A poesia dos repentistas faz parte desse taco de chão ladrilhado pela cultura popular de onde brota a legítima identidade da nossa raça.

O primeiro cantador profissional do estado da Bahia foi Crispim Manoel Ramos, conhecido como Dadinho. Pai dos meus amigos, os repentistas Caboquinho e João Ramos, que organizam há 33 anos o "Festival de Violeiros do Nordeste em Feira de Santana", do qual Bule Bule é o narrador oficial e eu jurada.

Dados da biografia de Dadinho me emocionaram. Quando li que ele foi vaqueiro, peão, puxador de samba de roda e depois formou dupla de violeiro com o repentista Abdias Soares. Somente quem é iniciado nos mistérios do universo do sertão, e eu sou, se comove com essa biografia. Para mim é o percurso mais bonito trilhado por um sertanejo.

O sertão e suas "coisas" exercem um fascínio, um mistério, é um ópio para alguns poetas sensíveis com seu olhar de lince.

Foram muitas cantorias boas ouvidas em Serra Talhada, nas roças. Bons motes. Cantorias feitas no improviso, no momento sublime da inspiração, que se perderam quando se fundiram com o ar, que o vento levou e se disseminou. Gravadas no cd da ventania. Pena...pena