Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o acharás (Eclesiastes 11:1)

Jesus nos ensinou a exercitar o amor, a praticar a justiça, a sermos misericordiosos para com o nosso próximo. A arte, como qualquer ciência, exige aprendizado, ou seja, o estudo de disciplinas, a pesquisa e um estágio para nos capacitar ao exercício de qualquer profissão. Já a bondade, expressão de amor para com os outros, é um dom de Deus.

O Apóstolo Paulo, no Livro de I Coríntios (13:1-8),  nos fala sobre o dom do amor, que muitas pessoas confundem o conceito, chamando-o de caridade. E para Paulo, que nos trouxe uma contribuição imensa acerca dos mistérios de Deus, discorre o amor, como sendo o dom mais importante deixado por Deus ao homem, comparando-o as mais extraordinárias línguas faladas pelos homens e pelos seres celestiais, ao escrever:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que eu entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz  inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crer, tudo espera, tudo suporta . O amor jamais acaba ...

Não raras vezes, ficamos decepcionados quando semeamos o amor, e as pessoas,  as quais doamos,  nos ferem e entristecem-nos. Mas, o cristão não pode deixar-se abalar com estas atitudes, porque Cristo não se agradou de si mesmo; antes, como está escrito: as injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim. Pois tudo quanto, outrora foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Portanto, acolhei-vos uns aos outros como também Cristo vos acolheu pela glória de Deus (Romanos 15:3-7).

Todos nós sabemos da existência do bem e do mal. Obviamente, aquele que é nascido de Deus não vive pecando. Logo, o que pratica o amor, de forma espontânea, está ligado na fonte ( I João 4:7); faz parte da videira (João 15:4) e o seu viver é como uma árvore plantada junto a corrente de águas que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz  será bem sucedido (Salmos 1:3).

Alguém poderá pensar que lançar o pão sobre as águas (alimento) irá desintegrar-se e não trará benefício a ninguém. Todavia, lançar o pão sobre as águas é ter a consciência de que tudo que fizermos com amor, sem visão de retorno, está em consonância com a vontade de Deus, porque o amor é o próprio Deus. Portanto, o sentimento de bondade está contido no amor, assim  como a compaixão pelo próximo.

A semeadura da palavra de ânimo para com ao cansado, sem esperança, é um ato de amor, sendo, talvez, aquilo que a maioria das pessoas necessitem no presente momento.

Jesus é a fonte de águas vivas, aquele que renova as nossas forças. Ele nos disse: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei; tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.

Logo, não existe mecanismo humano que nos conduza à arte de praticarmos a bondade. Esta se inseri em nós pela vontade do Pai (Romanos 9:15-16). O homem, por si só, nada pode fazer, embora, alguns até tentem, como  Paulo disse em relação a si próprio: O bem que eu quero fazer este não faço, mas o mal que não desejo, este faço.

Por fim, analisemos um das atitudes mais marcantes que Jesus teve para com os seus discípulos, ao lavar-lhes os pés e enxugá-los com uma toalha. Jesus conhecia o coração daqueles homens, tendo a certeza que a sua  palavra estava gravada. Todavia, como seres humanos, cometiam deslizes, (pecados), simbolizando aquele gesto uma advertência para o caminhar com Deus. Isso foi explicado a Pedro por Jesus, quando lhe pediu para que lhe lavasse também todo o corpo, tendo Jesus respondido que eles já estavam limpos pela palavra ...

A grande lição de Jesus para nós, que conhecemos a sua palavra, dita água pura, é que devemos ter humildade. Lavar os pés de um irmão, mesmo que este tenha caído em tentação, é  nosso dever  limpá-lo com palavras de amor, exortando-o com mansidão e não divulgando a sua fraqueza. Se prostrado ele estiver, por ter sofrido uma injustiça, é nosso dever reanimá-lo. Esse toque especial, existente no coração de tão poucos, é o que chamamos de amor. Porque assim João nos fala: ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão ( I João 4:21).

Que a Paz do Senhor esteja presente em nossas vidas.

Zenaide Alcântara de Sousa