O conhecimento da leitura pelo sujeito favorece a busca de melhores oportunidades de inserção no mercado de trabalho como apontam os processos seletivos realizados freqüentemente pelo país, pois a maioria destes exige determinado grau de instrução como requisito ao candidato. Assim, o analfabeto encontra-se marginalizado, distanciado da realidade e limitado à ocupação de serviços que rendem baixa renumeração. Diante dessa realidade, os professores precisam incentivar o aluno na aquisição do domínio da leitura.
Devem fazer com que este adquira perspectivas positivas em relação ao seu futuro e, para tanto, se esforce para conseguir alcançar essa aprendizagem tão importante. O principal problema encontrado pelo professor centraliza a falta de interesse do aluno em aprender a leitura. Essa resistência precisa ser quebrada. Isso pede renovação nas práticas pedagógicas e a aplicação de atividades inovadoras sobre a leitura. Também é necessário criar estratégias capazes de potencializar a aprendizagem da leitura pelos alunos a partir do interesse destes e da consideração de sua realidade.
Nesse sentido, o desenvolvimento de atividades contextualizadas é bastante válido por compreender a realidade do aluno. Conforme Araújo (2000, p.09), a leitura deve ser usada "como um instrumento de transformação dos indivíduos na perseguição de uma causa comum a todos: a felicidade inculpada das pessoas, o pleno prazer de todos que fazem parte da nossa sociedade". Assim, o professor precisa efetuar uma análise diagnóstica acerca dos interesses de seus alunos para construir a proposta adequada ao que é apresentado pelo contexto em que eles estão inseridos. O processo de alfabetização não pode se desenvolver de maneira atropelada e acelerada, pois se constitui por etapas de aprendizagem. A primeira destas envolve o estudo das vogais. Nesse momento, o aluno recebe a orientação voltada a identificação e a escrita de cada vogal para, em seguida, começar o estudo do alfabeto.
O auxilio de imagens ajuda muito o aluno durante o processo de identificação das vogais. Ele só pode iniciar o estudo do alfabeto após dominar integralmente a escrita das vogais em forma bastonada e cursiva e a leitura destas, pois a aprendizagem parcial de tais habilidades prejudicará o aluno quando este se aproximar de novos e diferenciados conteúdos como o alfabeto. A complexidade que abrange o estudo deste conjunto de termos encontra-se situada na quantidade superior de letras.
Dessa forma, o aluno deverá aprender a escrever cada símbolo nas duas formas (bastonada e cursiva) e essa tarefa requer muito treino e dedicação já que cada letra possui seus detalhes e particularidades. Após a assimilação adequada da escrita e da leitura do alfabeto, novamente podem ser usadas imagens iniciadas por cada termo do alfabeto com a finalidade de identificar e escrever cada um. Outra tarefa importante consiste em solicitar ao aluno que organize as vogais em suas posições corretas no alfabeto.
Então, o professor sempre estará incentivando a leitura oral do alfabeto, obedecendo à seqüência e a disposição das vogais. A oralidade é fundamental para a aprendizagem da leitura e, por isso, deve ser constantemente utilizada no estudo do alfabeto, das vogais e na resolução das atividades propostas. A partir do instante em que o aluno obtém a compreensão das vogais e do alfabeto, o professor já pode começar o estudo das famílias silábicas. Posteriormente a este estudo, chega o momento de realizar a fusão das silabas e o aluno é conduzido a formar palavras dissilábicas, ou seja, compostas por duas silabas.
Lajolo (1982, p. 112) comenta que após a descoberta da linguagem pelo homem tudo se modificou porque ele descobriu a sua capacidade de nomear as coisas. E foi dessa forma que se completou a sua imensa mudança, pois "o homem não era mais um ser entre outros seres, mas o ser capaz de simbolizar todos os outros". Daí a necessidade de eternizar suas idéias através dos desenhos em suas cavernas. "Bichos, plantas, rios e montanhas receberam nomes. Foram reproduzidos em desenhos, foram simbolizados por sons e sinais gráficos" (ibidem).
Posteriormente a este estudo, chega o momento de realizar a fusão das silabas e o aluno é conduzido a formar palavras dissilábicas, ou seja, compostas por duas silabas. Depois do trabalho com tais palavras, desenvolve-se a formação de trissilábicas e polissilábicas. Depois da conclusão dos estudos citados, o aluno se encontra habilitado à construção de frases e, mais tarde, a realização de produções textuais. Jorge Araújo (2000, p. 20) destaca o seguinte,
quando penso na constituição do sujeito-leitor, penso no re-cordare, no objeto de recordação dinâmica, um retorno ao coração do homem e do mundo, [pois] o filtro da memória afetiva é o que nos leva ao aprendizado do mundo.
Em uma linguagem simples seria o mesmo que afirmar que para construir um leitor promissor, é importante sugerir, criar oportunidades de leituras, abordando assuntos de interesse da criança, ou seja, as indicações de leituras devem agradar ao seu receptor. Percebe-se que a questão da leitura perpassa a questão individual de cada sujeito, inserido em um contexto histórico e sociocultural que deve ser considerado. Não se trata de uma questão coletiva, visto que se corre o risco de desenvolver uma ação de ordem massiva e, conseqüentemente, mal sucedida.
Apesar dos gêneros literários variados trazidos pelos livros didáticos de língua portuguesa é sempre bom manter o contato do aluno com livros paradidáticos, pois estes contribuem de duas formas: oferecendo informações sobre diversos temas e apresentando palavras desconhecidas aos alunos.Segundo Yunes e Pondé (1989, p.37), a interpretação nada mais é do que o exercício do próprio pensamento em torno do pensamento alheio. O uso e a disposição das palavras no discurso, com a finalidade de oferecer um sentido especial, constitui uma ação intencional destinada a emocionar, inquietar e provocar reflexões no leitor.
A consulta ao dicionário deve se tornar um hábito freqüente por viabilizar a aprendizagem a partir do contato direto do aluno a grafia adequada das palavras, reduzindo assim os problemas vinculados à ortografia. Infelizmente, verificamos em nossa sociedade uma grande quantidade de pessoas que apresentam muitos erros ortográficos e outros problemas referentes à falta de coesão e coerência na produção de textos e isso se deve a ausência do habito da leitura por parte destas. Yunes e Pondé (op.cit., p. 60), alertam que
O hábito de leitura se forma ?antes? mesmo do saber ler ? é ouvindo histórias que se ?treina? a relação com o mundo; daí que contar, recontar, inventar, sem que se proíba falar, leva inclusive ao gosto de encenar [...] leitura não é castigo, não exige resposta pronta, nem se mede com provas.

As salas de leitura são indispensáveis nas escolas, pois favorecem muito o desenvolvimento das ações enfatizadas e a aprendizagem do aluno, o qual passa a adquirir mais conhecimentos e se qualificar para a escrita correta das palavras e o desenvolvimento de produções textuais pertinentes aos critérios exigidos pela língua portuguesa. Quanto maior for o acesso do aluno ao material literário diferenciado, como revistas, jornais e livros, maior será a sua formação como leitor crítico e consciente. René Diatkine (1993, p. 7,8), defende a leitura dos contos infantis para a formação de adultos saudáveis e afirma que:
É o jogo entre a linguagem do cotidiano e do texto dos contos que enriquece o imaginário infantil [...] a leitura não deve ser encarada como aprendizado puramente escolar. Ler um conto é uma brincadeira que deve ser repartida com prazer; as crianças precisam de histórias que as levem a conhecer outro mundo.

Na alfabetização das crianças, o uso de livros paradidáticos extremamente ilustrados e com textos curtos possibilita a aprendizagem significativa delas. Desse modo, tais recursos assumem considerável importância para o processo de ensino-aprendizagem das crianças. Assim, os professores devem manter uma postura comprometida e voltada ao constante trabalho com a formação do aluno em leitura, pois esta permite a abertura de muitas oportunidades para a vida profissional deste. Paulo Freire (apud Martins, 1994, p.10) propõe que "a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele".
Aprender a ler não se limita apenas a tarefa de decodificação das letras, sílabas, palavras: existe uma modalidade de leitura que começa desde o nascimento e se faz presente pela vida inteira. Isso significa que as experiências pessoais, individuais ou coletivas, são sempre ativadas no amplo processo da leitura, inclusive, da produção escrita. Ainda de acordo com Paulo Freire (idem, p.12), "ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo", ou seja, o ato de educar, de se ensinar a ler, precisa se constituir em um pacto entre o educador e o aluno.



REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Jorge de Souza. Caderno de Exercícios: algumas reflexões sobre o ato de ler. Ilhéus: Letra Imprensa, 2000.
DIATKINE, René. Histórias sem fim. Entrevista a Fábio Altman. Revista Veja. Rio de Janeiro, 17 mar.1993, p.7-9.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia ? Saberes Necessários à Prática Educativa. 12a ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LAJOLO, Marisa. O que literatura. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19a ed., São Paulo: Brasiliense, 1994.
YUNES, Eliana e PONDÉ, Glória. Leitura e Leituras da Literatura Infantil. 2a ed., São Paulo:FTD, 1989.