactíferas denominadas alvéolos. Estes alvéolos são formados por pequenas glândulas secretoras, que se comunicam com a superfície através de um sistema de drenagem formado pelos canalículos e canais denominados ductos lactíferos. Ao se aproximarem da superfície dos ductos se dilatam formando as ampolas ou seios lactíferos, onde o leite é armazenado, que por sua vez vão abrir-se no mamilo através de poros mamilares. Tanto o mamilo como aréola são profusamente inervados, fator importante no desencadeamento dos reflexos da descida do leite (BUENO, 2002).

            No processo hormonal da lactação durante a gravidez as glândulas mamarias se preparam para lactar, aumentando seu volume através da ação de hormônios, principalmente estrógeno e progesterona. Mas, só após o nascimento, com a expulsão da placenta, cessa o efeito inibitório desses hormônios sobre a prolactina que é o hormônio responsável pela produção do leite. Ao sugar a mama o recém-nascido estimula as terminações nervosas do mamilo, enviando um estímulo à hipófise, cujo lobo posterior libera ocitocina. Este hormônio atua sobre as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando o reflexo de ejeção ou “descida” do leite. A ocitocina também ‘e responsável pela contratação do útero, acelerando sua involução e, portanto, diminuindo o sangramento pós-parto. Devido a estas contratações algumas mães queixam-se de cólicas durante as mamadas nos primeiros dias de lactação (JUNQUEIRA, 2004).

            Os hormônios mais importantes são: a prolactina (produzida na glândula pituitária anterior) que estimula a secreção de leite nos alvéolos, em resposta à estimulação da aréola e do mamilo por parte do bebê. Quando o mamilo é estimulado a prolactina é libertada e inicia-se a produção de leite. Quanto mais o bebê estimula a mama, mais leite é produzido. Se existe restrição à amamentação, porque o bebê não vai à mama, ou porque é retirada antes de terminar uma mamada espontaneamente, a produção pode não ser estimulada adequadamente (JUNQUEIRA, 2004).

            Quando o bebê mama, ao tocar com a boca no mamilo e na aréola envia mensagens nervosas para a glândula pituitária que libera a ocitocina na corrente sanguínea. Isto provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a ejeção do leite, que vai provocar um aumento do diâmetro dos ductos lactóforos e o movimento do leite para o mamilo. Entre as ejeções de leite, o diâmetro dos ductos retorna ao seu valor pré ejeção, sugerindo que a acumulação de leite não se faz nos grandes ductos (canais), mas nos pequenos canalículos. Se a mãe se encontra deprimida, cansada ou com falta de confiança na amamentação o reflexo da ocitocina pode ser inibido, embora esta inibição temporária e parcial possa ser revertida (MELLO, 2007).

           

           

5.2 CATEGORIA 2: CAUSAS DO DESMAME 

 

 

            Apesar das abundantes evidencias científicas da superioridade do leite materno sobre outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam seus filhos de acordo as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, que estabelecem o aleitamento materno de forma exclusiva até os seis meses de vida e complementar até 24 meses de idade ou mais (VOLPINI, 2005).

            No Brasil a prevalência de amamentação aumentou na última década, passando de 49% aos seis meses de idade, na década de 80, para 60% na década de 90. Porém, o incremento nos índices de aleitamento materno não foi homogêneo em todo o país, sofrendo variações significativas de acordo com o local e as características socioeconômicas da população estudada. Por esse motivo, é imprescindível conhecer as características locais do padrão de aleitamento natural, a fim de avaliar os fatores de risco para o desmame precoce e contribuir para o planejamento em saúde na formulação de ações educativas e de suporte que favoreçam o aumento da prática da amamentação (VOLPINI, 2005).

            Escobar (2002) mostra que é importante definir os motivos que levam o desmame precoce, a fim de proporcionar o maior tempo possível de aleitamento às crianças. Dentre os principais fatores relacionados pode-se citar: nível socioeconômico, grau de escolaridade da mãe, idade da mãe, trabalho materno, urbanização, condições de parto, incentivo do conjugue e de parentes e intenção da mãe de amamentar. O profissional de saúde também é importante no incentivo ao aleitamento materno, apoiando e instruindo a nutriz, através do acompanhamento pré-natal cuidadoso, formação de grupos de gestante, alojamento conjunto, durante a puericultura e na promoção de campanhas de incentivo ao aleitamento. Afinal, na medida em que se conhecem os motivos que possam contribuir com o desmame precoce, pode-se atuar melhor no sentido de prevenção desses fatores de forma mais direcionada e, portanto, mais eficaz.

            Segundo Bueno (2002), os fatores determinantes da interrupção precoce da amamentação têm sido objeto de investigação; nível de escolaridade da mãe e sua inserção no mercado de trabalho, condições socioeconômicas, problemas de saúde da mãe ou da criança, uso de bicos artificiais ou chupetas e atuação dos serviços de saúde. A introdução de alimentos complementares diminui a duração do aleitamento materno, principalmente se esta introdução ocorrer precocemente. Quando um alimento sólido é introduzido, há necessidade de a criança se adaptar à nova textura e à sua administração, ao contrário do leite não materno, fluido ou em pó, que geralmente é oferecido em mamadeiras, facilitando o seu consumo, o que leva a uma redução mais rápida da amamentação, quando comparada com a introdução de sólidos.

            Sendo uma das causas que Bueno (2002), afirma que são responsáveis pelo declínio da amamentação, juntamente com a urbanização e a inserção da mulher no mercado de trabalho, e a entrada no país da indústria de leite em pó e a propaganda destes produtos por meio de estratégias de marketing que visavam atingir os profissionais de saúde, além do público em geral. A introdução de leite não materno talvez seja um dos principais iniciadores e aceleradores (fator de risco) do processo de desmame que leva o fim do aleitamento materno, independente de outros alimentos.

            Segundo Bueno (2002), as variáveis que afetam ou influenciam o desmame precoce ou a extensão da amamentação podem ser divididas em cinco categorias: variáveis demográficas, tipo de parto, idade materna, presença paterna na estrutura familiar, escolaridade materna e paterna, tipo de trabalho do chefe de família, variáveis associadas à assistência pré-natal (orientação sobre amamentação, desejo de amamentar), variáveis relacionadas à assistência pós-natal imediata (alojamento conjunto, auxílio de profissionais da saúde, dificuldades iniciais), variáveis relacionadas à assistência pós-natal tardia (após a alta hospitalar, estresse e ansiedade materna, uso de medicamentos pela mãe e pelo bebê, introdução precoce de alimentos).

            A enfermagem deve sugerir como orientação durante o período de pré-natal os seguintes aspectos: familiarização das gestantes quanto o papel do aleitamento materno para sua própria saúde e a do bebê, preparação da mama para o ato de amamentar, necessidade de permanência em alojamento conjunto após o parto, efeitos deletérios do uso da mamadeira, chupeta e outros hábitos orais. Todavia, é extremamente necessária a atuação de grupos de incentivo ao aleitamento materno a fim de reforçar o conteúdo explicitado durante o pré-natal, de disponibilizar apoio psicossocial às mães e de solucionar os inúmeros problemas que surgem durante os primeiros dias e meses após o parto. O incentivo realizado durante o pré-natal pela equipe multidisciplinar torna-se potencialmente mais útil quando seguido de um acompanhamento periódico e sistematizado após o nascimento do bebê (CARRASCOZA et al, 2005).

             

5.3 CATEGORIA 3: TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO 

           

            É relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/secção efetiva do bebê favoreçam a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resulta no que se denomina de má pega. Esta por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar os esvaziamentos da mama e levar à diminuição da produção de leite (WEIGERT et al, 2005).

            Como consequência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce. Um estudo mostrou que uma orientação sobre técnica adequada de amamentação na maternidade pode reduzir a incidência de mulheres que relatam baixa produção de leite. Além disso, a pega inadequada pode gerar lesões mamilares, causando dor e desconforto para a mãe, o que pode comprometer a continuidade do aleitamento, caso não seja devidamente corrigida (WEIGERT et al, 2005).

            Há varias posições para amamentar, o mais importante é que seja a mais confortável para a mãe e mantenha uma boa técnica. A mãe deve variar regularmente de posições para que o bebê comprima o queixo e a língua em distintos locais da aréola e mamilo. Na posição sentada, o bebê está de frente para a mãe, de tal maneira que seu abdome está colado ao da mãe (barriga com barriga), quanto mais colado estejam os corpos, mais fácil para o bebê mamar.

            A posição sentada inversa consegue-se colocando o corpo do bebê debaixo da axila materna com o ventre apoiado sobre as costelas da mãe (barriga-costela). O corpo do bebê está apoiado pelo braço materno e a cabeça suspensa pela mão. Nesta posição consegue-se que o bebê pegue uma boa porção da aréola com a boca.

            Na posição deitada, a mãe e o bebê estão frente à frente (barriga com barriga). A mãe oferece o peito do lado que está deitada. Esta posição e a sentada inversa são mais apropriadas quando a mãe for submetida a uma cesariana (FALEIROS, 2005).

            A posição tradicional é a sentada, onde o bebê fica de frente para mãe, barriga com barriga, e quanto mais colados estiverem, mais fácil é a amamentação. Na posição sentada inversa, colocando o corpinho debaixo de sua axila, com a barriga apoiada nas suas costelas. A mãe apóia o corpo do bebê com o braço a cabeça com a mão. Essa posição facilita o bebê a pegar uma boa parte da auréola. Algumas mães, especialmente as que submetem à cesariana, optam por amamentar os filhos deitados, onde o bebê fica de frente para a mãe, barriga com barriga, depois de achar melhor posição, o primeiro passo é colocar o sei na boca do bebê. Ao tocar o mamilo no lábio inferior do bebê ele abrirá a boca. Nessa hora a mãe deve colocar o máximo da auréola na sua boca, puxando firmemente sua cabeça (FALEIROS, 2005).

            Diante do exposto, é interessante que a equipe de enfermagem preste uma boa orientação para a puérpera no momento da posição adequada para amamentação

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Para compreender a amamentação é necessário o conhecimento da estrutura mamária e o seu funcionamento, adquirindo embasamento sobre a importância do aleitamento materno, vindo a conhecer também todo o processo da amamentação tais quais, os diversos tipos de leite, a constituição da importância e de suas vantagens exclusivamente para a criança que vai ser amamentada em seio materno e, principalmente da profilaxia e tratamento das complicações mamárias.

Partindo do pressuposto de que a amamentação, além de ser instintiva deve ser aprendida, a fim da prevenção das intercorrências mamárias, é imprescindível a preparação das mamas desde o período gestacional, para que a mãe venha a amamentar de maneira correta. O objetivo maior desta assistência é o de evitar o desmame precoce e consequentemente a utilização de aleitamento artificial, tornando-se válida a proposta do incentivo a orientação e ao preparo para o aleitamento materno.

Através da revisão literária, concluiu-se que a atuação dos profissionais de saúde, em especial do enfermeiro no puerpério é imensurável, pois vêm trazer o incentivo necessário às mães, enfatizando sobre a importância do aleitamento materno no tempo certo, orientando sobre técnicas adequadas, prevenindo e tratando as patologias mamárias.

O leite materno protege as crianças contra as infecções mais comuns, como diarréia e doenças respiratórias agudas, pneumonias, otite média, diversas infecções neonatais, dentre outras, além da mortalidade infantil em crianças desde os primeiros dias de vida.

O leite materno ainda propicia a criança uma nutrição de alta qualidade, garantindo um bom crescimento e desenvolvimento do bebê. A suplementação do leite materno por qualquer outro alimento, como água, chás não é recomendada nos primeiros seis meses de vida, pois há evidências de que o seu uso está associado ao desmame precoce, visto que o recém-nascido encontra no leite materno todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento.

A intervenção da equipe de enfermagem no aconselhamento para a amamentação segura, ajuda a mãe a tomar decisões, a nutriz começa a ouvir e a despertar o interesse pela amamentação preventiva, aumentando também sua auto-estima. Este aprendizado depende em grande parte destes profissionais de saúde, sendo de vital importância à orientação e à técnica de amamentação, vindo a promover a utilização da amamentação natural.

O incentivo ao aleitamento pode ser captado e transmitido também pelos diversos profissionais de saúde envolvidos no âmbito gravídico-puerperal o qual poderá priorizar a melhoria da saúde e da qualidade de vida de todos os envolvidos neste processo.

Pode-se observar que quando a mãe não está preparada para amamentar, provavelmente, passa a fornecer alimentação artificial ao seu bebê, e então, além do aspecto econômico e da adaptação ao leite, outros problemas podem vir a surgir, como os de sucção e da perda de oportunidade para um vínculo mãe-filho mais afetivo, dificuldade na digestão do RN, favorecimento ao aparecimento de hábitos orais inadequados, distúrbios relacionados à sucção e deglutição, tais como fala e linguagem.

Neste contexto, vale destacar que é de competência dos profissionais de saúde o aconselhamento, esclarecimento e orientações acerca da importância dos cuidados com a mama. É preciso lembrar que estas complicações influenciam de maneira significativa no dia a dia do bebê, bem como da puérpera e de sua família, por isso se faz necessário o trabalho de prevenção por parte destes profissionais.

Embora o valor do leite materno para a saúde da criança e o seu benefício econômico para os pais sejam inquestionáveis, o emprego da amamentação ainda não ocorre de forma adequada, contribuindo, assim para o desmame precoce. O qual, principalmente em populações de baixa condição econômica, expõe a criança a riscos de desnutrição, comprometendo seu crescimento e desenvolvimento. 

Apesar das campanhas, divulgação em mídia e informações dos profissionais de saúde em relação à importância da amamentação ainda considera-se alto o índice de desmame precoce no Brasil.

O enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar, deve fazer uma avaliação completa da gestante durante o período pré-natal, não esquecendo a inspeção das mamas. Uma orientação especial deve ser dada à amamentação, promovendo orientações a respeito da anatomia e fisiologia das mamas e da lactação. Dessa forma, a enfermagem pode atuar na preparação das mamas para a amamentação durante o período pré-natal através de técnicas adequadas, orientações e informações para a nutriz, sua família e outras pessoas que possam influenciar o processo de amamentação. 

As hipóteses propostas inicialmente foram atingidas com êxitos, na medida em que esse trabalho relatou as complicações mais comuns do aleitamento materno e a importância da atuação do enfermeiro na prevenção dessas complicações.

Conclui-se que atuação da enfermagem nas complicações no aleitamento materno, contribui no sentido de orientação à família e a sociedade, para evitar o desmame precoce. Novos estudos empíricos, entretanto, são necessários para continuar demonstrando a importância do profissional de enfermagem como membro de uma equipe multidisciplinar na prevenção e no tratamento dessas complicações, a fim de promover uma amamentação de sucesso.

 

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