A ALFABETIZAÇÃO E A QUESTÃO DA LEITURA

 

 

Luzinete Alves Assunção Silva

Vanessa A. B. de Andrade

Graça Aparecida M. Porto

Rosane Maria M. N. Kempner

Luciana Antunes N. Marques

 

 

 

RESUMO

O processo de alfabetização de crianças tem sido o foco do diálogo pedagógico de muitos professores e estudiosos na atualidade brasileira. Nunca na história da educação este assunto preocupou tanto os teóricos e pesquisadores da temática. Neste artigo temos com objetivo centrar o nosso olhar no ato de ler, um dos principais quesitos da alfabetização. Traçar as formas de se ensinar a ler tem sido um grande desafio para alfabetizadores em várias escolas do país. Embora tenhamos muitas concepções  sobre o processo de aquisição da leitura pelas crianças o que se pretende aqui é evidenciar uma forma prática de se trabalhar a leitura com crianças pequenas.

Palavras-chaves: Alfabetização. Leitura. Práticas.

ABSTRACT



The children literacy process has been the focus of educational dialogue of many teachers and scholars in the Brazilian reality. Never in the history of education this subject concerned both theoretical and researchers of the theme. In this article we aim to focus our attention on the act of reading, one of the main questions of literacy. Trace the ways to teach reading has been a great challenge for literacy in several schools. While there are many views on the process of learning to read by the children what is intended here is to show a practical way to work reading with young children


Keywords: Literacy. Reading. Practices.

 

1-    INTRODUÇÃO

Ler tem sido uma prática constante na educação, todavia o ensino da leitura tem seus paradigmas e vem ao longo da história colocando esta prática no foco dos diálogos e preocupações de professores e estudiosos do assunto. Se observarmos os índices de reprovações escolares e questionarmos suas causas poderá se perceber que a leitura ao lado da escrita está sempre presentes como as maiores dificuldades e, por conseguinte as causas mais freqüentes de repetências.

É muito comum observarmos alunos que estão já nas séries finais do ensino fundamental apresentar sérias dificuldades com a leitura, o que se resulta é óbvio em péssimas produções textuais, já que em sua maioria a segunda é conseqüência da primeira.  Desta forma entendemos que esta questão está fortemente ligada ao fato de como se ensina e de como se aprende na alfabetização estas práticas tão importantes na vida da criança.

Desta forma o que se propõe neste trabalho é através da experiência e pesquisas bibliográfica dialogar sobre os assuntos levantando hipótese e alternativas para o ensino coeso da leitura na alfabetização. Assim serão bases desta discussão terias de estudiosos do assinto como: CAGLIARI (2002), CAMPELLO (2000), COELHO (1991) GERALDI (1996) e KLEIMEN (2002) entre outros.

2-     LITERATURA INFANTIL

 

 

Sabemos que na idade média a criança era um adulto em miniatura na visão da sociedade, desta forma trabalhavam e acabavam sucumbindo as hostilidades na maioria das vezes. Neste período não havia um pensamento pedagógico voltado para o infantil, a criança estava realmente no mundo dos adultos, e a figura materna estava cada vez mais distante nos primeiros anos de vida. Somente entre 1660-1880 sob a égide de fatores político, culturais e sociais e históricos é vamos ter as primeiras mudanças no tratamento de crianças pequenas, conforme ARIÈS (1992, p. 8)

“o primeiro, o espaço social até então regido pela comunidade, que passa a receber interferência do Estado e sua justiça; em segundo lugar, um aumento da alfabetização e a difusão da leitura; um terceiro fator seriam as novas formas de religião que se estabeleceram nos séculos XVI e XVII”

Não podemos nos esquecer de como as igrejas via as crianças como seres que só podiam ser dominados cm educação religiosa rígida e ao mesmo tempo ríspida, uma idéia que perdurou em meados de VVII. Todavia é exatamente que surgem sob a ótica protestante as primeiras preocupações pedagógicas e tratados de pedagogia.

Os primeiros registros em termos de literatura se deram na França em meados do século do século XVII. Sua função era estrita, ente pedagógica tendo como principais exemplares conforme Coelho (1991, p.75)1668- “As Fábulas de La Fontaine;1691/1697-Os Contos da Mãe Gansa, de Charles Perrault; 1696/1699-Os Contos da Fada, de Mme. D’Aulnoy; 1699-Telâmaco e Fenelon” entre outros.

Os livros eram escritos por pedagogos e dividiam espaços com os contos de fadas. Charles Perrault trazia em sua obras  adaptações narrativa que apontavas para os costumes e comportamentos burgueses. E no século XVIII, não somente as crianças, mas também a s mulheres passam a usufruir um pouco mais de liberdade sob a égide do liberalismo, mas as verdadeiras preocupações com a criança sugiram com a revolução industrial que agora ver a criança como um ser pensante e diferente do adulto.

No século XIX na Alemanha, Franças e Reino Unido sob a influencia dos escritos de Jean-Jacques Rousseau, as crianças passam a ser enxergadas em desenvolvimento no princípio do “crescimento espontâneo e normal da criança dentro de um ambiente natural” o que na verdade era uma interpretação errônea da ideias de Rousseau.

3-    ALFABETIZAÇÃO E LEITURA

 

 

O processo de alfabetização é, pois uma ação pedagógica, que se centra em pilares políticos e sociais e ao longo de sua trajetória vem sofrendo alterações em conceitos e conteúdos e na forma de se desenvolver dentro e fora do espaço escolar. De acordo com as idéias freirianas  a alfabetização é de fato um processo que leva a formação de uma conscientização do homem pelo homem em uma movimentação cultural que amplia os horizontes.

 Segundo as ideias de Cagliari (2002):

A leitura não pode ser uma atividade secundária na sala de aula ou na vida, uma atividade para qual a professora e a escola não dediquem mais que uns míseros minutos, na ânsia de retornar aos problemas de escrita, julgados mais importantes. Há um descaso enorme pela leitura, pelos textos, pela programação dessa atividade na escola, no entanto, a leitura deveria ser a maior herança legada pela escola aos alunos, pois ela, e não a escrita, será a fonte perene de educação, com ou sem escola. (CAGLIARI, 2002, p.173).

O processo alfabetizador é político e por sua vez faz com o homem consiga enxergar sua situação de opressão e logo abandonar sua passividade diante das injustiças sociais. É um processo alfabetizador focado na leitura de mundo, com práticas de libertação. À medida que o homem se apropria da leitura e da escrita se liberta como expressão de liberdade.

Segundo Soares (1985), nos mostra duas vertentes  do processo de alfabetização que assim se dispõe:

A primeira define a alfabetização como um processo mecânico: a codificação da linguagem oral na linguagem escrita e a decodificação da linguagem escrita em linguagem oral (leitura). Uma segunda visão do processo de alfabetização o entende como apreensão e compreensão do mundo. (SOARES, 1985, p. 53).

Esta visão de Soares (1985) nos remete a dialogar com BARBOSA (1992)  sobre a idéia de que  de um leitor que no processo alfabetizador passa de uma condição passiva para uma um leitor interativo, e isto faz com o processo deixe de se associacionista, ou seja movido apenas por sonoridades e estímulos visuais. Desta forma a alfabetização alcançaria o ápice do processo com uma leitura que ultrapasse as paredes da biblioteca ou as paginas do livro, mas confronte a vida diária.

KLEIMAN (2002) argumenta que na aprendizagem a leitura é decisiva para a ascensão escolar e social do estudante. Isso só possível em pratica alfabetizadora que possibilite que a criança esteja em contato com a leitura desde cedo.

4-    A LEITURA FEITA PELO ALUNO

 

 

A leitura realizada pelo aluno é um processo de exercício continuo está fortemente ligada a práticas de alfabetização. Na idéias de teberoskyanas a leitura é algo que deve estar presentes em todas as etapas de vida do ser humano. Assim é importante que o professor não restrinja as possibilidades e variedades de leitura que a criança pode efetuar ao longo de sua alfabetização. Desta forma não há texto complicado e sim uma crianças que ainda se desenvolveu alfabeticamente.

Para que o aluno possa inferir uma boa leitura, deve por sua vez ter acesso a um bom acervo bibliográfico, o que não é algo muito difícil de ter na própria sala de aula. Um cantinho de leitura contendo diversos gêneros textuais, periódicos, documentos, obras de referência, livros de imagem é de suma importância. Segundo Campello (2000)

O acervo reflete a proposta de aprendizagem baseada nos textos autênticos: precisa abrigar a variedade de discursos e seus portadores, mantendo‐se atualizado e dinâmico, acompanhando a produção acelerada d recursos informacionais na atualidade. (CAMPELLO, 2000, p.29).

 A criança que tem acesso a vários gêneros literários, não só tem a possibilidade de ler bem como de escrever melhor, pois leitura e escrita são praticas indissociáveis no processo de alfabetização.

5-    A LEITURA FEITA PELO PROFESSOR  

 

 

 A leitura na alfabetização sempre deve ser uma prática social e por isso envolver todos os alunos em um diálogo de conhecimentos e ideias. E é exatamente aqui que entra a pedagogia do exemplo, uma vez que só forma leitor aquele é leitor. Envolver os alunos é prática que exige do professor relatos de suas experiências de leitor.

Quando o professor lê para a turma, é colocado em evidencia as múltiplas possibilidades do leitor e do ouvinte. Ao ouvir a leitura realizada a mente da criança não fica apática ao que esta acontecendo, mas viaja numa oferecida pelo texto. É preciso, pois que o professor tenha claro o objetivo da leitura, inspecione bem o material, faça a escolha de algo que realmente esteja no centro de interesse da turma em foco.

A prática da leitura feita pelo professor desperta a criança para o desejo de se tornar um leitor e descobrir os caminho, as histórias, as aventuras que os textos podem dar a descobrir.

Segundo Célia Prudêncio pedagoga da fundação Victor Cevita:

"Quando o professor lê, tem de considerar sua ação como prática social que entretém, emociona, informa e diverte. Mas também deve estar ciente dos objetivos didáticos a que ela se destina - por exemplo, diferenciar a linguagem escrita da falada ou conhecer o estilo de um autor", http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/pequenos-leitores-431328.shtml

Quando o professor ler pra seus alunos, lhes oferece os caminhos que ainda não foram perscrutados, aponta-lhes setas no caminho da alfabetização e da leitura de mundo. Assim a leitura oferece a possibilidade de decifração do desconhecido, isso leva as crianças a se envolverem de forma fantástica no processo.

Conforme salienta Geraldi (1996):

Aprender a ler é, assim, as possibilidades de interlocuções com pessoas que jamais encontraremos frente a frente e, interagirmos com elas, sermos capazes de compreender, criticar e avaliar seus modos de compreender o mundo, as coisas, as gentes e suas relações, isto é ler.(GERALDI, 1996, p.70).

6-    O QUE É LEITURA DELEITE?

            A leitura deleite um momento especial na sala de aula.  É dinâmica focada na leitura pela leitura, sem exigências didático-pedagógicas. Sem cobranças para o aluno sobre o lido. É um momento onde o estudante mergulha na leitura pela sua própria vontade escolha. Isso não que dizer que não seja um momento preparado pelo professor, pensado para fazer o com o aluno tenha interesse no momento. A leitura deleite conforme a proposta do pacto nacional pela alfabetização é uma eficaz ferramenta da alfabetização.

            O sitio “PAIXÃO POR ALFABETIZAR E LETRAR!” enumera as vantagens desta importante modalidade do ensino de leitura, a saber a leitura deleite, que assim se dispõe:

 

1-A inserção do momento da Leitura Deleite na sala de aula permite ao aluno entender que em nossa vida lemos com várias finalidades (seguir instruções, obter uma informação precisa, revisar escrito próprio, aprender, etc.) e uma delas é a leitura só por prazer, para nos divertimos e distrairmos;2- Contribui para o alcance de um dos objetivos atitudinais: a formação de leitores, pois desperta o gosto pela leitura; 3- A leitura deleite pode se tornar um entretenimento saudável que ensina, informa e forma crianças e jovens, de uma forma motivante e alegre. 4-  Estimula a imaginação e a curiosidade; 5- Faz as crianças terem acesso a vários textos (e vários gêneros), conhecerem vários autores e estilos de escrita; 6- À medida que a prática da leitura se sedimenta e se torna um prazer, que o leitor aprende a desfrutar, formulam-se juízos de valor sobre os significados apreendidos, sobre a validade e adequação das idéias, comparando-as com experiências e leituras anteriores. http://alfaletrandotaniamarcia.blogspot.com.br/2011/03/leitura-deleite-como-estrategia-de.html  acessado em 19 de janeiro 2015.

Esta dinâmica faz com se estabeleça uma relação entre a criança e o texto lido, na qual se busca decifração de símbolos e imagens lingüísticas como prática alfabetizadora. De acordo com Martins (1994)

Que ler deve ser considerado um processo de apreensão de símbolos expressos através de qualquer linguagem, portanto, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão do fazer humano, caracteriza‐se também como acontecimento histórico e estabelecimento de uma relação igualmente histórica entre o leitor e o que é lido. (MARTINS, 1994, p. 30)

7-    CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

            A leitura está intimamente ligada ao processo de alfabetização de crianças, deste modo criar o hábito de ler é, pois uma necessidade. Ler é fazer parte de uma representação cultural de intelectual, por isso é tão importante na alfabetização que as crianças tomem o gosto por elemento fundamental.

Conclui-se a partir da pesquisa realizada que o fato da criança estar em contado direto com leitura faz com que esta aprenda a enxergar a cultura e fantasia  no processo alfabetizador. Seja na leitura feita pelo professo ou pelo próprio aluno, cria-se uma relação com o universo simbólico que é a linguagem.

Ensinar a ler é, pois uma tarefa desafiadora, porém prazerosa. É preciso que se leve em consideração que “aprendizagem da leitura é um produto cultural, baseado sem dúvida em capacidades naturais, mas pressionado por aquilo que as famílias e as instituições educacionais oferecem à criança”. ORLANDI (2006, p. 38)