33 ANOS É A IDADE DE CRISTO?

 

Manoel Felizardo dos Santos[1]

  

A busca por novos conhecimentos nos faz renovar. Renovar em   novas ideias, novas concepções, e também em novos entendimentos sobre conceitos predefinidos e arraigados em nossas vidas, e em nosso estilo de ver e viver fatos que nos foi ensinado pelos nossos ancestrais.

Penso que Independente de provas históricas, que faz parte da humanidade, a minha busca por fatos que diz respeito a verdades preconcebidas por herança familiar, sem nenhum fundamento comprobatório me fascina, pois essas “verdades” me impulsionam a procurar as minhas dúvidas e as minhas inquietações.

Por isso, sem nenhum direcionamento partidário ou religioso, apresento a você essa pesquisa histórica que tanto contribuiu para o meu crescimento acadêmico e religioso, como também me mostrou que, independente da idade cronológica de Cristo, e do relapso do Monge Dionisius Exiguus, ou Dionísio o Menor, (o Humilde), que deixou uma diferença histórica; a marca da real presença do Senhor, junto a nós, é o grande motivo da nossa maior alegria e esperança.

CONTEXTO HISTÓRICO

A data do nascimento de Jesus Cristo é uma grande incógnita. No contexto histórico, 25 de dezembro era a data em que os romanos celebravam a sua festa de solstício de inverno, a noite mais longa do ano. Nessa época, quase todos os povos comemoravam esse acontecimento, desde o início da civilização. O dia em que Jesus Cristo nasceu não consta na Bíblia, foi uma escolha da Igreja Católica 5 séculos depois, para coincidir com as festas de fim de ano, a semana entre o Natal e o Ano Novo.

A partir dessa visão histórica, para darmos qualquer informação sobre a data precisa da era Cristã, fixaremos a nossa atenção no ator principal dessa missão: O Abade da Igreja Católica, Dionysius Exiguus, o autor do uso da palavra Era Cristã.

 Dionysius nasceu na Cíntia Menor (470 – 544 d.C), atualmente a região de Dobruja, Romenia, ele foi membro da chamada comunidade dos monges da Cítia em Roma, era versado em matemática e em astronomia, se celebrizou pela criação de um conjunto de tabelas para calcular a data da Páscoa, levando à introdução do conceito de Anno Domini; ano do Senhor.

Observa-se que o Anno Domini é usado para numerar os anos do calendário Gregoriano e Juliano[2]. Ele usou-o para identificar as datas da Páscoa em sua cronologia, mas, não datou qualquer evento histórico.

Por volta do ano 500 d.C residindo em Roma como membro instruído da Cúria do Vaticano, ele por convite do Papa Símaco (498 – 514) traduziu do grego para o latim 401 cânones[3] eclesiásticos, incluindo os apostólicos e os decretos do Iº Concílio de Nicéia, (325), do primeiro Concílio de Constantinopla (553) e dos concílios de Calcedônia (451) e de Sardes, e também uma coleção de decretos do Papa Siricius para Anastasius II.

Estes documentos tiveram grande importância para o Ocidente e ainda norteiam as administrações da Igreja Católica. Dionysius também escreveu um tratado em matemática elementar. Os seus colegas de mosteiro, os monges Bede e Felix elevaram-no a abade (um líder de monges), embora o amigo de Dionysius, Cassiodorus tenha declarado em Institutiones que ele considerava-se apenas um monge em toda a sua vida.

Sabe-se que em sua primeira citação tomando por base o calendário Juliano, Dionisius menciona a gestão de um consul, na época do nascimento de Jesus, segundo na hierarquia imperial, declarando: “O ano presente refere-se ao consul Flavius Probus, passados 525 anos, desde a encarnação (concepção) de nosso Senhor Jesus Cristo." Foi assim, introduzido o Anno Domini, suposto ano de nascimento de Jesus, fixado por Dionísio em 753 AUC (Anno Urb Conditae)[4], portanto, ano 1.

Naquele tempo a data era calculada com base no Calendário Juliano e a contagem era feita a partir do inicio do reino do Imperador romano Diocleciano[5]  (284–305), um feroz perseguidor dos cristãos. Seu tempo ficou conhecido como a era dos mártires, marcada pela perseguição dos cristãos, tendo ordenado em 303 d.C, a destruição das igrejas, e a demissão dos cristãos do serviço público. Era costume contar eventos importantes a partir do início do reinado dos imperadores romanos, neste caso da tábua pascal vigente na época, a contagem era feita a partir de Diocleciano. Devido a esse acontecimento o monge Dionysius procurou não continuar reverenciando a memória do terrível perseguidor e, assim, propôs uma contagem dos anos a partir do nascimento de Jesus Cristo, e apresentou o seu Liber de Paschate (525) e introduziu a contagem Antes de Cristo e Depois de Cristo.

A partir desse entendimento, o monge Dionysius criou um notável conjunto de tabelas para calcular a data da Páscoa e introduziu o conceito de Anno Domini e a contagem dos anos a partir do nascimento de Cristo.

O monge Dionysius tinha tanto prestígio na Cúria Romana e tanto conhecimentos em matemática e astronomia que foi convidado pela Santa Sé e passou a viver em Roma, a partir dos seus 30 anos, tornando-se um dos sábios da Cúria Vaticana.

Ele criou um sistema novo de numerar os anos substituindo o vigente baseado na ascenção de Diocleciano (244 – 311 d.C), usado para datar a Páscoa.

Como os romanos datavam os eventos a partir da fundação de Roma (Ab Urbe Condita),  Diunysius determinou a data de nascimento de Jesus neste calendário. A partir de Lucas 3,1, se Jesus tinha trinta anos no décimo quinto  ano do reinado de Tibério em Roma, e se Tibério sucedeu Augusto em 19 de agosto  de 767 A.U.C, conclui-se que Jesus nasceu no ano 753 A.U.C. Porém, este fato está em desacordo com Mateus 2,1, pois Jesus teria nascido antes da morte de Herodes, em 749 A.U.C.  A solução é que Tibério iniciou seu reinado como colega de Augusto, quatro anos antes da morte deste.  Assim, o décimo-quinto ano de Tibério, citado por Lucas ocorreu quatro anos antes do suposto por Exíguo.

Segundo Lucas, Jesus nasceu em Belém porque na época, o Imperador Augusto obrigou seus súditos a se registrar no primeiro censo do império, dessa forma, todos deveriam retornar à cidade de origem para alistar-se. Como a família de José era de Belém, ele voltou para sua cidade, levando Maria já grávida. Jesus nasceu em Belém pouco tempo depois, numa manjedoura.

 No relato de Mateus, José soube em sonho que Maria daria a luz a um menino concebido pelo Espírito Santo. Quando Jesus nasceu, os reis magos seguiram uma estrela que os conduziu à Belém.

O Evangelho de Lucas conta que aos 12 anos, (Lc 2, 41-50), Jesus viajou com os pais de Nazaré a Jerusalém para celebrar o Pessach, a Páscoa judaica, quando José e Maria retornavam a Nazaré, perceberam que Jesus não estava com eles. Procuraram durante 3 dias e o encontraram  no Templo, onde discutia religião com os sacerdotes. "E todos que o ouviam se admiravam com sua inteligência". Essa é a única referência à juventude de Jesus.

Jesus só volta a aparecer no Evangelho, já adulto, por volta dos 30 anos, (Lc  3, 23) quando foi batizado no rio Jordão por João Batista, quando reuniu seus apóstolos, nas pregações entre as massas de Jerusalém e da Galiléia, além do julgamento, morte e ressurreição em Jerusalém.

Jesus nasceu aproximadamente (6-4 a.C.- 27-36), Filho de José e Maria, nasceu em Belém, no reinado de Herodes, (Mt 2,1) quando Roma dominava a Palestina e Augusto era o Imperador, (Lc 2,1).

As principais fontes de informações sobre a vida de Jesus são os quatro Evangelhos Canônicos, pertencentes ao Novo Testamento.  Eles foram escritos originalmente em grego, em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, João e Lucas. O Evangelho de Mateus (2, 1) diz que Jesus nasceu no tempo de Herodes (4 a.C. ou antes). Lucas coloca o nascimento na época do primeiro censo que o Império Romano promoveu na Judeia, (Lc 2,1). E isso aconteceu, segundo as fontes históricas romanas, em (6 a.C).

Então, observamos que Dionísio cometeu um erro em seus cálculos. Talvez ele nunca tivesse lido o relato evangélico do nascimento de Jesus, ou cometeu um grave erro histórico. Em Mateus Jesus nasceu enquanto Herodes ainda era o Rei (2,1). Isso se traduziria em 4 a. C (ou mesmo antes), de acordo com os cálculos de Dionysio. 

Isso não foi o seu único erro. Dionísio seguiu a convenção de seu tempo e, como o calendário romano mudou no ano 753-754 a.C, chamou o último "ano um" do fim-Novo Mundo Anno Domini do ano de nosso Senhor. O conceito de nada não veio para a Europa da Arábia e Índia até cerca de duzentos anos mais tarde. Como resultado, os séculos terminam com nada. Portanto, para nós 2000 é o fim de um milénio, mas não é o início do próximo: que ocorreu em 2001.

Ou seja, o monge foi convidado pelo Papa João I para definir as datas para a Páscoa dos anos 527-626.  Dionísio decidiu começar com o que ele considerava ser o ano do nascimento de Jesus. Ele escolheu o ano em que Roma havia sido fundada, a partir da evidência conhecida dele, que Jesus havia nascido 753 anos mais tarde.

Certamente ele foi familiarizado com uma sugestão de Hipólito (170-236) que a data do nascimento de Jesus foi em dezembro de 25, mas o problema era que Hipólito não tinha apoiado esta afirmação com argumentos sólidos. Dionysio, no entanto, tinha apenas os seguintes argumentos:

  • Seus contemporâneos afirmaram que Deus criou a Terra em 25 de março;
  • Era inconcebível que o filho de Deus poderia ter sido de qualquer forma imperfeita;
  • Portanto, Jesus deve ter sido concebido no dia 25 de março;
  • Isso significa que ele deve ter nascido nove meses depois, 25 de dezembro.

Sabe-se que os Cristãos em Antioquia em 375 celebravam o nascimento de Jesus em 6 de janeiro, já os Cristãos em Alexandria não celebravam o Natal até 430. Até que Dionysio veio colocar o Natal no mapa. Para ele, Jesus nasceu em 25 de dezembro do ano romano 753. Dionysio coloca o dia 01 de janeiro, dia de Ano 754 - Novo em Roma, como o primeiro ano de uma nova era da história do mundo.

Com um golpe de engenhosidade Dionysio conseguiu mudar a atenção da igreja desde a Páscoa até o Natal. A partir deste momento, parecia lógico para celebrar o nascimento de Jesus antes de sua morte. Se a morte de Jesus por crucificação tinha tornado possível à salvação para todas as pessoas em todos os lugares, por isso, o argumento foi, em seguida, o seu nascimento, foi o sinal de que Deus estava identificando-se com a espécie humana, tomando forma humana.

Sabe-se que o Anno Domini passou a ser utilizado na Europa Ocidental depois que foi usado pelo Venerável Bede (monge beneditino inglês), para datar os eventos na História Eclesiástica Inglesa, no ano corrente de 731 d.C. Ele também traduziu para latim uma coleção de decretos apostólicos papais referentes aos pontificados de origem grega, de Sirício a Anastácio II de extrema importância para a estruturação doutrinária das igrejas ocidentais. Foi convidado pelo papa (523-526) João I (470-526) para compilar a tabela para as futuras datas da Páscoa.

 Assim, o Calendário Cristão (525) tomava como base o calendário Juliano e tendo o nascimento de Jesus Cristo como ano 1 do século I e os períodos e acontecimentos anteriores a isso passaram a ser datados com a sigla a. C. e contados de trás para diante.

 Segundo o monge matemático, que hoje muitos o consideram como um pequeno e compreensível desvio, Jesus nascera em 25 de dezembro do ano 1. Mas, sabe-se que muito provavelmente Cristo não nasceu neste dia, pois se os Romanos faziam um censo geral da Judéia, este não deveria ser realizado durante o inverno.

 Existe certo ruído nessa informação haja vista que a presença dos pastores e ovelhas livres, como falam as Escrituras, não combinam com o período invernoso. O calendário cristão, a Era cristã, passou a ser adotado no ocidente a partir do século VI.

Não se pode dizer que Dionísio tenha errado a data de nascimento de Jesus, quando parece  mais certo entender que se trata apenas de uma convenção por ele utilizada, sem que se saiba maiores detalhes da razão pela qual tenha chegado a esta conclusão. Teria desta forma, ignorado a opinião de alguns pais da igreja que colocavam o nascimento de Jesus antes disto. Irineu, Clemente de Alexandria e Cassiodoro, por exemplo, reconheciam o ano 751 AUC, correspondente a 3 AC, enquanto Julis Africanus admitia 2 ou 3 AC. Tertuliano, Orígines, Eusébio de Cesaréia, Jerônimo e Hipólito, reconheciam o ano 752 AUC (2 AC).

Depois de passado centenas de anos, no século X a era Cristã foi oficializada pela Igreja Romana e introduzida na Bizantina. As precárias condições de cálculo da época de João I e a evolução dos equipamentos astronômicos de precisão fizeram com que o papa Gregório XIII (1502-1585) convocasse o jesuíta e matemático germânico Christoph Clavius (1537-1612) para verificar e corrigir os cálculos do calendário Cristão/Juliano, criando então o nosso atual calendário, também chamado de calendário Gregoriano (1582), destinado a corrigir o calendário Juliano/Cristão, que então acumulava uma diferença de dez dias.

CONTEXTO RELIGIOSO

a) A Páscoa judaica era um «memorial»: O dia da Páscoa passou a ser o aniversário da redenção dos filhos de Israel da escravidão egípcia e do livramento de seus primogênitos, quando o Senhor feriu os primogênitos dos egípcios (Êx 12.14,25-27).

b) A Páscoa era celebrada anualmente: Desde a primeira Páscoa realizada no Egito, o Senhor determinou que ela fosse celebrada anualmente (Êx 12.14,17).

Considerando o desenvolvimento desta metodologia de análise, podemos concluir que o uso dos elementos que compõem a estrutura da narrativa nos permite extrair do texto muitas informações importantes para sua interpretação. A aproximação do leitor para com a narrativa bíblica o conduz a refletir sobre si mesmo. A comunicação se estabelece pela identificação do leitor com a história da Páscoa que traz como significado a passagem da escravidão para a liberdade.

No final do século XIX, quando a contagem cronológica da história pelo sistema dionysio já estava difundida e uniformizada pelo mundo, descobriu-se um erro de cálculo. Como parece ser fidedigna a data da morte de Herodes (4 a. C.) na contagem gregoriana, alguns historiadores afirmam que Jesus, seguramente, nasceu antes desta data, e frequentemente são encontrados textos dando como data do nascimento do fundador do Cristianismo dois anos antes (6 a. C.).  

O nascimento de Jesus em Belém acha-se afirmado tanto no Evangelho de Lucas 2,4. 12.15 como em Mateus 2, 1.5.8.16, e ainda em textos da antiga tradição (Prontoevangelho de Tiago, Ascenção de Isaías, São Justino). Ambos os evangelistas dizem ter-se dado o Natal nos dias de Herodes o Grande, que sabemos reinou desde 40 a.C. até 14 p.C., e ordenou três recenseamentos: um em 28 a.C., outro em 8 a.C. e outro em 14 p.C.

 Daí, depreende-se que Jesus deve ter nascido por volta do ano 5 antes da chamada era cristã, que foi determinada inexatamente no século VI, por Dionysio, e que possivelmente o recenseamento referido por Lucas seja o 2º, no ano 8 começando no ano 8 a.C.,mas prolongando talvez durante dois ou três anos.

 CONCLUSÃO

Segundo o Papa Bento XVI, em uma das suas declarações, ele diz: Jesus nasceu anos antes do que se pensava. “Todo o calendário cristão é baseado em um erro de cálculo, o Papa declarou, como ele afirma em seu livro: Jesus de Nazaré: A Infância Narrativa”. Neste livro ele declara que Jesus nasceu algunas anos antes do que geralmente se acredita. Segundo Bento XVI: O “erro” foi feito por um sexto monge do século V conhecido como Dionísio ou em Inglês Dennis o pequeno.

"A data real do nascimento de Jesus foi vários anos antes." A afirmação de que o calendário cristão é baseado em uma falsa premissa não é nova - muitos historiadores acreditam que Cristo nasceu entre 7BC e 2BC. Mas o fato de que as dúvidas sobre um dos pilares da tradição cristã têm sido levantadas pelo líder do mundo de mais de um bilhão de católicos.

John Barton[6], professor de interpretação das Sagradas Escrituras no Oriel College Universidade de Oxford, disse que a maioria dos acadêmicos concordaram com o Papa, que o calendário Cristão estava errado e que Jesus nasceu vários anos mais cedo do que normalmente se pensa, provavelmente entre 6BC e 4BC. "Não há nenhuma referência quando ele nasceu, na Bíblia - tudo o que sabemos é que ele nasceu no reinado de Herodes, o Grande, que morreu antes 1AD", ele disse ao jornal The Daily Telegraph. "Tem sido imaginado por um longo tempo em que Jesus nasceu antes 1AD - ninguém sabe ao certo."

A ideia de que Cristo nasceu no dia 25 de dezembro também não tem base na realidade histórica. "Nós nem sequer sabemos que temporada ele nasceu. Toda a ideia de celebrar o seu nascimento, durante a parte mais escura do ano está provavelmente ligada a tradições pagãs e do solstício de inverno." John Meier[7] afirma que o ano de nascimento de Jesus é cerca de 7/6 a.C.Por outro lado, Karl Rahner[8] afirma que o consenso entre historiadores é 4 a.C.Sanders[9] é favorável a 4 a.C. e aponta o consenso geral para essa data. Finegan [10] aponta como provávelc. 3/2 a.C. em função de tradições do Cristianismo primitivo.

O nascimento de Jesus é considerado pelos Cristãos como o maior evento realizado pela bondade de Deus. Descrever a sua encarnação no seio da virgem Maria pelos apostólos, no Evangelho, nos dá a certeza da grandeza da Divindade do nosso Criador. Viver a Palavra de vida na caminhada cotidiana em obediência a plenitude apresentada por Cristo nos faz mais fortes na busca da nossa fonte de energia eterna – Deus.

Então, posso dizer que a data exata do nascimento de Cristo é apenas um detalhe na história da humanidade. A nossa fé está enraizada na certeza da presença real do nosso Salvador, em nosso meio, sem com isso nos descuidarmos da caminhada na procura da sabedoria e da verdade.

Sei, como pesquisador, que os homens que relataram a presença física e humana de Jesus não estavam preucupados em datar os textos, mas, descrever os acontecimentos vividos com Ele.  A intenção das testemunhas oculares da presença de Cristo em nosso meio era oferecer dados para que todas as gerações podessem  ter  e viver a experiência sobrenatural que eles viveram. O conhecimento nos foi dado para que possamos entender melhor a quem servimos e a quem amamos, por isso, a data cronológica do nascimento de Jesus, o Cristo Salvador, nos faz ver que a busca da verdade deve ser incessantes, a procura constante, a fé deve ser inabalável e o viver Cristo Jesus. Sempre.

OS CALENDÁRIOS ATUAIS 
(Fonte: Almaque Abril / 1995)

Desde a Antiguidade, os povos adotam diferentes sistemas para a contagem do tempo anual (calendário) e, embora hoje o calendário cristão seja predominante, mas ainda subsistem os calendários hebreu, chinês e muçulmano.

Primeiro calendário  – Surge no Egito Antigo em cerca de 3.000 a.C. Considerava as fases da Lua e dividia o ano em 12 meses de 29 ou 30 dias.

Calendário Romano - Baseado no egípcio, tinha 304 dias e 10 meses, sem os meses de julho e agosto.

Calendário Juliano– Criado por ordem de Júlio César, resultou da reforma do calendário romano. Estabeleceu o ano solar de 365,25 dias e o ano civil de 365 dias, com um bissexto de 366 dias a cada quatro anos. São retirados dois dias de fevereiro e acrescidos aos meses de julho e agosto, porque têm nome de imperadores.

Calendário Cristão– Proposto (525) por Dionísio, tomando como base o calendário Juliano e tendo o nascimento de Jesus Cristo como ano 1 do século I. Os períodos e acontecimentos anteriores a isso passam a ser datados com a sigla a.C. (antes de Cristo) e contados de trás para diante.

Calendário Gregoriano – Criado por ordem do papa Gregório XIII (1582), destinou-se a corrigir o calendário juliano/cristão, que acumulava uma diferença de dez dias.

Calendário hebreu – Lunissolar (considera o Sol e a Lua), com ano médio de 365,246 dias e meses de 29 ou 30 dias e o ano 1 da era judaica corresponde a 3.761 a.C.

Calendário chinês – Lunissolar e comporta dois ciclos: um de 12 anos (de 354 ou 355 dias, ou 12 meses lunares) e um de sete anos (com anos de 383 ou 384 dias, ou 13 meses). Os anos do primeiro ciclo têm nomes de animais: rato, boi, tigre, lebre, dragão, serpente, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco.

Calendário Muçulmano –  Lunar com ano médio de 354,37 dias e meses de 29 e 30 dias, estabeleceu como ano 1 a data da fuga de Maomé de Meca para Medina, a hégira, e corresponde ao ano 622 da era cristã.

REFERÊNCIAS

Bíblia de Jerusalem, Edições Paulus, 3ª impressão, 2004

Bíblia Sagrada, Ediçao Pastoral, Paulus, 1990

D.Cirilo Folch Gomes O.S.B. Riquezas da Mensagem Cristã, Edições Lumen Christi, mosteiro de São Bento, 2ª edição revista e ampliada, 1989

Philip Mauro, The Wonders of Bible Chronology (1922), p.84, 85, citado na introdução de James Ussher, The Annals of the World, p.10

http://noticias.terra.com.br/educacao/voce-sabia/calendario-gregoriano-ha-431-anos-11-dias-se-passaram-em-um,51ad6f9e73381410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html acesso em 05.06.2014 às 00h23

http://cronologiadabiblia.wordpress.com/2011/09/30/ acesso em 05.06.2014 às 00h53

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/DionisiM.html acesso em 11.03.2014 as 00h12

http://www.telegraph.co.uk/news/religion/the-pope/9693576/jesus-was-born-years-earlier-than-thought-claims-pope.html acesso em 04.01.2014 as 23h44

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/DionisiM.html acesso em 04.03.2014 as 23h36

http://www.westarinstitute.org/resources/the-fourth-r/dionysius-exiguus/ acesso em 04.02.2014 as 23h39

http://www.brasilescola.com/biografia/diocleciano.htm acesso em 11.03.2014 as 23h58

http://www.significados.com.br/canone/ acesso em 24.05.2014 às 23h49

http://cronologiadabiblia.wordpress.com/2011/10/02/902/ acesso em 25.05.2014 às 00h09


[1] Pós Doutor em Direito pela Universidad Del Museo Social Argentino – UMSA, Mestre e Doutor em Educação pela Universidad San Carlos – USC, Doutorando em Psicologia Social pela Universidad John Kennedy - UK, Pós Graduado em Psicopedagogia Clínica pela Faculdade de Ciências da Bahia (FACIBA), Bacharel em Teologia pelo Instituto de Ciências Religiosas Lumen Christ, convalidado pela Faculdade de Teologia Boa Vista (FATEBOV), Escritor, Compositor, Capitão da Polícia Militar do Estado da Bahia e Missionário Redentorista Leigo da Congregação do Santíssimo Redentor.

[2] No século 15, o calendário Juliano estava atrasado em aproximadamente uma semana em relação ao calendário solar (cuja marcação é baseada nos movimentos do Sol) - então, a primavera no Hemisfério Norte caía por volta de 12 de março ao invés do dia 21. A Igreja Católica decidiu que uma reforma era necessária, e chamou astrônomos para propor alterações no calendário oficial. No Concílio de Trento, em 1545, foi dada autorização para a reforma fosse feita - e após anos de cálculos e discussões, o papa Gregório 13 ordenou que o dia 4 de outubro de 1582 fosse o último do calendário Juliano. O dia seguinte seria uma sexta-feira, 15 de outubro: ou seja, 10 dias foram omitidos em apenas algumas horas.

[3] Cânone é um termo que deriva do grego “kanón”, utilizado para designar uma vara que servia de referência como unidade de medida. Na Língua Portuguesa o termo adquiriu o significado geral de regra, preceito ou norma. Em determinados contextos, a palavra cânone pode ter significados mais específicos. Na literatura, é um conjunto de livros considerados como referência num determinado período, estilo ou cultura. 

[4] Jesus nasceu em plena vigência do uso de dois calendários distintos: o romano (AUC – Anno Urb Conditae), cujo tempo era contado desde a fundação de Roma, e o calendário Juliano instituído por Júlio Cesar em 46 a.C. O calendário Gregoriano, O que usamos em nossos dias, foi promulgado pelo papa Gregório XIII em 24 de Fevereiro de 1582 em substituição ao calendário Juliano, vindo a ser implantado no mesmo ano, no dia 15 de Outubro.

[5] Caio Aurélio Valério Dioclesiano Augusto foi o iniciador de uma perseguição que ocorreu entre 303 e 311 e que foi a maior e mais sangrenta perseguição oficial do Império Romano contra os cristãos, mas não atingiu o objectivo de destruir a comunidade cristã, já que a partir de 324 o cristianismo  se converteria na religião dominante do Império.

[6] Rev. Professor John Barton (nascido em 1948) é o Oriel e Laing Professor de Interpretação das Sagradas Escrituras. Membro da Academia Britânica e membro estrangeiro da Academia Norueguesa de Ciências e Letras. Possui doutorado honorário em Teologia da Universidade de Bonn. Professor Barton é um sacerdote na igreja da Inglaterra (ordenado 1973). De 2000 a 2005 e 2009 a 2010, ele atuou na Igreja Sínodo Geral representando o clero da Universidade de Oxford. 

5. Meier, John P.. A Marginal Jew: The roots of the problem and the person. [S.l.]: Yale University Press, 1991. p. 407. ISBN 978-0-300-14018-7                 

6. Karl Rahner foi um sacerdote católico jesuíta de origem germânica e um dos mais influentes teólogos do século XX. Participou como teólogo do Concílio Vaticano II. Criou a revista Concilium. Escreveu mais de 800 artigos e ensaios.

7. Sanders 1993, pp. 10–11

8. Finegan, Jack. Handbook of Biblical Chronology, rev. ed.. [S.l.]: Hendrickson Publishers, 1998. p. 319. ISBN 978-1-56563-14304