As letras que compõem o nome Hollywood estão de pé no topo do Mount Lee, em Los Angeles, desde 13 de julho de 1923. Na época, o cinema ainda era mudo e mulheres não podiam votar. As pessoas morriam de gripe, já que os antibióticos ainda não haviam sido inventados, e a TV não existia. E mesmo com a disputa com a internet e os canais de televisão, Hollywood segue firme e forte – em boa parte, graças à flexibilidade dos estúdios em adotar novos formatos e tecnologias. Por isso mesmo, Hollywood ensina lições valiosas sobre comunicação – principalmente, é claro, de design e identidade visual. Veja a seguir:

1 – Que cor você é?

Uma importante lição dos produtores e diretores de cinema: a cor ajuda a contar histórias. Muitas vezes, a palheta de cores de um filme – da decoração da sala da casa do principal personagem aos figurinos – é cuidadosamente escolhida para transmitir determinada sensação. Em “Grande Hotel Budapeste”, os tons intensos das roupas dos personagens e do próprio hotel ajudam a contar uma história. O vermelho vivo do interior dos elevadores e dos tapetes, o amarelo das poltronas e o uniforme roxo de parte dos funcionários dão uma impressão de luxo e opulência. Quando o hotel entra em decadência, os tons ficam mais pálidos. Lição: é importante definir, em primeiro lugar, que tipo sentimento o material gráfico  – que pode ser desde um cartão de visitas ao papel de parede que vai para o quarto do bebê – pretende passar. Sobriedade? Diversão? Exclusividade? Serenidade?

2 – Copiar? Jamais

A trilogia “Batman” é um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema mundial. Os três filmes da série renderam mais de 2 bilhões de dólares para os cofres do estúdio Warner Bros e passaram em mais de 4 mil salas de cinemas apenas nos Estados Unidos. Os estúdios Legendary Pictures e Michael De Luca Productions resolveram pegar um carona no sucesso de “Batman” quando lançaram “Drácula: a História Nunca Contada”, em 2014. Os cartazes de “Drácula” eram muito parecidos com os da trilogia Batman – ali estava o mesmo tom sombrio, em preto e cinza, uma tipologia bastante semelhante e até o movimento da capa do personagem principal. Não deu certo. Os fãs se sentiram enganados e a comunicação visual de “Drácula” sofreu severas críticas – e a bilheteria do filme não pagou sequer os gastos com a produção, que foram de 70 milhões de dólares. Lição: mesmo que o trabalho do vizinho pareça maravilhoso, criar uma identidade visual própria, sem comunicar ninguém, é o melhor caminho para agradar o público.

3 – Não esconda nada

As peças de divulgação do filme “Fired Up!” (Pelas Garotas e pela Glória, no título em português) poderiam ser consideradas ótimas, não fosse por um “detalhe”. Os designers esqueceram de dizer de que tipo de filme se trata. O cartaz não diz se “Fired Up”, que traz grandes letras vermelhas, é um comédia, romance, suspense ou outro gênero. Pode parecer bobagem, mas não é. Imagine um cartão de visita que não menciona a cidade onde se localiza o escritório do dono do cartão ou seu e-mail. Não pode. É preciso informar o essencial, sempre: o que, quando (caso de trate de um evento, por exemplo) e onde. Em alguns casos, cabe algo mais, desde que seja sucinto. A loja vai oferecer 30% de desconto nos vestidos durante duas semanas? No lançamento do novo produto da empresa vai haver um sorteio bacana? O evento que você está preparando vai contar com a presença de alguém conhecido? Esses dados devem constar do cartaz, folheto ou seja qual for o material promocional! Lição: a ausência de dados importantes pode fazer todo o esforço em produzir um belo material de comunicação simplesmente naufragar.

4 – Olhe. Agora, olhe de novo

No Oscar de 2011, “O Artista” ganhou os prêmios de melhor filme, direção (Michel Hazanavicius), ator (Jean Dujardim), trilha sonora e figurino. Por pouco, não levou também a estatueta de melhor direção de arte. Para vida à história do ator George Valentin e de sua fã Peppy Miller, que se passa nos anos 20, a equipe passou meses estudando minuciosamemente desde a arquitetura de interiores da época até os tipos de tecidos mais utilizados e outros detalhes como batom e sombra. Como o filme seria rodado em preto e branco, os produtores tiveram o cuidado de testar tudo na frente das câmeras antes de as gravações oficiais começarem. “Os tons e padronagens poderiam ganhar outras nuances no preto e branco, por isso precisávamos saber como ficariam”, disse Laurence Bennet, produtor de design do filme, a veículos especializados. Lição: testar várias tipologias, cores, sombreamentos, fotos e os demais elementos que serão utilizados, para verificar se eles realmente funcionam juntos, é um dos segredos para uma comunicação visual bem feita.

5 – Beleza natural

Celebridades como Kate Winslet, Jamie Lee Curtis e Keira Knightley já vieram a público declarar que são contra o uso excessivo de photoshop, programa que modificar detalhes de fotografias, em suas fotos. Há alguns anos, a revista QG publicou fotos de Kate nas quais suas pernas pareciam muito mais finas. “Aquela que está nas fotos não sou eu”, disse a atriz à emissora britânica BBC na época. “As fotos foram modificadas demais”, reclamou. A atriz Ashley Benson, da série americana ABC Family, também se queixou. “Lembrem-se, vocês são todas bonitas. Por favor, não tentem se parecer com as pessoas que vocês vêem nas revistas e nos posters porque tudo isso é falso”, disse Ashley, de 26 anos, em sua conta no Instagram. Lição: é importante usar imagens bonitas na comunicação visual, mas elas não devem parecer artificiais, como o visual de propaganda de margarina. Quanto mais naturalidae, melhor.