A vida, quando existe sem retoques, sem busca de evolução, sem qualquer perspectiva, tende a tornar o exterior do ser humano cada vez mais denso. A arte é o grande catalisador na triagem dos sentimentos do ser humano e, como sendo um norteador, o ser humano longe da arte tende a ficar perdido e desenvolver uma artificialidade, uma espécie de automação ou robotização, causados por não exercitar os sentimentos e emoções, daí aos poucos vai perdendo a ternura, tolhendo o que tiver de melhor, causando alguma depressão e finalmente a perda da gana de viver.
O ser humano necessita viver em sociedade, como já foi provado em diversos momentos e em vasta literatura. Não há como viver sozinho, então se alguém precisa de companhia, precisa ser humanizado cada vez mais, e como se sabe, a arte auxilia na exteriorização dos sentimentos, ou melhor, a arte é a expressão maior do interior do ser criador dela, então este ser humano carente precisa fatalmente da arte e tudo o que nela estiver contido.
Se a arte humaniza, nada mais lógico que ela seja a base da educação, claro que para uma educação humanizadora, sendo ainda mais fundamental que ela exista na sociedade em geral, tornando-a mais amável, mais inteligente e naturalmente uma sociedade mais evoluída. Segundo Aristóteles ( apud TAME , 1984, p. 19): "...emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas; tem a música, portanto, o poder de formar o caráter, e os vários tipos de música, baseados nos vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o caráter ? um, por exemplo, operando na direção da melancolia, outro na da efeminação; um incentivando a renúncia, outro o domínio de si, um terceiro o entusiasmo,e assim por diante, através da série.? A dimensão bibliográfica no que se refere a música e emoção, é muito vasta e não se esgota com facilidade. A arte em geral que traz sentimentos mais profundos deve ser regada como plantas sedentas que causticam ao sol e só assim podem trazer frutos mais doces e duradouros na alma do ser humano.
A arte tem uma ligação divina, sai do coração do artista diretamente ao espectador. Ela em si não necessita de muitos aparatos e sim apenas de um artista de coração aberto, para que possa emprestar a ela o seu corpo e assim ela poder manipulá-lo e obter vida. A arte requer apenas um canal de escape, de revelação, para poder concretizar-se e fazer o papel dela incendiando a todos que, como o artista, estejam também em paz consigo mesmo para desfrutar de um presente divino, esteja ela em qualquer manifestação, seja pintura, ilusionismo, circense, musica, poesia, cênica, ou mesmo quando um adulto se contorce todo e faz caras e bocas apenas pelo sorriso de um bebê que lhe observa atentamente. E por quê não? Se Podemos dizer que levar alegria, ternura, satisfação, entre outras sensações boas pode trazer um bem estar a outras pessoas é arte, então de forma semelhante pode-se concluir que viver bem, enviar sempre alegria, ternura para outras pessoas também é uma arte, onde o artista está de coração aberto para comunicar-se com outros seres humanos, logo arte é viver bem consigo mesmo e com os outros.
Portanto, ao dizer que viver bem é arte e é também uma arma contra a casca que o ser humano que não tem sem retoques, sem buscar evoluir, sem qualquer perspectiva, tende a construir em volta de si mesmo, isolando-se do mundo e das boas sensações que a vida oferece e parece ser de forma tão efêmera, se não regarmos, principalmente se o artista falado, mesmo estando de coração aberto, não for persistente ao ver o seu canal divino (arte) encontrar muitos obstáculos. O artista antes de tudo tem que ser persistente e pensar sempre em utilizar o seu coração aberto apenas para semear a alegria por onde passar, pois estas coisas voltarão para ele, buscando revelar tudo o que há de mais intrínseco na arte, colaborando para que exista vida no mundo. O artista é o maior colaborador para evitar a falência do ser humano no mundo.