'Quosque tandem' ... Até quando José Sarney vai abusar de nossa paciência?

Nós temos que agir como cidadão em defesa mesmo da democracia: instar o Ministério Público a atuar. As eleições se aproximam. Temos que impedir a reeleição de políticos que envergonham os cargos que ocupam e estão a representar-se a si próprios e não a Nação.

É difícil não adjetivar tudo o que tem ocorrido no cenário dos Poderes da República. Tornou-se desgastante para o cidadão que vive de seu trabalho dignamente, ler e ouvir todos os dias notícias das ações indignas cometidas por figuras públicas.

Após aquela histriônica (ou patética - ou ambas ?) "defesa" do senhor feudal do Maranhão e Amapá (sim, pois, para poder concorrer mais uma vez ao senado, teve que mudar seu domicílio eleitoral vindo a ampliar seus domínios) -pseudo defesa essa que a ninguém convenceu, hoje os jornais anunciam que a governadora do Maranhão, Roseana, senhora feudal ela também - tem um funcionário- e mordomo! Pago pelo Senado.

Lembro-me de Cícero e sua normal e justa indignação: "Quosque tandem, Catilina, abutere patientia nostra ?"

Voltando à matéria brasileira :Os primeiros anúncios mostravam 'apenas' 300 'atos secretos', logo, subiram para 500...800... e podem ser ainda muitos mais... na verdade, em linha ascendente, isso mais está a parecer uma assintótica, pois TUDO nos leva a crer que muitos mais 'atos secretos' há que, possivelmente nem viremos a saber, pois aqueles políticos prarecem mais prestidigitadoresem escamotear a verdade. A "ponta do iceberg" de per si,salta aos olhos ser real excrecência imoral.

Sarney e todos quantos estão a defender seus atos estão por sua vez a 'mexer-se'(eles também têm algo as esconder?)...temos o direito, sim, de questionar sobre a probabilidade de serem todos aqueles senadores, seres, no mínimo assemelhados, pois julga-se os homens por seus atos e companhias.

Fico a pensar, após mais essa 'descoberta': não se viu UM SÓ senador, até agora, alevantar-se e colocar-se contra essa falta de respeito frontal,escárnio mesmo, à Constituição Federal.

É verdade que nosso sistema jurídico só considera culpado após o trânsito em julgado de uma ação. Mas também é inegável verdade que os indícios todos podem - e deveriam ser considerados mais que indícios, pois são provas, evidências irrefutáveis dos desmandos que não mais podemos aceitar calados.

Apesar da exdrúxula afirmação de Lula, somos, sim, todos iguais perante a lei. O senador Sarney- nem os demais - estão acima de nossa legislação, muito menos da Constituição Federal. Se, por absurdo isso fôssemos considerar, estaríamos desrespeitando este Princípio Fundamental, pedra angular da Democracia.

Sarney disse(sic) "é óbvio que os atos não eram secretos, pois ocorreram - o que faltou foi uma formalidade".

Ocorre, que José Ribamar Sarney tendo uma vida pública de "mais de 60 anos", nãodeveria alegar desconhecer o fato de que, em faltando a publicidade tais atos são NULOS DE PLENO DIREITO, pois carecem de formalidade-exigência de altura constitucional. E isso não pode , nem deveria, o senador negá-lo, pois a ninguém é dado o direito de desconhecer a lei.

Senhor do Maranhão e aderredores! Se faltou a publicidade , isso não é mero 'detalhe formal', como está a querer fazer-nos crer. Só acreditarão os tolos e os doentes mentais.

E mais: não há como transformá-los em atos legais, quando lhes falta o essencial exigido por lei.

Tendo em vista o exórdio dessas inconstitucionalidades todas, tendo em vista as reuniões já havidas para instituir comissões para 'investigar' os culpados (?!?),podemos mesmo pensar o absurdo: é isso o que estão pretendendo os senadores que se aliam a Sarney: que tudo termine de forma que, possivelmente alguns funcionários subalternos(quem sabe até os que trabalham com as máquinas impressoras do DOU) sejam punidos e Suas Excelências continuem a aparecer como inocentes figuras assistindo às aulas da escola dominical. Exemplifico: o neto de José Ribamas foi destituído, mas sua mãe foi nomeada para o mesmo cargo com idêntico salário, segundo notícias veiculadas na mídia. Claro está que não estão pretendendo destituir os apaniguados, parentes,agregados et alii .

É exigência ética punir os culpados por esses execráveis atos todos. Não importa quem sejam: se quem mandou, quem pediu, quem indicou, quem assinou ou/e quem não publicou ... : isto é que deveria ocorrer. E cada um deveria ser apenado de acordo com sua particular ação nos casos em pauta: inclusive com a destituição de seus cargos bem como a respectiva devolução dos dinheiros públicos recebidos indevida, imoral e ilegalmente: com juros e correção monetária. E... sessenta anos de vida pública não serve como passaporte para ações ilegais. Ao contrário: quem tem todos esses anos no currículo, deveria agir consoante as determinações legais e não vir a apelar de forma quase simplória para tentar obter a simpatia dos que estavam a escutar aquele discurso da trubina do Senado da República.

Basta de corrupção ativa,passiva e tudo o mais! Basta,de tanta conversa fiada.

O Senado não é teatro e, certamente, nós não somos uma nação de idiotas para acreditar em todo este mise en scène que estão pretendo fazer-nos crer como verdadeiro. Pois é justamente esta a prentensão desses políticos ... Sarney não quer que a verdade seja conhecida. Tampouco seus pares, pois estariam agindo de forma diferente e já teriam tomado as providências cabíveis se inocentes fôssem.

O povo, indignado já pensa seriamente em fechar aquela Casa.

Veio-me à memória a célebre frase de Julio Dantas na Ceia dos Cardeais : "Como é diferente o amor em Portugal"... isso pelo fato de que, por muito menos, houve alguns ministros japoneses que se têm suicidado...enquanto cá em Pindorama, ficam seus políticos a dar entrevistas tentando justificar o injustificável...

Portanto, senhores leitores, não haverá suicídio em massa aqui. E não se preocupem, pois os senadores, se perderem os mandatos (sonho nosso ou utopia?) têm onde trabalhar (se precisassem): Rede Globo de Televisão.