Desagradável  ler a redação de um aluno, prestes a se formar, contendo erros gramaticais e de concordância;  não recrutá-lo por causa de um currículo mal elaborado ou tomado por emoções negativas como inibição ou ansiedade que impedem, em um processo seletivo,  uma melhor avaliação de suas potencialidades... Você deve estar pensando o quanto é injusto não ser contratado por algum desses motivos, mas eles fazem parte da rotina de seleção e sua Universidade pode ajudá-lo a se preparar e se planejar para cada uma das etapas de sua vida profissional desde o início de sua carreira, sabe como? Incrementando sua grade curricular.

Como Headhunter e Professora de Pós Graduação,  acompanho de perto as transformações do mercado x perfil dos formandos e graduados nas Universidades do Brasil,   constatando o quanto as “ ondas contratantes”  influenciam a escolha do curso mas não o planejamento da carreira após a formação.  Se você não escolhe, é escolhido, isso é o que ocorre quando não há reflexão e vontade de mudar.

Em muitas Universidades  já há um Centro de Carreiras, equipe que divulga vagas e assessora os alunos no mercado de trabalho, o que antes era tarefa também das empresas juniores de vários cursos de graduação.  Como pontos a rever há a necessidade de serem proativos na captação das oportunidades e no aconselhamento dos alunos, preparando-os não só em como se portar em uma entrevista ou dinâmica de grupo,  mas sobretudo lhes propiciando conteúdo para escolher o que desejam.

Como sugestão, citamos algumas ações possíveis às Universidades :

1)    Fortalecer o domínio de nosso idioma: saber  escrever e se expressar corretamente. 

Disseminar entre os Professores a exigência dos alunos apresentarem resumos manuscritos de livros pertinentes à matéria ou a crítica de um tema... como Professora de Pós ouvia muitas reclamações e “desculpas”, mas incluir correção gramatical e pertinência ao assunto (lógica, capacidade de síntese, etc.) para a composição da nota realmente irá contribuir para o desenvolvimento na  forma de se expressar dos alunos.

2)    Palestras com Profissionais do mercado, com Headhunters e Coachs

Tão comum fora do Brasil, mas pouco disseminado aqui  é ter momentos de troca com quem atua na área de formação, seleciona para a área ou aconselha carreiras. Há pouco tempo fui conversar com formandos de Odontologia, que tinham dúvidas sobre quais seriam os melhores mercados para atuar, que cursos deveriam fazer para aproveitar suas potencialidades, se há oportunidades no mercado externo e até como administrar um negócio próprio. Embora as informações hoje sejam muito mais acessíveis,  a troca de informações com quem atua em mercados não triviais, como Auditoria e Regulação, TI na área da saúde, etc. enriquecem e trazem dados da realidade para os alunos, que possibilitam explorar novos horizontes profissionais e descobrir nichos. Explorando mais esse tema, você já pesquisou como anda o mercado de trabalho para Engenheiros Geotécnicos? Elaboradores de Livros didáticos/sistemas de ensino?  Área legal voltada a programas sociais como “Minha Casa Minha Vida”?

3)    Desenvolver a Inteligência Emocional dos alunos

Valorizar e desenvolver atitudes como Espírito de Equipe, Responsabilidade, Controle das emoções, Autoconhecimento, Autoestima, Liderança e Capacidade de Negociação já são uma realidade dentro das Universidades,  que podem e devem constar como fatores de desenvolvimento na formação do aluno.

4)    Implantar um canal “Fale com o Headhunter”

Similar ao “Fale com o Presidente”  existente em muitas corporações, que propicie aos alunos a rápida e preciosa informação sobre mercado, dados imprescindíveis na construção de um CV personalizado, bem como a forma ética e eficiente de inserção no mercado, tornando claro meios de candidatura e possibilitando a identificação de armadilhas na busca de oportunidades.

5)    Ter um idioma fluente ao se formar

Comum hoje às escolas particulares de ensino fundamental e médio, mas  ausente no nível Superior  é a obtenção formal de fluência em algum idioma estrangeiro. Muitos profissionais me perguntam que tipo de Pós-graduação devem seguir após se formar, ficam surpresos quando os aconselho a conquistar fluência em outros idiomas, como inglês, espanhol, alemão ou mandarim. Não adie o inevitável, domínio em outros idiomas será recorrente em processos de seleção como fator decisório na contratação e promoção. Nas Universidades há um campo ainda inexplorado de possíveis parcerias com  grupos de ensino de idiomas tão presentes e competitivos no Brasil, com certificações de fluência a um custo reduzido e realmente eficazes.

6)    Coach de Carreira

Através da aplicação de ferramentas específicas,  o Coach de carreira consegue orientar o aluno na definição e no direcionamento de sua carreira da forma com o que deseja e assim alcançar os resultados esperados.

7)    Preparo global com ações regionais

Criar e fortalecer os polos de empresas incubadoras deveriam  fazer parte dos campi universitários públicos e privados; são inúmeros os casos bem sucedidos de parcerias de Universidades com a área empresarial  não só em Tecnologia da Informação, como também nas áreas energéticas, no agronegócio, na saúde e educação. 

Sugiro “expatriar”  mais alunos entre esses campi, presenciei recentemente a evolução técnica e comportamental que se tem com essas ações na área da Física Médica, com alunos do NE e SE se deslocando para Universidades do Sul e Centro Oeste, com o avanço e amadurecimento de projetos que poderiam não se concretizar ou serem viabilizados.

A receita do sucesso através do investimento da Universidade no vínculo de seu aluno com uma formação sólida e talvez não tão usual, explorando o mercado com planejamento, orientação e esclarecimento dos alvos; seguramente o fideliza como Cliente e não como recurso. Pensar que tudo isso pode ser dispendioso em termos financeiros é tolher a criatividade e encerrá-la em uma caixa. Proponho quebrar o paradigma de que brasileiro é criativo mas não inovador, vamos nos unir pela transformação dos pensamentos em ação e com foco! Diferente e Além!

*Sandra Regina de Gouveia, psicóloga por formação, professora e headhunter  por paixão, atua na Emporium de Thalentos - boutique de RH.