A arte de gostar de ler

A família e a escola foi o início de tudo.

Infância feliz? Ah vivi. Fui criança feliz.

Soube incentivada por minha mãe com amor devorar livros que me permitiram vivenciar momentos de extrema felicidade e gozo, horas e mais horas perdidos em pensamentos inocentes a folhear livros da biblioteca da minha casa comprada pela minha adorada, sábia e saudosa mãe adquiridos de vendedores que por aquelas terras andavam vendendo conhecimento e divertimento.

Não, não havia televisão naquela época e nem se quer sonhávamos com a net, porém tínhamos, uma linda biblioteca pensada e planejada pela adorável professora Alaíde, a minha mãe, mulher de visão a frente do seu tempo anos luz. 

  Ah anos prateados! Iluminados pelo prazer da descoberta dos livros. Como era feliz!

E assim descobri primeiro Monteiro Lobato minha paixão de infância minha mãe leu para nós e eu continuei lendo tudo deste grande escritor nós tínhamos a coleção Vovô Felício um presente da nossa genitora. Vale lembrar meu querido pai também grande leitor a sua imagem guardo comigo aquele homem sentado ao lado do rádio (não existia ainda televisão) a devorar jornais.

Na biblioteca pública idealizada por uma grande educadora professora Stela da minha pequena cidade natal procurei e descobri mais livros de Monteiro Lobato: As Reinações de Narizinho, as Caçadas de Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Emília, Dona Benta, Tia Anastácia e por ai andei e amei muito, muito Lobato.

Sim os poetas! Humberto de Campos a obra deste grande homem me impressionou. Tomei conhecimento do autor no ginásio através da grande educadora da minha cidadezinha professora Eliane marcante e competente mestra eu levarei para sempre a lembrança de suas aulas de português (interpretação de textos) na época jovem e inteligentíssima poeta da nossa pequena terra. Hoje ainda me emociono quando escrevo sobre ela grande serviço tem prestado a várias gerações, pena que não está mais em sala de aula.

Em uma das aulas da educadora citada acima ficamos mais de um mês lendo e interpretando “O Cajueiro” de Humberto de Campos e até hoje guardo trechos do texto: “Embarco para o Maranhão e ele fica”... “Na hora, porém de levar o meu adeus... adeus meu cajueiro... Até a volta...” Cajueiro amado pelo autor e por nós.

 Hoje graças à internet conheci o cajueiro plantado pelo autor quando pequeno é exatamente como imaginava uma árvore belíssima está lá até hoje e assim realizei um grandioso sonho conheci através dos recursos tecnológicos o pequeno cajueiro de Humberto dos velhos tempos, nos novos tempos, belos dias. 

Outro registro importante na minha memoria do tempo de Ginásio (na minha época Colégio era Ginásio) é a leitura dos poemas do poeta Castro Alves, esse conheci através de um recital montado, por uma grande educadora minha mãe professora Alaíde, do Navio Negreiro e Vozes da África o grande poeta dos escravos eram versos decorados e declamados pela amante das letras professora Alaíde e seguidos pelos estudantes como Marizete que emocionavam plateias.

 O teatro na época nós chamávamos de drama também no tempo de ginásio as grandes mestras professoras Alaíde e Eliane montavam juntamente com os alunos as peças e viajávamos mostrando nosso trabalho e talento na nossa cidade e cidades vizinhas levando cultura, lazer e entretimento a toda região.  Tempos de ouro! Educação de qualidade. Há muito tempo atrás. ”Quem sabe faz a hora não espera acontecer."

Meu pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcelos veio me fazer rir e chorar ao mesmo tempo  foi com esse autor que aprendi logo cedo a valorizar o ser humano diante das injustiças e conheci a importância em nossas vidas de uma família estruturada e amorosa aprendi a amar com todas as minhas forças a minha família. Ah! Os livros nos ensinam muito e levamos para todo o sempre seus ensinamentos.

 Depois descobri Dom Quixote a genial obra de Miguel de Cervantes povoou por um bom tempo os meus pensamentos e sentimentos e assim viajei no mundo da literatura infantojuvenil.

 À volta ao mundo em 80 dias outra história incrível de Júlio Verne que relata uma grande aventura de volta ao mundo cuja origem foi uma aposta.

E o que dizer de Robinson Crusoé de Sexta-Feira o nome do personagem, livro de Daniel Defoe, e do dia na escola onde ficávamos ansiosos esperando a hora da professora ler mais um capitulo desta maravilhosa aventura (toda sexta-feira a nossa querida educadora lia um capitulo desta linda e emocionante história). 

Eu ir a escola neste dia era motivo de festa e não perdia a aula por nada neste mundo.

Muitos professores passaram. Hoje nem lembro mais o nome de vários, mas a professora Aidê (primário) que lia histórias toda sexta-feira essa nunca esqueci marcou minha passagem pela escola e até hoje tenho grande admiração por essa adorável e sábia mestra.

Oh amada amiga! Obrigada por ter contribuído para despertar em mim o gosto gostoso pela leitura sempre vou te evocar e louvar... Feliz de quem teve o prazer de sentar naquelas carteiras duras e poder assistir uma aula sua embalada pela suave e meiga voz que ecoava pelos nossos ouvidos como uma leve caricia mesmo sem você saber sempre vou te amar.        

E assim recebendo incentivo ora em casa ora na escola fui avançando no mundo das letras e me deliciando cada vez mais com as descobertas que fazia através deles.

 O menino maluquinho de Ziraldo li depois de grande e  entrou como um furação em meu imaginário e até hoje se encontra lá. Descobri com a leitura o doce sabor da infância. Oh! Infância abençoada! 

Um belo dia já adolescente eu me vi envolvida e encantada pelas histórias deste grande romancista da nossa literatura José de Alencar li e reli o Guarani (foi para compreender a história mesmo) me emocionei com a singela ingenuidade do índio Peri uma história de amor e aventura. Vibrei com Iracema a virgem dos lábios de mel.

 O encanto do livro Cinco Minutos a Viuvinha não me deixou parar mais de ler e viver momentos de prazer e fantasia transportada para cenários tão diferentes do meu naquela pequena cidadezinha interiorana lia e viajava na fantasia de Alencar fui conhecendo sua obra e suas grandes mulheres: Lucíola, A Pata da Gazela, Diva, Senhora, Viuvinha. Ah! Impressionantes, adoráveis, fantásticas damas.

Machado de Assis chegou acompanhado da sua genial obra “Dom Casmurro”. E Capitu me intriga até hoje.

Ai veio o Cortiço, Vidas Secas, o Seminarista, o Exorcista, o Último Tango em Paris e tantos outros.

O Morro dos Ventos Uivantes merece destaque clássico da literatura inglesa uma história linda cheia de amor, ódio e vingança. Recomendo a leitura nunca mais esqueci esse livro, simplesmente bárbaro.

Uma nova fase em minha vida foi a leitura de livros políticos: Olga, As Veias Abertas da América Latina, O Capital, JK, Getúlio Vargas, Ano Novo,  Se me deixam falar e vários outros.

Hoje adulto que gosta de ler. O meu grande prazer é a leitura.  Sou incondicionalmente amante dos livros e de uma boa leitura. Graças à família e a escola. Sou um adulto feliz.