A proposta desse artigo é de uma forma irônica e humorada, com linguagem simples e de fácil compreensão, apresentar 10 dicas para o seu ministério de música ter eficiência e eficaz na evangelização. Portanto, tudo o que será dito, faça o inverso. Pois um jeito de se aprender o que fazer, é aprender o que não fazer. Sendo assim, não sigam as dicas a seguir em hipótese alguma!

1)Não reze! 

Afinal de contas, pra quê rezar, podemos conseguir tudo ao custo da nossa força de vontade e empenho. Já estamos contribuindo com a Igreja, deixe a oração para os padres, pregadores, intercessores e demais. Sua vocação e seu chamado são apenas para tocar ou cantar. Rezar vai além do seu ministério, não interfira no ministério de outras pessoas. Não é nem um pouco necessário ter intimidade com Deus e com sua Palavra (Bíblia). A oração pode te fazer desviar de seu propósito como Artista e o que vale é o que você quer e não o que Deus deseja fazer em sua vida e na vida das pessoas para as quais você toca ou canta. Aliás, a oração pode roubar o seu tempo precioso com a música, definitivamente não reze e jamais com seu ministério, pois podem começar a ter unção!

2) Não esteja em unidade com a Igreja!
Alguém pode me explicar para que seguir o que a Igreja pensa ou determina? Somos Artistas e conseguimos determinar as coisas adequadamente ao nosso bom gosto. Que graça tem seguir um padrão? Cada grupo pode tocar o que quiser, assim as missas e grupos de oração serão mais ecléticos e divertidos. Outra coisa, a liturgia é careta e ultrapassada. Aquele tal de Catecismo da Igreja Católica vem dizer que a música tem que favorecer a participação da Assembleia, pra quê? Sabemos escolher as músicas. Certamente, muito melhor ser desobediente, assim teremos sucesso.

3) Não se preocupe com o que você canta!
As pessoas nem percebem quando não há verdade com o que você canta. Afinal de contas não é porque você canta uma música que você deve fazer igual. A letra não foi você que fez! Já faço a minha parte e está bom de mais, os outros que mudem e que se convertam. Se as pessoas não sentirem o desejo de Deus a culpa não é minha. Já não basta aprender a tocar ou cantar a música, ainda viver o que eu canto? Digo mais, não tenho obrigação de testemunhar a minha vida com o meu canto! Dentro da Igreja é uma coisa, fora é outra. Da minha vida particular não devo explicação. Também não estou aqui para agradar os outros.

4) Não ensaie com seu ministério!
Você está fazendo um trabalho voluntário na Igreja, não seja exigente consigo mesmo. Pode não ser de qualidade, mas é de coração. Não tem problema não ensaiar com seu ministério, as
pessoas vão compreender que você tem outras prioridades em sua vida. O ministério de música não tem obrigação de tocar bem, de cantar afinado, isso é para profissional. Você é apenas um voluntário e está bom demais. Se o condutor estiver adiantado com em relação ao instrumental, relaxa .... Isso é normal. Errar é humano! Se começarem a ensaiar, vão começar a se cobrar demais, ai coisas vão ficar sérias, fugindo totalmente da real proposta do músico cristão - Tocar para se divertir e passar o tempo.

5) Não invista em seu Ministério!
Se você não precisa ensaiar, vai precisar investir em seu ministério? Violonista continue tocando na Igreja com as suas cordas velhas e enferrujadas. Cantores usem aqueles microfones de “Caraoquê”, é bom e barato. Em relação ao som, qualquer um serve. Se a Assembleia não compreender o que está sendo dito ou cantado, não se preocupe. Não procurem sites, revistas e livros de músicos. E por favor, jamais, em hipótese alguma, façam aula, seja de canto, violão, teclado, baixo, guitarra e bateria. Do jeito que está é bom demais!

6) Escolha cantos de seu agrado!
Assim como no segundo tópico, a escolha dos cantos é de responsabilidade sua e do seu ministério de música. Além de que, a Santa Missa é o local apropriado para tocar os “hits” do momento, todo o mundo precisa conhecer. Sem falar que toda Assembleia precisa conhecer a qualidade do seu ministério, então se não acompanharem a canção, não se preocupe. O momento oportuno para isso é o Salmo Responsorial. Quanto ao Grupo de Oração, até as Senhoras e os Senhores merecem dançar freneticamente as músicas mais agitadas do momento, com cantos que promovam constrangimento e desconserto!

7) Seja vaidoso e desobediente!
Um dos grandes privilégios do Artista é poder se expor, poder ser observado, desejado e notado. Então o melhor local para usar suas roupas mais ousadas e provocantes é quando estiver com o seu ministério de música, cantando ou tocando, pois terão grande atenção. Além de que, não é responsabilidade sua se preocupar com tal questão. Criar feridas, aguçar a carência e despertar desejos nos outros não é culpa sua. Use essa arma para promover o seu ministério. A vaidade é sinal de cuidado.

8) Não procure formação!
Aqui não precisa nem falar muito. Formação pra quê? Isso é muito chato. Ser formado para todos serem iguais, pode parar com essa conversa. Deixe isso para os pregadores e intercessores que precisam mais. Você precisa saber tocar ou cantar, e nem precisa ser muito bem, de qualquer jeito já é o bastante. Então se ver um convite de formação, fuja! Fuja dos livros e revistas específicos ao seu ministério. E de maneira alguma apareça em uma reunião paroquial.


9) Não ministre a música, somente a execute!
Mais uma vez, não interfira no ministério dos outros. Sua obrigação não é ministrar a canção, despertar intimidade com Deus. Não é sua obrigação propiciar a oração e conduzi-la com a Assembleia. Se começar a fazer isso, irá também auxiliar a pregação, levando a música em lugares do coração das pessoas que nem a palavra chega e abrindo o coração das pessoas para acolher a palavra de Deus! Então não faça isso, por favor. Ah, já ia me esquecendo, se não conseguirem “tirar” a música, podem usar o tempo do grupo de oração para aprenderem e faça isso com a comunidade, eles adoram aprenderem músicas que o ministério não aprendeu ainda.

10) Use a música para se promover!
Essa dica é preciosa. Humildade não tem nada a ver com o Artista. A única coisa boa da música é a promoção. Ser enaltecido, ter os holofotes para si, ser conhecido, ganhar aplausos e elogios. Use a vaidade para sua promoção, certamente será bem conhecido. Desta forma, siga os demais passos, isso lhe ajudará a ser “um artista conhecido”.


Ricardo Garcia, ministro de música e pregador, da Arquidiocese de Londrina/PR. Autor do livro: “Músico, conheça-te bem” da Editora Multifoco. <http://editoramultifoco.com.br/loja/product/musico-conheca-te-bem/>