A alienação cotidiana.

Entre uma miscelânea de misérias administrativas e o pouco caso das autoridades, a educação brasileira enfrenta um caos político-ideológico, muito em virtude de uma esfera política neoliberal com ajustamentos "draconianos", limitando a capacidade de crítica dos alunos e mestres que se vêem torneados por discrepâncias que vão desde a má formação dos docentes as mais completas faltas de rigor em aplicações de medidas disciplinares a alunos rebeldes.
O plano estrutural de morbidez e uma fração de classe estudantil deficiente que passa a educação pública brasileira nos remetem ao seguinte questionamento; A quem cabe a culpa por esse flagelo que estudantes e professores tem que se digladiarem diariamente? A um sistema governamental camuflado ideologicamente em um discurso socialista e sindicalista retrógrado, perdido em algum elo entre o mundo bipolar, ou na explosão "malthusiana" da população brasileira nos anos 70, 80 e 90, vindos assim à margem à carência de uma gestão estatal que possa prevenir e controlar as elevadíssimas taxas de natalidade das grandes cidades do nosso Brasil. Em virtude disso, devemos salientar que o crescimento dos milhares de estabelecimentos de ensino superior privado, nas ultimas décadas, destacando-se nesse ponto as licenciaturas onde o candidato e futuro "profissional" em sua boa parcela não têm o mínimo de pré-requisito para vim a exercer sua função, e enxerga esse aspecto uma oportunidade de crescimento social, porém não se importando em despertar o espírito crítico de seus alunos não tendo uma formação adequada para usufruir de sua graduação.
Medíocre educação brasileira e hipócrita. Por de trás de uma demagogia fragmentada em igualdade social e de ascensão sócio econômica, esconde-se um plantel de teorias escatológicas de um Estado mecanicista e repressor, que levam a uma amplitude inigualável do tecnicismo para as salas de aulas formando protótipos de uma ignorância coletivista que abrange a nossa atual sociedade, despertando a ira de educadores e alunos, aumentando o clima de hostilidades permanente na vida escolar. O tecnicismo tem sido uns dos grandes vilões para o quadro deprimente em que se encontra a educação brasileira, isso em decorrência de práticas didático-pedagógicas atrasadíssimas, a falta de estudos e capacitação tanto de estudantes e professores, além das lacunas administrativas que as escolas se deparam, não contendo uma política administrativa homogênea que possa abranger todo universo dos estabelecimentos de ensino criando um "feudalismo" dentro da hierarquia de poder das escolas, fazendo com que muitos diretores e supervisores ajam de acordo com sua vontade sem seguir uma constituição que possas envolver todo o quadro de escolas do país.
A alienação a qual os professores têm que encontrar todos os dias no ensino público tem um perfil até cômico. Com o pragmatismo escolar herdado desde a época socrática, passando pelo ensino atrelado a religião cristã durante a idade média depois suplantada por um escuro ímpeto Iluminista, coloca a vista uma face horrenda de um organismo falido que mantém o ser humano durante horário "X" enclausurado, limitando o seu direito de ir vir. Bem se o direito de escolher seu próprio caminho é uns dos pilares da "Declaração dos Direitos Universais do Homem", porque manter alunos dentro da sala de aulas que não querem aprender, o que faz com que as aulas se tornem cansativas e desgastantes levando tanto professores e estudantes a um índice de condicionamento mental e stress altíssimo, comprometendo por demais o rendimento acadêmico e elevando a taxa de diminuição continua de profissionais para exercer sua funções, muito devido ao excesso de trabalho e as constantes agressões morais, e como se tornou habitual físicas aos "trabalhadores" da educação.
Ah que se fazer uma mudança tanto estrutural como de consciência do papel da escola na sociedade. Cabe a sociedade também uma boa parte de culpa pelo esfacelamento do ensino. Com uma mentalidade de creche que até o mais "foureniano" invejaria os pais não estão lá muito interessados em que seus filhos aprendam, e sim que passem parte do seu dia fora de casa que possa fazer seus afazeres domésticos sem ter a preocupação de ter que zelar pela segurança de seus rebentos. Em suma o professor virou uma babá de luxo, com horários, datas e deveres muito bem estabelecidos para desempenhar seus afazeres.
A quem devemos esperar uma metamorfose que possas elevar nosso padrão de benfeitorias sociais e econômicas? A educação que supostamente liberta? Ou que condena? Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante...