RESUMO

 

O presente artigo tem como objetivo relatar as experiências realizadas nos Estágios de Ensino Formal, Ensino não Formal e no Profissionalizante, colocando em foco a relevância da arte como instrumento da prática pedagógica. Contribuindo para o processo de ensino aprendizagem da educação básica e profissional. Desenvolvendo metodologias diferenciada de integrar arte mais educação mais ação, tornando mais eficientes no contexto educacional, desenvolvendo o desejo e a capacidade de aprender dos alunos, tornando a aprendizagem significativa associando o conhecimento e sua importância no meio em que o aluno se desenvolve. Tendo como metodologia a abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa, que integra a apreciação, o fazer artístico e a contextualização, e os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a viver com os outros, os artistas trabalhados na sala de aula foram: Vincent Van Gogh, Georges Seurat, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Candido Portinari, Van Eyck, Leonardo  da Vinci, Claude Monet e Paul Gauguin, com a orientação de Vygotsky, sobre o professor mediador,  o conceito  de estágios de desenvolvimento da arte, por si só, não sugere que os professores devem esperar que os alunos amadureçam, o papel do professor é guiá-los, nas atividades globais de expressão da autora Olga Reverbel, com suas teorias e práticas necessárias a todos os educadores que desejam modificar seu fazer pedagógico, para que possam ajudar o aluno a desenvolver a difícil arte de expressar suas ideias, pensamentos, anseios, desejos e contribuir na formação de personalidade e da cultura do educando.

Palavras-chave: Ensino e Aprendizagem; Artes; Práticas Significativas

1 INTRODUÇÃO

O artigo é resultado da prática pedagógica realizada nos estágio do Ensino Formal, Ensino não Formal e Profissionalizante, colocando em foco a relevância da arte como instrumento da prática pedagógica.

No Art. 3 do regulamento do curso de Artes Visuais o Estágio obrigatório, entendido como tal no Projeto Pedagógico do curso de Artes Visuais (licenciatura)- Convênio PARFOR e cuja carga horária é requisito para a aprovação e obtenção de diploma, tem por finalidade assegurar aos professores em formação a reflexão sobre a prática docente. Enquanto estágio o público alvo foi a comunidade escolar e profissional.

Nessas intervenções, entende-se que a Educação Infantil tem como finalidade, de acordo com o artigo 29 da LDB (BRASIL, 2008), “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.

Já o Ensino Fundamental, de acordo com o artigo 32 da mesma Lei (BRASIL, 2008), objetiva a formação básica do cidadão, garantindo “o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”; “[...] a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”.

Para o Ensino Médio, a LDB (BRASIL, 2008), em seu artigo 35, prevê como finalidades a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; a preparação para o trabalho e para a cidadania. O artigo 40, por sua vez, estabelece que a educação profissional deva ser desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada.

Na educação não formal por meio de mediação pedagógica do ensino de Artes Visuais em instituições culturais (Museus, Galerias, Centros Culturais, Fundações Culturais e outros), a metodologia é composta por procedimentos e orientações dos quatro pilares da educação, abordagem triangular e atividades de expressão, tendo como teóricos Ana Mae Barbosa, Olga Reverbel e Semenovich Vygotski.

Para a análise dos estágios faz-se necessário destacar a intervenção realizada no magistério que se configurou como o mais significativo pelo seu nível de complexidade, por ser realizado numa instituição que objetiva formação de professoras para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, merecendo por isso um aprofundamento no capítulo 3. As demais intervenções serão analisadas no capítulo 2 e suas subdivisões.

2 A ARTE FACILITADORA DO ENSINO APRENDIZAGEM

Sabe-se que, ao fazer e conhecer Arte como instrumento da prática pedagógica, o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo. Além disso, desenvolvem potencialidade (como percepção, observação, imaginação e sensibilidade) que podem contribuir para a consciência do seu lugar no mundo para a compreensão de conteúdos das outras áreas do currículo, segundo Ana Mae Barbosa (2010, p. 2) “A arte na educação afeta a invenção, inovação e difusão de novas ideias e tecnologias, encorajando um meio ambiente institucional inovado e inovador”.

Com as mudanças que têm ocorrido no contexto social e escolar, o perfil das escolas e do alunado tem sofrido mudanças significativas e se a escola não acompanhar essas mudanças não será capaz de oferecer um ensino de qualidade aos seus alunos.

A sala de aula é o espaço privilegiado para troca de experiências e de conhecimentos entre os indivíduos que ali se encontram. Este espaço é a expressão de um sistema social, manifestado através de suas rotinas, relações interpessoais, pensamentos, relações de poder, imaginários e representações sociais, o que deve nortear a prática pedagógica. Para lidar com essa nova realidade os professores devem estar preparados e engajados em encontrar alternativas em busca da melhoria de sua prática docente e assim contribuir de forma mais significativa com o desenvolvimento de seus alunos.

Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua construção. Construir conhecimento implica numa ação partilhada, já que é através dos outros que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são estabelecidas. Quando vivemos a prática ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve estar de mãos dadas com a decência e a seriedade. Segundo Paulo Freire (2003 apud GADOTTI, 1991, p.29):

Conhecer é construir categorias de pensamento, ler o mundo, transformar o mundo e só é possível conhecer quando se deseja, quando se quer, quando nos envolvemos profundamente no que aprendemos. Para inovar é preciso conhecer, aprender exige esforço, daí a necessidade da motivação, do encantamento.

Assim o estágio supervisionado uma exigência da LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n 9394/96 nos cursos de formação de professores, é uma experiência necessária para a educação profissional, pois oferece a oportunidade de integrar os discentes com a área onde atuarão e integrar teoria e prática, baseando-se no uso do conhecimento adquirido na vida profissional e acadêmica. De acordo com Oliveira e Cunha (2006, p.6) “podemos conceituar o Estágio Supervisionado, portanto, como qualquer atividade que propicie ao aluno adquirir experiência profissional específica e que contribua de forma eficaz, para uma absorção pelo mercado de trabalho”.  

A função instrumentalizante da Educação nunca foi tão ratificada quanto nos tempos atuais. Nunca estivermos tão diante da necessidade de criar, construir, mudar e redimensionar quanto nos encontramos na era atual.

A aprendizagem significativa está associada aos significados dos conhecimentos e sua importância no meio em que o sujeito se desenvolve. Segundo Vygotsky são os desejos, necessidades, emoções, interesses, impulsos e inclinações que dão origem ao pensamento. Na sua perspectiva, cognição e afeto não se encontram dissociados no ser humano, pelo contrário, se inter-relacionam e exercem influência recíproca.

A criatividade é o processo de desenvolvimento de produtos originais de alta qualidade e genuinamente significativos. A educação das crianças pequenas deve enfatizar o desenvolvimento e a geração de ideias originais, que são a base do potencial criativo. Ana Mae Barbosa leva-nos a pensar na necessidade da arte em duas etapas fundamentais do ser humano em sociedade: o momento de sua alfabetização e a adolescência.

Esses dois momentos evocam no senso comum instantaneamente necessidades de naturezas diferentes: a alfabetização como necessidade de conquista de uma técnica e a adolescência como necessidade de conquista de equilíbrio emocional. Porém, se pensarmos que uma tem como objetivo apenas o domínio cognitivo ou intelectual (a alfabetização) e a outra (a adolescência) é uma crise de domínio afetivo, estaremos cometendo o velho erro de dicotomizar razão e emoção.

Não se alfabetiza fazendo apenas as crianças juntarem as letras. Há uma alfabetização cultural sem a qual a letra pouco significa. A leitura social, cultural e estética do meio ambiente vai dar sentido ao mundo da leitura verbal. Por outro lado, a arte facilita o desenvolvimento psicomotor sem abafar o processo criador.

É assim que, por meio do desenho, do faz- de conta que o aluno cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos. A arte é vista como instrumento capaz de trazer estímulo ao potencial criativo e crítico do ser humano, como requalificadora de valores, como criadora de novas formas de vida e da realidade.

 

2.1 Arte X Educação Infantil

A Educação Infantil tem como finalidade, de acordo com o artigo 29 da LDB (BRASIL, 2008), “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. É necessário refletirmos um pouco sobre vários descompassos que as Artes Visuais vêm enfrentando ao longo dos tempos:

A presença das Artes Visuais na Educação Infantil, ao longo da história, tem demonstrado um descompasso entre os caminhos apontados pela produção teórica e a prática pedagógica existente. Em muitas propostas as práticas de Artes Visuais são entendidas apenas como meros passatempos em que atividades de desenhar, colar, pintar e modelar com argila ou massinha são destituídos de significados (BRASIL, 1998, p.87.).

É com pensamento de passatempo, fazer por fazer, que encontrei na minha intervenção quando apresentei o meu planejamento e a professora regente retrucou que a prática pedagógica era interessante, porém muito complexa para a realidade das crianças. Esse seria o meu desafio despertar nas crianças um olhar diferenciado sobre as coisas, estimular sua curiosidade e sensibilidade.

A Arte é vista como linguagem e tem seu discurso específico. O “ olhar” da criança se constrói, paulatinamente, na sala de aula, que parece um espaço limitado. Mas ele se abre para outros espaços e se percebe a si mesma. É só quando se passa do limiar do olhar para o universo do ver que se realiza um ato de leitura e de reflexão. Neste sentido Sílvio Zamboni (1998 apud Ana Mae Barobosa, 2003, p.72) ressalta que:

O ver não diz respeito somente à questão física de um objeto ser focalizado pelo olho, o ver em sentido mais amplo requer um grau de profundidade muito maior, porque o indivíduo tem, antes de tudo, de perceber o objeto em suas relações com o sistema simbólico que lhe dá significado.

Preocupada em respeitar a individualidade da criança e compreender o modo por meio do qual cada uma expressasse sua visão de mundo, procurei elaborar um planejamento baseado numa prática pedagógica norteada na proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, tendo  como objetivo construir um olhar a partir do ver, observar, fazer, expressar e refletir, aplicando atividades que, ao trabalhar obras de alguns artistas as crianças não fossem reproduzi-las. Ana Mae Barbosa no seu livro A Imagem no Ensino da Arte (2010), nos explica que a proposta Triangular nos sensibiliza para não atuamos apenas no fazer sem reflexão ou só na leitura alheia ao fazer, quebra-se aí o princípio da aprendizagem significativa.

Foram trabalhadas as obras dos artistas Vincent Van Gogh, Georges Seurat e Pablo Picasso numa proposta de intervenção tendo como eixo as artes visuais, propondo a leitura e a releitura das obras: Girassóis, Tarde de Domingo e Auto Retrato. Vários foram os objetivos traçados para cada atividade proposta que consistiam em valorizar sua expressão singular e a do colega, desenvolvendo sua percepção visual e a imaginação criadora, para que se sinta como indivíduo integrante de uma cultura.

A proposta de intervenção foi desenvolvida durante uma semana com as crianças do jardim II, turma mista, com idade de quatro a cinco anos, num total de 25 alunos. Numa roda de conversa inicialmente fiz a leitura formal olhando as obras de artes e no segundo momento foi feito com as crianças a leitura interpretativa, falou-se sobre a vida dos artistas, as cores e os temas, conversou-se sobre plantas, os passeios nas tardes de domingo com a família e o gosto que temos de tirar fotos. Foi uma atividade interessante por não ser uma prática comum no planejamento da professora regente.

O terceiro momento da intervenção foi produzir releituras das obras utilizando o recurso do desenho, da pintura, da colagem, desenvolvendo o gosto estético, e ao mesmo tempo descobrindo a si mesmo, no que concerne ao aluno, em relação ao seu mundo social em que vive. No final dessa intervenção as crianças puderam mostrar e expressar os valores contidos no seu fazer artístico e o respeito pela produção do colega, foi um momento de socialização dos trabalhos. Segundo Vygotsky (1989, apud Oliveira, 1993, p.62):

O processo de ensino-aprendizagem na escola deve ser construído, então, tomando como ponto de partida o nível de  desenvolvimento real da criança, mas também seu nível de desenvolvimento potencial, isto é, sua capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes

À medida que passam a dominar técnicas que lhes possibilitem manejar esses elementos para conceituar e expressar ideias, as crianças ficam mais confiantes, porque se tornam mais habilidosas e competentes. A confiança em si mesmo é elemento importante na construção da autoestima, e esta pode ser mais uma das justificativas para trabalhar com artes na Educação Infantil.

É, portanto, necessário repensar o Ensino de Arte, visto que na atualidade, esta propõe uma ação educativa criadora, ativa e centrada no aluno para que este encontre um espaço para o seu desenvolvimento pessoal e social por meio de vivência e posse do conhecimento artístico e estético. 

2.2 A arte e a cultura do cotidiano no ensino fundamental

O Ensino Fundamental, de acordo com o artigo 32 da mesma lei (BRASIL, 2008), objetiva a formação básica do cidadão, garantindo “o pleno domínio da leitura, da escrita e do calculo”; “[...] a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”. Uma conquista importante ocorreu com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no seu Art. 26, & 2 estabelece que “o ensino de Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Posteriormente, essa obrigatoriedade foi mais bem definida, a partir da Resolução CNE\CEB n 1 de 5 jul.2000, estabelece no Art. 18: “Respeitando o Art. 5 desta resolução, os cursos de Educação de Jovens e Adultos que se destinam ao Ensino Fundamental deverão obedecer em seus componentes curriculares aos Arts. 26, 27, 28, 35 e 36 da LDB e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio”. Muitas ações se tornam, portanto, indispensáveis para que o ensino e a aprendizagem de Arte realmente se concretizem na educação de jovens e adultos.

O estágio no Ensino Fundamental foi realizado com as séries iniciais e finais com faixa etária entre 10 a 11 anos, junto com o CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos), com  faixa etária de 15 a 50 anos.

Diante do que foi observado no ensino fundamental, considera-se preocupante a maneira como os professores promovem a aprendizagem que não se ligam com o contexto social dos alunos, o conhecimento em arte existe apenas na e para a escola ficando descolado da vida dos alunos e do próprio professor. Sendo assim, o fazer arte exige contextualização, a qual é a conscientização do que foi feito, assim como qualquer leitura como processo de significação exige a contextualização para ultrapassar a mera apreensão do objeto.

Assim, a reflexão levantada por Ana Mae Barbosa (2010) é quando as regras impostas pela sociedade aos adolescentes sem nenhum significado, ocasionando crises de confronto com a vida, a arte então cumpriria um importante papel nesse sentido, possibilitando ao indivíduo, através de sua expressão, confrontar-se com suas crises.

Por esse motivo a intervenção foi norteada na abordagem Triangular que vem justamente nos dizer da necessidade e da viabilidade de se interpretar a obra de Arte não só ao realizar/produzir a obra, mas ao realizar sua leitura e estabelecer interconexões com outras obras sendo significativo o resgate da função e da integração das instâncias: fazer, apreciar e contextualizar, perpassando e promovendo um processo de “formação” no âmbito educacional.

O processo pedagógico com os alunos das séries iniciais começou  com uma visita ao museu segundo o planejamento da professora, que ao ser questionada sobre o motivo da visita respondeu que não tinha nenhum motivo, vão apenas para passear uma vez que a mesma não tinha se planejado foi agendado pela orientação da escola.

A intervenção desse primeiro momento começou com a sensibilização da leitura poética conhecendo a linha e em seguida a leitura formal da obra de Salvador Dalí Persistência da Memória e do artista Candido Portinari Os Retirantes. Conversamos sobre a vida dos artistas, seus estilos, cores, tema e movimentos e identificando nas mesmas (obras) os vários tipos de linhas. Essa atividade tinha como objetivo estimular a expressão, a comunicação articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão.

No segundo momento da intervenção trazer a leitura poética para sensibilizar os alunos quanto ao tema da aula trouxe resultados positivos no sentido de haver a interação e a participação dos mesmos (alunos), conversou-se sobre o nascimento da linha, foi feito uma dinâmica onde teriam que identificar as linhas nos objetos da sala de aula e depois na natureza, dialogou-se sobre o tempo e a importância que ele tem na vida do ser humano e por fim falamos sobre o tema viagem percebi que a maioria dos alunos vem de outras regiões como norte, nordeste e centro oeste e o motivo dessa migração é a busca por uma melhor qualidade de vida.

No terceiro momento produziram desenhos com materiais alternativos, fizeram uso de expressão corporal dramatizando cena de bandido, dançarina, marcha de soldado e outros, expressando o contexto do seu dia a dia para representar as linhas. No fim socializamos toda essas produções e nas dramatizações foi interessante perceber o entusiasmo, o momento que tiveram para sentar em equipe e elaborar as ações, combinar entre si, criar, discordar tudo isso levou-nos a refletir no grupo que a arte não estar dissociada da vida. Ampliar seu conhecimento do mundo e da cultura, fazê-los desenvolver as potencialidades intelectuais de raciocínio, percepção e criatividade e introduzir o conhecimento da Arte por meio da leitura de obras de arte foram os objetivos traçados no planejamento.

O planejamento proposto pela professora regente do CEJA abordava como conteúdos: A Arte Bizantina, Simbolismo e Cores, os artistas Van Eyck com a obra Menino Jesus e Leonardo da Vinci com a obra Virgem Maria.

No primeiro momento introduzir o texto poético Mulheres de Atenas para sensibilizar a turma e em seguida foi feito a leitura formal da obra de, Van Eyck e Leonardo da Vinci, conversamos sobre a vida dos artistas, seu estilo, as cores, o movimento artístico.

No segundo momento falamos sobre crenças, os símbolos que fazem parte do nosso cotidiano desde o time de futebol até as sinalizações de trânsito, e por fim o nascimento algo tão esperado pela mãe e pela a família.

No terceiro momento como atividade, desenharam símbolos do contexto social, pintaram mosaicos além da técnica de performance como releitura das obras acima citadas.

Portanto, o nosso objetivo era oferecer aos alunos atividades de expressão que atendessem suas necessidades essenciais, contribuindo para ampliar sua visão de mundo, através de um contato direto com as artes, possibilitando exprimir-se, valendo-se das diferentes linguagens artísticas. Experiências com desenho, pintura, expressão corporal, permite liberar a criatividade, estimular o sentido crítico e conduzir a formas diferentes de ver o mundo.

As capacidades de expressão: relacionamento, espontaneidade, imaginação, observação e percepção são inatos no ser humano, mas necessitam ser estimuladas e desenvolvidas, através de atividades dramáticas, plásticas e musicais.

A aprendizagem enquanto processo, depende de um grande conjunto de capacidades e de contextos para que possa ocorrer: memória, motivação, capacidades sensoriais e perceptivas, inteligências e criatividade, além de ambientes ricos, estimulantes e reforçadores são condições elementares para a aprendizagem.

2.3 Maquiagem no ensino profissionalizante

No Brasil Educação profissional é um conceito de ensino regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, seu principal objetivo é a criação de cursos que voltados ao acesso do mercado de trabalho, tanto para estudantes quanto para profissionais que buscam ampliar suas qualificações. A Política de Educação Profissional tem como compromisso a tarefa de consolidar a Educação Profissional de Santa Catarina, preservando e qualificando as escolas que oferecem Cursos Técnicos de Nível Médio e Cursos de Formação Inicial e Continuada de trabalhadores.

Observar e intervir no ensino profissionalizante foram experiências significativas para o entendimento e a compreensão da Arte na produção de bens e serviços. Fazer entender que a maquiagem é uma arte ancestral, encontrada até mesmo entre os homens primitivos, junto com outros enfeites e acessórios. Nos estudos antropológicos podem-se encontrar vários exemplos de pinturas artísticas nos corpos de nativos americanos e de aborígines do continente africano. Atualmente a profissão de maquiador está envolta em uma aura de status e glamour, o profissional não é só um artista, mas também um técnico especialista.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em seu artigo 39 apregoa que “a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”.

O estágio de observação e intervenção no curso profissionalizante nos proporcionou uma reflexão mediante a problematização apresentada quando indagada pela coordenadora do curso que não reconhecia arte na maquiagem e quando apresentadas as alunas muitas no momento foram dizendo que não sabiam desenhar, como se fosse  essa a função da arte.

No que diz respeito ao mundo do trabalho, as novas condições estariam a exigir um novo trabalhador, com novas competências, como, por exemplo, a capacidade de pensar, decidir e trabalhar em equipe, o que certamente demanda mudanças no modelo de formação profissional.

O planejamento foi pensado numa prática pedagógica que tivesse como objetivo levar as alunas a reconhecer a arte no curso profissionalizante contribuindo para as novas tecnologias e as mudanças na produção de bens, serviços e conhecimentos, possibilitando integrarem-se ao mundo contemporâneo nas dimensões fundamentais da cidadania e do trabalho. Os objetivos específicos propostos no planejamento da professora regente tinham como meta: a) reconhecer formas geométricas e identificar as características dos rostos; b) entender os tipos de sobrancelhas e valorizar suas características; c) pensar sobre o contexto social fazendo link com as novas tendências d) observar, reconhecer e nomear a simetria e assimetria.

Diante do que foi observado nas aulas os métodos utilizados pela professora, são obsoletos, rígidos, concepção tradicionalista e com aulas apenas expositivas.

A nossa abordagem construtivista, apoiada nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver com os outros, proporcionou momentos de socialização com o grupo e a articulação da arte na maquiagem, fazendo usos de alguns recursos materiais como data show, fotocópias e acessórios de maquiagem, a sala se tornou lugar do diálogo, do questionamento, da curiosidade e da reflexão sobre a função da arte no processo de produção humana.

A apropriação do conhecimento não se dá pela transmissão de informações, mas a partir da mediação criam-se condições para a aprendizagem, que poderá acontecer através dos espaços de trocas e interações entre os sujeitos envolvidos. O conhecimento circula entre o sujeito que ensina e o sujeito que aprende e o processo dessas interações é de fundamental importância na produção de saberes. Assim, as interações sociais são fundamentais e, por meio de instrumentos mediadores, proporcionam o desenvolvimento do homem, possibilitando sua instrumentação para atuar e transformar o meio.

Portanto, a concepção construída pelas alunas que artes é só desenho deu lugar para um novo olhar, novo horizonte e um novo conceito em relação à arte. E nos deu a alegria de poder contribuir para uma nova concepção de artes, que é muito mais do que um simples saber desenhar ou pintar.

2.4 Curadoria em espaço não formal

No âmbito da Licenciatura em Artes Visuais, as disciplinas de Práticas de Ensino correspondem às atividades de estágio em ambientes educacionais formais e não formais acrescidas ao exercício de elaboração, desenvolvimento e apresentação de pesquisa acerca das experiências desenvolvidas em um espaço pedagógico específico, observado de acordo com teorias/práticas do licenciando no ensino de Artes Visuais.

Práticas de Ensino a ser desenvolvida na educação não formal por meio de mediação pedagógica do ensino de Artes Visuais é em instituições  culturais (Museus, Galerias, Centros Culturais, Fundações Culturais), eventos especiais (Festivais, Salões, Exposições), Escolas de Arte.

Sabe-se que uma Escola e uma Galeria têm diferentes propostas e são também espaços culturais únicos, uma vez que apresentam objetivos particulares na formação do cidadão. Pode-se afirmar que a sociedade tem, ao seu alcance, a possibilidade de apreciar a arte como instrumento de sensibilização e conhecimento. A Galeria de Arte busca contribuir para o crescimento do indivíduo uma vez que a escola traz o embasamento teórico, e a Galeria possibilita o fazer artístico utilizando e associando conhecimentos diversos no campo das artes.

O estagio realizado na Casa da Cultura Dide Brandão levou-nos a reflexão sobre a função de uma arte educadora, como mediadora desse conhecimento e a contribuição que esse espaço não formal pode trazer para o crescimento intelectual e cultural dos cidadãos.

O plano de ação para o monitora tinha como tema os Cem anos da Casa da Cultura Dide Brandão, apresentar sua história, e as atividades que contribuíram e ainda contribuem para a elevação do nível intelectual da comunidade, através de vivência cultural. A intervenção, realizada no período noturno, de início contemplaria os alunos da Escola Victor Meirelles, como não puderam se fazer presente, a nossa monitoria foi realizada com visitantes.

Os conteúdos planejados foram: a história da Casa da Cultura, o fotógrafo e produtor de vídeo Beto Bocchino, cujos objetivos foram mediar o conhecimento histórico cultural, orientar o público a encontrar seu caminho interpretativo, referente à exposição de fotos e executar atividades fazendo com que interajam com matérias primas a fim, de conseguir uma produção.

No primeiro momento ao receber os visitantes e procurando ambientá-los, explicamos que a Casa da Cultura foi inaugurada 1982, e através do vídeo sobre a história da casa puderam constatar que era o antigo prédio da Escola Victor Meirelles, seu nome homenageia o artista plástico itajaiense José Bonifácio Brandão, cujas obras de arte tiveram projeção nacional. Comentou também que ela foi criada para atender a uma necessidade da comunidade de Itajaí, uma educação voltada as artes e à cultura, oportunizando, por meio de 17 cursos artísticos, ensino-aprendizagem, estético e estimulando o senso crítico, através das aulas de artes plásticas, música, teatro e outras expressões culturais. Levamos os visitantes a conhecerem o espaço interno, além de serem apresentados a alguns professores que lecionam alguns dos cursos oferecidos na casa.

No segundo momento entramos na galeria onde estava a exposição de fotos do fotógrafo Beto Bocchino, eram imagens sobre Itajaí, a cultura local, o povo, alguns pontos turísticos e imagens de quando o mesmo (Beto) viajou à Índia, em círculo foi conversado sobre sua vida sua construção profissional, seus curtas, premiações; eles (visitantes) observavam livremente as fotos e puderam identificar as características do povo itajaiense, alguns contaram histórias de seus avós que eram pescadores. Segundo Ana Mae Barbosa (2010, p.92) “Interpretar uma exposição é tão importante quanto instalá-la! São atividades que têm como suporte teorias estéticas, conceituação de espaço e de tempo”.

A “Galeria de Arte” pode ser definida como um espaço destinado a pinturas, esculturas, instalações e outras formas de expressão das artes visuais, onde estas são expostas e devem possibilitar segurança, visualização, correto posicionamento, iluminação e circulação do público. Segundo Ana Mae Barbosa (2010, p. 92):

[...] na maioria dos museus o arte/educador é um apêndice e é até dirigido, orientado, pelo curador, que diz o que deve ser feito ou como deve ser lida a exposição pelo público, e compete ao arte/educador apenas orientar para aquela leitura ou executar a animação proposta.

No terceiro momento a proposta de atividade era relacionada com as exposições das fotos de pescadores, foi entregue alguns materiais como: papel sulfite, papel pardo, lápis de cor e tesoura para produzirem dobraduras de navios, alguns sentiram dificuldades em fazer as dobraduras e preferiram pintar; o resultado final foi a produção de dobraduras fizemos uma intervenção no pátio descoberto que fica no centro da Casa Da Cultura.

Trabalhar com o conhecimento cultural foi gratificante, pela ampliação do conhecimento dando sentido ao relacionar com as experiências e desenvolvendo o estético, estimulando e resinificando o mesmo (conhecimento).

O trabalho de mediação permite ao visitante “fazer a leitura de uma obra de arte” de maneira instigativa, agregando aos conhecimentos teóricos prévios a possibilidade de ir além de uma leitura formal.

3 EXPRESSÃO CORPORAL E DRAMATIZAÇÃO NO MAGISTÉRIO

O curso do Magistério do Ensino Médio é profissionalizante, não é curso superior, mas de nível médio, habilita o formado a lecionar na Educação Infantil. Em âmbito nacional, a Resolução CEB Nº 2, de 19 de abril de 1999 (Institui Diretrizes Curriculares nacionais para a Formação de Docentes da Educação infantil e dos anos iniciais do ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade normal) respalda a continuidade deste curso de formação de professores. Além dessa legislação e da LDB 9.394/1996, o Curso de Magistério da rede pública estadual de ensino, está amparado pelo Parecer Nº 316/1997/CEE (Alteração Curricular do Curso de Magistério - Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, da rede estadual). Esses dispositivos legais determinam que esse curso tenha a duração de 4 anos.

Aprender e ensinar constituem duas atividades muito próximas da experiência de qualquer ser humano. Aprendemos quando introduzimos alterações na nossa forma de pensar e de agir, e ensinamos quando partilhamos com o outro, ou em grupo, a nossa experiência e os saberes acumulados.

Esta intervenção configurou-se na mais significativa pelo seu nível de complexidade, pois, o estágio foi realizado numa instituição que tem como objetivo formar futuras professoras para a educação infantil e o ensino fundamental. Infelizmente através da observação diagnosticamos que muitas alunas do magistério apresentaram bloqueios quanto aos aspectos cognitivo, afetivo, emocional, gerando assim, dificuldade de expressarem seus sentimentos, pensamentos, sensações, espontaneidade, criatividade, imaginação e concentração. Uma vez que é necessário para a sua profissão no magistério, algumas já atuam como auxiliares de professores e já possuem contato direto com os alunos. O desconforto diante de atividades obsoletas, tradicionais fez com que as alunas bloqueassem seus pensamentos, sentimentos, ideias, atitudes e comportamentos.

Para promover uma aprendizagem que levasse em conta o aspecto cognitivo e afetivo das alunas, a prática pedagógica foi fundamentada num modelo dinâmico da autora Olga Garcia Reverbel, que em seu livro “Jogos Teatrais na Escola”, considera importante e relevante a ideia de que todo mundo é capaz de fazer teatro de se expressar, desde que seja bem conduzido, ao trazer a perspectiva do jogo Dramático ao Brasil, Reverbel traz embutida uma perspectiva de processo de superação de dificuldade, de encaminhamento, trazer um tema para o qual as pessoas emprestam suas vivências e suas experiências contribuindo de maneira a enriquecê-lo, podendo então ser improvisado pelo grupo. Evidentemente, envolvendo todas as questões de acerto grupal, da combinação, do cuidado para que as pessoas entrem num acordo umas com as outras.

Assim, a questão que levantamos diante desta problemática, foi: será que as alunas irão vencer suas dificuldades através da prática de atividade de expressão? Por esse motivo o objetivo da intervenção era adicionar a arte como instrumento da prática pedagógica, desenvolvendo atividades de expressão artística, estimulando nas alunas sua capacidade de observação, percepção e imaginação, capazes de exteriorizar seus pensamentos, sentimentos e sensações. No decorrer das atividades propostas iriam reconhecer a arte no exercício do ensino aprendizagem, estimulando assim, suas capacidades perceptivas, imaginativas e criativas, passando a descobrir a si mesmo, em relação seu mundo social, adquirindo a consciência crítica e analítica.

A intervenção foi organizada em quatro encontros: na primeira oficina com uma turma de 26 alunas com idade entre 18 a 40 anos trabalhamos em conjunto, com atividades de descoberta do corpo, vários exercícios como alongamento, força invisível, mímica, dança, sensações de calor, frio, alegria, tristeza e outras foram expressas.

Tanto as atividades de expressão gestual como as de expressão verbal inscrevem-se num contexto contemporâneo e social. As atividades de expressão não visam à formação de um artista, mas ao desenvolvimento de um ser dinâmico e social.

 Na segunda oficina, expressão gestual: sem falar elas imitariam cenas familiares, situações cotidianas e improvisação com objetos, formaram grupos de três a quatro membros. Foram entregues alguns objetos de uso doméstico para representarem a cena foi cômica: apresentaram briga na hora do jantar, o assalto na parada do ônibus e na improvisação fizeram uso dos objetos que traziam consigo, por exemplo, o guarda chuva virou cavalo, revólver, vasoura e outros.

A arte, enquanto linguagem, interpretação e representação do mundo, é parte deste movimento. Enquanto forma privilegiada dos processos de representação humana é instrumento essencial para o desenvolvimento da consciência, pois propicia ao homem contato consigo mesmo e com o universo.

Esse processo de conhecimento pressupõe o desenvolvimento de capacidades de abstração da mente, tais como identificar, selecionar, classificar, analisar, sintetizar e generalizar. Tais habilidades são ativadas por uma necessidade intelectual existente na própria organização humana.

Em 1989 Ana Mae Barbosa escreveu o prefácio do livro “Um Caminho do Teatro na Escola”, e afirma que essa obra de Reverbel é importante até hoje porque inicia uma abordagem metodológica que ela chama de pós-moderna, associando a liberdade de expressão ao desenvolvimento da consciência.

Na terceira oficina quadros de uma exposição, primeiro foi feito a leitura formal da obra do artista impressionista Claude Monet: Mulher com Guarda-Sol e do artista Paul Gauguin: Arearea, realizando uma performance que resultou numa releitura humana: as alunas em grupo se combinavam, discutiam a melhor maneira de representar as obras, nessa atividade a observação era essencial, porém um dos grupos não conseguiu representar a posição que se encontrava a imagem.

Na quarta oficina narrando histórias curtas e as personagens caminham quanto à narração o grupo que realizou teve dificuldade em criar uma história; a desculpa que apresentaram foi que os professores não estimulam esse tipo de atividade, por esse motivo sentem dificuldade de criar algo, um ensino totalmente tradicionalista baseado apenas na cópia, memorização e reprodução. Apresentaram a história dos três porquinhos, inibidas e envergonhadas não conseguiram ser espontâneas e quase não apresentaram; já o grupo que imitou personagens, caminhando pela sala representaram bailarinas, bêbados que reproduzido por um, e imitado por todos do grupo, conseguiram mostrar criatividade e espontaneidade.

O ensino em nossas escolas é tradicionalmente voltado para os aspectos cognitivos. Embora a maioria das obras pedagógicas mencione os aspectos afetivos e psicomotores e ressalte sua importância no desenvolvimento da personalidade do educando, há uma acentuada distância entre as teorias e a prática em sala de aula.

As atividades de expressão artística são excelentes recursos para auxiliar o crescimento, não somente afetivo e psicomotor como também cognitivo do aluno. O objetivo básico dessas atividades é desenvolver a auto expressão do aluno, isto é, oferecer-lhe oportunidades de atuar efetivamente no mundo: opinar, criticar e sugerir.

Portanto, a aceleração das mudanças e das inovações trouxe um problema de natureza essencialmente educacional: o modelo de aprendizagem comportamental não é mais suficiente para aprender o mundo, da forma como ele vem se apresentando de 30 anos para cá.

No último dia da intervenção a professora chamou a atenção de suas alunas, que o seu conceito em relação às mesmas (alunas) mudou muito diante do que presenciou o entusiasmo, interesse e a cooperação das mesmas, uma vez que os professores vivem falando que não fazem nada, que são apáticas, antipáticas e não participam, situações constatadas também em suas aulas. As alunas responderam que as aulas não despertam interesse, aula como essa que tiveram ninguém faz, é significativa.

O resultado desta intervenção foi positivo. As alunas conseguiram sim, perceber a arte como instrumento da prática pedagógica, pela dificuldade que encontraram em realizar as atividades de expressão e ao mesmo tempo o prazer e a espontaneidade de realizá-las, exercício esse não comum na sua vida profissional e que contribuiu para a sua aprendizagem e sua vida profissional.

A reflexão realizada com elas, enquanto futuras professoras, é que principalmente na escola, a criança aprende a conviver com os outros, delineando-se nesse momento sua primeira imagem da sociedade. É na sala de aula que podem acontecer ás primeiras descobertas de si mesmo, do outro e do mundo, pois aí o aluno incorpora-se ao grupo social, ao mesmo tempo em que se diferencia dele. Nessa primeira contradição existencial, reside uma das grandes problemáticas da educação. Nesse momento, o professor busca atingir um duplo e complexo objetivo: “adaptar” a criança a uma determinada sociedade e propiciar condições para que ela desempenhe seu papel com autonomia nas diferentes situações que enfrentar.

Uma sala de aula constitui uma minissociedade, onde as personalidades, tendências dos alunos que a compõem são diversificadas. Orientar o aluno para uma atividade global corresponde ao espírito de nossa época, uma atividade global não somente fornece ao aluno certa carga de informações, mas também estimula seu espírito crítico, fazendo-se avaliar e selecionar os elementos assimilados. Dessa maneira, ele e seus companheiros podem elaborar e expressar suas aquisições, segundo a capacidade de cada um.

Toda Arte é expressão, seja ela o teatro, música, pintura, escultura, cinema ou dança. A Arte pode contribuir para uma formação mais completa, pois, ao conhecer e compreender melhor as artes, os alunos tornam-se pessoas mais sensíveis, capazes de perceber de modo apurado modificações no mundo físico e natural, e também de experimentar sentimentos de ternura e compaixão.

Os exercícios que os livros de Reverbel (1996) Jogos Teatrais na Escola e Um Caminho do Teatro na Escola, propunham, atividades que despertaram o cognitivo, o afetivo e o emocional das alunas, o amadurecimento e a transformação que a arte proporciona, acendeu a capacidade de crescer e refletir sobre a importância da arte como instrumento da prática pedagógica, estimuladora do senso crítico, criativo, espontâneo e com a função de desenvolver potencialidades (como percepção, observação, imaginação e sensibilidade).

Visto que a aprendizagem gera desenvolvimento e evolução individual e social, a não aprendizagem os impossibilita.  Entre elas, a perspectiva afetiva, cognitiva, explica o fracasso escolar como consequência de algum conflito emocional, isto porque as emoções têm uma relação íntima com a aprendizagem, esses fatores se encontram a inadequação dos métodos pedagógicos, as dificuldades na relação professor-aluno, a precária formação do professor, raiva ou hostilidade, apatia, comportamento antissocial de oposição. Esse tipo de comportamento envolve conflitos com professor e aluna e faltas voluntárias às aulas.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A extensão da universidade se articula com o ensino, os estágios da prática pedagógica realizados na instituição de Ensino- Formal e Ensino- não Formal, contribuiram para divulgar na sociedade os resultados do conhecimento, estimulando o desenvolvimento da cidadania.

Nessa perspectiva questina-se o que as artes podem fazer por nossos alunos? A melhor resposta encontra é de que, ao realizarem atividades artísticas, os alunos desenvolvem autoestima e autonomia, sentimento de empatia, capacidade de simbolizar, analisar, avaliar e fazer julgamento mais flexível; também desenvolvem o senso estético e auxiliam o desenvolvimento de habilidades que expandem a capacidade de dizer mais e melhor sobre si mesmo e sobre o mundo. Sabemos que é no próprio processo de sua produção que as ideias sao formadas e clarificadas. Por estensão, podemos dizer que o processo de expressar conhecimentos, valores e afetos por meio de imagens visuais, sons, gestos, movimentos e palavras ajudam os alunos a compreenderem melhor os conhecimentos, valores e sentimentos que tentam expressar, conferindo sentidos plenos à atividade que realizam.

Nesse caso, pode-se afirmar que a sociedade tem ao seu alcance, a possibilidade de conhecer e apreciar a arte como instrumento da prática pedagógica, despertando a sensibilização e o conhecimento, contribuindo para uma formação mais completa .

As dificuldades encontradas no Ensino Formal foram varias começando desde a estrutura física por não ter uma sala ambiente, o número elevado de alunos, mas sitarei apenas uma que chamou mais atenção, em pleno século XXI, a arte está sendo muito mal orientada nas escolas. Os professores de arte ensinam da mesma maneira conforme a proposta currícular  de educação artística. A apreciação artística e história da arte não tem lugar na escola, as visitas a exposições são raras e em geral pobremente preparadas. A viagem de ônibus é mais significativa para os alunos do que a apreciação das obras de arte. No Ensino não Formal a dificuldade encontrada foi a baixa procura por parte da comunidade em frequentar esse espaço cultural, pois por parte dos que administram falta divulgação inteligente que estimule qualquer cidadão visitar, apreciar e conhecer esse recinto que deve ser parte da vida de todos que houviram, houvem e houviram falar de um quesito muito importante da vida de todos que são a  arte e a cultura.

É lamentável constatar que ainda exista ditos “profissionais” que teimam em agir de forma retrógada, penalizando alunos e a instituição de seu desenvolvimento, e não percebam o enorme prejuízo que comentem. A minha presença foi um tanto desconfortável perante os professores, por proporcionar prática pedagógica inovadora, criativa, reflexiva, norteada por profissionais como a doutora Ana Mae Barbosa, Vygotsky e Olga Reverbel que tornaram o ensino aprendizagem significativo ou que orientaram para uma prática pedagógica eficaz e concreta. Assim, segundo Ana Mae Barbosa (2010) Arte não é apenas básica, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário, e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano.

O resultado final desses estágios foi positivo no sentido de saber que a arte não é apenas socialmente desejável, mas socialmente necessária para a vida humana, e que a aprendizagem não é apenas um processo de aquisição de conhecimentos, conteúdos ou informações. Aprendizagem é um processo de aquisição e assimilação de novos padrões e formas de perceber, ser, pensar e agir. Assim, podemos dizer que a aprendizagem é a mudança de comportamento e para que essa mudança aconteça se faz necessário proporcionar práticas que levem os alunos a serem sujeitos críticos, criativos, inovadores, reflexívos, autonômos e independentes na sua forma de pensar, agir e sentir.

7 REFERÊNCIAS

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 27 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

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