FAP- FACULDADES DA ALTA PAULISTA






PAULO ALBERTO DOS SANTOS BUTTIGNON






A ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO










Tupã ? SP
2010
FAP- FACULDADES DA ALTA PAULISTA









A ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO




Pesquisa apresentada ao Curso de Letras, Licenciatura Plena em Língua Portuguesa e Língua Inglesa e suas respectivas Literaturas. Orientadora: Profª Andréa Scavassa Vecchia Nogueira.






Tupã ? SP
2010
Paulo Alberto dos Santos Buttignon

A Argumentação No Discurso Político










Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Curso de Letras das Faculdades Fadap / Fap, como parte dos requisitos necessários para a colação de grau no Curso de Letras.




Data: _____/_____/______

Resultado: _____________.

Orientadora:

Profª __________________________

Ass. ___________________________



DEDICATÓRIA



























Aos meus pais, Roberto Buttignon e Maria Nair dos Santos Buttignon, pelos exemplos, amor e dedicação. Aos meus professores e amigos do Curso de Letras.


AGRADECIMENTOS



























Em primeiro lugar, ao meu Deus, Senhor e Salvador da minha vida, princípio de sabedoria, e amor. Pela minha vida, minha dedicação e perseverança, aos meus Pais que me incentivaram, aos meus irmãos, à Faculdades Fadap/Fap, aos funcionários, a todos os Professores pela paciência, amor, carinho, e por acreditarem em mim.
SUMÁRIO


1 Elementos Pré-textuais..................................................................................................................... 1

1.1 Capa ....................................................................................................................................... 1
1.2 Folha de rosto ......................................................................................................................... 2
1.3 Folha de Aprovação ............................................................................................................... 3
1.4 Dedicatória.............................................................................................................................. 4
1.5 Agradecientos......................................................................................................................... 5
1.6 Sumário................................................................................................................................... 6
1.7 Resumo................................................................................................................................... 7

2 Elementos Textuais......................................................................................................................... 8

2.1 Introdução................................................................................................................................. 8
2.2 O discurso, o texto e a manifestação da ideologia................................................................... 8
2.3.O discurso político.................................................................................................................... 9
2.4 A interação no discurso político ............................................................................................ 10
2.5 Estrutura do discurso político e seus recursos expressivos .................................................... 12
2.7 A linguagem persuasiva no discurso político ........................................................................ 15
2.8 A argumentação no discurso político ..................................................................................... 16

2 Elementos Pós- Textuais ............................................................................................................ 21

3.1 Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 21













RESUMO
Este trabalho visa à análise da construção da argumentação no discurso político, para a compreensão faz-se mister o esclarecimento prévio de discurso, texto e manifestação da ideologia. Todo a discussão está endossada no discurso político e na orientação para construção de um discurso argumentativo por meio da linguagem e seus recursos expressivos, tais como adequação vocabular, figura de linguagem, chamada do interlocutor, ênfase em determinadas idéias, repetição de idéias, interrogação e frases feitas.
Trataremos da linguagem persuasiva como um revelador de intenções do político pautada no ato de persuadir e nos propomos a investiga os elementos necessários para construir a argumentação no discurso político.
















Palavras-chaves: lingüística; argumentação; discurso político
INTRODUÇÃO


A questão da argumentação no discurso político é a discussão presente nesse trabalho frente às diferentes perspectivas do estudo sobre a linguagem. Podemos, assim, compreender aqui desde posições que a consideram constitutivas, incontornáveis.
Nesse texto, ao entrar na consideração a argumentação na linguagem, visamos mostrar alguns aspectos que caracterizam a construção do discurso político. Isso implica em falar do discurso e sua linguagem persuasiva, pensando-se o sujeito como político, sua história e a ideologia, bem como todo contexto de produção, enquanto sujeito falante que deseja colocar em cena uma intenção.
Para se ter um discurso político, é necessário considerar a representação do sujeito na constituição do sentido, e, por outro, construir um conceito de texto que se articule a este conjunto de preocupações. Nessa perspectiva, consideramos que o sentido de uma seqüência lingüística inclui, sempre, a representação do sujeito do enunciado, ou seja, o texto materializa o discurso e, por meio dele, apresenta-se a ideologia.

1. O DISCURSO, O TEXTO E A MANIFESTAÇÃO DA IDEOLOGIA

Entendemos discurso como a prática social de produção de textos. Isso significa que todo discurso é uma constituição social, não individual, e que só pode ser analisado levando em conta seu contexto histórico social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada a do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m). Ou seja, consideramos discurso como a:

[...]?manifestação verbal capaz de recobrir de um valor intersubjetivo pragmático: capaz de representar uma ação entre interlocutores, no interior de uma situação particular de produção?. O produtor deve dominar todos os elementos que permitam que a redação seja reconhecida como um totalidade semântica, e esta unidade semântica configurar um discurso" (PÉCORA, 1983, p. 48 apud VECCHIA, 2008, p. 33).


Para Ducrot e Todorov (2001), não há discurso neutro, uma vez que este carrega uma manifestação ideológica.

A ideologia, segundo Fiorin (1998:28), é o "conjunto de idéias, representações que servem para justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do homem e das relações que ele mantém com os outros homens". Não existem, portanto, idéias fora dos quadros da linguagem, já que para cada formação ideológica temos uma formação discursiva, a qual materializa uma visão de mundo, impondo ou determinando o que deve ser dito. Dessa forma, o discurso exprime a realidade.

Além disso, o discurso não é original, ou seja, qualquer enunciado já foi produzido em situações diferentes; alteram-se os interlocutores, ou o tempo, ou até o espaço. Compreendendo o discurso dessa forma, o texto seria, então, a materialização do discurso. Assim, o texto pertence ao plano da expressão, organizando da melhor forma os elementos que veiculam o discurso. Como produto da atividade discursiva, o texto, por sua vez, é objeto empírico da análise do discurso político sugerido nesse trabalho. Por essa razão, vale-nos ressaltar a importância de se apresentar um texto com idéias claras, bem articuladas e coerentes, a fim de alcançar a compreensão de seu interlocutor e atingir o objetivo da persuasão.


2. O DISCURSO POLÍTICO

São inúmeras as formas através das quais os discursos se organizam: científico, religioso, político, cada um desses pode ser dividido em muitos outros, cada um contendo características próprias do funcionamento. Aqui a "análise" se dá em torno do discurso político que é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista dos interlocutores que o representa, e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos religiosos e outros. O político neste contexto segundo Koch, p. 87 ao produzir um discurso manifesta suas intenções e sua atitude perante os enunciados que produz através de sucessivos atos ilocucionários de modalização, que se atualizam por meio dos diversos modos de lexicalização que a língua oferece. Freqüentemente, esse tipo de discurso apresenta-se como uma fala coletiva que procura sobrepor-se em nome do interesse da comunidade e construir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.

O discurso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio e implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor suas idéias, os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução, através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos lingüísticos. Valendo-se da argumentação, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito.

2.1. A INTERAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO

A interação entre os sujeitos ocorre por meio da linguagem e nós utilizamos as funções da linguagem para expressar as nossas intenções e quando comunicamos desejamos, acima de tudo, materializar nossas intenções, onde não há intenção, não há necessidade de comunicação (Emediato, p. 18). O sujeito pode se valer das funções da linguagem, referencial, conativa, metalingüística, poética, expressiva e fática durante seu discurso para atingir suas intenções. Daremos ênfase às duas últimas funções mencionadas.
O político no ato de comunicação revela suas intenções de estabelecer uma relação com o outro, iniciar ou finalizar um diálogo. Para tanto, faz uso da linguagem fática que contribuirá para estabelecer contato ou rompê-lo, esta função,

[...] é definida como o conjunto de estratégias que construímos para iniciar um contato comunicativo com alguém ou para romper um contato comunicativo já iniciado. (Emediato, p. 19).

Expressão como boa noite, tchau, eu gostaria de, senhores, população de São Paulo, eleitores, constituem expressões fáticas comuns no discurso político! Expressões e estratégias bem mais complexas do que as citadas acima podem ser formuladas conforme a intenção do locutor e a situação.

A função expressiva situa o sujeito em sua individualidade, pois revela sua subjetividade (Emediato, p.21). Por meio dessa função o sujeito político permite aos eleitores conhecerem a sua natureza político-humana, afetiva e emocional, relativizando sua natureza racional, ou seja,

[...] através da função expressiva, o sujeito que comunica expressa seus estados emocionais, suas atitudes afetivas diante do mundo e dos acontecimentos, suas opiniões pessoais, morais e ideológicas. (Emediato, p. 20)

No discurso político o enunciado se reveste de primeira pessoa, sobretudo no singular (eu). Para Emediato,

[...] é a expressão de um sujeito que expõe seus estados de alma, ou seja suas emoções no texto. É a forma enunciativa que expressa por excelência a subjetividade, ou seja que permite ao sujeito falante revelar seus próprios estados afetivos (p. 138) .

O candidato quando faz uso da primeira pessoa faz questão de explicitar sua emoção com frases exclamativas, avaliativas, expressando o seu desejo e seus afetos, o trecho abaixo confirma esta colocação, "Digo com toda franqueza. Chegou a nossa hora. Somos a décima economia do mundo e ainda não sediamos os Jogos Olímpicos. Para os outros, será apenas mais uma Olimpíada. Para nós, será algo inédito."

O momento do discurso que faz menção à enunciação em segunda pessoa (tu, você) visa interpelar diretamente o alocutário (interlocutor), envolvendo-o em uma interlocução. (Emediato, p. 139).

Já na primeira pessoa do plural, a mais utilizada reflete uma aproximação entre locutor e seu auditório, proporcionando uma interação, dividindo, pois, a responsabilidade do ato de fala, esse fato é sugerido no discurso de Luis Hinácio Lula da Silva sobre os jogo Olímpicos de 2016 que se segue.
"Com muito orgulho represento aqui as esperanças e sonhos de mais de 190 milhões de brasileiros. Estamos todos unidos torcendo pelo Rio de Janeiro"

Já a enunciação em terceira pessoa, não é utilizada pelos políticos, pois,

[...] a enunciação em terceira em pessoa tendo como objetivo principal apagar a presença do enunciador, produzindo um efeito de distanciamento do sujeito falante em relação ao discurso. (Emediato, p. 140)

Como há o interesse de haver traços de subjetividade e aumentar tal efeito, não convém o uso da terceira pessoa, bem como a indeterminação do sujeito.


2.2 A ESTRUTURA DO DISCURSO POLÍTICO E SEUS RECURSOS EXPRESSIVOS

A fim de evidenciar a manipulação da linguagem no discurso político, analisamos alguns recursos que são fundamentais para a sua composição. Não há possibilidade, porém, de revelarmos todos os aspectos, mas selecionamos alguns que consideramos interessante para o momento. Dentre eles:

a) Adequação Vocabular

É notório que é possível transmitir a mesma idéia por meio de textos distintos. Assim como é bastante razoável que há formas de expressão textual mais adequada em determinados contextos que em outros. Por exemplo, é natural expressarmos a mesma idéia em formas textuais diferentes dependendo se o seu destinatário é uma criança ou um adulto.

Reconhece-se que em conformidade com o grupo a que se pertence a cada momento, há contextos distintos de produção das atividades de linguagem. Não nos expressamos da mesma forma sempre, mas alinhados com a nossa necessidade de comunicação e com o tipo de interlocutores com quem temos que nos comunicar por essa razão a seleção lexical é de suma importância pois,

[...] ao produzir um texto, o aluno utiliza expressões e por elas espera ser compreendido. Acontece que a compreensão de uma palavra depende de seu sentido adquirido dentro da oração, tanto no nível sintático como no nível semântico." (Vecchia, p.142)


b) Figura De Linguagem

O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade refere-se às figuras de linguagem, são recursos que tornam as mensagens mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras. As figuras de som dividem-se em aliteração, assonância e paranomásia. As figuras de construção constituem a elipse, zeugma, polissíndeto, inversão, anacoluto, pleonasmo, anáfora, silepse, esta pó sua vez pode ocorrer de gênero, número e pessoa. As figuras de pensamentos são antítese, ironia, eufemismo, hipérbole, prosopopéia, gradação ou clímax e apostrofe. As figuras de palavras a que nos interessa nesse estudo é constituída de metonímia, catacrese, antonomásia, sinestesia e metáfora. Todas as figuras de linguagens apresentadas são utilizadas pelos políticos, com intuito de torna o discurso mais expressivo pautar-nos-emo na metáfora que consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido. O trecho abaixo em que Lula discursa sobre o estado utulizando a metáfora.
"O estado nada mais é que uma mãe, e mãe sempre vai dar mais atenção ao seu filho mais fraquinho."

c) Chamada Do Interlocutor

O momento do discurso que faz menção à enunciação em segunda pessoa (tu, você) visa interpelar diretamente o alocutário (interlocutor), envolvendo-o em uma interlocução. (Emediato, p. 139). Exemplo: frases do discurso político.

d) Ênfase Em Determinadas Idéias
Esse aspecto, a ênfase, contribue decisivamente para o êxito do discurso político. Sabe-se quando da utilização de forma apropriada transmite ao eleitor a intenção exata revestida no discurso. É recurso poderoso de que se dispõe o político para conduzir os eleitores a interpretação do que ele deseja.
e) Repetição De Idéias

Geralmente utilizada para se dar ênfase a determinada idéia, repetindo-a. À esse recurso dá-se o nome de redundância, o uso se justifica,

[...] talvez por estilo, para criar um efeito, até por falta de atenção, o locutor repete em um enunciado, ou numa seqüência de enunciados, a mesma palavra, expressão ou idéia. (Vecchia, p. 126)

Caso este recurso seja utilizado num discurso sem a intenção da ênfase como meio de ressaltar uma idéia, constituíra desvio lingüístico, prejudicará o discurso, tornando-o repetitivo e sem fundamento.




f) Interrogação
Como um dos recursos argumentativos, as frases interrogativas são utilizadas com muita freqüência no discurso político, segundo Vecchia são elas que quebram a monotonia e reduzem um excesso de exposição sobre determinado assunto.
g) Frases Feitas

Quando um político não consegue discutir uma assunto a partir de suas idéias, e acaba recorrendo a frases feitas, ocorre o uso do clichê que para Vecchia são as chamadas expressões prontas (provérbios, ditados, verdades universais).

2.3 A LINGUAGEM PERSUASIVA NO DISCURSO POLÍTICO

No discurso a linguagem persuasiva figura como um revelador das intenções do político pautada no ato de persuadir, e este por sua vez
[...] destina-se a um auditório particular, utilizando argumentos que podem levar a inferências (mas não a verdades absolutas). Por citação.

O câmbio de idéias entre "persuasor" e "persuadido", em que este conhece aquele, quanto à vivência, paixões, crenças, lógica, história pessoal, ou seja, o universo cultural e ideológico, ocorre no discurso político por meio da linguagem persuasiva. Sendo assim,
[...] o "persuasor" conhece o universo daquele que será "persuadido", dessa forma, procura o melhor meio para conseguir o seu objetivo. (VECCHIA, p. 57)

A linguagem persuasiva, para Bellenger (1987) é constituída pela credibilidade, coerência, congruência e consistência. Para haver a credibilidade no discurso político, é necessário que seu locutor apresente a sua idéia e relacione-a a fatos e provas que a confirmem. Assim, o discurso terá procedência e credibilidade.
A coerência é fator importante, uma vez que o político ? enunciador ? deve apresentar seu discurso com certa ordem lógica, preocupando-se com as relações entre as partes de seu texto, de forma que não venha a se contradizer.
Já a consistência, torna-se importante no momento de defesa de suas idéias, já que para o persuasor deve haver uma continuidade em seu propósito, ou seja, o que diz hoje deverá ser mantido até o fim da campanha ou de seu mandato, caso seja vencedor.
Enfim, a congruência é tudo que torna pertinente a persuasão em três planos: o eleitor visado pela influência, a situação na qual se inscreve a influênia; a atitude propriamente dita do "eleitor".
È necessário se levar em consideração cada contexto, entretanto,

[...] para ser persuasivo, é preciso produzir "aquilo que convém exatamente" ao que os outros imaginam de nós, ao que esperam, ao que a situação contém como possibilidades de evolução". (Vecchia, p. 57 e 58)


2.4 A ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO

A argumentação é vista como a busca da persuasão de um auditório (alocutário) pelo locutor e o no discurso político é essencial para obter a adesão do eleitor (interlocutor) e tem como referência para sua produção o raciocínio humano, que por sua vez, está pautado em provas e controversas. Ela é aplicada

[...] no universo, dos discursos construídos em linguagem natural e polissêmica, em situações de debate, de decisão de escolha (Perelman, 1996), (Mauro, p.184)

O raciocínio argumentativo utilizado para a adesão do público eleitor deve se apresentar menos coercitivo e mais pluralista segundo (Moura, p. 185), sendo um raciocínio que se exercita na e através do discurso, envolve a dimensão intersubjetiva, e abre-se às influências dos fatores psicológicos, afetivos, sócio-culturais, ideológicos. Embora a subjetividade marque a natureza desses discursos persuasivos, a persuasão não renuncia a razão. A razão segundo Perelman (1996), é usada para dirigir nossa ação e para influenciar a dos outros. (moura, pag. 185).

Ao expressar o raciocínio, apresentamos provas que podem ser aceitas pelo alocutário e convençam-no da verdade que propomos e lgumas dessas provas são fatos, indícios. Segundo Mauro (p. 191) se os fatos como premissa são caracteristicamente os pontos de partida escolhidos para o desenvolvimento do raciocínio, eles funcionam como suporte para a argumentação, as premissas que expressam fatos podem já se constituir como uma prova da argumentação.

A argumentação desempenha um papel importante na articulação da linguagem com a ideologia do sujeito sustentada pela noção de antecipação e esquecimento. Esta está ligada ao intersiscurso (esterioridade discursiva) e aquela sustentada pelo funcionamento das formações imaginárias (posições do sujeito). (Eni Puccinelli Orlandi)

A argumentação é fundamental na construção do discurso político, colaborando para a expressão da ideologia do político e visa persuadir ou convencer um auditório da validade de uma tese ou proposição. O objetivo dela é construir uma comunicação persuasiva.

A argumentação tem muitas definições pautar-nos-emos aqui na definição dada por Patrick Charaudeau (1992). ELe aponta que, para que haja argumentação, é preciso uma afirmação (proposição, tese) sobre o mundo que seja importante para alguém e cuja legitimidade possa ser sujeita a controvérsia; um quadro de problematização, introduzido pelo sujeito que argumenta e que orienta a perspectiva na qual ele insere o problema levantado em a afirmação, tese ou proposição. Tem-se então a partir dessa definição a presença dois sujeitos que,

[...] trata-se de pessoa do interlocutor ao qual se dirige o sujeito que argumenta esperando poder convencê-lo ou persuadi-lo de uma mesma verdade, sabendo que ele pode aceitá-la ou recusá-la. (Emediato, p. 161).


A representação do alocutário constitui o próprio modo de argumentar,o discurso político-argumentativo estrutura-se a partir da afirmação (proposta, tese) seguida de análise sobre algum fenômeno proposta pelo político direcionando o posicionamento, posição do eleitor sobre o fenômeno posto em discussão este último demonstrará concordância ou discordância a respeito do quadro de problematização, orientação que o politico que argumenta quer dar ao seu discurso. Quanto à formulação dos argumentos, não se pode argumentar bem sem apresentar, em um determinado momento, argumentos com a probabilidade de serem aceitos como plausíveis e aceitáveis pelo interlocutor ou pelo auditório.

Há vários tipos de argumentos utilizados nos discursos políticos, afinal é a intenção que revela a argumentação e sua estratégia de persuasão - como argumentos empíricos ou fatuais; a causalidade (a causa final); os argumentos fundados em uma confrontação; o argumento ad personam (contra o adversário); a argumentação probabilista (sondagens, estatísticas); a identificação manipuladora.

Existem muitos exemplos orientação argumentação, utilizamos o exemplo que se segue dada por Ducrot como escala argumentativa,

[...] orientar argumentativamente com X é apresentar a seu conteúdo A como devendo conduzir o interlocutor a concluir C (também um conteúdo). Ou seja, orientar argumentativamente é dar A como uma razão para se crer em C (Anscombre e Ducrot, 1976, p. 13). Neste sentido, orientar argumentativamente é apresentar A como sendo o que se considera devendo fazer o interlocutor concluir C. O que leva à conclusão é o próprio A. Ou seja, é tomado como uma regularidade do sentido enunciado a representação de sua enunciação como orientada argumentativamente. (Guimarães, p. 25)

Esse tipo de argumentação é relativa a uma corrente racional, pois visa explicar os fenômenos seguidos de lógicas de raciocínio explicitas, com o objetivo de convencer o outro do caráter verdadeiro ou verossímil de uma explicação. A argumentação não é apenas algo acrescentado à língua de igual forma,

[...] é importante ressaltar aqui que para Perelman a argumentação não é vista como um acessório a serviço da transmissão da verdade. (Guimarães, p. 24)

Para Emediato p. 163, enquanto uma atividade discursiva, a argumentação persegue a racionalidade e o ideal da verdade, visando a explicação dos fenômenos e dos problemas que interessam aos homens. Mesmo com discursos de cunho universal a interpretação, a aceitação se dá em planos de percepção individual e social das pessoas, experiência determinada no tempo, no espaço e na cultura. Assim,

[...] isso faz com que a busca da verdade seja, de fato, uma busca daquilo que seria "mais verdadeiro" (e não a verdade em si). Trata-se, portanto, da busca do verossímil, ou seja, daquilo que se apresenta como sendo mais aceitável por todos ou pela maioria. (Emediato, p. 163) refutação do argumento Andrea vecchia.

Os argumentos cujos traços constitutivos são os de serem empregados com a pretensão de orientar o interlocutor para descrever certos tipos de conclusão, dedução ou inferência a que se quer chegar a partir dos argumentos apresentados e sua pertinência e adequação ao quadro de problematização apresentado. Os tipos de argumentos utilizados nos discursos políticos revelam a arguementação e suas estratégias de persuasão a seguir:

- argumentos empíricos ou fatuais;
- a causalidade: a causa final;
- os argumentos fundados em uma confrontação;
- o argumento ad personam (contra o adversário);
- a argumentação probabilista: sondagens, estatísticas;
- a identificação manipuladora.

Para uma boa argumentação faz-se necessário evitar o uso de clichês, redundâncias sem intencionalidade e ter a cautela de priorizar a beleza estética do discurso sem focaliza o conteúdo, coerência nas idéias, uso preciso de mecanismo coesivos afim de se ter boa articulação de idéias, ordem dos argumentos. Enfim, a adequação de idéias para determinado público também é essencial para que o discurso político seja eficaz, pocedente.





















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUCROT, Oswald. Princípios da Semântica Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1997.

EMEDIATO, Wander. A Fórmula Do Texto. São Paulo: Geração editorial, 2004.

FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Editora Ática, 1988.

GUIMARÃES, Eduardo. Texto e argumentação: um estudo de conjunção do português. Campinas/SP: Pontes, 1987.

KOCH, Ingedore G. Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1987.

MAURO, Maria A. Ferreira. Argumentação e Discurso. São Paulo: Humanitas FFLCH/USP, 2001.

VECCHIA, Andréa. Argumentação na escrita. São Paulo: Scortecci, 2008.

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