O mundo está efervescente e a sopa global tem todos os ingredientes para poder transbordar. A inflação na China chegou aos 6,4% e o tigre chinês ameaça toda a zona asiática. Este problema vai ser de difícil resolução, devido principalmente ao dinheiro quente que continua a inundar a China, uma vez que os investidores e especuladores podem consegui-lo um valor próximo de 0% nos EUA, 0,5% em Inglaterra e 1,5% na zona euro, contra os 6,5% na China.
Poderemos assistir a uma aterragem forçada e prolongada no tempo, da economia chinesa. Assim, a locomotiva económica do mundo vai abrandar e tal como uma borboleta que bate as asas no Pacífico, pode provocar um tornado do outro lado do mundo, os Estados Unidos podem cair em recessão e o comércio internacional travar fortemente.
O mesmo fenómeno com a inflação está a ocorrer na Índia, a outra grande potência emergente, que está com uma inflação de 9%. Países como a Índia, China e Brasil estão incendiados pelo dinheiro quente, que tecnicamente se chama de capitais voláteis. Se acontecer um agravamento súbito no risco causado pela crise na Europa ou pelas dúvidas nos Estados Unidos, a Ásia vai ficar muito exposta.
A atenção mediática está centrada no trio Grécia, Portugal e Irlanda, já com planos de resgate da troika (UE/FMI/BCE) e com níveis de risco de default elevadíssimos, superiores a 50%, mas os verdadeiros elefantes na loja de porcelanas da zona euro são a Espanha e a Itália.
Nos Estados Unidos há um mal-estar crescente. Há uma retoma que não retoma e a recaída na recessão já poderá ter começado. Para piorar as coisas, os republicanos estão a brincar com o fogo, e os chineses têm a noção clara de que estão amarrados a um acordo de mútuo suicídio, se as coisas derem para o torto.
O grande risco deste Verão é que a convergência destas tendências negativas provoque o aparecimento de algum cisne negro ainda imprevisto. Vamos entrar numa fase, em que limpeza do lixo acumulado nas dívidas soberanas, despoletada pela vaga de crises na zona euro, mas que acabará por tocar os Estados Unidos e o Reino Unido. E quando tocar esses dois santuários, a tempestade perfeita ter-se-á formado, a sopa vai entornar-se e estarão em jogo biliões de euros.

Fonte do artigo: http://www.mundocontramao.com