A arte da importância filosófica do velório?

Nossa limitada apreciação analisará descompromissadamente um dos momentos de grande importância ao adeus do corpo físico, a Sentinela. É claro que o ciente leitor deverá levar em consideração o Sarcasmo mal (?) intencionado de quem vos escreve. A pauta é: como nós, reles mortais costumamos nos comportar diante dessas horas por onde o artista principal nada tem a dizer?

Num mundo muito distante daqui, um animal apontado como Ser Humano, cultiva hábitos de pagar para nascer, não pagam para sofrer (vida?), pagam pela morte e, habituam-se deixar como cortesia: cafés, às vezes chás, pão com salsicha, bolos, dívidas e um bocado de confusão. Tudo isto é plausível de contestação por aqueles que não foram convidados pelo próprio moribundo. Relaxe! Não existe ‘fura festa’ em ocasião fúnebre.

O café está sem açúcar. O chá, aguado. Salsicha ou mortadela?  Bolo de chocolate ou fubá? A cozinha é como a do Restaurante Los Babacas. Os credores sentem muito! Não pela morte do desgraçado, mas por ciência de que jamais receberão. E pior, o morto não é velado com a bunda para cima. Explicação: caso fosse, ao invés do Nome do Pai, a maioria passaria a ‘patinha’ no lugar que muito colaborou para as fezes da vida. A intenção mor, seria a caça ao dinheiro.

Dizem as ‘boas línguas’ que tal ‘convenção’ é ponto de inspiração pura, voltado para a criação filosófica de piadas. As pessoas levam a mão até a boca para que os demais parasitas não percebam que estão a falar tolices do defunto. Hábito muito utilizado pelos filhos de Deus. Não tem nada de ruim nisso. É só um defunto.

O ‘religioso’ que irá fazer os pêsames, o que na verdade deveria ser os parabéns pela ida de uma exibição desprezível, não fala ‘coisa com coisa’. Empaca a existência da maioria dos comparecidos que vieram ali apenas para comer, beber e falar mal da vida alheia. E o cadáver fica lá, como se fosse um salgado estragado de padaria. Desgastado, geralmente está.

Óbvio que nem todo homem tem a sorte de ter um velório como o do cantor Wando: calcinhas voavam em seu funeral! Pretas, amarelas, vermelhas, brancas. Ah! Wando! Menino doido! Será que alguns senhores de sex shop hesitaram em fazer bons negócios? Ainda está em tempo! ‘Comprem as calcinhas do Wando!’

Após todo teatro encenado, inclusive aqueles choros que boa parte das vezes é de remorso por não ter estimado o finado, este deverá ser carregado por quem nunca gostou dele. Em seguida, o animalesco será fincado por dois ou mais coveiros que só pensam em jogar terra na ‘cara’ do pobre diabo e acabar logo com toda esta falta do que fazer.  O café findou-se. Os convidados que não foram aliciados, deixam o local infestando-o com suas energias negativas.

Com o tempo, os funcionários voltam à cova daquela matéria inútil e a jogam num saco. Por fim, da mesma forma que os jornais impresso acabam sendo utilizados apenas para enrolar peixe ou limpar as nádegas, nós humanos, que viemos do saco ao saco retornamos. Como já dizia aquele velho Filósofo que nunca foi lido: ‘... Que Deus é fiel! Eu nunca duvidei. Desde que o dízimo não seja pouco. Afinal, deve custar caro limpar o mundo da merda’. Hoje entendo o que um nobre amigo me disse certa vez: se for para salvar o animal, é melhor que salvem a vaca. Bom enterro.