No futebol atual, altamente comprometido com as estratégias de mercado e inserido numa exigente dinâmica capitalista, é fundamental que os clubes funcionem como grandes empresas que de facto são, procurando rentabilizar os seus ativos de forma a evitar cair nos terrenos pantanosos dos passivos contabilísticos.

No entanto, investimentos por vezes exagerados, outras vezes condicionados por resultados desportivos menos favoráveis, conduzem muitos clubes à “zona vermelha” que os aproxima mesmo da falência técnica. Em tais casos, por vezes desesperados, é preciso tomar medidas drásticas, com efeitos a curto prazo mas que não deixem de funcionar também a médio e longo prazo. Ou seja: é preciso cortar despesas imediatas mas será um erro crasso se o clube se limitar a essas medidas pragmáticas; é preciso sempre empreender reformas de fundo.

Neste artigo apontamos 7 estratégias destinadas a esse fim da recuperação económica do clube diminuindo o passivo, começando precisamente pelo lado mais pragmático. 

1. Redução de despesas correntes

 Da forma mais pragmática possível. É necessário cortar todas as despesas não essenciais: desde o consumo de internet, água, eletricidade, e telefones até ao mais sensível deste processo: os cortes com pessoal. Recorrendo sempre que possível à negociação e a acordos amigáveis, é preciso que o pessoal do clube colabore com a rentabilidade do mesmo, sob pena de todos os postos de trabalho estarem em causa. 

2. Renegociação das dívidas

 Este é um aspeto fundamental; é preciso renegociar prazos e condições junto das entidades bancárias e outros credores; por vezes é necessário adiar pagamentos; em casos extremos torna-se indispensável mesmo contrair empréstimos para saldar outros empréstimos. Mas tudo o que possa aliviar o imediato é conveniente que seja feito com rapidez. 

3. Encontrar estratégias imediatas para fazer “entrar dinheiro”

Todos os ativos que não sejam fundamentais devem ser alienados ou rentabilizados; isto pode passar pela venda imediata de passes de jogadores não fundamentais ou bens patrimoniais. 

4. Empréstimos de jogadores não fundamentais e com vencimentos elevados

 O empréstimo de jogadores é uma forma inteligente de “aliviar” as despesas salariais sem alienação de ativos. É necessário negociar com clubes parceiros que possam assim ajudar a custear os salários dos jogadores em causa. 

5. Procura de receitas extraordinárias

É precioso que todos os recursos do clube sejam rentabilizados, nomeadamente terrenos, pavilhões, imóveis, etc. Tudo isso pode ser alvo de contratos de aluguer ou de outras formas de rentabilização, como por exemplo a cedência de imóveis, pavilhões ou estádio para realização de concertos ou outros eventos culturais; da mesma forma é preciso ser proativo na realização de campanhas de marketing que conduzam ao encaixe de verbas significativas; estas campanhas “de emergência” podem envolver promoção de merchandising, baixa do valor dos lugares anuais no estádio, realização de sorteios ou concursos, etc. 

6. Recurso, o mais profundo possível, aos jogadores formados no clube

A formação de jogadores deve ser sempre um recurso a ter em conta; isto pode levar à necessidade de reformulação de objetivos desportivos; durante um ou dois anos o clube pode ter necessidade de baixar as expectativas nesse aspeto, e possivelmente ficará mais fraco aos olhos de quem faz apostas desportivas e crítica generalizada. Mas ao recorrer aos jovens “da casa”, o clube estará a preparar um futuro mais positivo e seguro. 

7. Planeamento e definição racional de objetivos

Finalmente, o aspeto mais importante na gestão a médio e longo prazo: planeamento e definição racional de objetivos. A maioria dos clubes que caem num passivo exorbitante são vítimas da falta de planeamento e do estabelecimento de metas que não podem cumprir; assim, é necessários estabelecer metas racionais em cada época, de acordo com aquilo que se pode investir sem por em causa o futuro. O rendimento e o investimento desportivo deve depender da disponibilidade financeira e nunca o inverso!