A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

  

RESUMO: Qual a finalidade de se contar histórias? Que métodos atrativos o professor pode utilizar ao contar histórias? Como devem ser escolhidas as obras literárias a ser apresentada às crianças? Estes questionamentos referentes ao contar histórias serão relatados no decorrer deste trabalho. Analisa-se a importância da contação de histórias para o desenvolvimento infantil. Aborda-se a relevante utilização de técnicas, como forma de atrair a criança ao fascinante mundo da Literatura Infantil. Finalmente reflete-se sobre a seleção das obras literárias a ser apresentado ás crianças, se essas são adequadas à faixa etária destes.

Palavras-chave: contar histórias, literatura infantil, desenvolvimento infantil, criança.

 

INTRODUÇÃO

        O presente artigo busca enfatizar a importância do ato de contar histórias na Educação Infantil, bem como os métodos utilizados para tal. Dessa forma, também verificar como deve ser feita a escolha das obras literárias apresentadas às crianças.

Nessa perspectiva, é fundamental que o professor tenha conhecimento sobre os métodos atrativos e materiais adequados para trabalhar em sala de aula, fazendo com que se desperte a curiosidade e o interesse dos alunos, no intuito de desenvolver a aprendizagem e tornando-os leitores ativos, participativos nas atividades pedagógicas.

 Contexto Histórico

      Para melhor entendimento do assunto a ser abordado, faz-se necessário um breve relato histórico acerca do ato de contar histórias, um método fascinante que vem se desenvolvendo muito nos últimos anos. 

O ato de contar histórias surgiu da necessidade de o ser humano relatar fatos de seu cotidiano, ou seja, transmitir suas experiências aos outros, suas crenças e valores sociais, transmitidas de geração em geração.

          Entre os séculos V a XVI, não havia diferenciação entre o mundo adulto e o mundo infantil, histórias violentas eram contadas por meio da literatura, textos, livros popularizados na Idade Média, tais como: Isopets (1180) a Disciplina Clericalis no século XII como também o livro das Maravilhas, escrito em 1286, produções literárias que tiveram basicamente o intuito moralizador. O primeiro texto destinado ao público infantil foi escrito por Erasmo de Rotterdan, chamados de “tratados de civilidade”.

Nesse período, houve a preocupação com a educação das crianças, com a diferenciação das faixas de idade que ocorreu no ambiente escolar. Houve apartir do século XVII o reconhecimento da criança em suas especificidades, desenvolvendo-se então a partir daí literatura apropriada e diferenciada à infância.

Percebe-se que ocorreram várias transformações de ideologia no meio social, na idade moderna, houve a transição do Teocentrismo Medieval para o Antropocentrismo, sendo que as obras de Roterdam 1467-1536 e Montagne 1533-1592 eram voltadas para a educação das crianças, com práticas educacionais atraentes e humanizadas.

          A literatura infantil no Brasil originou-se entre os séculos XIX e XX . De acordo com Zilberman e Lajolo (1986), os contos vindos do Oriente e da Europa, voltados ao público infantil foram traduzidos por escritores brasileiros como Figueiredo Pimentel, Olavo Bilac, José de Alencar, Julia Lopes de Almeida, entre outros. Porém a literatura infantil no Brasil ganhou notoriedade e solidez com o escritor Monteiro Lobato.

Técnicas da contação de histórias e escolha das obras literárias

       O professor precisa utilizar métodos atrativos ao contar histórias às crianças, oferecendo-lhes diversos materiais de leitura, criando um clima afetivo e de aproximação entre elas, permitindo-se que conheçam o fascinante mundo da Literatura Infantil, incentivando-as a participar ativamente da leitura de histórias, questionando, fazendo comentários, como também a interpretação oral da história.  De acordo com CORTES:

     “ler histórias para as crianças, sempre, sempre... É suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas e encontrar outras idéias para solucionar questões – como os personagens fizeram – é estimular para desenhar, para musicar, para teatralizar, para brincar...Afinal, tudo pode nascer de um texto.” (CORTES, 2006, p.79).

            Nessa linha de pensamento, a criança ao utilizar os livros de Literatura Infantil, faz com que ela tenha interesse para a leitura e produção de textos.                                    

  Segundo CORTES (2006, p.53), “ao escolher livros para atividades com as crianças, lembre-se de evitar títulos que contenham idéias preconceituosas, que tenham problemas de redação e busque sempre material com ilustrações de boa qualidade”.               

    Para Yunes (1988), ao escolher um livro, alguns pressupostos devem ser levados em conta: motivação para participar; consciência do que busca; informação prévia para optar; alternativas de escolhas efetivas; e liberdade (que deve ser interpretada como condição de escolher).

                                                                                                                Nesse sentido, o professor precisa selecionar livros infantis, que corresponda ao interesse das crianças, incentivando-as a escolher livremente sua leitura, afim de que aos poucos elas façam à seleção, tendo liberdade de fazer a sua própria leitura.

        Para desenvolver o contexto de uma história, o contador deve criar um clima de envolvimento, de encanto, fazendo-se pausa na história para que a criança imagine e construa seu cenário, visualizando as ações e as falas dos personagens, assim como comenta CORTES (2006).                                                                                                         Dessa forma, sugere-se que o educador ao contar uma história se disponha de uma diversidade de estratégias, como: saber como utilizar a expressão corporal, o ritmo, o gesto, e principalmente a entonação de voz, tocando a imaginação dos alunos, envolvendo-os pela fantasia.

                                                                                                        Nessa perspectiva, ressalta-se que será estimulante ter em mãos alguns materiais que contribuam para chamar a atenção e concentração da turma, dando vida aos personagens da história, são eles: fantoches, dedoches, gravuras, televisão de papelão ou de madeira, dobraduras, flanelógrafo, entre outros.                                                                              Sobre a contação de histórias, atualmente, Celso Sisto afirma que:

     Hoje, como atividade artística, se beneficia de normas e técnicas. (...) e exige do contador um aperfeiçoamento técnico, uma prática de leitor e um apuro crítico. E, para não haver confusão de linguagens, é preciso perceber que um contador de histórias contemporâneo difere de um contador popular, de um declamador e de um ator, ainda que sua prática se beneficie de elementos também utilizados por esses artistas (2001: p.37).

         No entanto, recomenda-se que ao organizar-se para contar uma história, deve-se verificar a duração da história, os tipos de contos, o gosto pessoal, a idade das crianças e o espaço. Sendo que no caso da educação infantil, as histórias devem ser curtas para não dispersar as crianças. Em relação aos tipos de contos, ressalta-se que é importante alternar entre contos alegres e dramáticos, curtos e longos, populares e literários.

              Portanto, assim como nos relata a contadora de histórias profissional, CORTES (2006), a contação de histórias na educação infantil pode ser usada em diversas situações e motivos, como: para recreação; proporcionar prazer; ampliar o vocabulário; para se concentrar; estimula a imaginação, abre caminho à leitura; aprende-se a compartilhar emoções; descobrem-se tradições culturais e outras manifestações pessoais e sociais, além de desenvolver a linguagem oral e a escrita.

 Considerações finais

            Diante do que foi exposto anteriormente, pode-se perceber que o contar histórias na educação infantil, favorece o desenvolvimento da criança em vários aspectos, além de proporcionar lazer e prazer a ela.                                                                          

      Portanto, pode-se verificar a grande contribuição do contar histórias na educação infantil, pois possibilita o desenvolvimento da criança em vários aspectos: linguagem oral e escrita, linguagem corporal, cognitivo, desenvolve a imaginação, amplia o vocabulário, desenvolve o emocional, a atenção e concentração entre outros, que para tal o professor precisa desenvolver técnicas e ter em mãos alguns materiais adequados que favorecerão a ludicidade e a dramatização da história.

        Assim, é de suma importância que o professor valorize o contar história como uma atividade prazerosa e constante em seu planejamento, que para isso o mesmo precisa de conhecimento necessário para poder desenvolver um trabalho onde, tanto o professor quanto o aluno possam alcançar seus objetivos de forma descontraída.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo, Scipione, 1989.

CORTES, Maria Oliveira. Literatura infantil e contação de histórias. Viçosa-MG, CPT, 2006.

OLIVEIRA, Ana Arlinda de. Linguagem na Educação Infantil III. Literatura Infantil – Ana Arlinda de Oliveira. Arlinda Maria de Almeida Spíndola. Cuiabá: Edufmt, 2008.

YUNES, Eliana; PONDÉ, Glória. Leitura e leituras da literatura infantil. São Paulo: FTD, 1988.

ZILBERMAN, Regina & LAJOLO, Marisa. Um Brasil para crianças. Para conhecer a literatura infantil: histórias, autores e textos. Rio de Janeiro: Global, 1986.